quarta-feira, 21 de março de 2018

Tríplice Aspecto da Doutrina Espírita


Casa Espírita Missionários da Luz
DIJ – Mocidade -  > de 13 anos – 16/03/2018

Tema: Tríplice Aspecto da Doutrina Espírita
Objetivos:
  • Perceber os três aspectos da DE e seus impactos em nosso cotidiano.
Bibliografia:
A Gênese, Cap I item 54
O que é o Espiritismo – Preâmbulo
Livro dos Espíritos, Conclusão, item V, VI e VII
https://www.youtube.com/watch?v=MZXLCR-XEUM – vídeo FE5 2007 - Brincando com o Invisível - Fe5 - Grupo Neon

Material: notebook; projetor, slides; filme do esquete: “Brincando com o Invisível”, um exemplar de O LE.

Desenvolvimento:

  1. Prece inicial
  2. Motivação Inicial: Exibir o esquete “Brincando com o Invisível” do FE5' de 2007.

Deixar que analisem o vídeo e digam qual conclusão chegaram è não dá para “brincar com o fenômeno mediúnico” pois os Espíritos não são de brinquedo e não estão à nossa disposição!

  1. Desenvolver o conteúdo com auxílio de slides:

Tríplice Aspecto da DE
          Filosofia
          Ciência
          Religião
èa DE tem esses 3 aspectos. É uma ciência; uma filosofia e também uma religião.

O que é filosofia?  èquem sabe responder?

Filosofia é o estudo de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem. Ao abordar esses problemas, a filosofia se distingue da mitologia e da religião por sua ênfase em argumentos racionais; por outro lado, diferencia-se das pesquisas científicas por geralmente não recorrer a procedimentos empíricos em suas investigações. Entre seus métodos, estão a argumentação lógica, a análise conceptual, as experiências de pensamento e outros métodos a priori.

Perguntar quem já ouviu falar de Sócrates:
Sócrates viveu de 469 à 399 a.C. e como Jesus, nada escreveu.
As fontes mais importantes de informações sobre Sócrates são de Platão, que com ele conviveu, e alguns historiadores afirmam que só se pode falar de Sócrates como um personagem de Platão.

Os diálogos de Platão retratam Sócrates como um mestre, e no diálogo entre Sócrates e Glauco, registrado por Platão no volume VII de sua obra 'A República', que ficou conhecido como o “Mito da Caverna”, é dada ênfase ao processo de conhecimento, mostrando a visão de mundo do ignorante, que vive de senso comum, e do filósofo, na sua eterna busca da verdade.
Vamos ver esse diálogo! è Relatar ao grupo o Mito da Caverna e, depois, projetar a imagem para ilustrar.

==> O mito da caverna é uma metáfora da condição humana perante o mundo, no que diz respeito à importância do conhecimento filosófico e à educação como forma de superação da ignorância. Segundo a metáfora de Platão, o processo para a obtenção da consciência abrange dois domínios: o domínio das coisas sensíveis, que se pode tocar, e o domínio das ideias. Para o filósofo, a realidade está no mundo das ideias e a maioria da humanidade vive na condição da ignorância, no mundo das coisas sensíveis, no grau da apreensão de imagens, as quais são mutáveis, não são funcionais e, por isso, não são objetos de conhecimento.

Deixar que comentem sobre o que entenderam do Mito da Caverna de Sócrates e fazer a conexão com a DE.
Lembrar a história do Peixinho Dourado. Também aborda essa questão da visão restrita da maioria e da percepção mais abrangente de alguns, que vão despertando aos poucos.

èO Espiritismo é uma filosofia?  (entregar um exemplar de OLE) e pedir que um dos jovens abra o livro na primeira página, onde se lê: Filosofia Espiritualista
            èKardec ao lançar o livro já deixou explícito que é uma filosofia.

==> O Livro dos Espíritos é a Filosofia Espírita. ==> rever o conceito de filosofia

Fazer a conexão com o vídeo visto inicialmente: a prática mediúnica é a comprovação, a experimentação da teoria, da filosofia espírita.

O que é ciência? Pq o Espiritismo tb é uma ciência?

“Sendo a ciência um conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado objeto, especialmente obtidos mediante a observação, a experiência dos fatos e um método próprio, o Espiritismo é ciência, pois viu os fatos, estudou, pesquisou, experimentou, adotando métodos próprios e muito rígidos. Adquiriu dessa forma um conjunto organizado de conhecimentos sobre a existência e comunicabilidade dos Espíritos, e nos demonstra com provas irrecusáveis essa realidade.”  (preâmbulo do livro "O QUE É O ESPIRITISMO")

èKardec, como Codificador do Espiritismo, usou da mesma preocupação de experiência e objetividade, que caracteriza os físicos ou os químicos. Suas conclusões não foram fruto da imaginação ou crença cega, mas sim de muitas pesquisas sérias, tornando-se inabalável em sua base.

A metodologia da ciência espírita está descrito no livro O Livro dos Médiuns. É um manual, um guia prático para os que forem experimentar a fenomenologia espírita. ==> fazer de novo ligação com o vídeo que vimos...(perigos do uso irrefletido da mediunidade)

No preâmbulo do livro "O QUE É O ESPIRITISMO", Allan Kardec definiu o Espiritismo como sendo: "uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos Espíritos, e das suas relações com o mundo corporal".
E destacando os aspectos que constituem a doutrina dos espíritos, acrescenta o Codificador:
"O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, ele compreende todas consequências morais que decorrem dessas relações".


Além de Filosofia e Ciência, a DE também é uma Religião. Pq?
Cap. V da Conclusão de O Livro dos Espíritos, Kardec fala sobre a questão religiosa da Doutrina Espírita: “O Espiritismo é forte porque assenta sobre as próprias bases da religião; Deus, a alma, as penas e as recompensas futuras; sobretudo, porque mostra que essas penas e recompensas são corolários naturais da vida terrestre e, ainda, porque, no quadro que apresenta do futuro, nada há que a razão mais exigente possa recusar.
Esse aspecto religioso fundamenta-se em Jesus, conforme se lê na questão 625 de O Livro dos Espíritos :
625. Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem para, lhe servir de guia e modelo ? "Jesus"
O aspecto religioso da DE foi definitivamente estabelecido com a publicação de O Evangelho Segundo o Espiritismo.

O Evangelho Segundo o Espiritismo – Religião Espírita
“A explicação das máximas morais do Cristo em concordância com o espiritismo e suas aplicações às diversas circunstâncias da vida”

No item VII, Kardec fala que “O Espiritismo se apresenta sob três aspectos diferentes: o das manifestações, o dos princípios e da filosofia que delas decorrem e o da aplicação desses princípios. Daí, três classes, ou, antes, três graus de adeptos: 1° os que creem nas manifestações e se limitam a comprová-las; para esses, o Espiritismo é uma ciência experimental; 2° os que lhe percebem as consequências morais; 3° os que praticam ou se esforçam por praticar essa moral.”

            ède qual das três classes vocês acham que pertencem?

  1. Prece final

Avaliação:
Aula para 8 jovens (Fernanda, Rafaela, Mariana, Rafael, Arthur,Gabriel e Bruna Oberick, e Caroline (namorada do Gabriel)), com interesse e boa participação. Gostaram do vídeo e três já conheciam o Mito da Caverna pois viram na aula de filosofia. Uma sabia contar mas não sabia a reflexão sobre esse mito.
Na pergunta final, não sabiam dizer que classe de espírita eram. Ficaram entre a 2 e a 3!

O diálogo de Sócrates e Glauco
Trata-se de um diálogo metafórico onde as falas na primeira pessoa são de Sócrates, e seus interlocutores, Glauco e Adimanto, são os irmãos mais novos de Platão. No diálogo, é dada ênfase ao processo de conhecimento, mostrando a visão de mundo do ignorante, que vive de senso comum, e do filósofo, na sua eterna busca da verdade.

Sócrates – Agora imagina a maneira como segue o estado da nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoços acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas.
Glauco – Estou vendo.
Sócrates – Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam objetos de toda espécie, que os transpõem: estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns falam e outros seguem em silêncio.
Glauco - Um quadro estranho e estranhos prisioneiros.
Sócrates - Assemelham-se a nós. E, para começar, achas que, numa tal condição, eles tenham alguma vez visto, de si mesmos e de seus companheiros, mais do que as sombras projetadas pelo fogo na parede da caverna que lhes fica defronte?
Glauco - Como, se são obrigados a ficar de cabeça imóvel durante toda a vida?
Sócrates - E com as coisas que desfilam? Não se passa o mesmo?
Glauco - Sem dúvida.
Sócrates - Portanto, se pudessem se comunicar uns com os outros, não achas que tomariam por objetos reais as sombras que veriam?
Glauco - É bem possível.
Sócrates - E se a parede do fundo da prisão provocasse eco sempre que um dos transportadores falasse, não julgariam ouvir a sombra que passasse diante deles?
Glauco - Sim, por Zeus!
Sócrates - Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade senão às sombras dos objetos fabricados?
Glauco - Assim terá de ser.
Sócrates - Considera agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se forem libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância. Que se liberte um desses prisioneiros, que seja ele obrigado a endireitar-se imediatamente, a voltar o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos para a luz: ao fazer todos estes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á de distinguir os objetos de que antes via as sombras. Que achas que responderá se alguém lhe vier dizer que não viu até então senão fantasmas, mas que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das coisas que passam, o obrigar, à força de perguntas, a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçado e que as sombras que via outrora lhe parecerão mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?
Glauco - Muito mais verdadeiras.
Sócrates - E se o forçarem a fixar a luz, os seus olhos não ficarão magoados? Não desviará ele a vista para voltar às coisas que pode fitar e não acreditará que estas são realmente mais distintas do que as que se lhe mostram?
Glauco - Com toda a certeza.
Sócrates - E se o arrancarem à força da sua caverna, o obrigarem a subir a encosta rude e escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado até a luz do Sol, não sofrerá vivamente e não se queixará de tais violências? E, quando tiver chegado à luz, poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir uma só das coisas que ora denominamos verdadeiras?
Glauco - Não o conseguirá, pelo menos de início.
Sócrates - Terá, creio eu, necessidade de se habituar a ver os objetos da região superior. Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros e da Lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do que, durante o dia, o Sol e sua luz.
Glauco - Sem dúvida.
Sócrates - Por fim, suponho eu, será o sol, e não as suas imagens refletidas nas águas ou em qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro lugar, que poderá ver e contemplar tal qual é.
Glauco - Necessariamente.
Sócrates - Depois disso, poderá concluir, a respeito do Sol, que é ele que faz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível e que, de certa maneira, é a causa de tudo o que ele via com os seus companheiros, na caverna.
Glauco - É evidente que chegará a essa conclusão.
Sócrates - Ora, lembrando-se de sua primeira morada, da sabedoria que aí se professa e daqueles que foram seus companheiros de cativeiro, não achas que se alegrará com a mudança e lamentará os que lá ficaram?
Glauco - Sim, com certeza, Sócrates.
Sócrates - E se então distribuíssem honras e louvores, se tivessem recompensas para aquele que se apercebesse, com o olhar mais vivo, da passagem das sombras, que melhor se recordasse das que costumavam chegar em primeiro ou em último lugar, ou virem juntas, e que por isso era o mais hábil em adivinhar a sua aparição, e que provocasse a inveja daqueles que, entre os prisioneiros, são venerados e poderosos? Ou então, como o herói de Homero, não preferirá mil vezes ser um simples lavrador, e sofrer tudo no mundo, a voltar às antigas ilusões e viver como vivia?
Glauco - Sou de tua opinião. Preferirá sofrer tudo a ter de viver dessa maneira.
Sócrates - Imagina ainda que esse homem volta à caverna e vai sentar-se no seu antigo lugar: Não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do Sol?
Glauco - Por certo que sim.
Sócrates - E se tiver de entrar de novo em competição com os prisioneiros que não se libertaram de suas correntes, para julgar essas sombras, estando ainda sua vista confusa e antes que seus olhos se tenham recomposto, pois habituar-se à escuridão exigirá um tempo bastante longo, não fará que os outros se riam à sua custa e digam que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo que não vale a pena tentar subir até lá? E se alguém tentar libertar e conduzir para o alto, esse alguém não o mataria, se pudesse fazê-lo?
Glauco - Sem nenhuma dúvida.
Sócrates - Agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar, ponto por ponto, esta imagem ao que dissemos atrás e comparar o mundo que nos cerca com a vida da prisão na caverna, e a luz do fogo que a ilumina com a força do Sol. Quanto à subida à região superior e à contemplação dos seus objetos, se a considerares como a ascensão da alma para a mansão inteligível, não te enganarás quanto à minha ideia, visto que também tu desejas conhecê-la. Só Deus sabe se ela é verdadeira. Quanto a mim, a minha opinião é esta: no mundo inteligível, a ideia do bem é a última a ser apreendida, e com dificuldade, mas não se pode apreendê-la sem concluir que ela é a causa de tudo o que de reto e belo existe em todas as coisas; no mundo visível, ela engendrou a luz; no mundo inteligível, é ela que é soberana e dispensa a verdade e a inteligência; e é preciso vê-la para se comportar com sabedoria na vida particular e na vida pública.
Glauco - Concordo com a tua opinião, até onde posso compreendê-la.
(Platão, A República, v. II p.105 a 109)

Interpretação da alegoria
O mito da caverna é uma metáfora da condição humana perante o mundo, no que diz respeito à importância do conhecimento filosófico e à educação como forma de superação da ignorância, isto é, a passagem gradativa do senso comum enquanto visão de mundo e explicação da realidade para o conhecimento filosófico, que é racional, sistemático e organizado, que busca as respostas não no acaso, mas na causalidade.
Segundo a metáfora de Platão, o processo para a obtenção da consciência abrange dois domínios: o domínio das coisas sensíveis (eikasia e pístis) e o domínio das ideias (diánoia e nóesis). Para o filósofo, a realidade está no mundo das ideias e a maioria da humanidade vive na condição da ignorância, no mundo das coisas sensíveis, no grau da apreensão de imagens (eikasia), as quais são mutáveis, não são funcionais e, por isso, não são objetos de conhecimento.

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