Casa Espírita Missionários da Luz - DIJ
Mocidade: > 14 anos 26/04/2024
Tema: Processo de Desencarnação
Objetivo:
Estudar o processo da desencarnação e a situação dos Espíritos após a morte.
Bibliografia:
- O Livro dos Espíritos – 2ª parte – Cap. III; 4ª parte, pergs 154 à 157, 161 (Separação da Alma e do corpo); 163 à 165 (Perturbação Espiritual), 197 à 199 (Sorte das Crianças após a Morte), 936 (Perda de Entes Queridos), e 957 (Suicídio);
- A Gênese – Cap. XI – 18 e 19 (Encarnação dos Espíritos);
- O Céu e o Inferno, 2ª parte Cap. I ‘O Passamento’;
- O Livro dos Médiuns, Cap. XXV (Das evocações), item 282, perg. 35 (crianças após a morte);
- Evang.Seg.Espiritismo, Cap. V, item 21 ‘Mortes Prematuras’, Cap. XXVII, itens 10 e 18 (Pedi e Obtereis); Cap. XXVIII, itens 59 e 63 (Preces pelos que já não estão na Terra);
- O que é o Espiritismo? > Capítulo III — Solução de alguns problemas pela doutrina espírita > O homem depois da morte > 154;
- RE, Dez/1858 > Um Espírito nos funerais de seu corpo. Estado da alma no momento da morte;
- RE Jan/1858 > Evocações particulares. > Mamãe, aqui estou!
- Alguns livros psicografados falam de Instituições no PE, que abrigam os Espíritos que desencarnaram como crianças:
- Entre a Terra e o Céu, André Luiz/Chico Xavier, Cap. 9 ‘No Lar da Benção’, Cap. 10 e 11;
- Voltei, Irmão Jacob /Chico Xavier, Cap. Nova Moradia Espiritual, item 'O Parque de Repouso'.
Material: 2 exemplares de O Céu e o Inferno; RE Jan/1858; O LE; falas do diálogo relatado na RE, em tiras de papel.
Desenvolvimento:
1. Hora das novidades da semana.
2. Exercícios de respiração profunda e prece inicial.
3. Motivação Inicial:
Relatar o caso que Kardec publicou na RE, Jan/1858, ‘Mamãe, aqui estou!.’ na forma de diálogo. Solicitar 3 jovens para fazerem as leituras dos personagens da história: Kardec, mãe e Espírito Julia.
Kardec: A sra . . . havia perdido, meses antes, a filha única, de catorze anos, objeto de toda a sua ternura e muito digna de seus lamentos, pelas qualidades que prometiam torná-la uma senhora perfeita. A moça falecera de longa e dolorosa enfermidade. Inconsolável com a perda, dia a dia a mãe via sua saúde alterar-se e repetia incessantemente que em breve iria reunir-se à filha. Informada da possibilidade de se comunicar com os seres de além-túmulo, a Sra... resolveu procurar, na conversa com a filha, um alívio para a sua pena. Uma senhora de seu conhecimento era médium, mas pouco afeitas uma e outra a semelhantes evocações, principalmente numa circunstância tão solene, pediram-me assistência. Éramos apenas três: a mãe, a médium e eu. Eis o resultado dessa primeira sessão.
A mãe: Em nome de Deus Todo-Poderoso, Espírito de Júlia, minha filha querida, peço-te que venhas, se Deus o permitir.
Júlia: Mamãe, aqui estou!
A mãe: És tu, minha filha, que me respondes? Como posso saber que és tu?
Júlia: Lili.
Kardec: (Era o apelido familiar, dado à moça em sua infância. Nem a médium o sabia, nem eu, pois há muitos anos só a chamam Júlia. Com este sinal, a identidade era evidente. Não podendo dominar sua emoção, a mãe rompeu em soluços).
Júlia: Mãe, por que te afliges? Sou feliz, muito feliz. Não sofro mais e vejo-te sempre.
A mãe: Mas eu não te vejo! Onde estás?
Júlia: Aqui ao teu lado, com a minha mão sobre a sra. X (a médium) para que escreva o que te digo. Vê a minha letra (a letra era realmente a da moça).
A mãe: Dizes: minha mão. Então tens corpo?
Júlia: Não tenho mais o corpo que tanto me fez sofrer, mas tenho a sua aparência. Não estás contente porque não sofro mais e porque posso conversar contigo?
A mãe: Se eu te visse, te reconheceria, então?
Júlia: Sim, sem dúvida; e já me viste muitas vezes em teus sonhos.
A mãe: Eu realmente te revi nos meus sonhos, mas pensei que fosse efeito da imaginação, uma lembrança.
Júlia: Não. Sou eu mesma que estou sempre contigo e te procuro consolar; fui eu quem te inspirou a ideia de me evocar. Tenho muitas coisas a te dizer. Desconfia do sr. Z . . . Ele não é sincero.
Kardec: (Esse senhor, conhecido apenas da mãe, citado assim espontaneamente, era uma nova prova de identidade do Espírito que se manifestava.)
A mãe: Que pode fazer contra mim o sr. Z?
Júlia: Não te posso dizer. Isto me é vedado. Posso apenas te advertir que desconfies dele.
A mãe: Estás entre os anjos?
Júlia: Oh! ainda não. Não sou bastante perfeita.
A mãe: Entretanto, não te conhecia nenhum defeito. Eras boa, meiga, amorosa e benevolente para com todos. Então isto não basta?
Júlia: Para ti, mãe querida, eu não tinha defeitos, e eu o acreditava, pois mo dizias tantas vezes! Mas agora vejo o que me falta para ser perfeita.
A mãe: Como conseguirás essas qualidades que te faltam?
Júlia: Em novas existências, que serão cada vez mais felizes.
A mãe: É na Terra que terás novas existências?
Júlia: Nada sei a respeito.
A mãe: Desde que não fizeste o mal em tua vida, por que sofreste tanto?
Júlia: Prova! Prova! Eu a suportei com paciência, pela minha confiança em Deus. Hoje sou muito feliz por isto. Até breve, querida mamãe!
4. Discussão dialogada
- O que vocês acharam desse caso da jovem que desencarnou com 14 anos, e vem conversar com a mãe? Que informações esse caso nos traz?
==> consolação, imortalidade, felicidade do Espírito que bem cumpriu sua prova, limites nas informações que os Espíritos podem nos trazer; encontro espirituais durante o desdobramento pelo sono físico, identidade dos Espíritos comunicantes.
Hoje vamos rever esse assunto que já estudamos ano passado: sobre o morrer e o despertar no plano espiritual.
==> Qual livro de Kardec trata especificamente desse assunto? ==> O Céu e o Inferno.
Vamos então, fazer como Kardec fez, da prática, dos fatos, chegar até a teoria espírita! Vamos estudar 2 casos que ele registrou nesse livro.
Kardec separou os casos por tipo de vida que a pessoa levava. Deduziu então, que a vida que nós levamos aqui está diretamente relacionada com o processo da morte e também com a situação da pessoa ao despertar após a morte.
No Céu e Inferno, Kardec separou as entrevistas com os Espíritos em 7 categorias: I Espíritos felizes. ─ II Espíritos em condição média. ─ III Espíritos sofredores. ─ IV Suicidas. ─ V Criminosos arrependidos. ─ VI Espíritos endurecidos. ─ VII Expiações terrestres
==> em qual desses 7 tipos estaria a Julia, cuja conversa com a mãe Kardec colocou na RE? ==> Espíritos Felizes! Então vamos ver casos de outras categorias.
==> de cada tipo desses, eu separei um caso. Vocês então, escolherão os 2 casos que vamos estudar hoje!
II Espíritos em condição média – Sra Hélène Michel (evocada) – 25 anos, morte súbita
III Espíritos sofredores – Pascal Lavic (comunicação espontânea) – marinheiro que morreu afogado no mar. Corpo localizado 8 meses depois.
IV Suicidas – Suicida da Samaritana (evocado 6 dias depois do suicídio) – suicidou-se num hotel sem qualquer identificação.
V Criminosos arrependidos – Lemaire – assassino condenado e executado (Evocado 1 mês depois de ser decapitado).
VI Espíritos endurecidos ─ Lapommeray (comunicação espontânea) – criminoso executado pela justiça.
VII Expiações terrestres – Joseph Maître, o cego (evocado) – e depois surdo.
==> Pedir que jovens leiam os casos escolhidos, analisando após a leitura, os pontos principais relativos à encarnação da pessoa e sua situação após a desencarnação.
II Espíritos em condição média – Sra Hélène Michel (evocada 3 dias depois da morte) – 25 anos, morte súbita
Era rica, um pouco frívola, e, em consequência da leviandade de seu caráter, ocupava-se mais das futilidades da vida do que das coisas sérias; apesar disso, seu coração era bom: ela era doce, benevolente e caridosa.
==> perturbada, sem saber onde estava; se sentia ainda presa ao corpo.
==> Evocada alguns dias depois, estava mais lúcida:
Obrigada por terdes orado por mim. Reconheço a bondade de Deus que me poupou os sofrimentos e a apreensão do momento da separação de meu corpo e de meu Espírito.
Não sou infeliz, mas ainda tenho muito o que fazer para avançar rumo à morada bem-aventurada. Pedirei a Deus que me permita voltar a esta terra, pois tenho que reparar o tempo que aí perdi nesta existência.
Compreendeu a morte no mesmo dia em que rezaram por ela.
P. Esse estado de perturbação era sofrimento? – R. Não, eu não sofria; acreditava sonhar, e aguardava o despertar.
III Espíritos sofredores – Pascal Lavic (comunicação espontânea) – marinheiro que morreu afogado no mar. Corpo localizado 8 meses depois.
Espírito estava ainda preso ao corpo, e durante muito tempo ficou errante nas ondas;
“As preces daqueles que deixei na terra me tirassem do estado de perturbação e de incerteza no qual meu Espírito estava mergulhado.”
“Se, por muito tempo, meu Espírito vagueou com meu corpo, é porque eu tinha que expiar.”
“Não poder desprender-me do meu corpo era para mim uma terrível prova;”
“A separação de meu Espírito do corpo não se fez a não ser quando reconheci minhas faltas; e depois ele não se desprendia inteiramente; ele o seguia no mar que o engolira.”
“Que este terrível fim de uma existência terrestre desgraçada seja para vós um ensinamento bem grande!”
IV Suicidas – Suicida da Samaritana (evocado 6 dias depois do suicídio) – suicidou-se num hotel sem qualquer identificação.
- ainda se acreditava encarnado; confusão mental;
- era desiludido; se sentia abandonado no seio da família; não acreditava no futuro;
- sentia os vermes o corroerem;
- São Luís diz que o Espírito do suicida fica ligado ao corpo até o fim de sua vida (do tempo que duraria a encarnação interrompida);
Kardec: “é um verdadeiro suplício pela sensação dos vermes que roem o corpo, e pela sua duração que deve ser a que teria tido a vida desse homem se ele não a tivesse abreviado. Esse estado é frequente nos suicidas, mas nem sempre se apresenta em condições idênticas; varia sobretudo na duração e na intensidade segundo as circunstâncias agravantes ou atenuantes da falta. Ela é frequente entre aqueles que viveram mais da vida material do que da vida espiritual. Em princípio, não há falta sem punição; mas não há regra uniforme e absoluta nos meios de punição.”
V Criminosos arrependidos – Lemaire – assassino condenado e decapitado (Evocado 1 mês depois de ser decapitado).
- não tinha noção da morte; ideias confusas;
- dor de grande remorso; dor moral e também física: “o Espírito separado ainda se ressentia dela.”;
- se achava junto dos cúmplices que também foram executados, o que também era um suplício;
- vê os olhares das vítimas e tenta fugir-lhes, por vergonha e remorso;
- tendência para o mal. Faliu na prova: “A inclinação ao crime estava na minha natureza, pois não era senão um Espírito inferior. Eu quis me elevar rapidamente; mas pedi acima de minhas forças. Acreditei ser forte, escolhi uma prova rude; cedi às tentações do mal.”
P. – Se tivésseis recebido bons princípios de educação, poderíeis ter sido desviado da vida criminosa? – R. Sim; mas eu escolhi a posição em que nasci.
P. – Poderíeis ter sido um homem de bem? – R. Um homem fraco, incapaz do bem como do mal. Eu podia corrigir o mal de minha natureza durante minha existência, mas não me podia elevar até fazer o bem.
- Se fosse visto pelo médium, seria com a cabeça separada do corpo.
VI Espíritos endurecidos ─ Lapommeray (comunicação espontânea) – criminoso executado há pouco tempo pela justiça.
- totalmente lúcido devido ao alto intelecto que possuía;
- nenhum remorso; orgulho imperando;
- castigo pela luz que o “feria” pois não conseguia se esconder em lugar nenhum: “A luz me ofusca, e penetra, como uma flecha pontiaguda, a sutileza de meu ser.”.
Kardec: “É um exemplo desta verdade que o progresso moral nem sempre acompanha o progresso intelectual.”
Lamennais: “Os grandes erros continuam frequentemente, e mesmo quase sempre, no mundo dos Espíritos; igualmente as grandes consciências criminosas.”
Erasto: Agora sua máscara de impassibilidade lhe é arrancada, e cada um dos seus pensamentos se reflete sucessivamente na sua fronte! Sim, doravante, nenhum repouso, nenhum asilo para esse formidável criminoso.
Ele quer fugir, ele foge numa corrida arquejante e desesperada através dos espaços incomensuráveis, e em toda parte a luz! Em toda parte os olhares que mergulham nele! E ele se precipita de novo perseguindo a escuridão, em busca da noite, e a sombra e a noite não existem mais para ele. Ele pede o auxílio da morte; mas a morte não é senão uma palavra vazia de sentido. O desafortunado continua a fugir! Caminha para a loucura espiritual, castigo terrível! dor pavorosa! na qual ele se debaterá consigo mesmo para se livrar de si mesmo. Pois tal é a lei suprema para além da terra: é o culpado que se torna para si mesmo seu mais inexorável castigo.
VII Expiações terrestres – Joseph Maître, o cego (evocado) – e depois surdo.
- rico, instruído, perde a visão aos 20 anos;40 anos depois, perde a audição;
- “sua conduta fora sempre exemplar; era bom filho, de um caráter doce e benevolente, e quando se viu, além disso, privado de audição, aceitou essa nova prova com resignação, e nunca o ouviram murmurar uma queixa. Seus discursos denotavam uma perfeita lucidez de espírito, e uma inteligência pouco comum.”
- rico na penúltima existência, tinha ficado cego aos 30 anos, pelos excessos; se revoltou contra Deus e se suicidou. Ao despertar no mundo espiritual, estava cego também! Se via no vácuo e achava que seria assim eternamente. Até que se arrependeu e orou sinceramente, recuperando a visão, e enxergando os Espíritos que o acompanhavam.
- a última encarnação foi para provar o arrependimento sincero: “é preciso provar a sinceridade do teu arrependimento e dos teus bons sentimentos recomeçando tua prova terrestre, em condições em que estarás exposto a recair nos mesmos erros, pois esta nova prova será ainda mais rude do que a primeira.”;
- foi bem sucedido pois reencarnou trazendo a fé inata, pois não era de índole má, apenas havia se revoltado contra Deus;
- “Expiei, preciso reparar agora. Minha última existência foi proveitosa apenas para mim; espero em breve recomeçar uma nova em que poderei ser útil aos outros; será a reparação de minha inutilidade anterior; somente então avançarei no caminho bendito, aberto a todos os Espíritos de boa vontade.”
5. Conclusão:
Como vimos, no livro O Céu e o Inferno, Kardec colocou diversos casos de situação de Espíritos no momento da desencarnação e como se percebiam depois da morte. São diversas as situações.
O importante é: aqueles que vivem o Bem, que são espiritualizados, tem o hábito da oração, da meditação, tem o processo de libertação do corpo mais tranquilo e são recebidos por amigos e familiares após a desencarnação.
Assim, busquemos seguir as lições de Jesus! Vivermos Bem para desencarnarmos bem!
6. Exercícios de respiração profunda, prece final e passes coletivos.
Avaliação:
Encontro
conduzido pelo Luiz Henrique pois eu estava com uma virose.
Presentes 7 jovens. Lemos
também os cards do jogo "Puxando Assunto sobre o Espiritismo"
e eles adoraram. Fizemos no início.
Aula foi mto boa, bem proveitosa, conseguimos conversar sobre todos os casos do roteiro.
https://www.youtube.com/watch?v=OmfcRcrp6Rk
Este vídeo, é um relado do espírito Dimas da obra Obreiros da Vida Eterna
Ao final vemos esse vídeo e conversamos sobre ele.
Anexos – Subsídios teóricos
Na morte natural, a que sobrevém pelo esgotamento dos órgãos, em consequência da idade, o homem deixa a vida sem o perceber: é uma lâmpada que se apaga por falta de óleo. (LE. Perg.154)
“Rotos os laços que a retinham, ela se desprende.” (LE. Perg.155)
A observação demonstra que, no instante da morte, o desprendimento do perispírito não se completa subitamente; que, ao contrário, se opera gradualmente e com uma lentidão muito variável conforme os indivíduos. (LE. Comentário da perg.155a)
E nas mortes coletivas? Todos os que morrem despertam juntos no Plano Espiritual?
Nos casos de morte coletiva, tem sido observado que os que perecem ao mesmo tempo nem sempre se reveem imediatamente. No estado de perturbação que se segue à morte, cada um vai para seu lado, ou só se preocupa com os que lhe interessam.
(O Livro dos Espíritos, comentário da perg. 165, penúltimo parágrafo)
Como é o morrer para o suicida?
A afinidade que permanece entre o Espírito e o corpo produz, nalguns suicidas, uma espécie de repercussão do estado do corpo no Espírito, que, assim, a seu mau grado, sente os efeitos da decomposição, donde lhe resulta uma sensação cheia de angústias e de horror, estado esse que também pode durar pelo tempo que devia durar a vida que sofreu interrupção. (LE, comentário da perg.957, início do 2º parágrafo)
Mantida que era por uma força atuante, tal união se desfaz, logo que essa força deixa de atuar. Então, o perispírito se desprende, molécula a molécula, conforme se unira, e ao Espírito é restituída a liberdade. Assim, não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo; esta é que determina a partida do Espírito. (A Gênese, Cap.XI, item 18)
(força que atuava era a influência do princípio vital)
Será que é difícil para o Espírito, morrer? Será que dói?
Disto resulta que o sofrimento, que acompanha a morte, está subordinado à força de aderência que une o corpo e o perispírito; que tudo o que pode ajudar na diminuição dessa força e na rapidez do desprendimento torna a passagem menos penosa; por fim, que se o desprendimento se opera sem nenhuma dificuldade, a alma não experimenta nenhuma sensação desagradável. (O Céu e o Inferno, 2ª parte, O Passamento’, último parágrafo do item 5)
Na passagem da vida corpórea à vida espiritual produz-se ainda outro fenômeno de importância capital: é o da perturbação. Nesse momento, a alma experimenta um entorpecimento que paralisa momentaneamente suas faculdades e neutraliza, ao menos parcialmente, as sensações; ela fica, por assim dizer, em estado cataléptico, de sorte que quase nunca é testemunha consciente do último suspiro. (O Céu e o Inferno, 2ª parte, O Passamento’, item 6)
A perturbação pode então ser considerada como o estado normal no instante da morte; sua duração é indeterminada; ela varia de algumas horas a alguns anos. À medida que a perturbação se dissipa, a alma fica na situação de um homem que sai de um sono profundo; as ideias são confusas, vagas e incertas; vê como através de um nevoeiro; pouco a pouco a vista clareia, a memória volta, e reconhece a si mesma. Mas esse despertar é bem diferente, de acordo com os indivíduos; nuns, é calmo e propicia uma sensação deliciosa; em outros, é cheio de terror e de ansiedade, e produz o efeito de um horrendo pesadelo. (O Céu e o Inferno, 2ª parte, O Passamento’, item 6)
Na morte natural, aquela que resulta da extinção das forças vitais pela idade ou a doença, o desprendimento se opera gradualmente; no homem cuja alma está desmaterializada e cujos pensamentos se desligaram das coisas terrestres, o desprendimento é quase completo antes da morte real; o corpo vive ainda a vida orgânica, e a alma já entrou na vida espiritual e não está mais ligada ao corpo a não ser por um laço tão fraco que se rompe sem dificuldade no último batimento do coração. Nessa situação, o Espírito pode ter já recuperado sua lucidez, e ser testemunha consciente da extinção da vida de seu corpo do qual está feliz de se ter libertado; para ele, a perturbação é quase nula; não é mais do que um momento de sono tranquilo, do qual ele sai com uma indizível impressão de felicidade e de esperança.
No homem material e sensual, aquele que viveu mais pelo corpo do que pelo espírito, para quem a vida espiritual não é nada, nem mesmo uma realidade em seu pensamento, tudo contribuiu para apertar os laços que o prendem à matéria; nada veio afrouxá-los durante a vida. Com a aproximação da morte, o desprendimento se opera também por graus, mas com esforços contínuos. As convulsões da agonia são o indício da luta travada pelo Espírito que por vezes quer romper os laços que lhe resistem, e outras vezes se agarra a seu corpo do qual uma força irresistível o arranca violentamente, parte por parte. (O Céu e o Inferno, 2ª parte, O Passamento’, item 9)
Na morte violenta, as condições não são exatamente as mesmas. Nenhuma desagregação parcial pôde trazer uma separação prévia entre o corpo e o perispírito; a vida orgânica, em toda sua força, é subitamente detida; o desprendimento do perispírito não começa senão depois da morte, e, neste caso como nos outros, não se pode operar instantaneamente. O Espírito, pego de improviso, fica como que atordoado; mas, sentindo que pensa, acredita que ainda está vivo, e essa ilusão dura até que se tenha dado conta de sua situação. (O Céu e o Inferno, 2ª parte, O Passamento’, trecho inicial do item 12)
Como fica o Espírito da criança que morreu?
Qual, na outra vida, o estado intelectual e moral da alma da criança morta em tenra idade? Suas faculdades conservam-se na infância, como durante a vida?
O incompleto desenvolvimento dos órgãos da criança não dava ao Espírito a liberdade de se manifestar completamente; livre desse invólucro, suas faculdades são o que eram antes da sua encarnação. O Espírito, não tendo feito mais que passar alguns instantes na vida, não sofre modificação nas faculdades. (O que é o Espiritismo?, Cap. III, item 154)
Como pode o Espírito de uma criança, que morreu em tenra idade, responder com conhecimento de causa, se, quando viva, ainda não tinha consciência de si mesma?
“A alma da criança é um Espírito ainda envolto nas faixas da matéria; porém, desprendido desta, goza de suas faculdades de Espírito, porquanto os Espíritos não têm idade, o que prova que o da criança já viveu. Entretanto, até que se ache completamente desligado da matéria, pode conservar, na linguagem, traços do caráter da criança.” (O Livro dos Médiuns, Cap. XXV (Das evocações), item 282, perg. 35)
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