segunda-feira, 7 de junho de 2021

Obsessão: Terapêutica e Profilaxia

 Casa Espírita Missionários da Luz

DIJ – Mocidade > 14 anos - 04/06/2021

 

Tema: Obsessão: Terapêutica e Profilaxia                                       Estudo Virtual Google Meet

 

Objetivos:

Estudar o processo obsessivo e os três tipos de obsessão;

Identificar a terapêutica e profilaxia da obsessão.

 

Bibliografia:

O Livro dos Médiuns, Cap. XXIII – Da Obsessão;

A Gênese – Cap. XIV – itens 45 à 49; A Gênese, cap. XV, item 33;

RE, Janeiro1865/nova-cura-de-uma-jovem-obsedada-de-marmande;

O Espírito da Maldade - Neio Lúcio – Alvorada Cristã/Chico Xavier;

Libertação, André Luiz/Chico Xavier, Cap. 6 'Observações e novidades';

Nos Bastidores da Obsessão – Divaldo P. Franco/Manoel P. De Miranda, Prolegômenos – 'Examinando a Obsessão'.

           

Material:

 

Desenvolvimento:  

1.            Hora da Novidade

2.            Exercício de respiração profunda e prece inicial

 

3.            Estudo de casos.

Iniciar contando uma história ao grupo. Relatar em forma de diálogo onde cada evangelizador faz uma das vozes.

 

Caso 1   - O Espírito da Maldade - Neio Lúcio – Alvorada Cristã/Chico Xavier

(não precisa ler o título; só informar a referência bibliográfica depois)

 

(Evangelizador 1)

O Espírito da Maldade, que promove aflições para muita gente, vendo, em determinada manhã, um ninho de pássaros felizes, projetou destruir as pobres aves.

A mãezinha alada, muito contente, acariciava os filhotinhos, enquanto o papai voava, à procura de alimento.

O Espírito da Maldade notou aquela imensa alegria e exasperou-se.

Mataria todos os passarinhos, pensou consigo.

Para isto, no entanto, necessitava de alguém que o auxiliasse. Aquela ação exigia mãos humanas.

Começou, então, a buscar a companhia das crianças. Quem sabe algum menino poderia obedecê-lo?

Foi à casa de Joãozinho, filho de Dona Laura:

 

(Evangelizador 2)

- Joãozinho, vamos matar passarinhos?

 

(Evangelizador 1)

Joãozinho estava muito ocupado ajudando o irmão menor, e, como o Espírito da Maldade somente pode arruinar as pessoas insinuando-se pelo pensamento, não encontrou meios de dominar a cabeça de João.

 

Então, o Espírito da maldade correu à residência de Zelinha, filha de Dona Carlota.

 

(Evangelizador 2)

- Zelinha, vamos matar passarinhos?

 

(Evangelizador 1)

Zelinha estava tricotando uma blusa de tricô imaginando como ela ficaria linda depois de pronta. Assim o Espírito da Maldade  não conseguiu transmitir-lhe o propósito infeliz.

 

Dirigiu-se, então, à chácara do senhor Vitalino, para ver se o filho ele, Quincas, filho dele, estava em condições de servi-lo.

 

(Evangelizador 2)

- Quincas, vamos matar passarinhos?

 

(Evangelizador 1)

Mas Quincas, justamente nessa hora, estava plantando várias mudas de laranjeiras e tão alegre se encontrava, pensando nas laranjas deliciosas do futuro, que nem de leve percebeu as ideias venenosas que o Espírito da Maldade lhe soprava na cabeça.

 

Reconhecendo a impossibilidade de absorvê-lo, o gênio do mal lembrou-se de Marquinhos, o filho de Dona Conceição.

Marquinhos era muito mimado pela mãe, que não o deixava trabalhar e lhe protegia a vadiagem. Tinha doze anos bem feitos e vivia de casa em casa a reinar na preguiça. Marquinhos estava na porta de um botequim, com enorme cigarro à boca. As mãos dele estavam desocupadas e a cabeça vazia.

 

(Evangelizador 2)

- Marquinhos, vamos matar passarinhos?

 

Marquinhos não escutou em forma de voz, mas ouviu em forma de ideia.

Saiu, de repente, com um desejo incontrolável de encontrar avezinhas para a matança.

O Espírito da Maldade, sem que ele o percebesse, conduziu-o, facilmente, até à árvore em que o ninho feliz recebia as carícias do vento.

O menino, a pedradas criminosas, aniquilou pai, mãe e filhotinhos.

O gênio sombrio tomara-lhe as mãos e, após o assassínio das aves, levou-o a cometer muitas faltas que lhe prejudicaram a vida, por muitos e muitos anos.

 

FIM

 

- Gostaram da história? Bonitinha, né?

Vamos ouvir mais uma historinha...

 

Caso 2 -  Adaptado de Libertação, André Luiz/Chico Xavier, Cap. 6 'Observações e novidades'

(cena ocorrida numa cidade inferior, no plano espiritual)

 

(Evangelizador 1)

Certa mulher já desencarnada dizia para a companheira, ainda presa à experiência física, parcialmente liberta nas asas do sono:

– Notamos que você, ultimamente, anda mais fraca, mais serviçal... Estará desencantada, quanto aos compromissos assumidos?

 

(Evangelizador 2)

– Acontece que João se filiou a um círculo de preces, o que, de alguma sorte, nos vem alterando a vida.

 

(Evangelizador 1)

Orações? você está cega quanto ao perigo que isso significa? Quem reza cai na mansidão. É necessário espezinhá-lo, torturá-lo, feri-lo, a fim de que a revolta o mantenha em nosso círculo. Se ganhar piedade, vai nos estragar o plano, deixando de ser nosso instrumento na fábrica.

 

(Evangelizador 2)

– Ele se diz mais calmo, mais confiante...

 

(Evangelizador 1)

– Marina, você sabe que não podemos fazer milagres e não é justo aceitar regras e intrujices de espíritos acovardados que, a pretexto de fé religiosa, se acham ditadores de salvação. Precisamos de seu marido e de muitas outras pessoas que a ele se agregam em serviço e em nosso nível. O projeto é enorme e interessante para nós. Já esqueceu quanto sofremos? Eu, de mim mesma, tenho duras lições por retribuir.

 

- Não admita encantamentos espirituais. A realidade é nossa e cabe-nos aproveitar o ensejo, integralmente. Volte para o corpo e não ceda um milímetro. Corra com os apóstolos improvisados. Nos fazem mal. Prenda João, controlando-lhe o tempo. Desenvolva serviço eficiente e não o liberte. Fira-o devagarinho. O desespero dele chegará, por fim, e, com as forças da insubmissão que forem exteriorizadas em nosso favor, alcançaremos os fins a que nos propomos. Nada de transigência. Não se atemorize com promessas de inferno ou céu depois da morte. Em toda parte, a vida é aquilo que fazemos dela.

 

(Evangelizador 2)

André Luiz, o autor do texto anota:

“Boquiaberto com o que me era dado perceber, reparei que a entidade astuta e vingativa envolvia a interlocutora em fluidos sombrios, à maneira dos hipnotizadores comuns.”

 

FIM

 

- E essa? Gostaram? Dá o que pensar, né?

Vamos ouvir uma última história...

 

Caso 3 – A Possessa de Marmande (RE Jan/1865)

 

(Evangelizador 1)

Desde os primeiros dias de setembro de 1864, não se cogitava, em certo bairro da cidade, senão das crises convulsivas experimentadas por uma moça, Valentine Laurent, de treze anos.

 

Essas crises, que se repetiam várias vezes por dia, eram de tal violência que cinco homens, que a sustentavam pela cabeça, pelos braços e pelas pernas, tinham dificuldade de mantê-la na cama. Ela encontrava força suficiente para agitá-los e às vezes até para desprender-se de suas mãos. Então suas mãos se agarravam a tudo. Camisas, vestidos, cobertas da cama eram rasgadas num instante; os dentes também exerciam um papel muito ativo em seus furores, apavorando com razão as pessoas que a cercavam. Se não a tivessem segurado, ela teria partido a cabeça na parede, e malgrado os esforços e as precauções, não ficou isenta de cortes e de contusões.

 

(Evangelizador 2)

Não lhe faltaram os recursos da medicina. Quatro médicos a viram sucessivamente, mas sem sucesso. Durante as crises, o pulso era perfeitamente regular; após as crises, nem a menor lembrança dos sofrimentos, das convulsões, mas muito espanto ao ver a casa cheia de gente e seu leito cercado de homens esbaforidos, alguns dos quais lamentavam uma camisa ou um colete rasgado.

 

O padre de uma paróquia situada a dois ou três quilômetros de Marmande, gozando na região de uma celebridade nascente, entre certa gente, como curador de toda espécie de males, foi consultado pelo pai da jovem. O padre, sem conhecer a natureza do mal, lhe deu inadvertidamente um pouco de pó branco para a doente tomar, e em seguida ofereceu-se para rezar uma missa. Mas, ah! Nem o pó, nem a missa preservaram a jovem Valentine de quatorze crises no dia seguinte, o que jamais lhe havia ocorrido.

 

(Evangelizador 1)

Tanto insucesso nos cuidados de toda sorte necessariamente deveriam ter feito nascer no espírito do povo ideias supersticiosas. Com efeito, as comadres falavam alto de malefícios e sortilégios lançados sobre a moça.

 

(Evangelizador 2)

Durante esse tempo nós (do grupo espírita da cidade) consultamos no silêncio da intimidade os nossos guias espirituais sobre a natureza dessa moléstia, e eis o que nos responderam:

“É uma obsessão das mais graves, cujo caráter mudará muitas vezes de fisionomia. Agi friamente, com calma; observai, estudai.”

“Tende muito cuidado, muito senso de observação e muito zelo. Tratareis com um Espírito mistificador, que alia a astúcia e a habilidade hipócrita a um caráter muito mau. Não cesseis de estudar, de trabalhar pela moralização desse Espírito e de orar com esse propósito. Recomendai aos pais que, em presença da menina, evitem qualquer manifestação de medo por seu estado. Ele devem, ao contrário, fazê-la entregar-se às suas ocupações ordinárias, e sobretudo não ser bruscos com ela. Que lhe digam, sobretudo, que não há feiticeiros: isto é muito importante. O cérebro jovem e flexível recebe as impressões com muita facilidade e seu moral poderia sofrer com isso; que não a deixem entretida com pessoas susceptíveis de lhe contar histórias absurdas, que dão às crianças ideias falsas e por vezes perniciosas. Que os próprios pais tenham a certeza de que a prece sincera é o único remédio que deve libertar a menina.”

 

(Evangelizador 1)

O trabalho de desobsessão, realizado diariamente durou todo o mês de setembro até o afastamento do Espírito obsessor.

“A partir de 25 de setembro, seguindo os conselhos dos nossos guias, adormeci a jovem Valentina todos os dias pelo sono magnético, para livrá-la completamente da ação dos maus fluidos que a tinham envolvido, e fortalecer o seu organismo. Desde sua libertação, ela experimentava mal-estar, incômodos do estômago, pequenos abalos nervosos, consequência inevitável da obsessão.

 

Observação de Kardec: Para que teria servido o magnetismo se a causa tivesse subsistido? Para começar, teria sido necessário destruir a causa, antes de atacar os efeitos, ou pelo menos agir sobre ambos simultaneamente.

 

FIM

 

4.            Discussão em grupos

Separar o grupo em 3 salas temáticas do Google Meet, para que cada grupo analise uma das histórias e analise a ação obsessiva que se faz presente nas histórias.

Qual o tipo de obsessão aparece?
Como acontece o processo obsessivo?

Quais as consequências dessa obsessão para o obsidiado?

 

Dar 10 a 15 min para a tarefa, e trazer os grupos de volta à sala principal.

 

5.         Apresentação dos grupos

 

Grupo 1: O Espírito da Maldade

 

Apresentar a definição de Kardec sobre o termo: A Gênese” – Cap. XIV – item 45:

“Chama-se obsessão à ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo.”

 

Obsessão Simples:

Livro dos  Médiuns, Cap. XXIII ‘Da Obsessão’

238. Dá-se a obsessão simples, quando um Espírito malfazejo se impõe a um médium, se imiscui, a seu mau grado, nas comunicações que ele recebe, o impede de se comunicar com outros Espíritos e se apresenta em lugar dos que são evocados. Ninguém está obsidiado pelo simples fato de ser enganado por um Espírito mentiroso. (...) Pode-se, pois, ser enganado, sem estar obsidiado. A obsessão consiste na tenacidade de um Espírito, do qual não consegue desembaraçar-se a pessoa sobre quem ele atua.

 

- Ideias fixas e que não são do bem, difíceis de livrar-se delas.

Ex. Vícios externos de toda ordem (bebida, fumo, drogas, sexo irresponsável)

            - a aceitação dessas ideias e sugestões, acaba levando a uma obsessão mais séria, mais difícil de se erradicar. Como tudo acontece a nível mental, precisamos estar atentos aos nossos pensamentos, para não nos deixarmos levar por outras mentes.

 

Grupo 2 – Caso do livro Libertação, de André Luiz

Tipo Obsessão: Fascinação

Livro dos Médiuns, Cap. XXIII ‘Da Obsessão’

239. A fascinação tem consequências muito mais graves. É uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento do médium e que, de certa maneira, lhe paralisa o raciocínio, relativamente às comunicações. O médium fascinado não acredita que o estejam enganando. (...)

Compreende-se facilmente toda a diferença que existe entre a obsessão simples e a fascinação (...). Na primeira, o Espírito que se agarra à pessoa não passa de um importuno pela sua tenacidade e de quem aquela se impacienta por desembaraçar-se. Na segunda, a coisa é muito diversa. Para chegar a tais fins, preciso é que o Espírito seja destro, ardiloso e profundamente hipócrita, porquanto não pode operar a mudança e fazer-se acolhido, senão por meio da máscara que toma e de um falso aspecto de virtude. (...) Daí o consistir a sua tática, quase sempre, em inspirar ao seu intérprete o afastamento de quem quer que lhe possa abrir os olhos. Por esse meio, evitando toda contradição, fica certo de ter razão sempre.

 

Já dissemos que muito mais graves são as consequências da fascinação. Efetivamente, graças à ilusão que dela decorre, o Espírito conduz o indivíduo de quem ele chegou a apoderar-se, como faria com um cego, e pode levá-lo a aceitar as doutrinas mais estranhas, as teorias mais falsas, como se fossem a única expressão da verdade. Ainda mais, pode levá-lo a situações ridículas, comprometedoras e até perigosas.

 

Grupo 3 – Possessão da cidade de Marmande – Revista Espírita

Tipo: Obsessão por Subjugação: 

Livro dos Médiuns, Cap. XXIII ‘Da Obsessão’

240. A subjugação é uma constrição que paralisa a vontade daquele que a sofre e o faz agir a seu mau grado. Numa palavra: o paciente fica sob um verdadeiro jugo. (...)

 

Conhecemos um homem, que não era jovem, nem belo e que, sob o império de uma obsessão dessa natureza, se via constrangido, por uma força irresistível, a pôr-se de joelhos diante de uma moça a cujo respeito nenhuma pretensão nutria e pedi-la em casamento.

 

Exemplo do Evangelho (ler o trecho do NT):

Ora, achava-se na sinagoga um homem possesso de um Espírito impuro, que exclamou: — Que há entre ti e nós, Jesus de Nazaré? Vieste para nos perder? Sei quem és: és o santo de Deus. — Jesus, porém, falando-lhe ameaçadoramente, disse: Cala-te e sai desse homem. — Então, o Espírito impuro, agitando o homem em violentas convulsões, saiu dele. (Mc, 1:21-27)

 

- vemos que nesse caso, o obsessor controla o corpo do obsidiado; o homem não consegue resistir ao comando do obsessor.

 

Perguntas gerais ao grupo:

 

Quais as causas das obsessões?

São muitas as possibilidades. Pode desejar se vingar; pode querer atingir uma terceira pessoa, pode querer se utilizar das sensações do obsidiado.

 

Como saber se alguém está obsidiado?

- A princípio se manifesta como inspiração sutil;

- Com o tempo faz-se interferência da mente obsessora na mente encarnada;

- Alcança o clímax na possessão lamentável.

 

Como curar uma obsessão? Qual o tratamento da obsessão?:

- Espiritual (doutrinação do obsessor, limpeza fluídica no obsidiado);

- Médico (em algumas situações de obsessões prolongadas);

- A moralização do enfermo deve ter caráter prioritário.

 

Quanto tempo demora a cura de uma obsessão?

- Nem sempre, porém, os resultados são imediatos;

- Para a maioria dos Espíritos, o tempo, conforme se conta na Terra, tem pouca significação;

- Do paciente depende a maioria dos resultados nos tratamentos da obsessão.

 

«As imperfeições morais do obsidiado constituem, frequentemente, um obstáculo à sua libertação.» (Livro dos Médiuns)

A obsessão, sob qualquer modalidade que se apresente, é enfermidade de longo curso, exigindo terapia especializada de segura aplicação e de resultados que não se fazem sentir apressadamente. (MPM) 

Afastado o obsessor, o obsidiado fica curado?  

“Merece considerar, neste particular, que o desgaste orgânico e psíquico do médium enfermo, mesmo depois do afastamento do Espírito malévolo, ocasiona um refazimento mais demorado, sendo necessária, às vezes, compreensivelmente, assistência médica prolongada.” (MPM) 

6.            Conclusão:

Como evitar a obsessão?

èevangelizando-se! Vigiar e Orar! 

Perguntar se alguém tem alguma dúvida ou questão sobre o tema.

 Concluir com o trecho de Manoel Philomeno de Miranda:

Quando, você escute nos recessos da mente uma ideia torturante que teima por se fixar, interrompendo o curso dos pensamentos; quando constate, imperiosa, atuante força psíquica interferindo nos processos mentais; quando verifique a vontade sendo dominada por outra vontade que parece dominar; quando experimente inquietação crescente, na intimidade mental, sem motivos reais; quando sinta o impacto do desalinho espiritual em franco desenvolvimento, acautele-se, porque você se encontra em processo imperioso e ultriz de obsessão pertinaz.

 

7.            Prece final

8.            Avaliação

Encontro para 7 jovens  – foi feriado enforcado. Houve participação e interesse. Não tem a ideia consolidada dos processos obsessivos. Apareceu um caso relatado por um dos jovens. 

9.            Anexos 

O que é a obsessão?

Bibliografia caso queiram pesquisar (jogar no chat da sala temática do grupo 1):

Livro dos Médiuns, Cap. XXIII ‘Da Obsessão’

237. Entre os escolhos que apresenta a prática do Espiritismo, cumpre se coloque na primeira linha a obsessão, isto é, o domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. Nunca é praticada senão pelos Espíritos inferiores, que procuram dominar. (...) A palavra obsessão é, de certo modo, um termo genérico, pelo qual se designa esta espécie de fenômeno, cujas principais variedades são: a obsessão simplesa fascinação e a subjugação.

 

Quais as causas da obsessão?

Bibliografia caso queiram pesquisar (jogar no chat da sala temática do grupo 2):

Livro dos Médiuns, Cap. XXIII ‘Da Obsessão’

245. As causas da obsessão variam, de acordo com o caráter do Espírito. É, às vezes, uma vingança que este toma de um indivíduo de quem guarda queixas da sua vida presente ou do tempo de outra existência. Muitas vezes, também, não há mais do que o desejo de fazer mal: o Espírito, como sofre, entende de fazer que os outros sofram; encontra uma espécie de gozo em os atormentar, em os vexar, e a impaciência que por isso a vítima demonstra mais o exacerba, porque esse é o objetivo que colima, ao passo que a paciência o leva a cansar-se. Com o irritar-se e mostrar-se despeitado, o perseguido faz exatamente o que quer o seu perseguidor. Esses Espíritos agem, não raro por ódio e inveja do bem; daí o lançarem suas vistas malfazejas sobre as pessoas mais honestas. Um deles se apegou como “tinha” a uma honrada família do nosso conhecimento, à qual, aliás, não teve a satisfação de enganar. Interrogado acerca do motivo por que se agarrara a pessoas distintas, em vez de o fazer a homens maus como ele, respondeu: estes não me causam inveja. Outros são guiados por um sentimento de covardia, que os induz a se aproveitarem da fraqueza moral de certos indivíduos, que eles sabem incapazes de lhes resistirem.

 

246. Há, Espíritos obsessores sem maldade, que alguma coisa mesmo denotam de bom, mas dominados pelo orgulho do falso saber. Têm suas ideias, seus sistemas sobre as ciências, a economia social, a moral, a religião, a filosofia, e querem fazer que suas opiniões prevaleçam. Para esse efeito, procuram médiuns bastante crédulos para os aceitar de olhos fechados e que eles fascinam, a fim de os impedir de discernirem o verdadeiro do falso. São os mais perigosos, porque os sofismas nada lhes custam e podem tornar cridas as mais ridículas utopias. (...) Procuram deslumbrar por meio de uma linguagem empolada, mais pretensiosa do que profunda, eriçada de termos técnicos e recheada das retumbantes palavras –– caridade e moral. Cuidadosamente evitarão dar um mau conselho, porque bem sabem que seriam repelidos. Daí vem que os que são por eles enganados os defendem, dizendo: Bem vedes que nada dizem de mau. A moral, porém, para esses Espíritos é simples passaporte, é o que menos os preocupa. O que querem, acima de tudo, é impor suas ideias por mais disparatadas que sejam.

 

Como se cura da obsessão?

 A Gênese” – Cap. XIV – item 46:

Assim como as enfermidades resultam das imperfeições físicas que tornam o corpo acessível às perniciosas influências exteriores, a obsessão decorre sempre de uma imperfeição moral, que dá ascendência a um Espírito mau. A uma causa física, opõe-se uma força física; a uma causa moral preciso é se contraponha uma força moral. Para preservá-lo das enfermidades, fortifica-se o corpo; para garanti-la contra a obsessão, tem-se que fortalecer a alma; donde, para o obsidiado, a necessidade de trabalhar por se melhorar a si próprio, o que as mais das vezes basta para livrá-lo do obsessor, sem o socorro de terceiros. Necessário se torna este socorro, quando a obsessão degenera em subjugação e em possessão, porque nesse caso o paciente não raro perde a vontade e o livre-arbítrio.

 

Nos casos de obsessão grave, o obsidiado fica como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É daquele fluido que importa desembaraçá-lo. Ora, um fluido mau não pode ser eliminado por outro igualmente mau. Por meio de ação idêntica à do médium curador, nos casos de enfermidade, preciso se faz expelir um fluido mau com o auxílio de um fluido melhor.

Nem sempre, porém, basta esta ação mecânica; cumpre, sobretudo, atuar sobre o ser inteligente, ao qual é preciso se possua o direito de falar com autoridade, que, entretanto, falece a quem não tenha superioridade moral. Quanto maior esta for, tanto maior também será aquela.

Mas, ainda não é tudo: para assegurar a libertação da vítima, indispensável se torna que o Espírito perverso seja levado a renunciar aos seus maus desígnios; que se faça que o arrependimento desponte nele, assim como o desejo do bem, por meio de instruções habilmente ministradas, em evocações particularmente feitas com o objetivo de dar-lhe educação moral. Pode-se então ter a grata satisfação de libertar um encarnado e de converter um Espírito imperfeito.

O trabalho se torna mais fácil quando o obsidiado, compreendendo a sua situação, para ele concorre com a vontade e a prece. Outro tanto não sucede quando, seduzido pelo Espírito que o domina, se ilude com relação às qualidades deste último e se compraz no erro a que é conduzido, porque, então, longe de a secundar, o obsidiado repele toda assistência. É o caso da fascinação, infinitamente mais rebelde sempre, do que a mais violenta subjugação.

Em todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso meio de que se dispõe para demover de seus propósitos maléficos o obsessor.

 

 

O Espírito da Maldade - Alvorada Cristã, Neio Lúcio/Chico Xavier

 

O Espírito da Maldade, que promove aflições para muita gente, vendo, em determinada manhã, um ninho de pássaros felizes, projetou destruir as pobres aves.

A mãezinha alada, muito contente, acariciava os filhotinhos, enquanto o papai voava, à procura de alimento.

O Espírito da Maldade notou aquela imensa alegria e exasperou-se.

Mataria todos os passarinhos, pensou consigo.

Para isto, no entanto, necessitava de alguém que o auxiliasse. Aquela ação exigia mãos humanas.

Começou, então, a buscar a companhia das crianças. Quem sabe algum menino poderia obedecê-lo?

Foi à casa de Joãozinho, filho de Dona Laura, mas Joãozinho estava muito ocupado na assistência ao irmão menor, e, como o Espírito da Maldade somente pode arruinar as pessoas insinuando-se pelo pensamento, não encontrou meios de dominar a cabeça de João.

Correu à residência de Zelinha, filha de Dona Carlota. Encontrou a menina trabalhando, muito atenciosa, numa blusa de tricô, sob a orientação materna, e, em vista de achar-lhe o cérebro tão cheio das ideias de agulha, fios de lã e peça por acabar, não conseguiu transmitir-lhe o propósito infeliz.

Dirigiu-se, então, à chácara do senhor Vitalino, a observar se o Quincas, filho dele, estava em condições de servi-lo. Mas Quincas, justamente nessa hora, mantinha-se, obediente, sob as ordens do papai, plantando várias mudas de laranjeiras e tão alegre se encontrava, a meditar na bondade da chuva e nas laranjas do futuro, que nem de leve percebeu as ideias venenosas que o Espírito da Maldade lhe soprava na cabeça.

Reconhecendo a impossibilidade de absorvê-lo, o gênio do mal lembrou-se de Marquinhos, o filho de Dona Conceição.

Marquinhos era muito mimado pela mãe, que não o deixava trabalhar e lhe protegia a vadiagem. Tinha doze anos bem feitos e vivia de casa em casa a reinar na preguiça.

O Espírito da Maldade procurou-o e encontrou-o, à porta de um botequim, com enorme cigarro à boca. As mãos dele estavam desocupadas e a cabeça vaga.

- “Vamos matar passarinhos?” - disse o espírito horrível aos ouvidos do preguiçoso.

Marquinhos não escutou em forma de voz, mas ouviu em forma de ideia.

Saiu, de repente, com um desejo incontrolável de encontrar avezinhas para a matança.

O Espírito da Maldade, sem que ele o percebesse, conduziu-o, facilmente, até à árvore em que o ninho feliz recebia as carícias do vento.

O menino, a pedradas criminosas, aniquilou pai, mãe e filhotinhos.

O gênio sombrio tomara-lhe as mãos e, após o assassínio das aves, levou-o a cometer muitas faltas que lhe prejudicaram a vida, por muitos e muitos anos.

Somente mais tarde é que Marquinhos compreendeu que o Espírito da Maldade somente pode agir, no mundo, por intermédio de meninos vadios ou de homens e mulheres votados à preguiça e ao mal.

 

 

Libertação, André Luiz/Chico Xavier, Cap. 6 'Observações e novidades'

(cena ocorrida numa cidade inferior, no plano espiritual)

 

Certa mulher já desencarnada dizia para a companheira, ainda presa à experiência física, parcialmente liberta nas asas do sono:

– Notamos que você, ultimamente, anda mais fraca, mais serviçal... Estará desencantada, quanto aos compromissos assumidos?

A interpelada explicou um tanto confundida:

– Acontece que João se filiou a um círculo de preces, o que, de alguma sorte, nos vem alterando a vida.

A outra deu um salto à retaguarda, ao modo de um animal surpreendido e gritou:

– Orações? você está cega quanto ao perigo que isso significa? Quem reza cai na mansidão. É necessário espezinhá-lo, torturá-lo, feri-lo, a fim de que a revolta o mantenha em nosso círculo. Se ganhar piedade, estragar-nos-á o plano, deixando de ser nosso instrumento na fábrica.

A interlocutora, no entanto, observou, ingênua:

– Ele se diz mais calmo, mais confiante...

– Marina – obtemperou a outra, intempestiva –, você sabe que não podemos fazer milagres e não é justo aceitar regras e intrujices de espíritos acovardados que, a pretexto de fé religiosa, se arvoram em ditadores de salvação. Precisamos de seu marido e de muitas outras pessoas que a ele se agregam em serviço e em nosso nível. O projeto é enorme e interessante para nós. Já esqueceu quanto sofremos? Eu, de mim mesma, tenho duras lições por retribuir.

E batendo-lhe esquisitamente nos ombros, acentuava:

- Não admita encantamentos espirituais. A realidade é nossa e cabe-nos aproveitar o ensejo, integralmente. Volte para o corpo e não ceda um milímetro. Corra com os apóstolos improvisados. Fazem-nos mal. Prenda João, controlando-lhe o tempo. Desenvolva serviço eficiente e não o liberte. Fira-o devagarinho. O desespero dele chegará, por fim, e, com as forças da insubmissão que forem exteriorizadas em nosso favor, alcançaremos os fins a que nos propomos. Nada de transigência. Não se atemorize com promessas de inferno ou céu depois da morte. Em toda parte a vida é aquilo que fazemos dela.

Boquiaberto com o que me era dado perceber, reparei que a entidade astuta e vingativa envolvia a interlocutora em fluidos sombrios, à maneira dos hipnotizadores comuns.

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