Casa Espírita Missionários da Luz
DIJ – Mocidade > 14 anos – 03/11/2023
Tema: Olhai! Vigiai! Orai!
Objetivos:
Perceber a força do inconsciente agindo em nós;
Identificar no conhecimento de si mesmo o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal (LE. Perg. 919);
Identificar a necessidade de identificação com a sombra que trazemos das vivências anteriores e agirmos de acordo com o Evangelho.
Bibliografia:
- O Livro dos Espíritos, perg. 919 (autoconhecimento);
- NT, Marcos 13, 33 e 14:38; Mateus 26 nos versículos 31-35, 41, 50:58 e 69:75; João 18, 10:11; Romanos 7:19,20 (o mal que habita em mim).
Ver https://dij-cemil.blogspot.com/search?q=nega%C3%A7%C3%A3o
e https://dij-cemil.blogspot.com/search?q=vigiai
Material: 3 trechos do NT em tiras de papel, um exemplar de o LE; papel e caneta para todos.
Procedimentos:
Hora da novidade, exercícios de respiração profunda e prece inicial.
Motivação inicial:
-
Entregar os versículos a seguir, em tiras de papel, a 3 dos jovens,
pedindo que leiam para o grupo:
Romanos
7,19:20
- Porque
não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora,
se eu faço o que não quero, já
o não faço eu,
mas o
pecado que habita em mim.
Marcos 14:38 - Vigiai e orai, para não cairdes em tentação, pois, de um lado, o espírito está pronto, mas, por outro lado, a carne é fraca”.
Mateus 26:41 - Vigiai e orai, para não cairdes em tentação. O espírito, com certeza, está preparado, mas a carne é fraca”.
- pedir que tentem interpretar essas passagens.
Desenvolvimento:
- Esses trechos nos esclarecem que apesar de nossos desejos, de nossa vontade, existem ações que fazemos que vão contra a nossa vontade!
Quantas vezes agimos no automático e nem percebemos, nem decidimos agir daquela forma!
- alguém lembra de alguma situação que sua reação foi no susto e que, em situações normais, vocês nem pensariam em agir assim?-
- Quem é esse outro EU, que habita em mim, e que entra em ação automaticamente, quando recebemos algum ‘gatilho” do mundo externo? E porque, segundo as orientações no Novo Testamento, esse outro EU precisa de vigilância?
==> somos nós mesmos! Reagimos conforme nossas experiências anteriores, nessa e em existências passadas! Segundo o conceito junguiano, é a sombra que todos nós temos!
- E para que possamos dar conta desse “EU” que habita em mim, precisamos conhecê-lo, saber quando “ele” entra em ação, e o que fazer para manter sob controle!!!
==>
É o “olhar, vigiar e orar”, que Marcos colocou em outro
versículo de seu evangelho:
Marcos
13, 33
"Olhai,
vigiai e orai, porque não sabeis quando chegará o tempo."
- Jesus.
Quando Kardec preguntou aos Espíritos como fazer pra gente resistir ao mal e melhorar na presente existência, os Espíritos responderam (perg. 919) que precisamos nos conhecer! Autoconhecimento, para sabermos o que nos toca, e quando esse outro “EU” costuma entrar em ação!
==> pedir que um dos jovens leia perg. 919 de OLE.
- Então, o importante agora, pra gente não cair em tentação (o conceito da “carne é fraca” citado nos evangelhos), e não fazermos o mal que não queremos (conforme Paulo) é: - reconhecer a sombra que temos, aceitá-la e mantê-la sob controle.
- Pra gente entender melhor nossas reações automáticas, vamos ver outro trecho de Mateus, que relata um momento de muito significado, de Jesus com seus discípulos, no último encontro antes da prisão e crucificação. Vocês sabem o que aconteceu quando Jesus foi preso?
(deixar que respondam e depois ver o trecho de Mateus)
Mateus, cap. 26:31-35
Então Jesus lhes disse: Todos vós esta noite vos escandalizareis de mim; pois está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se dispersarão. Todavia, depois que eu ressurgir, irei adiante de vós para a Galileia.
Mas Pedro, respondendo, disse-lhe: Ainda que todos se escandalizem de ti, eu nunca me escandalizarei.
Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que esta noite, antes que o galo cante três vezes me negarás.
Respondeu-lhe Pedro: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo algum te negarei. E o mesmo disseram todos os discípulos.
(ler com entonação!)
- Dialogar com os jovens: O que aconteceu nessa cena? Vocês conseguem imaginar como foi?
==> como será que os discípulos se sentiam até então? Que ideia faziam do futuro de curto prazo?
==> Cochicho 2 a 2: porque será que Pedro ficou indignado com a predição de Jesus sobre o que ia acontecer com Ele, Jesus e como os discípulos agiriam?
- Jesus ficava na casa de Pedro em Cafarnaum. Eles tinham convívio direto com Jesus, em casa! Para Pedro, deve ter sido uma ofensa Jesus ter dito que ele, Pedro, o negaria! E no entanto, tudo ocorreu exatamente como Jesus previra.
==> Como será que Pedro se sentiu quando percebeu que a predição de Jesus se cumprira?
- Vamos ver os trechos que falam da prisão de Jesus, naquela mesma noite:
Mateus, cap. 26:50-58
Nisto, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus, e o prenderam.
E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha.
Então Jesus lhe disse: Mete a tua espada no seu lugar; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão.
Ou pensas tu que eu não poderia rogar a meu Pai, e que ele não me mandaria agora mesmo mais de doze legiões de anjos?
Mas tudo isso aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos profetas. Então todos os discípulos, deixando-o fugiram. (...)
E Pedro o seguia de longe até o pátio do sumo sacerdote; e entrando, sentou-se entre os guardas, para ver o fim.
==> quem foi que cortou a orelha do soldado? O evangelho de João, Cap.18 fala que foi Pedro quem cortou a orelha do soldado:
10 Então Simão Pedro, que tinha uma espada, desembainhou-a e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco.
11 Disse, pois, Jesus a Pedro: Mete a tua espada na bainha; não hei de beber o cálice que o Pai me deu?
- Vamos ver no texto de Mateus, como foram as 3 negativas de Pedro com relação a Jesus:
Mateus, cap. 26:69-75
Ora, Pedro estava sentado fora, no pátio; e aproximou-se dele uma criada, que disse: Tu também estavas com Jesus, o galileu.
Mas ele negou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes.
E saindo ele para o vestíbulo, outra criada o viu, e disse aos que ali estavam: Este também estava com Jesus, o nazareno.
E ele negou outra vez, e com juramento: Não conheço tal homem.
E daí a pouco, aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Certamente tu também és um deles pois a tua fala te denuncia.
Então começou ele a praguejar e a jurar, dizendo: Não conheço esse homem. E imediatamente o galo cantou.
E Pedro lembrou-se do que dissera Jesus: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente.
- imaginem como deve ter sido doído para Pedro, cair em si, percebendo que de fato, negara Jesus por 3 vezes! E ele amava tanto a Jesus! Ficou ofendido quando Jesus disse que Pedro o negaria!
- não é o que Paulo falou aos romanos? ‘O bem que quero não faço e o mal que não quero, faço?’
- Cochico 2-a-2: Porque Pedro negou quando foi reconhecido pelo povo como sendo um dos discípulos?
==> medo! Negou instintivamente, sem pensar! Foi o inconsciente quem assumiu o comando naquele momento de tanta tensão emocional!
Pedro sabia que o medo de ser ferido, morto, era maior que o amor dele por Jesus? - não!
- O que podemos concluir com essa reação instintiva de Pedro?
==> que assim como ele, que não era um Espírito qualquer pois nasceu com a missão de ser apóstolo de Jesus, nós também não nos conhecemos totalmente! Há muito em nós que não conhecemos. E esse mundo de emoções e sentimentos que existem em nós e que desconhecemos, nos toma por impulso em muitas situações e nem nos damos conta. Foi o que aconteceu com Pedro. E ele só percebeu, quando o galo cantou e o fez lembrar da predição de Jesus sobre a negação de Pedro.
- Como podemos nos autoconhecer, para evitarmos as reações instintivas que muitas vezes não são o que gostaríamos de fazer?
Tem umas reflexões que podemos fazer pra tentar identificar em nós, esse lado oculto em nosso inconsciente.
Exercício de fixação
Dar papel e caneta para cada um para que anote: (individual; não será necessário compartilhar com o grupo) – dar as perguntas uma a uma:
- um feedback negativo, que tenha frequentemente recebido de diferentes pessoas;
- um ato impulsivo e não intencional, que costuma ter e depois se arrepende (o “reagir” ao invés do “agir de forma consciente”);
- o quê, que de forma muito veemente, você costuma combater? Que te deixa alterado?
- quais características que mais detesta nos outros; o que mais nos incomoda nos outros?
==> depois de terem respondido, explicar (Espelhos da Alma – Uma Jornada Terapêutica, págs 138 e 139):
- o feedback negativo vindo de diversas pessoas, nos mostram características nossas que precisamos rever. Normalmente nem percebemos que temos essas características.
- nas reações automáticas, buscar identificar o sentimento por trás dessas reações. No caso de Pedro, era o medo, que ele não sabia que tinha, e não tinha portanto, pensado a respeito, analisado porque tinha medo.
- aquilo que nos deixa alterados, que combatemos, pode ser algo que temos em nós (o outro EU) e que não queremos ver…
- ver com ênfase os ‘defeitos’ dos outros, é ver nossos defeitos refletidos nos outros…
Conclusão:
Santo Agostinho, na resposta da 119a, de OLE, ainda nos fala:
“Perscrute, conseguintemente, a sua consciência aquele que se sinta possuído do desejo sério de melhorar-se, a fim de extirpar de si os maus pendores, como do seu jardim arranca as ervas daninhas.” ==> queremos realmente melhorar?
“Aquele que, todas as noites, evocasse todas as ações que praticou durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que fez, rogando a Deus e ao seu anjo guardião que o esclarecessem, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria.”
==> aqui vemos o “olhai, vigiai e orai”.
Prece final
Avaliação:
Tema abordado em mais de um encontro.
03/11 – 4 jovens. Fizemos a leitura e comentários dos trechos do evangelho da motivação inicial. Como tinha uma festinha de despedida de um dos evangelizadores do DIJ, o encontro foi apenas de 60 minutos.
10/11 – 5 jovens. Trabalhamos os trechos do Evangelho sobre Pedro.
7. Anexos:
Joanna de Ângelis/Divaldo Franco - Triunfo Pessoal, Cap 1
‘Os arquétipos Junguianos’ “a sombra, significando o lado escuro da personalidade, pode ser analisada como herança dos atos ignóbeis ou infelizes que o Espírito gostaria de esquecer ou negar. “
Joanna de Ângelis/Divaldo Franco - Psicologia da gratidão Cap 2
‘A Sombra Perturbadora e a Gratidão’ ‘Todos aqueles que são portadores de sombra – e todos o são – em vez de a compreenderem na condição de processo de crescimento, experimentam uma certa forma de vergonha, de constrangimento, e procuram disfarçá-la.”
Joanna de Ângelis/Divaldo Franco - Em busca da verdade Cap 1
‘A contínua luta entre o ego e o Self’ “A sombra que existe no ser humano não deve ser combatida, senão, diluída pela integração na sua realidade existencial.”
Espelhos da Alma – Uma Jornada Terapêutica, págs 138 e 139 (Cap. 5 ‘O Confronto com a Sombra’, item ‘A Identificação da Sombra’)
O pior de tudo isso é que, muitas vezes, somos apenas nós que desconhecemos essa sombra. As pessoas que realmente se relacionam conosco, que convivem diariamente, aquelas que precisam de nós e principalmente aquelas outras com quem não nos damos bem, identificam com muita facilidade esse lado sombrio. E por esse motivo que popularmente se diz: “se quiser saber quem você é, pergunte aos seus inimigos”.
A psicanalista inglesa Molly Tuby apresenta seis formas de identificação da sombra:
• Nos nossos sentimentos exagerados em relação aos outros (“Eu simplesmente não acredito que ele tenha feito isso!”, “Não consigo entender como ela é capaz de usar uma roupa dessas!”);
• No feedback negativo que recebemos daqueles que nos servem de espelhos (“Já é a terceira vez que você chega tarde sem me avisar”);
• Nas interações em que continuamente exercemos o mesmo efeito perturbador sobre diversas pessoas diferentes (“Eu e o Sam achamos que você não está sendo honesto com a gente”.);
• Nos nossos atos impulsivos e não intencionais (“Puxa, desculpe, eu não quis dizer isso!”);
• Nas situações em que somos humilhados (“Estou tão envergonhada com o jeito que ele me trata”.);
• Na nossa raiva exagerada em relação aos erros alheios (“Ela simplesmente não consegue fazer seu trabalho em tempo!”, “Cara, mas ele perdeu totalmente o controle do peso!”).
Além disso, Connie Zweig e Steve Wolf nos presenteiam com sugestões de como procurarmos nossa sombra, e resumidamente o que dizem é que a sombra se esconde:
• Em nossas vergonhas secretas: descobrir a vergonha é descobrir o caminho para nossa sombra; porque, provavelmente, trata de coisas que não temos coragem de fazer abertamente, mas que se fosse possível, ou não houvesse recriminações, nós as faríamos;
• Em nossas projeções: se sentimos nojo, estamos incrédulos ou envergonhados pelo comportamento de uma pessoa, e se nossa reação é maior do que gostaríamos provavelmente estejamos fazendo um esforço inconsciente para banir aquelas características de nós mesmos;
• Em nossos vícios: quando somos controlados por comportamentos compulsivos, estamos tentando, mesmo sem saber, amortecer sentimentos sombrios e preencher um vazio interior, que é invisível;
• Em nossos atos falhos: quando fazemos afirmações trocadas, a sombra escorrega momentaneamente e revela pensamentos e sentimentos não intencionais, tais como insinuações, sarcasmo ou crueldade;
• No nosso humor: especialmente em piadas cruéis à custa de outros, ou quando rimos dos comentários fora de hora e dos erros cometidos por outras pessoas;
• Nos nossos sintomas físicos: podemos mentir, mas o corpo não mente;
• Na crise de meia-idade: a tarefa da segunda metade da vida é criar consciência daquilo que foi negligenciado ou ignorado, gerando, muitas vezes, instabilidade no amor ou no trabalho, ou a sensação de que a energia está acabando e há vontade de fugir do mundo;
• Nos nossos sonhos: por serem eles a ponte com o inconsciente, embora precisem de um certo trabalho e orientação para sua compreensão adequada;
• Nos nossos trabalhos criativos: as artes têm o poder de romper o controle rígido da mente consciente, permitindo o surgimento de novas imagens e estados de espírito desconhecidos.
Ainda dentro do processo de identificação, é imperativo afirmar que ninguém faz com que o outro enxergue sua própria sombra. Se a sombra é o aspecto rejeitado da personalidade, se é o lado que temos dificuldade e medo de acessar, a única coisa que alguém pode fazer verdadeiramente para auxiliar o outro é aceitá-lo, compreendê-lo e amá-lo como é.
Pretender que o outro deseje conhecer-se? Determinar que ele queira enxergar? Isso é impossível.
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