sábado, 14 de julho de 2012

Processo da Reencanação

Casa Espírita Missionários da Luz – Mocidade1 15 à 17 anos – 22/06/2012
Tema: Reencarnação e Perispírito - Processo Reencarnatório
Objetivos:
Conhecer o processo da reencarnação; Estudar um caso de reencarnação.
Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, pergs 339,351,352,354,380 Evangelho, Cap. VIII, 4. A Gênese, Cap. XI, 18 e 20 Missionários da Luz, Cap. 13 André Luiz [Evolução em Dois Mundos-cap XIX]
Material: notebook com vídeo do processo de fecundação
Prece Inicial.
Desenvolvimento:
1.Motivação inicial: vídeo do processo de fecundação (youtube) http://www.youtube.com/watch?v=aH-QVEeJJUM
2.Desenvolvimento do conteúdo:
Apresentar o conteúdo através de slides.
3.Prece final
Avaliação:
Aula junto com a Mocidade, totalizando 11 jovens. Houve bastante interesse e participações. Não chegamos a ver o caso da reencarnação do Segismundo.
EVSE, Cap VIII item 4 Essa a razão por que, ao aproximar-se-lhe a encarnação, o Espírito entra em perturbação e perde pouco a pouco a consciência de si mesmo, ficando, por certo tempo, numa espécie de sono, durante o qual todas as suas faculdades permanecem em estado latente. É necessário esse estado de transição para que o Espírito tenha um novo ponto de partida e para que esqueça, em sua nova existência, tudo aquilo que a possa entravar. Sobre ele, no entanto, reage o passado. Renasce para a vida maior, mais forte, moral e intelectualmente, sustentado e secundado pela intuição que conserva da experiência adquirida. A partir do nascimento, suas idéias tomam gradualmente impulso, à medida que os órgãos se desenvolvem, pelo que se pode dizer que, no curso dos primeiros anos, o Espírito é verdadeiramente criança, por se acharem ainda adormecidas as idéias que lhe formam o fundo do caráter. Durante o tempo em que seus instintos se conservam amodorrados, ele é mais maleável e, por isso mesmo, mais acessível às impressões capazes de lhe modificarem a natureza e de fazê-lo progredir, o que torna mais fácil a tarefa que incumbe aos pais.
O Livro dos Espíritos: 339. No momento de encarnar, o Espírito sofre perturbação semelhante à que experimenta ao desencarnar? “Muito maior e sobretudo mais longa. Pela morte, o Espírito sai da escravidão; pelo nascimento, entra para ela.”
Comentário Perg. 340: (…) Assim como, para o Espírito, a morte do corpo é uma espécie de renascimento, a reencarnação é uma espécie de morte, ou antes, de exílio, de clausura. Ele deixa o mundo dos Espíritos pelo mundo corporal, como o homem deixa este mundo por aquele. Sabe que reencarnará, como o homem sabe que morrerá. Mas, como este com relação à morte, o Espírito só no instante supremo, quando chegou o momento predestinado, tem consciência de que vai reencarnar. Então, qual do homem em agonia, dele se apodera a perturbação, que se prolonga até que a nova existência se ache positivamente encetada. À aproximação do momento de reencarnar, sente uma espécie de agonia.
351. No intervalo que medeia da concepção ao nascimento, goza o Espírito de todas as suas faculdades? “Mais ou menos, conforme o ponto, em que se ache, dessa fase, porquanto ainda não está encarnado, mas apenas ligado. A partir do instante da concepção, começa o Espírito a ser tomado de perturbação, que o adverte de que lhe soou o momento de começar nova existência corpórea. Essa perturbação cresce de contínuo até ao nascimento. Nesse intervalo, seu estado é quase idêntico ao de um Espírito encarnado durante o sono. À medida que a hora do nascimento se aproxima, suas idéias se apagam, assim como a lembrança do passado, do qual deixa de ter consciência na condição de homem, logo que entra na vida. Essa lembrança, porém, lhe volta pouco a pouco ao retornar ao estado de Espírito.”
352. Imediatamente ao nascer recobra o Espírito a plenitude das suas faculdades? “Não, elas se desenvolvem gradualmente com os órgãos. O Espírito se acha numa existência nova; preciso é que aprenda a servir-se dos instrumentos de que dispõe. As idéias lhe voltam pouco a pouco, como a uma pessoa que desperta e se vê em situação diversa da que ocupava na véspera.”
354. Como se explica a vida intra-uterina? “É a da planta que vegeta. A criança vive vida animal. O homem tem a vida vegetal e a vida animal que, pelo seu nascimento, se completam com a vida espiritual.”
380. Abstraindo do obstáculo que a imperfeição dos órgãos opõe à sua livre manifestação, o Espírito, numa criancinha, pensa como criança ou como adulto? “Desde que se trate de uma criança, é claro que, não estando ainda nela desenvolvidos, não podem os órgãos da inteligência dar toda a intuição própria de um adulto ao Espírito que a anima. Este, pois, tem, efetivamente, limitada a inteligência, enquanto a idade lhe não amadurece a razão. A perturbação que o ato da encarnação produz no Espírito não cessa de súbito, por ocasião do nascimento. Só gradualmente se dissipa, com o desenvolvimento dos órgãos.”
A Gênese, Cap XI 18. Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vito-material do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde o poder dizer-se que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida exterior.
20. Um fenômeno particular, que a observação igualmente assinala, acompanha sempre a encarnação do Espírito. Desde que este é apanhado no laço fluídico que o prende ao gérmen, entra em estado de perturbação, que aumenta, à medida que o laço se aperta, perdendo o Espírito, nos últimos momentos, toda a consciência de si próprio, de sorte que jamais presencia o seu nascimento. Quando a criança respira, começa o Espírito a recobrar as faculdades, que se desenvolvem à proporção que se formam e consolidam os órgãos que lhes hão de servir às manifestações.
Evolução em Dois Mundos, Cap. 19
PARTICULARIDADES DA REENCARNAÇÃO — Perguntar-se-á razoavelmente, se existe uma técnica invariável no serviço reencarnatório Seria o mesmo que indagar se a mor­te na Terra é única em seus processos para todas as criaturas. Cada entidade reencarnante apresenta particularidades es­senciais na recorporificação a que se entrega na esfera física, quanto cada pessoa expõe característicos diferentes quando se rende ao processo liberatório, não obstante o nascimento e a morte parecerem iguais. Os Espíritos categoricamente superiores, quase sempre, em ligação sutil com a mente materna que lhes oferta guarida, podem plasmar por si mesmos e, não raro, com a colaboração de instrutores da Vida Maior, o corpo em que continuarão as fu­turas experiências, interferindo nas essências cromossômicas, com vistas às tarefas que lhes cabem desempenhar. Os Espíritos categoricamente inferiores, na maioria das ocasiões, padecendo monoideísmo tiranizante, entram em sim­biose fluídica com as organizações femininas a que se agregam, experimentando o definhamento do corpo espiritual ou o fenô­meno de “ovoidização”, sendo inelutavelmente atraídos ao vaso uterino, em circunstâncias adequadas, para a reencarnação que lhes toca, em moldes inteiramente dependentes da heredita­riedade, como acontece à semente, que, após desligar-se do fru­to seco, germina no solo, segundo os princípios organogênicos a que obedece, tão logo encontre o favor ambiencial. Entre ambas as classes, porém, contamos com milhões de Espíritos medianos na evolução, portadores de créditos apreciá­veis e dívidas numerosas, cuja reencarnação exige cautela de preparo e esmero de previsão. RESTRINGIMENTO DO CORPO ESPIRITUAL — Ins­titutos de escultura anatômica funcionam, por isso, no Plano Es­piritual, brunindo formas diversas, de modo a orientar os mapas ou prefigurações do serviço que aos reencarnantes competirá, mais tarde atender. Corpos, membros, órgãos, fibras e células são aí esboça­dos e estudados, antes que se definam os primórdios da remate­rialização terrestre, porque, nesses casos, em que a alma oscila entre méritos e deméritos, a reencarnação permanece sob os auspícios de autoridades e servidores da Justiça Espiritual que administra recursos a cada aprendiz da sublimação, de acordo com as obras edificantes que lhes constem do currículo da exis­tência. Para isso, os candidatos à reencarnação, sem supe­rioridade suficiente de modo a supervisioná-la com o seu próprio critério e distantes da inferioridade primitivista que deles faria escravos absolutos da herança física, são admitidos a instituições-hos­pitais em que magnetizadores desencarnados, bastante compe­tentes pela nobreza íntima, se incumbem de aplicar-lhes fluídos balsamizantes que os adormeçam, por períodos variáveis, de conformidade com a evolução moral que enunciem, a fim de que os princípios psicossomáticos se adaptem a justo restringi­mento, em bases de sonoterapia. Desse modo, regressam ao berço humano, nas condições precisas, recolhidos a novo corpo, qual operário detentor de vir­tudes e defeitos a quem se concede novo uniforme de trabalho e nova oportunidade de realização.
André Luiz - Missionários da Luz – Cap 13
Conformei-me e passei a observar Segismundo, que parecia extenuado, abatido. Não conseguia manter-se sentado. Assistido pela dedicação de Herculano, conversava dificilmente, conosco, estirado numa cama, em grande prostração. (...) A pequena família acabava de recolher-se. Herculano e os demais receberam-nos com inequívocas demonstrações de carinho. O chefe dos Construtores dirigiu-se ao meu instrutor, nestes termos: - Esperávamos pela sua colaboração para iniciarmos o serviço magnético no paciente. Passamos, em seguida, à pequena câmara, onde Segismundo repousava. Permanecia ele aflito, de olhar triste e vagueante. Não pude sopitar uma interrogação: - Por que motivo Segismundo sofre tanto? - indaguei de Alexandre, em tom discreto. - Desde muito, e, particularmente, desde a semana passada, está em processo de ligação fluí­dica direta com os futuros pais. Herculano está encarregado de ajudá-lo nesse trabalho. À medida que se intensifica semelhante aproximação, ele vai perdendo os pontos de contacto com os veículos que consolidou em nossa esfera, através da assimilação dos elementos de nosso plano. Semelhante operação é necessária para que o organismo perispiritual possa retomar a plasticidade que lhe é característica e, no estágio em que ele se encontra, o serviço impõe-lhe sofrimentos. A observação era muito nova para mim e continuei indagando: - Mas o organismo perispirítico de Segismundo não é o mesmo que ele trouxe da Crosta, ao desencarnar pela última vez? - Sim - concordou o orientador -, tem a mesma identidade essencial; todavia, com o curso do tempo, em vista de nova alimentação e novos hábitos em meio muito diverso, incorporou determinados elementos de nossos círculos de vida, dos quais é necessário se desfaça a fim de poder penetrar, com êxito, a corrente da vida carnal. Para isto, as lutas das ligações fluídicas primordiais com as emoções que lhes são conseqüentes desgastam­-lhe as resistências dessa natureza, salientando-se que, nesta noite, faremos a parte restante do ser­viço, mobilizando, em seu auxilio, nossos recursos magnéticos. - Oh! - disse eu - não teremos aqui um fato semelhante à morte física na Crosta? Alexandre sorriu e aquiesceu: - Sem dúvida, desde que consideremos a mor­te do corpo carnal como simples abandono de envoltórios atômicos terrestres. (...) Os Espíritos Construtores começaram o trabalho de magnetização do corpo perispirítico, no que eram amplamente secundados pelo esforço do abnegado orientador, que se mantinha dedicado e firme em todos os campos de serviço. Sem que me possa fazer compreendido, de pronto, pelo leitor comum, devo dizer que «alguma coisa da forma de Segismundo estava sendo eliminada». Quase que imperceptivelmente, à medida que se intensificavam as operações magnéticas, tornava-se ele mais pálido. Seu olhar parecia penetrar outros domínios. Tornava-se vago, menos lúcido. A certa altura, Alexandre falou-lhe com autoridade: - Segismundo, ajude-nos! Mantenha clareza de propósitos e pensamento firme! Tive a impressão de que o reencarnante se esforçava por obedecer. - Agora - continuou o instrutor - sintonize conosco relativamente à forma pré-infantil. Mentalize sua volta ao refúgio maternal da carne terrestre! Lembre-se da organização fetal, faça-se pequenino! Imagine sua necessidade de tornar a ser criança para aprender a ser homem! Compreendi que o interessado precisava oferecer o maior coeficiente de cooperação individual para o êxito amplo. Surpreendido, reconheci que, ao influxo magnético de Alexandre e dos Construtores Espirituais, a forma perispiritual de Segismundo tornava-se reduzida. A operação não foi curta, nem simples. Identificava o esforço geral para que se efetuasse a redução necessária. Segismundo parecia cada vez menos consciente. Não nos fixava com a mesma lucidez e suas respostas às nossas perguntas afetuosas não se revelavam completas. Por fim, com grande assombro meu, verifiquei que a forma de nosso amigo assemelhava-se à de uma criança. (…) Fez uma pausa, fixou um gesto expressivo e continuou: - Quanto à estranheza de que se sente possuído, não vemos razão para tanto. A desencarnação normal na Terra obriga o corpo denso de carne a não menores modificações. A enfermidade mortal, para o homem terreno, não deixa, em certo sentido, de ser prolongada operação redutiva, libertando por fim a alma, desembaraçando-a dos laços fisiológicos. Há pessoas que, depois de algumas semanas de leito, se tornam francamente irreconhecíveis. E devemos considerar que o aparelho físico permanece muito distante da plasticidade do corpo perispiritual, profundamente sensível a influenciação magnética. A explicação não podia ser mais lógica. - O que vimos, porém, com Segismundo perguntei - é regra geral para todos os casos? - De modo algum respondeu o instrutor, atencioso -, os processos de reencarnação, tanto quanto os da morte física, diferem ao infinito, não existindo, segundo cremos, dois absolutamente iguais. As facilidades e obstáculos estão subordinados a fatores numerosos, muitas vezes relativos ao estado consciencial dos próprios interessados no regresso à Crosta ou na libertação dos veículos carnais. Há companheiros de grande elevação que, ao voltarem à esfera mais densa em apostolado de serviço e iluminação, quase dispensam o nosso concurso. Outros irmãos nossos, contudo, procedentes de zonas inferiores, necessitam de cooperação muito mais complexa que a exercida no caso de Segismundo. - Não deveriam renascer, porém - interroguei, curioso -, tão somente aqueles que se revelassem preparados? - Não podemos esquecer, no entanto - refutou meu esclarecido interlocutor -, que a reencarnação é o curso repetido de lições necessárias. A esfera da Crosta é uma escola divina. E o amor, por intermédio das atividades «intercessórias», reconduz diariamente ao banco escolar da carne milhões de aprendizes. O orientador amigo calou-se por alguns instantes, e prosseguiu: A reencarnação de Segismundo obedece às diretrizes mais comuns. Traduz expressão simbólica da maioria dos fatos dessa natureza, porqüanto o nosso irmão pertence à enorme classe média dos Espíritos que habitam a Crosta, nem altamente bons, nem conscientemente maus. Acresce notar, todavia, que à volta de certas entidades das regiões mais baixas ocasiona laboriosos e pacientes esforços dos trabalhadores de nosso plano. Semelhantes seres obrigam-nos a processos de serviço que você gastará ainda muito tempo para compreender. (…) - Não é necessária a nossa presença ao ato de união celular. Semelhantes momentos do tálamo conjugal são sublimes e invioláveis nos lares em bases retas. Você sabe que a fecundação do óvulo materno somente se verifica algumas horas depois da união genesíaca. O elemento masculino deve fazer extensa viagem, antes de atingir o seu objetivo. (...) - Agora, meus irmãos, penetremos a câmara de nossos dedicados colaboradores para que se efetue o júbilo da união espiritual. E, depositando Segismundo nos braços da entidade que fora na Crosta Terrestre a carinhosa mãe de Raquel, acentuou: - Seja você, minha irmã, a portadora do sa­grado depósito. O coração filial que nos espera sentirá novas felicidades ao contacto de sua ternura. (...) Logo após, penetrávamos o aposento conjugal, onde o espetáculo íntimo era divinamente belo. No leito de madeira, em macios lençóis de linho, repousavam dois corpos que a bênção do sono imobilizava, mas, ali mesmo, Adelino e Raquel nos esperavam em espírito, conscientes da grandeza da hora em curso. (…) Mais de cem amigos se reuniam ali, prestando-lhe afetuosa homenagem. (...) Os Construtores, por intermédio do mentor que os dirigia, pediram-lhe fizesse a prece daquele ato de confiança e observei que profundo silêncio se fizera entre todos. Dispunha-se o instrutor ao serviço da oração, quando Raquel se lhe aproximou, e pediu, humilde: - Boníssimo amigo, se é possível, desejaria receber meu novo filho, de joelhos!... (...) Foi então, ó divino mistério da Criação Infinita de Deus, que a vi apertar a «forma infantil» de Segismundo de encontro ao coração, mas tão fortemente, tão amorosamente, que me pareceu uma sacerdotisa do Poder da Divindade Suprema. Segismundo ligara-se a ela como a flor se une à haste. Então compreendi que, desde aquele momento, era alma de sua alma aquele que seria carne de sua carne. (...) Observando que a forma de Segismundo se ligara a ela, por divino processo de união magnética, recebi a determinação do meu orientador para seguir-lhe, de perto, o trabalho de auxilio na ligação definitiva de Segismundo à matéria. Indicando os órgãos geradores de Raquel e fazendo incidir sobre eles a sua luz, Alexandre preveniu-me, quanto à grandeza do quadro sob nossa observação, acentuando, respeitosamente: - Temos aqui o altar sublime da maternidade humana. Perante o seu augusto tabernáculo, ao qual devemos a claridade divina de nossas experiências, devemos cooperar, na tarefa do amor, guardando a consciência voltada para a Majestade Suprema. Inclinei-me para a organização feminina de nossa irmã reencarnada, dentro de uma veneração que nunca, até então, havia sentido. Auxiliado pelo concurso magnético do mentor querençoso, passei a observar as minúcias do fenômeno da fecundação. Através dos condutos naturais, corriam os elementos sexuais masculinos, em busca do óvulo, como se estivessem preparados de antemão para uma prova eliminatória, em corrida de três milímetros, aproximadamente, por minuto. Surpreendido, reconheci que o número deles se contava por milhões e que seguiam, em massa, para frente, em impulso instintivo, na sagrada competição. No silêncio sublime daqueles minutos, compreendi que Alexandre, em vista de ser o missionário mais elevado do grupo em operação de auxilio, dirigia os serviços graves da ligação primordial. Segundo depreendi, ele podia ver as disposições cromossômicas de todos os princípios masculinos em movimento, depois de haver observado, atentamente, o futuro óvulo materno, presidindo ao trabalho prévio de determinação do sexo do corpo a organizar-se. Após acompanhar, profundamente absorto no serviço, a marcha dos minúsculos competidores que constituíam a substância fecundante, identificou o mais apto, fixando nele o seu potencial magnético, dando-me a idéia de que o ajudava a desembaraçar-se dos companheiros para que fosse o primeiro a penetrar a peque nina bolsa maternal. O elemento focalizado por ele ganhou nova energia sobre os demais e avançou rapidamente na direção do alvo. A célula feminina que, em face do microscópico projétil espermático, se assemelhava a um pequeno mundo arredondado de açúcar, amido e proteínas, aguardando o raio vitalizante, sofreu a dilaceração da cutícula, à maneira de pequenina embarcação torpedeada, e enrijeceu-se, de modo singular, cerrando os poros tenuíssimos, como se estivesse disposta a recolher-se às profundezas de si mesma, a fim de receber, face a face, o esperado visitante, e impedindo a intromissão de qualquer outro dos competidores, que haviam perdido a primeira posição na grande prova. Sempre sob o influxo luminoso-magnético de Alexandre, o elemento vitorioso prosseguiu a marcha, depois de atravessar a periferia do óvulo, gastando pouco mais de quatro minutos para alcançar o seu núcleo. Ambas as forças, masculina e feminina, formavam agora uma só, convertendo-se ao meu olhar em tenuíssimo foco de luz. O meu orientador, absolutamente entregue ao seu trabalho, tocou a pequenina forma com a destra, mantendo-se no serviço de divisão da cromatina, cujas particularidades são ainda inacessíveis à minha compreensão, conservando a atitude do cirurgião seguro de si, na técnica operatória. Em seguida Alexandre ajustou a forma reduzida de Segismundo, que se interpenetrava com o organismo perispirítico de Raquel, sobre aquele microscópico globo de luz, impregnado de vida, e observei que essa vida latente começou a movimentar-se. Havia decorrido precisamente um quarto de hora, a contar do instante em que o elemento ativo ganhara o núcleo do óvulo passivo. Depois de prolongada aplicação magnética, que era secundada pelo esforço dos Espíritos Construtores, Alexandre aproximou-se de mim e falou: - Está terminada a operação inicial de ligação. Que Deus nos proteja.

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