segunda-feira, 13 de junho de 2022

Situação dos Espíritos Após a Morte

 Casa Espírita Missionários da Luz - DIJ – Mocidade > 14 anos - 10/06/2022


Tema: Situação dos Espíritos Após a Morte Estudo Híbrido (Google Meet)


Objetivos:

Estudar a situação de alguns Espíritos após a morte, deduzindo das causas que levaram a esses estados felizes ou infelizes;


Bibliografia:

O Livro dos Espíritos, perg. 459, 464, 467, 469 (Influência dos Espíritos em Nossos Pensamentos e Atos); pergs. 155a, 163 à 165 (Perturbação após a morte);

Nos Domínios da Mediunidade, André Luiz/Chico Xavier, Cap. 6 ‘Psicofonia Consciente’, e cap. 7 – caso de um Espírito que morreu no Carnaval e ficou ligado à namorada em simbiose, por 5 anos;

- O Céu e o Inferno, 2ª parte, Cap. VI - Crimonosos Arrependidos:

- Benoist – frade sem fé, morto em 1704;

- O Espirito de Castelnaudary – morto em 1659 aos 80 anos, tendo assassinado em 1608, o irmão e a cunhada. Ficou ‘preso’ na casa onde cometeu os crimes.

Cap. III - Espíritos em Condições Medianas: Sra Hélène Michel, morta aos 25 anos.


https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/893/revista-espirita-jornal-de-estudos-psicologicos-1859/4540/maio/cenas-da-vida-particular-espirita – caso de um Espírito que ficava andando pelas casas, teatros, museus, festas. Há 15 anos nessa vida espiritual.


https://youtu.be/OOjtwWDxwjY – Perdido no Mundo Espiritual, o caso relatado por Ana Guimarães.

Material:


Desenvolvimento:

  1. Hora da Novidade

  2. Exercício de respiração profunda e prece inicial


  1. Motivação

Hoje vamos analisar a situação de alguns Espíritos após a desencarnação, para que possamos identificar a relação entre a vida que tiveram e a situação deles após a morte.

O que determina a situação de cada um?
Porque uns ficam aqui entre nós, enquanto outros ficam em regiões inferiores, ou em colônias espirituais?


Vamos começar pela teoria; depois veremos os casos! (Pedir que um jovem leia as perguntas no LE)

LE - Perturbação que se segue à morte.


163. A alma tem consciência de si mesma imediatamente depois de deixar o corpo?

Imediatamente não é bem o termo. A alma passa algum tempo em estado de perturbação.”


- o que é “Ter consciência de si mesma”?


164. A perturbação que se segue à separação da alma e do corpo é do mesmo grau e da mesma duração para todos os Espíritos?

Não; depende da elevação de cada um. Aquele que já está purificado se reconhece quase imediatamente, pois que já se libertou da matéria durante a vida do corpo, enquanto que o homem carnal, aquele cuja consciência ainda não está pura, guarda por muito mais tempo a impressão da matéria.”


= = > então, o que entenderam do processo de despertar após a morte?


E Kardec comenta na sequência:

Por ocasião da morte, tudo, a princípio, é confuso. De algum tempo precisa a alma para se reconhecer. Ela se acha como que aturdida, no estado de uma pessoa que despertou de profundo sono e procura orientar-se sobre a sua situação. A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam, à medida que se apaga a influência da matéria que ela acaba de abandonar, e à medida que se dissipa a espécie de névoa que lhe obscurece os pensamentos.”


Muito variável é o tempo que dura a perturbação que se segue à morte. Pode ser de algumas horas, como também de muitos meses e até de muitos anos. Aqueles que, desde quando ainda viviam na Terra, se identificaram com o estado futuro que os aguardava, são os em quem menos longa ela é, porque esses compreendem imediatamente a posição em que se encontram.”


  1. Desenvolvimento


Caso 1 – Rapaz não sabe que morreu e fica na rua

Vamos começar vendo o caso do rapaz que morreu de acidente de moto no dia do aniversário.

Todos viram o vídeo? (pedir que quem viu, conte para quem não viu).

- tempo da perturbação da morte? = = > 1 mês

- qual era o nível de consciência dele sobre o estado em que estava? = = > sabia do acidente de moto, que foi no dia do aniversário dele, e que achava que tinha batido a cabeça e esqueceu o endereço de casa. Estava confuso; não entendia porque as pessoas não falavam com ele...

- onde ele estava nesse período de 1 mês? = = > zanzando pelas ruas.

- como ele era antes da morte? = = > um rapaz de família, que devia seguir a vida normalmente, amava e era amado pelos pais, sentia falta da avó que tinha morrido. Estava preocupado com a família pois não conseguia voltar pra casa.

- estava abandonado? = = > não. A avó velava por ele, apesar dele não percebê-la.


Caso 2 – Rapaz não sabe que morreu e fica em simbiose com a namorada

Vamos ver o caso relatado por André Luiz. É um caso de obsessão.

Nem sempre o Espírito obsessor deseja nos fazer o mal. Às vezes ele só está perdido, desorientado em sua própria condição de desencarnado. André Luiz relata um caso desses em Nos Domínios da Mediunidade, pela psicografia de Chico Xavier. O obsessor é um dos Espíritos trazidos a uma reunião mediúnica.


- É um desventurado obsessor, que acabam de remover do ambiente a que, desde muito tempo, se ajusta. – Desencarnou em plena vitalidade orgânica, depois de extenuar-se em festiva loucura. Letal intoxicação cadaverizou-lhe o corpo, quando não possuía o menor sinal de habilitação para conchegar-se às verdades do espírito. (…) É alguém a movimentar-se nas trevas de si mesmo, trazido ao recinto sem saber o rumo tomado pelos próprios pés, como qualquer alienado mental em estado grave. Desenfaixando-se da veste de carne, com o pensamento enovelado à paixão por irmã nossa, hoje torturada enferma que sintonizou com ele, a ponto de retê-lo junto de si com aflições e lágrimas, passou a vampirizar-lhe o corpo. A perda do veículo físico, na deficiência espiritual em que se achava, deixou-o integralmente desarvorado, como náufrago dentro da noite. Entretanto, adaptando-se ao organismo da mulher amada que passou a obsidiar, nela encontrou novo instrumento de sensação, vendo por seus olhos, ouvindo por seus ouvidos, muitas vezes falando por sua boca e vitalizando-se com os alimentos comuns por ela utilizados. Nessa simbiose vivem ambos, há quase cinco anos sucessivos, contudo, agora, a moça subnutrida e perturbada acusa desequilíbrios orgânicos de vulto.”


- vemos aqui, que ele desencarnou sem ter a menor noção do fato e se fixou nela, vivendo ambos em simbiose por 5 anos! Ela só buscou ajuda quando a saúde começou a falhar. Nesse caso, eles se ‘amavam’! No relato diz que ele “ encontrou novo instrumento de sensação”, ou seja, como ele não tinha mais corpo, mas continuava com os desejos do corpo, passou a “reviver” essas sensações físicas através dela.


- Quantas pessoas vivem assim como esses dois?

Eles eram um casal, jovem, saudável, sem preocupações maiores com relação aos objetivos existenciais da vida, vivendo das sensações que o corpo saudável e as condições financeiras permitiam! Ele morreu na 4a.feira de cinzas, depois de muita folia, porque ligou o gás pra tomar banho e antes de entrar no chuveiro, caiu de sono e cansaço na cama, morrendo pelo escape do gás no quarto.


- tempo da perturbação da morte? = = > 5 anos

- qual era o nível de consciência dele sobre o estado em que estava? = = > total confusão, parecendo uma pessoa com transtorno mental.

- onde ele estava nesse período de 5 anos? = = > conectado com a namorada, absorvendo as energias delas, a ponto de levá-la a problemas de saúde.

- como ele era antes da morte? = = > um rapaz que aproveitava a vida das sensações do corpo. Não se sensibilizou com a mãe doente. Nem lembrou dela durante a folia...

Caso 3 – Sra Hélène Michel, morta súbita aos 25 anos

Morta subitamente em alguns minutos, em sua casa, sem sofrimentos, e sem causa prévia conhecida. Era rica, um pouco frívola, e, em consequência da leviandade de seu caráter, ocupava-se mais das futilidades da vida do que das coisas sérias; apesar disso, seu coração era bom: ela era doce, benevolente e caridosa.”

Evocada por amigos, 3 dias depois da morte:

Não sei onde estou... que perturbação me rodeia!... Chamastes-me, e acorro... Não compreendo porque não estou em casa... choram minha ausência, e estou aqui, e não consigo fazer-me reconhecer por todos eles... Meu corpo não me pertence mais, e, no entanto, eu o sinto frio e gelado... Quero deixá-lo, e estou presa a ele; a ele volto sempre ...Sou duas pessoas...Oh! quando compreenderei o que me acontece?... É preciso ainda que eu vá lá... meu outro EU, o que ele se tornará, comigo ausente?... Adeus.”


Foi evocada novamente, alguns dias depois, já estava mais consciente de seu estado:

P. Levastes muito tempo para vos reconhecerdes? – R. Compreendi a morte no mesmo dia em que rezastes por mim. = = > ou seja, 3 dias depois da morte dela

P. Esse estado de perturbação era sofrimento? – R. Não, eu não sofria; acreditava sonhar, e aguardava o despertar.


Obrigada por terdes orado por mim. Reconheço a bondade de Deus que me poupou os sofrimentos e a apreensão do momento da separação de meu corpo e de meu Espírito. Minha pobre mãe terá muita dificuldade para se resignar; mas será apoiada, e o que, a seus olhos, é uma terrível desgraça, era indispensável, a fim de que as coisas do céu se tornassem para ela o que devem ser: tudo. Estarei perto dela até o fim de sua prova terrestre, e ajudá-la-ei a suportá-la.”


- tempo da perturbação da morte? = = > 3 dias. “Despertou” com a prece da evocação.

- qual era o nível de consciência dele sobre o estado em que estava? = = > total confusão, não sabendo onde estava, vendo o corpo e sem conseguir contato com ele.

- como ela era antes da morte? = = > boa, generosa, mas volúvel.


Caso 4 – O Espirito de Castelnaudary – ‘preso’ na consciência de culpa há 200 anos

Numa casinha, perto de Castelnaudary, havia barulhos estranhos e diversas manifestações que a faziam considerar como assombrada.


O proprietário, Sr. D..., que quis aí morar, morreu nela subitamente alguns anos depois; seu filho, que quis morar aí em seguida, recebeu, um dia, entrando num dos cômodos, uma vigorosa bofetada dada por uma mão desconhecida; como estava perfeitamente sozinho, não pôde duvidar de que não viesse de uma fonte oculta, e por isso decidiu deixá-la definitivamente. Há, na região, uma tradição segundo a qual um grande crime teria sido cometido nessa casa.


Tendo o Espírito que dera a bofetada sido evocado na Sociedade de Paris, em 1859, manifestou-se por sinais de violência; todos os esforços para acalmá-lo foram impotentes.


O Espírito evocado de novo mais tarde mostra-se mais tratável, depois pouco a pouco submisso e arrependido. Das explicações fornecidas por ele e por outros Espíritos, resulta que em 1608 ele morava naquela casa, onde assassinara o irmão por suspeita de ciumenta rivalidade golpeando-o na garganta enquanto ele dormia, e alguns anos depois, aquela que fizera sua mulher, após a morte do irmão. Morreu em 1659 com a idade de oitenta anos, sem ter sido perseguido por esses homicídios, aos quais se prestava pouca atenção naqueles tempos de confusão. Desde sua morte, não cessara de fazer o mal, e provocara vários dos acidentes ocorridos naquela casa. Um médium vidente que assistia à primeira evocação viu-o no momento em que se quis fazêlo escrever; ele sacudia fortemente o braço do médium: seu aspecto era apavorante; vestia uma camisa coberta de sangue, e segurava um punhal.


P. A São Luís. Tende a bondade de nos descrever o gênero de suplício desse Espírito. – R. É atroz para ele; foi condenado a permanecer na casa onde o crime foi cometido, sem poder dirigir seu pensamento para outra coisa que não esse crime, sempre diante de seus olhos, e ele se crê condenado a essa tortura por toda a eternidade. Ele se vê constantemente no momento em que cometeu seu crime; toda outra recordação lhe é retirada, e toda comunicação com um outro Espírito, proibida; não pode, na terra, ficar senão nessa casa, e se estiver no espaço, fica nas trevas e na solidão.


Faz dois séculos que ele está nessa situação; ele aprecia esse tempo como se estivesse vivo; ou seja, o tempo lhe parece tão longo ou menos longo do que se estivesse vivo? – R. Parece-lhe mais longo: o sono não existe para ele.


De onde vinha esse Espírito antes de sua encarnação? – R. Ele tivera uma existência entre as tribos mais ferozes e mais selvagens, e anteriormente vinha de um planeta inferior à terra.


Caso 5 Benoist – frade sem fé, morto há 160 anos

Apresentou-se espontaneamente numa reunião espírita na época de Kardec:

Sem fortuna e preguiçoso, ordenei-me, não por vocação, mas para ter uma posição. Inteligente, consegui obter um lugar; influente, abusei do poder; vicioso, arrastei para a dissipação aqueles que tinha por missão salvar; duro, persegui aqueles que pareciam condenar meus excessos; os “in pace” foram preenchidos pelos meus cuidados. A fome torturou muitas vítimas; seus gritos se extinguiram muitas vezes sob a violência.”

= = > como será que foi o pós-morte dele?


Desde então, expio e sofro todas as torturas do inferno; minhas vítimas atiçam o fogo que me devora. A luxúria e a fome insaciadas me perseguem; a sede irrita meus lábios ardentes sem jamais deixar cair aí uma gota refrescante; todos os elementos se encarniçam contra mim. Orai por mim.”


Como fui surdo aos gritos de vítimas inocentes, o Senhor é surdo aos meus gritos. Justiça!”


Os demônios urram mais alto do que eu; os gritos asfixiam na minha garganta; enchem minha boca de piche fervendo!...”


Eu as suporto (as torturas), sinto-as, vejo meus carrascos; eles têm todos uma aparência conhecida; têm todos um nome que ressoa no meu cérebro.”


(…) o nada era minha fé; os prazeres a todo preço eram meu culto. Divindades do inferno não me abandonaram; consagrei-lhes a minha vida, elas não me deixarão mais!”


O guia do médium. “As atrocidades que ele cometeu são sem nome e sem número, e é tanto mais culpado quanto tinha a inteligência, a instrução e o esclarecimento para se guiar. Falhou, portanto, com conhecimento de causa; assim, seus sofrimentos são terríveis; mas com o auxílio e o exemplo da prece eles se abrandarão, porque ele verá o fim possível, e a esperança o apoiará.”

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- Vimos 5 casos, com situações diferenciadas depois da desencarnação. Como lemos antes, Kardec disse depois da questão 165:


Por ocasião da morte, tudo, a princípio, é confuso. De algum tempo precisa a alma para se reconhecer. Ela se acha como que aturdida, no estado de uma pessoa que despertou de profundo sono e procura orientar-se sobre a sua situação. A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam, à medida que se apaga a influência da matéria que ela acaba de abandonar, e à medida que se dissipa a espécie de névoa que lhe obscurece os pensamentos.”


  1. Conclusão:

- tem pessoas que ficam desorientadas, sem saber o que houve, se sentindo sozinhas. Umas vão para locais que conhecem; outras ficam pelas ruas. É o caso do rapaz que morreu no acidente de moto.

- outros que também ficam desorientados, e se fixam em pessoas queridas, prejudicando-as sem perceber. É o caso do homem que morreu no carnaval, como André Luiz relatou.

- tem gente que fica desorientada e se percebe num lugar desconhecido e hostil, se sente perseguida, assustada. Sente fome e todas as sensações que o corpo costuma ter. É o caso de André Luiz na região do umbral.

- tem pessoas que são extremamente culpadas de crimes cometidos e que a justiça humana não pegou, e ficam em regiões de sofrimento, sendo perseguidas pelas suas vítimas por muito tempo. É o caso do frei sem fé.

- tem gente que fica “presa” em sua própria consciência de culpa, não consegue sair do local do crime. É o caso do homem que matou o irmão e cunhada, morreu com 80 anos mas ficou vagando com a forma e imagem da época do crime cometido.

- tem gente que desperta numa colônia espiritual. É o caso relatado por André Luiz em E a Vida Continua...

= = > cada mente, com seu universo próprio!

Como disse Kardec no texto que vimos: (comentário da perg. 165)
“Aqueles que,
desde quando ainda viviam na Terra, se identificaram com o estado futuro que os aguardava, são os em quem menos longa ela é, porque esses compreendem imediatamente a posição em que se encontram.”

E no comentário da perg. 155a, Kardec fala:

É, com efeito, racional conceber-se que, quanto mais o Espírito se haja identificado com a matéria, tanto mais penoso lhe seja separar-se dela; ao passo que a atividade intelectual e moral, a elevação dos pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida do corpo, de modo que, em chegando a morte, ele é quase instantâneo.”

= = > a nossa situação após a morte, está diretamente relacionada com a forma como vivemos a vida, como nos identificamos com a vida material e com a vida espiritual. Não temos como decidir hoje: depois da morte vou fazer isso ou aquilo! Existem leis divinas que regem os nossos destinos. Veja o caso do Espírito da casa assombrada! 200 anos preso ali!


= = > para termos uma boa situação após a morte, precisamos buscar viver bem antes da morte! Buscar seguir cada vez mais, as leis de Deus!



  1. Prece final

  2. Avaliação

Encontro no dia 03/06 para 9 jovens, sendo 3 no virtual. Logo no início foi feita uma pergunta sobre sonhos e ficamos todo o encontro falando dos sonhos: como são? Sonhos premonitórios – porque ter? Sempre acontecem!, etc. Muita participação, muitos questionamentos.
O estudo sobre a situação dos Espíritos após a morte, ocorreu na semana seguinte (10/06), com 5 jovens, sendo 2 no virtual. Não tinham visto o vídeo “Espírito que Perdeu o Endereço de Casa”. Não houve muita participação.
No final perguntaram sobre a responsabilidade das mortes causadas nas guerras e nas batidas policiais.


  1. Anexos


Nos Domínios da Mediunidade, André Luiz/Chico Xavier, Cap. 6 ‘Psicofonia Consciente’.


Trazendo consigo a herança de uma existência desequilibrada e fortemente atraída para a mulher que o ama e de quem se fez desabrido perseguidor, a nada aspira, por agora, senão à vida parasitária, junto à irmã, de cujas energias se alimenta. Envolve-a em fluidos, enfermiços e nela se apóia, assim com a trepadeira que se alastra e prolifera sobre um muro…”


Cap. 7: (relato do diálogo na reunião de desobsessão)
- Observe, meu amigo! É noite. Ouve-se um burburinho de algazarra à distância... Sua mãe velhinha chama-o à cabeceira e pede-lhe assistência... Está exausta... Você é o filho que lhe resta... Derradeira esperança de flagelada vida.

Único arrimo... A pobre sente-se morrer. A dispnéia martiriza... É o distúrbio cardíaco pressagiando o fim do corpo... Tem medo. Declara-se receosa da solidão, de vez que é sábado carnavalesco e os vizinhos se ausentaram na direção dos centros festivos. Parece uma criança atemorizada... Contempla-o, ansiosa, e roga-lhe que fique...

Você responde que sairá tão-somente por alguns minutos... bastante para trazer-lhe a medicação necessária...Em seguida, avança, rápido, para uma gaveta situada em aposento próximo e apropria-se do único dinheiro de que a enferma dispõe, algumas centenas de cruzeiros, com que você se julga habilitado a desfrutar as falsas alegrias do seu clube... Amigos espirituais de seu lar abeiram-se de você, implorando socorro em favor da doente, quase moribunda, mas você se mostra impermeável a qualquer pensamento de compaixão... Dirige algumas palavras apressadas à enferma e sai para a rua... Em plena via púbica, imanta-se aos

indesejáveis companheiro desencarnados com os quais se afina... entidades turbulentas, hipnotizadas pelo vício, com as quais você se arrasta ao prazer... Por três dias e quatro noites consecutivas, entrega-se à loucura, com esquecimento de todas as obrigações... Somente na madrugada de quarta-feira você volta estafado e semi-inconsciente... A velhinha, socorrida por braços anônimos, não o reconhece mais... Aguarda, resignadamente, a morte, enquanto você se encaminha para um quarto dos fundos, na expectativa de conseguir um banho que o auxilie a refazer-se… Abre o gás e senta-se por alguns minutos, experimentando a cabeça entontecida... O corpo exige descanso, depois da louca folia... A fadiga surge, insopitável… Desapercebe-se de si mesmo e dorme semi-embriagado, perdendo a existência, porque as emanações tóxicas lhe cadaverizam o corpo... Na manhã clara de sol, um rabecão leva-o ao necrotério,como simples suicida...”


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