Casa Espírita Missionários da Luz - DIJ – Mocidade > 14 anos – 21/11/2025
Tema: Convidados e Aceitos.
Objetivos:
Estudar no cap. XVIII do Evangelho Segundo o Espiritismo, nos itens 1 a 5 “Muitos os Chamados” e “Porta Estreita”..
Bibliografia:
- Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVIII, itens 1 a 5; Cap XX (Os Trabalhadores da Última Hora”, itens 1 à 3 ‘Os Últimos serão os Primeiros’;
- Jesus e o Evangelho à luz da Psicologia Profunda, Joanna de Ângelis/Divaldo Franco, cap. “Convidados e Aceitos”;
- O Espírito da Verdade, Espíritos Diversos/Chico Xavier, Cap 14 'Muralha do tempo'; Cap 98 "Chamada e escolha".
Material: papel de recado e caneta a cada jovem; texto para trabalho em grupos.
Procedimentos:
Hora da novidade, exercícios de respiração profunda e prece inicial.
Motivação inicial:
Hoje vamos refletir um pouco em 3 ensinos de Jesus que Kardec colocou no ESE, Cap XVIII, “Muitos os Chamados e Poucos os Escolhidos”. São eles:
“Porquanto, muitos há chamados, mas poucos os escolhidos.” (item 1)
“Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta que conduz à perdição.” (item 3)
e
“Então, os que forem últimos serão os primeiros e os que forem primeiros serão os últimos. (S. Lucas, 13:23 a 30.)” (item 4)
Pra começar, pensemos no ensino sobre a porta. O que é uma porta? (deixar que respondam).
==> Toda porta constitui passagem embutida, encaixada, em qualquer construção, a separar dois lugares, facultando livre curso entre eles. Porta, desse modo, é peça em paredes, muralhas e veículos, permitindo, em todos os casos, franca passagem.
E as portas referidas por Jesus, a que estrutura se referem?
==> depois das respostas do grupo, trazer as reflexões de Emmanuel, no cap. 14 do livro “O Espírito da Verdade’:
==> Sem dúvida, a porta estreita e a porta larga pertencem à muralha do tempo, situada à frente de todos nós.
==> A porta estreita revela o acerto espiritual que nos permite marchar na senda evolutiva, com o justo aproveitamento das horas, no serviço e da dificuldade, do esforço.
==> A porta larga expressa-nos o desequilíbrio interior, com que somos forçados à dor da reparação, com lastimáveis perdas de tempo, dos caprichos enganadores.
Emmanuel fala:
Aquém da muralha, o passado e o presente. Além da muralha, o futuro e a eternidade.
De cá, a sementeira do “hoje”. De lá, a colheita do “amanhã”.
A travessia de uma das portas é ação compulsória para todas as criaturas.
Porta larga – entrada na ilusão – saída pelo reajuste...
Porta estreita – saída do erro – entrada na renovação...
Emmanuel fala:
“O momento atual é de escolha da porta, estreita ou larga.”
“Por milênios, temos sido viajores do tempo a ir e vir pela porta larga, nos círculos de viciação que forjamos para nós mesmos, engodados na autoridade transitória e na posse amoedada, na beleza física e na egolatria aviltante.”
E Emmanuel com convida a uma reflexão:
“Examina, por tua vez, qual a passagem que eleges por teus atos comuns, na existência que se desenrola, momento a momento.”
==> vamos fazer essa reflexão individual?
- distribuir papéis de recado e caneta a cada jovem, pedindo que reflitam em suas vidas. Nesse momento atual, olhando pras escolhas que vocês fizeram até agora: qual porta vocês escolheram no dia-a-dia? Nos atos do cotidiano?
==> a sementeira foi de boas sementes?
==> como serão os frutos que vocês colheram amanhã ou depois, da sementeira que fizeram até agora?
- Depois de 5 min, perguntar como se sentiram ao fazer essa revisão da encarnação até esse momento?
- Lembrar que eles podem fazer essa parada pra revisão, periodicamente! Bom pra refazer rotas, se necessário!
Desenvolvimento:
Vamos agora refletir sobre os 2 outros ensinos de Jesus nesse cap. XVIII do ESE:
“Porquanto, muitos há chamados, mas poucos os escolhidos.” (item 1), e
“Então, os que forem últimos serão os primeiros e os que forem primeiros serão os últimos. (S. Lucas, 13:23 a 30.)” (item 4)
Fazer 2 subgrupos e entregar a cada um, um trecho que aborda um desses ensinos de Jesus, para discussão e depois apresentação das conclusões.
- a discussão deve ser sobre como interpretar esse ensino no nosso cotidiano, nas nossas escolhas, a partir do texto base para a reflexão.
Trechos pra reflexão: (em anexo)
Grupo 1: “Porquanto, muitos há chamados, mas poucos os escolhidos.”
Grupo 2: “Então, os que forem últimos serão os primeiros e os que forem primeiros serão os últimos.”
Comentários do capítulo 26 do livro Céu Azul.
Prece final e passes coletivos
Avaliação:
Encontro com 6 jovens. Não teve muita participação no texto de Emmanuel, porém fizeram a reflexão individual de forma complementada. Alguns disseram que em algumas situações não sabem dizer se a escolha foi pela porta estreita ou larga. Participaram no trabalho em grupo, mas não houve muita empolgação. Reforcei com eles após a apresentação dos grupos, que é importante percebermos como nós vemos as demais pessoas, se consideramos primeiros os “bem sucedidos” na vida e os últimos na escala social, como “perdedores”.
Revisamos o cap. 25 do livro Céu Azul. Só uma jovem tinha lido o capítulo do dia.
ANEXOS
ESE
Capítulo XVIII — Muitos os chamados, poucos os escolhidos
> Parábola do festim de bodas.
item 1: "Entrou, em seguida, o rei para ver os que estavam à mesa, e, dando com um homem que não vestia a túnica nupcial — disse-lhe: Meu amigo, como entraste aqui sem a túnica nupcial? O homem guardou silêncio. — Então, disse o rei à sua gente: Atai-lhe as mãos e os pés e lançai-o nas trevas exteriores: aí é que haverá prantos e ranger de dentes, — porquanto muitos há chamados, mas poucos escolhidos. (S. Mateus, 22:1 a 14.)"
> A porta estreita
item 4: 'Então, haverá prantos e ranger de dentes, quando virdes que Abraão, lsaac, Jacob e todos os profetas estão no reino de Deus e que vós outros sois dele expelidos. — Virão muitos do Oriente e do Ocidente, do Setentrião e do Meio-Dia, que participarão do festim no reino de Deus. — Então, os que forem últimos serão os primeiros e os que forem primeiros serão os últimos. (S. Lucas, 13:23 a 30.)'
5. Larga é a porta da perdição, porque são numerosas as paixões más e porque o maior número envereda pelo caminho do mal. É estreita a da salvação, porque a grandes esforços sobre si mesmo é obrigado o homem que a queira transpor, para vencer suas más tendências, coisa a que poucos se resignam. É o complemento da máxima: “Muitos são os chamados e poucos os escolhidos.”
> Muito se pedirá àquele que muito recebeu. item 12
"O Espiritismo vem multiplicar o número dos chamados. Pela fé que faculta, multiplicará também o número dos escolhidos."*
ESE, Cap. XX, item 1
Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos, porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos. (S. Mateus, 20:1 a 16. Ver também: “Parábola do festim das bodas”, cap. XVIII, n.º 1.).
Grupo 1: “Porquanto, muitos há chamados, mas poucos os escolhidos.”
Jesus e o Evangelho à luz da Psicologia Profunda, Joanna de Ângelis, cap. “Convidados e Aceitos”
Em um estudo convencional, todos os seres encontram-se convidados ao triunfo interior, às conquistas externas, ao equilíbrio emocional, às realizações sociais, à harmonia de comportamento, às atividades edificantes no grupo em que se movimentam. Apesar disso, somente poucos cidadãos conseguem a identificação com todos esses compromissos. Não raro, uns se afadigam pelas posses, pelo conforto em detrimento da vida interior. Outros fogem do mundo e da sua convivência, perseguindo o silêncio e a interiorização, aturdidos, no entanto, com as paisagens conflitivas do inconsciente e os desejos infrenes do prazer não experienciado. (...)
(Jesus) Nunca se permitiu o conflito dos dois mundos em litígio. Havia escolhido o melhor e, portanto, comportava-se de maneira equilibrada nesse de menor significado, mas igualmente importante.
Desse modo, quando alguém elege o Reino de Deus, transforma-se interiormente, intentando alcançar o objetivo que tem em mente. A esses se pode aplicar o conceito de Jesus: — Porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos.
Em uma análise psicológica profunda, o escolhido é aquele que consegue o triunfo sobre a inferioridade moral, entregando-se com fidelidade à opção realizada, que o compensa interiormente com a alegria do bem que insculpe nos sentimentos.
Quando essa disposição se estabelece e passa a governar o destino do ser, desaparecem-lhe as ambições do triunfo externo, porque compreende a sua desvalia, ou pelo menos não lhes atribui o significado hedonista de gozo exaustivo, que deixa sempre laivos de amargura e de frustração, sem compensar o esforço despendido pelo conseguir.
Desaparece, por sua vez, o egoístico instinto de competitividade, que rende estipêndios para o orgulho, não preenchendo os vazios existenciais. O ser descobre que há prazeres mais significativos e reconfortantes que aqueles que se derivam da posse, da ostentação e do orgulho. (…)
Em todos os cometimentos humanos, são muitos aqueles que se encontram convidados para realizações nobilitantes; no entanto, facilmente se desinteressam de prosseguir por falta da resposta compensadora aos vazios do ego, que se preocupa com o entulhar-se de preocupações e de lutas pela conquista da primazia.
Há convites por toda parte, e nem todos os indivíduos têm olhos para ver nem ouvidos para ouvir, concitando-os à conquista de significados existenciais que os preencham de harmonia, direcionando os seus passos para os rumos melhores, aqueles que não frustram, nem levam a desesperos dispensáveis. (...)
Grupo 2: “Então, os que forem últimos serão os primeiros e os que forem primeiros serão os últimos.”
Jesus e o Evangelho à luz da Psicologia Profunda, Joanna de Ângelis, cap. “Convidados e Aceitos”
(…) o discurso de Jesus é sempre portador de um conteúdo subjetivo que não se adapta à visão e ao modus operandi da sociedade do Seu e dos tempos futuros, estabelecida sobre bases da percepção sensorial, do lógico e racional imediato, do concreto e do comum.
Os primeiros, nas convenções sociais, são sempre aqueles que se esforçam, que triunfam, que conseguem romper as barreiras impeditivas do desenvolvimento convencional, granjeando fama e recebendo honrarias. Os últimos, são os desclassificados, os fracos, os incapazes de sobreporem às próprias deficiências o valor moral e suas manifestações de dignidade e de caráter.
Somente se poderá entender que os últimos são os primeiros, quando se analise outra proposta não menos perturbadora do Seu convite, informando que a porta é estreita, aquela que conduz à salvação, à libertação dos atavismos perniciosos e dos vícios, enquanto a do mundo é larga, prazerosa, de resposta imediata, porque totalmente aberta às sensações que se fazem insaciáveis, portanto, profundamente desgastantes, não compensadoras.
A eleição da porta estreita, aquela que é resultado da luta intrapsíquica em favor das virtudes do equilíbrio, da sensatez, da perseverança nos ideais de enobrecimento, faculta que o candidato permaneça em último lugar na competitividade do mundo, a fim de ser o primeiro em espírito de paz, realizador do Reino dos Céus internamente, onde frui bem-estar e tem dilatados os horizontes das percepções extracorpóreas. (…)
Em uma sociedade construída conforme os padrões do pensamento do Homem-Jesus, não vicejam as lutas pelos lugares proeminentes, porque aqueles que são portadores da hierarquia real, aquela que os distingue interiormente dos demais, sem os humilhar nem ferir, não estão realmente interessados no destaque comunitário nem na dominação das outras pessoas. Preocupam-se exclusivamente com a sua realidade de ser imortal, conscientes de que o descer da cortina é também o dealbar da madrugada perene. (...)
Aqueles, portanto, que no mundo são tidos como ultrapassados, ingênuos, não credores da consideração mentirosa do convívio social doentio, são os últimos, apesar disso, perfeitamente integrados nos objetivos superiores da vida, tornam-se os primeiros no Reino dos Céus.
Emmanuel em O ESPÍRITO DA VERDADE, Cap 98 'Chamada e escolha'
Cap. XVIII – Item 1
Sem flor não há semente.
Mas se a flor prepara, só a semente permanece.
Sem instrução, a máquina é segredo.
Mas se a instrução avisa, só a máquina produz.
Sem convicção, a atitude não aparece.
Mas se a convicção indica, só a atitude define.
Sem programa, o trabalho se desordena.
Mas se o programa sugere, só o trabalho realiza.
Sem teoria, a experiência não se expressa.
Mas se a teoria estuda, só a experiência marca.
Sem lição, o exercício não vale
Mas se a lição esclarece, só o exercício demonstra.
Sem ensinamento, a obra não surge.
Mas se o ensinamento aconselha, só a obra convence.
Disse Jesus, referindo-se à Divina Ascensão:
“Serão muitos os chamados e poucos os escolhidos para o reino dos céus.”
Isso quer dizer que, sem chamada não há escolha.
Mas se estamos claramente informados de que a chamada vem de Deus, atingindo todas as criaturas na hora justa da evolução, só a escolha, que depende do nosso exemplo, nos confere caminho para a Vida Maior.
Emmanuel em O ESPÍRITO DA VERDADE, Cap. 14 'Muralha do tempo'
Cap. XVIII – Item 3
“Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta que conduz à perdição.” – Jesus (Mateus, 7: 13)
Em nos referindo a semelhante afirmativa do Mestre, não nos esqueçamos de que toda porta constitui passagem incrustada em qualquer construção, a separar dois lugares, facultando livre curso entre eles.
Porta, desse modo, é peça arquitetônica encontradiça em paredes, muralhas e veículos, permitindo, em todos os casos, franco passadouro.
E as portas referidas por Jesus, a que estrutura se entrosam?
Sem dúvida, a porta estreita e a porta larga pertencem à muralha do tempo, situada à frente de todos nós.
A porta estreita revela o acerto espiritual que nos permite marchar na senda evolutiva, com o justo aproveitamento das horas.
A porta larga expressa-nos o desequilíbrio interior, com que somos forçados à dor da reparação, com lastimáveis perdas de tempo.
Aquém da muralha, o passado e o presente.
Além da muralha, o futuro e a eternidade.
De cá, a sementeira do “hoje”.
De lá, a colheita do “amanhã”.
A travessia de uma das portas é ação compulsória para todas as criaturas.
Porta larga – entrada na ilusão – saída pelo reajuste...
Porta estreita – saída do erro – entrada na renovação...
O momento atual é de escolha da porta, estreita ou larga.
Os minutos apresentam valores particulares, conforme atravessemos a muralha, pela porta do serviço e da dificuldade ou através da porta dos caprichos enganadores.
Examina, por tua vez, qual a passagem que eleges por teus atos comuns, na existência que se desenrola, momento a momento.
Por milênios, temos sido viajores do tempo a ir e vir pela porta larga, nos círculos de viciação que forjamos para nós mesmos, engodados na autoridade transitória e na posse amoedada, na beleza física e na egolatria aviltante.
Renovemo-nos, pois, em Cristo, seguindo-o, nas abençoadas lições da porta estreita, a bendizer os empecilhos da marcha, conservando alegria e esperança na conversão do tempo em dádivas da Felicidade Maior.
Jesus e o Evangelho à luz da Psicologia Profunda, Joanna de Ângelis, cap. “Convidados e Aceitos”
Toda a mensagem de Jesus é um confronto com a existente no mundo. Seu subjetivismo é objetivo e real, porque se assenta em parâmetros de lógica que fogem ao imediatismo, transferindo-se dos simples acasos para uma causalidade extrafísica, cujas conexões lentamente são identificadas pela pesquisa espírita, Parapsicologia e pelas demais doutrinas de investigação da vida transpessoal. A Psicologia, no momento, já detecta, a pouco e pouco, essas conexões cujas causas fogem ao plano apenas subjetivista, porque fundamentadas em realidades legítimas fora dos sentidos objetivos. (...)
Assim, o discurso de Jesus é sempre portador de um conteúdo subjetivo que não se adapta à visão e ao modus operandi da sociedade do Seu e dos tempos futuros, estabelecida sobre bases da percepção sensorial, do lógico e racional imediato, do concreto e do comum.
Os primeiros, nas convenções sociais, são sempre aqueles que se esforçam, que triunfam, que conseguem romper as barreiras impeditivas do desenvolvimento convencional, granjeando fama e recebendo honrarias. Os últimos, são os desclassificados, os fracos, os incapazes de sobreporem às próprias deficiências o valor moral e suas manifestações de dignidade e de caráter.
Somente se poderá entender que os últimos são os primeiros, quando se analise outra proposta não menos perturbadora do Seu convite, informando que a porta é estreita, aquela que conduz à salvação, à libertação dos atavismos perniciosos e dos vícios, enquanto a do mundo é larga, prazerosa, de resposta imediata, porque totalmente aberta às sensações que se fazem insaciáveis, portanto, profundamente desgastantes, não compensadoras.
A eleição da porta estreita, aquela que é resultado da luta intrapsíquica em favor das virtudes do equilíbrio, da sensatez, da perseverança nos ideais de enobrecimento, faculta que o candidato permaneça em último lugar na competitividade do mundo, a fim de ser o primeiro em espírito de paz, realizador do Reino dos Céus internamente, onde frui bem-estar e tem dilatados os horizontes das percepções extracorpóreas.
Essas reflexões adaptam-se perfeitamente ao convite em torno do muitos são os chamados e poucos os escolhidos, considerando-se que se trata de um investimento especial na conquista de si mesmo, no desvelamento do Self, na superação dos caprichos egoicos.
Em um estudo convencional, todos os seres encontram-se convidados ao triunfo interior, às conquistas externas, ao equilíbrio emocional, às realizações sociais, à harmonia de comportamento, às atividades edificantes no grupo em que se movimentam. Apesar disso, somente poucos cidadãos conseguem a identificação com todos esses compromissos. Não raro, uns se afadigam pelas posses, pelo conforto em detrimento da vida interior. Outros fogem do mundo e da sua convivência, perseguindo o silêncio e a interiorização, aturdidos, no entanto, com as paisagens conflitivas do inconsciente e os desejos infrenes do prazer não experienciado. (...)
(Jesus) Nunca se permitiu o conflito dos dois mundos em litígio. Havia escolhido o melhor e, portanto, comportava-se de maneira equilibrada nesse de menor significado, mas igualmente importante.
Desse modo, quando alguém elege o Reino de Deus, transforma-se interiormente, intentando alcançar o objetivo que tem em mente. A esses se pode aplicar o conceito de Jesus:
— Porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos.
Em uma análise psicológica profunda, o escolhido é aquele que consegue o triunfo sobre a inferioridade moral, entregando-se com fidelidade à opção realizada, que o compensa interiormente com a alegria do bem que insculpe nos sentimentos.
Quando essa disposição se estabelece e passa a governar o destino do ser, desaparecem-lhe as ambições do triunfo externo, porque compreende a sua desvalia, ou pelo menos não lhes atribui o significado hedonista de gozo exaustivo, que deixa sempre laivos de amargura e de frustração, sem compensar o esforço despendido pelo conseguir.
Desaparece, por sua vez, o egoístico instinto de competitividade, que rende estipêndios para o orgulho, não preenchendo os vazios existenciais. O ser descobre que há prazeres mais significativos e reconfortantes que aqueles que se derivam da posse, da ostentação e do orgulho. (…)
Em uma sociedade construída conforme os padrões do pensamento do Homem-Jesus, não vicejam as lutas pelos lugares proeminentes, porque aqueles que são portadores da hierarquia real, aquela que os distingue interiormente dos demais, sem os humilhar nem ferir, não estão realmente interessados no destaque comunitário nem na dominação das outras pessoas. Preocupam-se exclusivamente com a sua realidade de ser imortal, conscientes de que o descer da cortina é também o dealbar da madrugada perene.
Em todos os cometimentos humanos, são muitos aqueles que se encontram convidados para realizações nobilitantes; no entanto, vestidos pela sombra, facilmente se desinteressam de prosseguir por falta da resposta compensadora aos vazios do ego, que se preocupa com o entulhar-se de preocupações e de lutas pela conquista da primazia.
Há convites por toda parte, e nem todos os indivíduos têm olhos para ver nem ouvidos para ouvir, concitando-os à conquista de significados existenciais que os preencham de harmonia, direcionando os seus passos para os rumos melhores, aqueles que não frustram, nem levam a desesperos dispensáveis. (...)
Mediante a identificação com os objetivos que deseja alcançar, autoilumina-se e, recorrendo à oração, que é fonte inexaurível de energia, abastece-se e renova-se sem cessar, de modo a triunfar sobre as dificuldades que já não lhe obstaculizam o passo.
Aqueles, portanto, que no mundo são tidos como ultrapassados, ingênuos, não credores da consideração mentirosa do convívio social doentio, são os últimos, apesar disso, perfeitamente integrados nos objetivos superiores da vida, tornam-se os primeiros no Reino dos Céus.
Indispensável considerar-se que no jogo das ilusões e na busca da realidade, caracterizam-se os seres psicologicamente infantis e os amadurecidos, que optam pelo melhor e perene, que souberam eleger aquilo que lhes é mais importante, em detrimento do convencional e aceito, imposto pelo convívio terrestre.
Dessa forma, o esclarecimento de Jesus é relevante e deve ser meditado profundamente, porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos.
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