sábado, 7 de outubro de 2023

Francisco de Assis e a Linguagem do Coração

 Casa Espírita Missionários da Luz

XII Encontro da Família – CEMIL - 29/10/2023

A Linguagem do Coração – Natureza

Mocidade - > 14 anos

Tema Introdutório: Francisco de Assis e a Linguagem do Coração 06/10/2023

OBJETIVOS:

Reconhecer que somos parte da Criação de Deus, integrados a todas as formas de vida ao nosso redor.

Reconhecer em Francisco de Assis, a linguagem do coração para a Natureza.

BIBLIOGRAFIA: Francisco: O Sol de Assis, Divaldo Franco e Cezar Braga Said, Cap.9 – ‘A Espiritualidade Franciscana’

MATERIAL:

Imagens: ‘Conselhos de Uma Árvore’; Francisco de Assis – coladas na parede

Música suave, com sons da Natureza:

https://www.youtube.com/watch?v=AHsj0pNXnwo – 2hs

ATIVIDADE de SENSIBILIZAÇÃO

Visualização da natureza e dos ensinamentos que nos trazem.

PREPARAÇÃO: Pedir que os jovens fiquem de pé pela sala, afastados uns dos outros. Pedir que fechem os olhos e ouçam a música suave que está sendo tocada (sons da Natureza)

SENSIBILIZAÇÃO:

- Procure deixar os pés bem paralelos, de forma que você se sinta firme ao contato com o chão.

- Comece concentrando na sua respiração. Sinta a sua respiração suave, regular e profunda. Uma respiração bem relaxada. Respire profundamente, 5 vezes.

- Ouvindo os sons da Natureza, imagine um lugar ao ar livre, junto à Natureza, calmo, agradável, seguro. Se transporte pelo pensamento a esse lugar.

- Nesse lugar, você está descalço. Procure sentir o  pulsar da Terra sob os seus pés. Sinta o pulsar do seu coração em harmonia com o pulsar da terra. Nesse momento, nesse lugar, você faz parte da grama, das árvores, do vento...

- Observe e perceba  os cheiros... os sons... Respire profundamente... 

- Imagine uma linha central que oferece equilíbrio ao seu corpo. Esta linha conecta você à terra e ao universo.  Desloque lentamente esta linha, um lado e para o outro, fazendo movimentos suaves, balançando o corpo de um lado e de outro... Volte lentamente para o centro. Agora faça movimentos suaves para frente e para atrás. Volte lentamente para o centro. 

- Agora, nesse espaço ao ar livre onde você está, acompanhando a respiração, inspire e levante os braços; expire e abaixe os braços.

- Agora, afaste um pouco mais os pés. E imitando os galhos das árvores ao vento, levante os braços movendo-os de um lado para o outro.

1º MOMENTO: Eu e a Natureza

Introdução: Francisco de Assis teve uma relação muito fraterna e estreita com a natureza, tratava por irmão a qualquer elemento.

Comando:

1 - Na natureza, qual elemento mais te chama a atenção? Pode ser da atmosfera, do solo, um ser vivo... Quais são as características desse elemento? Quais ensinamentos ele te transmite?

Processamento:

1- Agora, cada um por vez, compartilhe com o grupo qual foi o elemento escolhido e os ensinamentos aprendidos… Comece dizendo seu nome, e depois então, compartilhe.


Após todos terem se colocado, se não houve nas falas, identificação com a própria vida, fazer a 2ª pergunta (ou passar direto pra 3ª):

2- Que relações faço desses ensinamentos identificados com a minha vida?


Depois de todos terem se colocado:

3- Dentre os elementos e ensinamentos observados pelos outros, com quais me identifico?

(livre participação)

4- Quando estou no meu dia-a-dia, o que estou olhando de elementos da Natureza, mas não estou vendo?

Depois de todos terem se colocado:

5- Jesus estava em plena harmonia com a Natureza. Por vezes pregou a Boa Nova em montes, sob árvores, à frente de mares... e em muitos de seus ensinamentos utilizou a natureza para nos ensinar...

E para vocês, como podem responder a paergunta: Qual é a minha relação com a natureza?

Depois de todos terem se colocado:

6- E no seu dia-a-dia, quais ensinamentos você extrai da natureza?

2º MOMENTO: Francisco de Assis – A Linguagem do Coração

Estar atento à natureza não é apenas para extrair ensinamentos, Francisco de Assis também ensinava e percebia as necessidades da Irmã Natureza.

Vamos ver alguns relatos da biografia de Francisco de Assis (de 1181 à 03/10/1226), do livro Francisco: O Sol de Assis, Divaldo Franco e Cezar Braga Said.


********************

- Leonardo Boff, no capítulo 5 de seu livro A oração de São Francisco, inclui um trecho atribuído a Tomás de Celano, que foi um dos primeiros biógrafos de Francisco de Assis.

Escreve o nobre teólogo:

O Poverello enchia-se de inefável gozo todas as vezes que olhava o Sol, contemplava a Lua e dirigia sua vista para as estrelas e o firmamento... , quando se encontrava com as flores, pregava-lhes como se fossem dotadas de inteligência e as convidava a louvar o Senhor. Fazia-o com terníssima e comovedora candura; exortava à gratidão os trigais e os vinhedos, as pedras e as selvas, a planura dos campos e as correntes dos rios, a beleza das hortas, a terra, o fogo, o ar e o vento. Finalmente, dava o doce nome de irmãs a todas as criaturas, de quem, por modo maravilhoso e de todos desconhecido, adivinhava os segredos como quem já goza da liberdade e da glória dos filhos de Deus. No inverno dava mel às abelhas para que não morressem de escassez e de frio. Pedia aos irmãos que não cortassem as árvores pela raiz, na esperança de que pudessem se regenerar e crescer de novo.

Sua visão de respeito, preservação e integração do homem com a Natureza, sem o caráter de dominação, antecipa em séculos o movimento ecológico das últimas décadas.

Há duas histórias que passaram de geração em geração, ambas ligadas aos passarinhos, que nos ajudam a ter uma dimensão do carinho e do respeito de Francisco pelas aves, vista por ele como filhas de Deus.

A primeira ocorreu na cidade de Bevagna, no Vale do Spoleto, em plena praça do mercado onde havia uma figueira repleta de passarinhos variados. Olhando para eles e sentindo que as avezinhas também o olhavam, abriu os braços e resolveu lhes falar das coisas de Deus mais ou menos assim:

Meus irmãozinhos, criaturinhas de nosso querido e generoso Pai, devemos ser muito gratos a Ele e louvá-lo sempre com o canto diário. Ele deu a vocês as asinhas e a leveza para poderem ir a toda parte.

Sei que ao levantarem seus biquinhos para o alto quando bebem água querem também louvar a Deus.

Vejam, meus irmãozinhos, vocês não plantam, não colhem, nem guardam em celeiros suas provisões e nosso Pai Altíssimo e bom alimenta-os e lhes oferece abrigo nos galhos das árvores. Nesses galhos estão os seus ninhos com os seus filhotinhos, não é mesmo?

Por favor, irmãozinhos, não sejam nunca ingratos, pois a ingratidão é um pecado. Louvem e bendigam a Deus com seu canto, com sua liberdade e alegria todos os dias.

Depois disso os pássaros saíram em revoada.*

A segunda se passou na cidade de Alviano, próximo à igreja onde inúmeras andorinhas estavam chilreando em conjunto. Cantavam bem alto e inquietas sobrevoavam o espaço junto à igreja, enquanto algumas pessoas já se aglomeravam na praça para ouvi-lo. Francisco então aguardou um pouco que as andorinhas fizessem silêncio, ficando ele mesmo bem quieto admirando-lhes o canto, a plumagem, mas como não se comovessem com a sua presença, resolveu lhes dirigir a palavra:

Minhas irmãs andorinhas, que alegria ver como estão buliçosas hoje, como há alegria nos seus cantares, sei que estão querendo nos dizer como a vida é bela e como vale a pena viver, cantar, buscando a liberdade da consciência tranquila pelo dever cumprido. Mas, quero lhes pedir, por favor, um pouco de silêncio, pois preciso pregar a palavra de Deus. Peço encarecidamente apenas alguns minutos para falar a essas pessoas.

E as andorinhas foram pousando uma a uma durante todo o tempo em que o Poverello falava, atendendo seu doce pedido e chamando a atenção de todos, pois nunca tinham visto alguém conversar com as andorinhas e ainda por cima ser atendido por elas.

A percepção de Deus em todos os seres da Natureza é indício de amadurecimento espiritual. Francisco é um irmão mais amadurecido, sempre desejoso de repartir suas experiências conosco e aberto para aprender com as nossas.

  • Amor singelo a todas as criaturas

Nosso amigo tirava as lagartas do caminho para não serem pisoteadas, pois independente de todas se transformarem em borboletas, tinham o direito à vida e possuíam uma finalidade, mesmo que fosse a de servir de alimento para os seus predadores na cadeia alimentar.

Não havia ser vivente ao qual ele não atribuísse valor.

Estar em meio à Natureza e sentir-se também mais uma dentre tantas criaturas divinas, era para ele um regozijo, um prazer indizível.

Um episódio muito conhecido e que aparece em inúmeros relatos sobre a vida do Poverelloé o seu propalado encontro com um lobo feroz que atacava os pequenos animais e até algumas pessoas da cidade de Gúbio, que dista cerca de 8Km de Assis e também pertence à região da Úmbria.1

A presença do lobo gerava terror e transtornava a rotina dos moradores que pensavam num jeito de se livrar daquela fera.

Antevendo o que poderia ocorrer com o lobo e temendo que ele também fizesse uma nova vítima, Francisco resolveu intervir nesta delicada demanda.

Orando e pedindo inspiração a Jesus, nosso amigo caminhou resolutamente para onde estava o lobo, e na vista de muitas pessoas aconteceu o seguinte: o lobo avançou em direção a Francisco, com a boca aberta, e nosso amigo, fazendo o sinal da cruz, olhou para ele com ternura infinita lhe dizendo:

- Venha aqui irmão lobo, por que você está atacando os pequenos animais e as pessoas desta acolhedora cidade? O que está lhe faltando, hein? Diga para mim o que é que você precisa que eu prometo lhe ajudar. Somos irmãos, não somos? Eu e você somos filhos do mesmo Pai que está nos Céus e que nos ama muito, você concorda?

Ante Francisco, o lobo, que a princípio rosnava e impedia a aproximação de qualquer pessoa, abaixa a cabeça, aproxima-se lentamente, recebe seu afago carinhoso, enrosca-se em suas pernas e torna-se dócil com toda aquela afabilidade.

- Irmão lobo, você está fazendo muitos danos e causando medo nas pessoas, maltratando e matando criaturas de Deus sem a permissão Dele. Todos estão querendo se livrar de você, é seu desejo morrer assim massacrado? Eu sei que você faz isso porque tem fome, não é mesmo? Então vamos combinar o seguinte: eu vou pedir aos nossos irmãos que lhe deem comida de modo que não passe fome, mas não faça mais nenhum mal às pessoas e a nenhum outro animal. Você promete?

O lobo inclina a cabeça, dando a entender que concorda com a proposta e estende a pata dianteira na mão de Francisco, que lhe sorri afagando seu pelo.

Rezam as tradições que depois deste episódio o irmão lobo passou a transitar mansa e docilmente pelas ruas de Gúbio, sendo tratado como se fosse um animal de estimação, recebendo comida e abrigo. O amor de Francisco, simultaneamente, amansou a ferocidade do irmão lobo e tocou a sensibilidade das pessoas.

***************

Vemos aqui a linguagem de Francisco para com a Natureza! A linguagem do coração! Do AMOR!

3º MOMENTO – Os Cuidados com a Natureza

1- Formem duplas/trios, para refletir: Que cuidados a Natureza necessita? Os animais? Os rios? Florestas? Povos indígenas?

CONCLUSÃO

Refletir que também somos parte da natureza, e que assim como os elementos, os nossos irmãos de jornada também estão ao nosso lado para nos ensinar e reclamar auxílio...

ENCERRAMENTO: Recitar o “Cântico do Irmão Sol ou das Criaturas”

Cântico do Irmão Sol ou das Criaturas

Francisco de Assis

Altíssimo, onipotente e bom Senhor,

teus são o louvor, a glória, a honra e toda a benção.

Só a ti, Altíssimo, são devidos;

e homem algum é digno de te mencionar.

Louvado sejas, meu Senhor,

com todas as tuas criaturas,

especialmente o Senhor Irmão Sol,

que clareia o dia

e com sua luz nos alumia.

E ele é belo e radiante com grande esplendor:

De ti, Altíssimo, é a imagem.

Louvado sejas, meu Senhor,

pela irmã Lua e as estrelas,

que no céu formaste claras.

E preciosas e belas.

Louvado sejas, meu Senhor,

pelo irmão Vento,

pelo ar e pelas nuvens,

pelo azul sereno ou nublado,

por todos os tipos de tempo,

pela qual às tuas criaturas dás sustento.

Louvado sejas, meu Senhor,

pela irmã Água,

que é mui útil e humilde.

E preciosa e casta.

Louvado sejas, meu Senhor,

pelo irmão Fogo,

pelo qual iluminas a noite.

E ele é belo e jucundo, e vigoroso e forte.

Louvado sejas, meu Senhor,

por nossa irmã a mãe Terra,

que nos sustenta e governa,

e produz frutos diversos

e coloridas flores e ervas.

Louvado sejas, meu Senhor,

pelos que perdoam por teu amor,

e suportam enfermidades e tribulações.

Bem-aventurados os que as sustentam a paz,

que por ti, Altíssimo, serão coroados.

Louvado sejas, meu Senhor,

por nossa irmã a Morte corporal,

da qual homem algum pode escapar.

Ai dos que morrerem em pecado mortal!

Felizes os que ela achar

Conformes à tua santíssima vontade,

Porque a morte segunda não lhes fará mal!

Louvai e bendizei a meu Senhor,

E dai-lhe graças,

E servi-o com grande humildade.


- Mostrar as duas imagens: Conselhos de uma Árvore, e Francisco de Assim com os pássaros.

Prece final e passes coletivos

Avaliação:
Encontro com 5 jovens.

Fizeram a visualização, mas percebi que nem todos seguiram todos os comandos. Porém, todos falaram que conseguiram se transportar para o local junto à Natureza.

Nas reflexões dos momentos, só falaram individualmente na identificação dos elementos da natureza que mais os sensibilizam: árvores, sol, qualquer verde.

Não conheciam a vida de Francisco de Assis.

Não trouxeram nada que pudessem fazer pra cuidar da Natureza. Falei das ações individuais de sustentabilidade no cotidiano de cada um de nós.

Depois falamos do Encontro da Família e decidiram trazer plantas pra decorar a sala, projetar o vídeo de sons da Natureza, contar os casos relatados hoje da vida de Francisco, e encerrar declamando o Cântico das Criaturas.

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