Casa Espírita Missionários da Luz - DIJ Mocidade: > 14 anos – 01/08/2025
Tema: Desvios do Planejamento - Drogas lícitas e ilícitas
Objetivos:
Identificar no uso da droga e do álcool desvios do planejamento Reencarnatório;
Refletir sobre as consequências físicas e espirituais do uso de drogas lícitas e ilícitas.
Bibliografia:
LE, perg 132 (Objetivo da reencarnação); pergs 711 à 714 (Gozo dos bens terrenos); 715, 716 (Necessário e Suplérfluo), 718 e 719;
ESE, Cap. IX (Bem aventurados os Brandos e Pacíficos) item 10;
Após a Tempestade, Joanna de Angelis/Divaldo P. Franco, Cap.9 'Viciação Alcoólica';
Adolescência e Vida, Joanna de Ângelis/ Divaldo P. Franco, cap.23 ‘O Adolescente e o Problema das Drogas’;
Sexo e Destino, André Luiz/Chico Xavier, Cap. 6;
Nas Fronteiras da Loucura, Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco, Cap 11. ‘Efeitos das Drogas’;
Juventude Interrompida - Relatos e Alertas dos Jovens do Além, Espíritos Diversos, FEEES/DIJ, Caps. Carta de Marco Antônio e Carta de Cássio, Casa Editora O Clarim 1ª edição.
Material: Livro dos Espíritos, texto dos 2 relatos do livro Juventude Interrompida.
Desenvolvimento:
Dar as boas vindas ao grupo, hora da novidade, exercícios de respiração profunda.
Prece Inicial.
Motivação:
- Dividir a turma em 2 grupos, dando a cada um, os comandos abaixo, para discussão em 10 min:
i. Imagine que nesse momento de sua vida, você tem dependência química de alguma substância. Se coloque mentalmente nessa situação. Você começou de bobeira, experimentou só para ver como seria, e descobriu agora, que ‘precisa’ regularmente da droga. Seus pais não sabem.
- O que você vai fazer agora? Como seus pais reagirão quando souberem?
- Que mudanças você imagina que acontecerão na sua vida a partir de agora?
ii. Imagine que nesse momento de sua vida, você tem dependência de álcool. Se coloque mentalmente nessa situação. Você começou bebendo nas saídas com os colegas e descobriu agora, que ‘precisa’ beber. Está dependente da bebida! Seus pais não sabem.
- O que você vai fazer agora? Como seus pais reagirão quando souberem?
- Que mudanças você imagina que acontecerão na sua vida a partir de agora?
Apresentação dos grupos. (o objetivo dessa atividade é levá-los a refletir sobre as mudanças significativas que ocorrem na vida do adolescente, quando se desviam do caminho do bem).
Estudo de casos e reflexão em grupos
Ainda nos 2 grupos, propor o estudo de 2 relatos, também do livro Juventude Interrompida, para nos auxiliar na percepção das consequências da opção equivocada das viciações em drogas lícitas ou não.
Grupo 1: Trechos da Carta de Marco Antônio (em anexo)
-
Ler o relato, discutir com o grupo e apresentar depois ao outro
grupo:
i. Onde e porque começou o vício de Marco Antônio?
ii. O vício o incapacitou para a vida social e familiar? Explique sua resposta.
iii. Como foi a desencarnação de Marco Antônio?
iv. Porque ele foi acolhido a um hospital no plano espiritual e como foi seu tratamento?
v. Quais as consequências para seu Espírito, do seu vício nessa última encarnação?
Grupo 2: Trechos da Carta de Cassio (em anexo)
- Ler o relato, discutir com o grupo e apresentar depois ao outro grupo:
i. Quais eram as características de Cassio antes da reencarnação?
ii. Quais eram os desafios que precisaria superar na encarnação relatada?
iii. Como podemos analisar a família e o contexto onde Cassio renasceu?
iv. Qual o porto seguro que a Justiça e Bondade de Deus colocou em seu caminho?
v. Como foi a escalada do vício? A família o auxiliou?
vi. Como Cassio desencarnou e como despertou no plano espiritual?
vii. O que o auxiliou para que recebesse ajuda após despertar já desencarnado?
viii. Qual a situação dele no fim da carta?
Conclusão
LE, perg. 132. Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?
“Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão.
Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação.
Como esses fatos que estudamos estão relacionados ao planejamento reencarnatório?
==> Conduzir a reflexão para percepção que esses são desvios do planejamento, pelo mau uso de nosso livre arbítrio. Sempre que nos deixamos levar pelo caminho que foge ao nosso dever, nos desviamos de nosso objetivo, dificultamos o planejamento reencarnatório.
==> Os prejuízos ao corpo pelo uso das substâncias, reduzindo o tempo da encarnação, é um caso de suicídio indireto, como vimos nos 2 casos estudados.
Esses dois casos tinham condições de superar as dificuldades que tiveram na infância e adolescência?
==> Sim! Todos temos! O contexto familiar onde renascemos faz parte de nossa escolha antes da reencarnação, faz parte de nossa história, de nossos méritos já adquiridos, das dívidas que trazemos.
==> Todos temos recursos para resistirmos às tentações. Precisamos estar atentos e procurarmos ajuda quando nos sentirmos fragilizados.
Joanna coloca em Adolescência e Vida e no livro Após a Tempestade, que a prática atual de pra tudo tomar remédios, é um mau exemplo para as crianças que crescem com a visão que as “pílulas” auxiliam a lidar com os conflitos.
Comenta também das influências espirituais, pois como vimos nos 2 casos, após a desencarnação, o viciado continua com a compulsão para o vício, e muitas vezes fica nos ambientes aqui na Terra, “vampirizando” os viciados encarnados.
André Luiz relata detalhadamente um caso de vampirização na compulsão para o álcool. São casos de obsessão em que o próprio obsediado acolhe o obsessor: são “amigos” no vício.
Se algum desses desvios ocorrer, significa que a encarnação está perdida?
==> Nem sempre! Deus sempre nos auxilia, de forma que, mesmo num desvio, ainda podemos dar conta de nossas responsabilidades e crescer na presente reencarnação. Porém, precisamos pedir ajuda!
De qualquer modo, a vida continua! Nossos guias espirituais nos auxiliam no replanejamento do curso da encarnação ou no planejamento de nova encarnação pra correção de rumos.
Discussão sobre o cap. 16 do livro Céu Azul.
Exercícios de respiração lenta e profunda e prece final.
Avaliação
Encontro com 8 jovens com participação nas duas atividades em grupo. Os pontos doutrinários relevantes dos textos foram realçados. Falaram que é difícil se imaginar na situação.Já no primeiro momento em grupos, falaram das influências espirituais. Não deu tempo de ver o cap. 16 do livro.
ANEXOS
Subsídios doutrinários:
Livro dos Espíritos:
“As doenças, as enfermidades e, ainda, a morte, que resultam do abuso, são, ao mesmo tempo, o castigo à transgressão da lei de Deus.” (perg. 714a)
“Sem dúvida, mas o homem é insaciável. Por meio da organização que lhe deu, a Natureza lhe traçou o limite das necessidades; porém, os vícios lhe alteraram a constituição e lhe criaram necessidades que não são reais.” (perg. 716)
ESE, Cap. IX, ‘Bem aventurados os Brandos e Pacíficos’
“Compenetrai--vos, pois, de que o homem não se conserva vicioso, senão porque quer permanecer vicioso; de que aquele que queira corrigir-se sempre o pode. De outro modo, não existiria para o homem a lei do progresso.” (item 10)
Adolescência e Vida, Joanna de Ângelis/ Divaldo P. Franco, cap.23 ‘O Adolescente e o Problema das Drogas'
Os exemplos domésticos, decorrentes de pais que se habituaram a usar medicamentos sob qualquer pretexto, especialmente Valium e Librium, como buscas de equilíbrio, de repouso, oferecem aos filhos estímulos negativos de resistência para enfrentar desafios e dificuldades de toda natureza.
Demonstrando incapacidade para suportar esses problemas sem a ajuda de mecanismos químicos ingeridos, abrem espaço na mente da prole, para que, ante dificuldades, fuja para os recantos da cultura das drogas que permanece em voga.
Por outro lado, a exuberante propaganda, a respeito dos indivíduos que vivem buscando remédios para quaisquer pequenos achaques, sem o menor esforço para vencê-los através dos recursos mentais e atividades diferenciadas, produz estímulos nas mentes jovens para que façam o mesmo, e se utilizem de outro tipo de drogas, aquelas que se transformaram em epidemia que avassala a sociedade e a ameaça de violência e loucura.
O alcoolismo desenfreado, sob disfarce de bebidas sociais, levando os indivíduos a estados degenerativos, a perturbações de vária ordem, torna-se fator predisponente para as famílias seguirem o mesmo exemplo, particularmente os filhos, sem estrutura de comportamento saudável.
O tabagismo destruidor, inveterado, responde pelas enfermidades graves do aparelho respiratório, criando dependência irrefreável, transformando-se em estímulo nas mentes juvenis para a usança de tais bengalas psicológicas, que são porta de acesso a outras substâncias químicas mais perturbadoras.
A utilização da maconha, sob a justificativa de não ser aditiva, apresentada como de conseqüências suaves e sem perigo de maiores prejuízos, com muita propriedade também denominada erva do diabo, cria, no organismo, estados de dependência, que facultarão a utilização de outras substâncias mais pesadas, que dão acesso à loucura, ao crime, em desesperadas deserções da realidade, na busca de alívio para a pressão angustiante e devoradora da paz.
Todas essas drogas tornam-se convites-soluções para os jovens desequipados de discernimento, que se lhes entregam inermes, tombando, quase irremissivelmente, nos seus vapores venenosos e destruidores, que só a muito custo conseguem superar, após exaustivos tratamentos e esforço hercúleo.
Os conflitos, de qualquer natureza, constituem os motivos de apresentação falsa para que o indivíduo se atire ao uso e abuso de substâncias perturbadoras, hoje ampliadas com os barbitúricos, a heroína, a cocaína, o crack e outros opiáceos.
E não faltam conflitos na criatura humana, principalmente no jovem que, além dos fatores de perturbação referidos, sofre a pressão dos companheiros e dos traficantes — que se encontram nos seus grupos sociais com o fim de os aliciar; a rebelião contra os pais, como forma de vingança e de liberdade; a fuga das pressões da vida, que lhe parece insuportável; o distúrbio emocional, entre os quais se destacam os de natureza sexual… (...)
Sempre se desperta desse pesadelo com mais cansaço, mais tédio, mais amargura e saudade do que se haja experimentado, buscando-se retornar a qualquer preço, destruindo a vida sob os aspectos mais variados.
Por fim, deve-se considerar que a facilidade com que o jovem adquire a droga que lhe aprouver, tal a abundância que se lhe encontra ao alcance, constitui-lhe provocação e estímulo, com o objetivo de fazer a própria avaliação de resultados pela experiência pessoal. Como se, para conhecer-se a gravidade, o perigo de qualquer enfermidade, fosse necessário sofrê-la, buscando-lhe a contaminação e deixando-se infectar. (...)
Em todo esse conflito e fuga pelas drogas, o amor desempenha papel fundamental, seja no lar, na escola, no grupo social, no trabalho, em toda parte, para evitar ou corrigir o seu uso e o comprometimento negativo.
O amor possui o miraculoso condão de dar segurança e resistência a todos os indivíduos, particularmente os jovens, que mais necessitam de atenção, de orientação e de assistência emocional com naturalidade e ternura.
Diante, portanto, do desafio das drogas, a terapia do amor, ao lado das demais especializadas, constitui recurso de urgência, que não deve ser postergado a pretexto algum, sob pena de agravar-se o problema, tornando-se irreversível e de efeitos destruidores.
Nas Fronteiras da Loucura, Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco, Cap 11. ‘Efeitos das Drogas’
“As drogas liberam componentes tóxicos que impregnam as delicadas engrenagens do perispírito, atingindo-o por largo tempo. Muitas vezes, esse modelador de formas imprime nas futuras organizações fisiológicas lesões e mutilações que são o resultado dos tóxicos de que se encharcou em existência pregressa.”
Após a Tempestade, Joanna de Angelis/Divaldo P. Franco, Cap.9 'Viciação Alcoólica'
Aceito sob o acobertamento da impudica tolerância, seu contágio destrutivo supera o das mais virulentas epidemias, ceifando maior número de vidas do que o câncer, a tuberculose, as enfermidades cardiovasculares, adicionados.... Inclusive, mesmo na estatística obituária dessas calamidades da saúde, podem-se encontrar como causas preponderantes ou predisponentes as matrizes de muitos vícios, que se tornaram aceitos e acatados qual motivo de relevo e distinção... (...)
A vinculação alcoólica, por exemplo, escraviza a mente desarmonizando-a e envenena o corpo deteriorando-o. Tem início através do aperitivo inocente, quão dispensável, que se repete entre sorrisos e se impõe como necessidade, realizando a incursão nefasta, que logo se converte em dominação absoluta, desde que aumenta de volume na razão direta em que consome. (...)
Não acontecendo a queda espetacular no suicídio, este se dá por processo indireto, graças à sobrecarga destrutiva que o alcoólatra ou simples cultivador da alcoolofilia depõe sobre a tecelagem de elaboração divina, que é o corpo. E quando vem a desencarnação, o que é também doloroso, não cessa a compulsão viciosa, nascendo dramas imprevisíveis do outro lado do túmulo, em que o espírito irresponsável constata que a morte não resolveu os problemas nem aniquilou a vida…
Sexo e Destino, André Luiz/Chico Xavier, Cap. 6
Como situar o problema? Se víramos Cláudio aparentemente reduzido à condição de um fantoche, como proceder na aplicação da justiça? Se ao invés de bebedice, estivéssemos diante de um caso criminal? Se a garrafa de uísque fosse arma determinada, para insultar a vida de alguém, como decidir? A culpa seria de Cláudio que se submetia ou dos obsessores que o comandavam? (...)
Nos achamos à frente de pessoas bastante livres para decidir e suficientemente lúcidas para raciocinar. No corpo físico ou agindo fora do corpo físico, o Espírito é senhor da constituição de seus atributos. Responsabilidade não é título variável. Tanto vale numa esfera, quanto em outras. Cláudio e os companheiros, na cena que acompanhamos, são três consciências na mesma faixa de escolha e manifestações conseqüentes. Todos somos livres para sugerir ou assimilar isso ou aquilo. Se você fosse instado a compartilhar um roubo, decerto recusaria. E, na hipótese de abraçar a calamidade, em são juízo, não conseguiria desculpar-se. (...)
Cláudio desfruta excelente saúde física. Cérebro claro, raciocínio seguro. É inteligente, maduro, experimentado. Não carrega inibições corpóreas que o recomendem a cuidados especiais. Sabe o que quer. Possui materialmente o que deseja. Permanece no tipo de vida que procura. É natural que esteja respirando a influência das companhias que julgue aceitáveis. Retém liberdade ampla e valiosos recursos de instrução e discernimento para juntar-se aos missionários do bem que operam entre os homens, assegurando edificação e felicidade a si mesmo. Se elege para comensais da própria casa os companheiros que acabamos de ver, é assunto dele. Enquanto nos arrastávamos, tolhidos pela carne, não nos ocorreria a ideia de expulsar da residência alheia as pessoas que não se harmonizassem conosco. Agora, vendo o mundo e as coisas do mundo, de mais alto, não será cabível modificar semelhante modo de proceder. (...)
Cláudio certamente não lhes empresta o conceito de vagabundos. Para ele, são sócios estimáveis, amigos caros.
Juventude Interrompida: Relatos e alertas dos jovens do além
Trechos da Carta de Marco Antônio
Jovem amigo,
Chamo-me Marco Antônio e hoje venho falar especialmente com você. Isso mesmo, com você, jovem.
Nascido em um lar abastado, com muitas facilidades, cresci frequentando boas escolas, clubes e rodas sociais. Aprendi muito cedo a beber da forma que chamam “socialmente”. O problema é que beber foi se tornando algo tão natural, que chegou o momento em que não mais conseguia viver sem um gole. O tempo passou, constituí família, tive filhos, mas nunca tive tempo para eles. Do escritório, ia direto ao bar, chegando a casa sempre muito tarde.
Nos finais de semana, por exemplo, quando íamos ao clube, a esposa e os filhos aproveitavam o sol e a piscina, enquanto eu bebia com os amigos.
Aos quarenta anos, a vida não tinha mais sentido, e beber era minha principal atividade. Era isso que importava, era isso que me satisfazia. No entanto, sentia um vazio como se algo estivesse faltando, e a única forma de superar isso era bebendo. Aos quarenta e cinco anos, a cirrose já se havia instalado em meu organismo e eu sofria com a doença. O pior é que a família também sofria.
Nunca fui de ficar bêbado a ponto de cair ou dar vexame, no entanto, não vivia sem a bebida.
Uma encarnação programada para setenta anos durou apenas cinquenta e dois, quando, com o organismo muito debilitado e o fígado não mais funcionando, deixei a vida terrena, experimentando uma tormenta indescritível ao ver-me sem o corpo físico.
Socorrido em uma colônia que cuida de Espíritos vinculados à dependência do álcool, acordei em uma espécie de hospital espiritual, graças às aquisições do passado, visto que, nessa encarnação, quase nada caminhei. O tratamento era à base de água, na busca de minimizar os reflexos do álcool no perispírito. Os tempos foram difíceis e confesso que sentia muita falta da vodca, do uísque e até mesmo da cachaça. Em cada momento que sentia necessidade de uma “dose”, serviam-me água. Fechava os olhos e bebia como se estivesse tomando uma dose de um destilado.
Vocês não têm ideia de como esse processo foi difícil. Quando descobri que meu tempo na Terra havia sido diminuído, para que eu não me prejudicasse ainda mais, o sofrimento foi atroz.
Em conversa com os benfeitores, fui esclarecido sobre meu retorno à pátria espiritual 18 anos antes do previsto e que, quando eu estivesse pronto, deveria retornar à Terra para completar esse ciclo. No entanto, salientaram que esse período seria difícil, em consequência da decisão equivocada relativa à última encarnação.
Preparei-me com afinco. Não pensava em outra coisa a não ser em retornar para completar o tempo deixado para trás. Minha felicidade foi grande quando os benfeitores me avisaram que era chegada a hora de retornar. Disseram-me que eu voltaria na condição de filho daquele que era meu neto. E assim foi.
Cercado de carinho, renasci para dar sequência ao que fora interrompido pelo excesso do álcool.
Era sabido que nasceria com problemas no fígado, dada a deformação sofrida pelo perispírito, mais especificamente nesse órgão. Os médicos disseram que eu havia nascido com uma má-formação e, por isso, passaria por uma série de tratamentos e que, provavelmente, teria que transplantar o fígado para sobreviver.
Tratamentos, remédios e mais remédios. Ultrassons, ressonâncias, exames de sangue, mais exames e exames. Hospitais, pronto-atendimentos, clínicas. Era assim a minha rotina.
Com quinze anos, recebi novo fígado e a alegria foi geral. Ao mesmo tempo, também havia a angústia e o medo da rejeição. Tomei remédios e mais remédios para que o organismo pudesse aceitar esse órgão que invadia meu corpo.
Apesar de toda essa problemática, eu ainda sofria com o desejo constante de beber, de experimentar o álcool. Falava dessa vontade como se tivesse saudade de algo com o qual convivi durante muito tempo e que seria impossível viver sem. Mas sabia que não podia experimentar, mesmo sendo difícil.
Perseverar! Essa era a palavra de ordem.
Quando tudo parecia caminhar bem, tive uma crise e desencarnei aos 18 anos de idade, exatamente o tempo que havia perdido da encarnação anterior. A lei de Deus é lei de justiça, e assim foi.
Hoje estou aqui, compartilhando com vocês esta minha história. Estou me preparando para voltar à Terra, mas agora em nova oportunidade para o trabalho edificante junto aos jovens que abusam da bebida.
Os jovens acham que sabem tudo, mas as coisas não são assim. Ouçam mais, prestem mais atenção a seus pais e seus amigos verdadeiros, companheiros que, de fato, querem o seu bem. Jovem amigo, não faça como eu. Faça diferente!
Marco Antônio (Mensagem psicografada pelo médium Edmar Reis Thiengo, na FEEES, em reunião mediúnica.)
Juventude Interrompida: Relatos e alertas dos jovens do além
Trechos da Carta de Cássio
Ser jovem é ser diferente, é colocar de lado os ideais dos pais e colocar em mente os próprios ideais, porque a vida é feita para viver, para curtir e para contestar. É o novo desafiando o velho, é o moderno em detrimento do antigo.
Essas e outras máximas conduziam minha forma de ser, pensar e agir.
Passei anos e anos de preparo no mundo espiritual, até que recebi a oportunidade de reencarnar. Meu maior desafio seria vencer a mim mesmo, domar meus monstros e cuidar da harmonia familiar. Nasci com todas as possibilidades para executar o plano reencarnatório cuidadosamente elaborado. Percebam a estrutura que encontrei: família rica e conhecida, daquelas que se diz por aí, de nome e sobrenome; mãe ainda muito jovem, que me recebeu em seus braços sem saber o que fazer comigo, afinal eu era fruto de mais uma de suas aventuras inconsequentes e não fazia parte de seus planos cuidar de uma criança naquele momento; pai que nem quis saber se eu realmente era filho dele, que disse à minha mãe não acreditar nessa possibilidade, mas que também isso não faria a menor diferença e que o máximo que ele poderia assumir naquele momento era o papel de reprodutor.
Diante dessa realidade, fui entregue aos meus avós, que me criaram. Entretanto, por mais que tentassem fazer o papel de pais, avós são avós e pais são pais. Estudei nas melhores escolas. Recebi todo o recurso material de que necessitava, todo carinho dos meus avós. avós. Minha mãe só aparecia em casa quando tinha problemas financeiros, nunca me dedicava atenção e carinho verdadeiro.
Assim, cresci em meio à confusão familiar. Discórdia e tensão pairavam no ar. Para suportar tudo isso, minha avó vivia à base de medicamentos, drogas lícitas utilizadas com o intuito de resolver os problemas que a vida lhe trazia. Por outro lado, minha mãe usava drogas ilícitas com o mesmo objetivo.
Em minha adolescência, não aguentando a pressão que vinha de todos os lados, resolvi utilizar algum tipo de droga que pudesse minimizar os problemas junto aos quais estava inserido. Comecei, usando maconha, afinal era o que minha mãe usava e o acesso era muito fácil; bastava ter o dinheiro para pagar e isso não me faltava.
Com o tempo, os problemas só aumentavam e a maconha não mais ajudava. Seus efeitos eram por demais fracos e meu fornecedor disse que possuía algo mais forte, que me daria o que estava procurando. Assim, comecei a usar cocaína. Enquanto estava sob o efeito da droga, não tinha problemas — meu Deus, não sabia que essa fuga só aumentaria minha angústia logo em seguida! E era exatamente assim: quando passava o efeito, os problemas voltavam potencializados, ou seja, muito mais intensos.
Formava-se um ciclo vicioso: quanto mais usava droga, mais necessidade tinha de usar. A cada dia, aumentava a dose, até que toda a família percebeu que eu estava viciado em cocaína. Os problemas que causava à minha pobre avó eram enormes. Espero que um dia ela me perdoe.
Eu não mais estava bem na escola, meu primeiro período de faculdade foi um desastre, abandonei o curso de Direito com a promessa de retornar no semestre seguinte, mas me dediquei às festas e às drogas.
Tudo continuava igual, até que nessa rotina de aumentar as doses, exagerei, apaguei e acordei em um hospital com meus familiares à minha volta.
Começou uma luta para que eu procurasse ajuda. Propus ajuda para todos nós, mas ninguém queria. “Só eu precisava de terapia e de tratamento.” Em poucos dias, minha rotina de festas era exatamente a mesma que me levara ao hospital. O resultado não foi outro. Em pouco tempo, já estava de volta ao hospital. Dessa segunda vez, saí do hospital sendo levado diretamente para uma clínica de reabilitação. Fiquei revoltado. As crises de abstinência eram horrendas e o tratamento que recebera em tal clínica no interior do estado era cruel.
Passados quarenta dias na clínica, voltei para casa. Consegui melhorar um pouco, mas nada significativo. Minha mãe, eu soube depois, não estava mais usando drogas e meus avós sentiam que tinham falhado pela segunda vez, ou seja, com minha mãe e agora comigo. Isso me causava mais dor ainda. Embora os esforços, em pouco mais de um mês eu estava de volta às ruas e às rodas de amigos. Não recebia mais a mesada dos meus avós, mas isso não era problema, pois bastava pegar alguma peça de dentro do apartamento e vender.
Descobri uns talheres de prata que me renderam um bom dinheiro, pude comprar uma quantidade de cocaína que havia tempo não conseguia. Tranquei-me no quarto e cheirei o quanto pude. Não sei quanto tempo fiquei nesse delírio. Quando achava que o efeito estava passando, era mais uma carreira e assim mais outra, mais outra...
Não sei o que aconteceu. Ao acordar, tomei um susto. Não reconhecia aquele ambiente. Pensei: “Essa é das boas!” Procurei por mais droga e não reconheci meu quarto. (...) Ouvi uma pessoa falando comigo e olhei para um lado, para outro e não identifiquei ninguém. “Só podia estar ouvindo coisas.” Passei assim por um tempo, ouvindo vozes, risos, sarcasmos, choros, gritos, coisas desconexas.
Supliquei pela presença da vovó, mas nada. A saudade era tanta que ardia dentro de mim, como se fosse fogo a queimar-me. Estava assustado, em algum lugar que não conhecia. Medo: talvez essa palavra resumisse o que eu sentia. Logo eu que nunca havia sentido medo de nada.
Alguém se aproximou e começamos a conversar. Aproveitei para perguntar novamente pela minha avó. Foi aí que aquela criatura disse que eu havia morrido e que não vivia mais com a minha avó.
Que susto! Morrer. Eu sempre pensei que a morte fosse o fim de tudo.
Perguntei novamente: “Se morri, por que estou aqui conversando com você?” “Rapaz, eu não sou a melhor pessoa para te responder isso não, mas sei que ninguém morre.”
Lembrei-me de minha avó novamente, quando ela chamava minha atenção para eu ser uma boa pessoa, porque a gente não sabia o nosso futuro. Lembrei-me de quando ela dizia que devemos agradar a Deus, orar e louvar ao Senhor. Mas eu não aprendi nada disso. Como poderia orar, se não sabia? Como deveria louvar, se também não sabia?
Depois de pensar muito, lembrei que minha avó, quando me colocava para dormir, falava comigo uma prece que dizia assim:
“Anjinho da guarda, de mãos de luz, Guia meus passos para Jesus. Anjinho da guarda, de rosto ameno, Mostra-me o trilho para o Nazareno.”
Comecei a repetir esse versinho e, em pouco tempo, ele se tornou um mantra, de tanto que eu o repetia. Repeti-lo mantinha a presença da vovó constantemente comigo.
Um bem-estar foi tomando conta de mim, e as nuvens à minha volta foram se dissipando. Em pouco tempo, percebi que aquele lugar onde me encontrava, que parecia ser o interior de uma casa sem energia, era na verdade o interior de uma caverna. Senti uma luz aproximar-se. Levantei-me, como que atraído por essa estranha energia. Estendi minhas mãos, as quais foram tocadas, fazendo assim com que eu fosse transportado para outro ambiente.
O local era lindo, uma luz intensa, flores, plantas, pássaros, enfim, toda a natureza tinha coloração e brilho especiais.
Um amigo espiritual se aproximou e me convidou a ficar de pé, o que fiz com facilidade. O amigo se identificou como Marcos e me perguntou como eu estava me sentindo. Respondi de forma sucinta, ao que ele novamente interpelou, perguntando se eu estava me sentindo bem. Disse que estava confuso, que queria perguntar muitas coisas, mas inicialmente gostaria de saber por que, naquele lugar tão extraordinariamente belo, com tantas flores, não havia perfume algum. (...) Marcos então me disse que eu estava com dificuldades devido aos comprometimentos que havia causado, especialmente, a esse sentido. Usei-o mal e agora teria que reorganizá-lo, pois a cocaína havia causado sérios comprometimentos ao meu olfato.
Os dias se passaram e nós conversávamos bastante, ao mesmo tempo em que havia um tratamento que recebia a cada três dias. Aos poucos, fui recuperando a capacidade de identificar alguns cheiros específicos. Esse processo ainda continua. Estou em tratamento e ainda tenho muito a recuperar.
Não preciso dizer o quanto sofro e me arrependo de tudo que aconteceu. Posso garantir que, hoje, penso bem diferente em relação a algumas questões, principalmente em relação à juventude. Hoje, eu diria:
Ser jovem é não ter medo de ousar.
Ser jovem é inventar e reinventar a todo tempo.
Ser jovem é ser diferente, é inspirar-se nos ideais dos pais e construir os próprios ideais, porque a vida é feita para servir e compreender, a nós mesmos e ao próximo. É o novo acolhendo o velho, é o moderno em harmonia com o antigo.
Ser jovem é ser feliz!
Ser jovem é construir e transformar! É amar.
Meu fraternal abraço, Cássio
Nenhum comentário:
Postar um comentário