sábado, 23 de setembro de 2023

Lei de Justiça

 Casa Espírita Missionários da Luz

DIJ – Mocidade > 14 anos – 22/09/2023

Tema: Lei de Justiça

Objetivos:

  • Perceber que todos os homens possuem o sentimento de justiça e que o progresso moral desenvolve esse sentimento;

  • Entender justiça como cada um respeitar os direitos dos demais;

  • Refletir sobre a base da justiça, segundo a lei natural, conforme o ensino de Jesus: Queira cada um para os outros o que quereria para si mesmo."

Bibliografia:

- O Livro dos Espíritos, Cap. XI, 3ªParte: Pergs. 873 à 879;

- Evang.Seg.Espiritismo, Cap XI “Amar ao Próximo como a si mesmo”, itens 1 à 4;

- RE Mai/1862 'O padeiro desumano'

http://dij-cemil.blogspot.com/search/label/Justi%C3%A7a%20e%20Direito%20Naturais

http://dij-cemil.blogspot.com/search/label/Justi%C3%A7a

Material: papel de recado e caneta pra cada jovem; impresso da perg 875 do LE, um exemplar do LE.

Procedimentos:

  1. Hora da novidade, exercícios de respiração profunda e prece inicial.

  2. Motivação inicial:

- Ler o artigo da RE ‘O Padeiro Desumano’ (em anexo, somente a notícia que Kardec publicou)

Nosso assunto hoje é Justiça. Vamos começar a reflexão, com cada dizendo como entende esse conceito: O que é Justiça?

==> entregar papel e caneta para que cada jovem anote o que entende por justiça. (2 min)

- Agora vamos fazer duplas/trios, pra que vocês possam trocar entre si, as definições que deram de Justiça. (2 min) (ou dividir a turma em dois subgrupos)

==> Uma pergunta pra vocês discutirem na dupla/trio: qual a diferença entre a justiça humana e a Justiça de Deus? (2 min)

- Vamos agora compartilhar as discussões das duplas/trios?

  1. Desenvolvimento:

Kardec tratou esse tema na última das Leis Morais, na 3ª parte do LE, na Lei de Justiça, Amor e Caridade.

Perg. 875. Como se pode definir a justiça? (imprimir e colar na parede para que todos possam ver)

A justiça consiste em cada um respeitar os direitos dos demais.

a) Que é o que determina esses direitos? 

Duas coisas: a lei humana e a lei natural. (…) Nem sempre, pois, é acorde com a justiça o direito que os homens prescrevem. Demais, este direito regula apenas algumas relações sociais, quando é certo que, na vida particular, há uma imensidade de atos unicamente da alçada do tribunal da consciência.”

- Quem pode explicar essa resposta dos Espíritos?

==> Existe a lei dos homens, que determina os direitos que devem ser respeitados na sociedade, e existe outra Lei, a Lei de Deus, a lei natural.

==> As leis sociais só regulam questões relativas à vida na sociedade. Mas tem coisas que estão no âmbito interno da família, e também questões íntimas nossas, que só nossa consciência pode avaliar.

- Nesse caso real, do padeiro desumano, que aconteceu na época de Kardec, houve justiça? Quem estava certo? Quem estava errado?

==> pedir que cada um diga como avalia a situação relatada. Quem é criminoso? Quem é vítima?

Perante a lei da justiça naquela cidade, na época, a viúva cometeu crime?

E o padeiro? Cometeu crime?

==> perante a lei da justiça de lá, ela roubou. Cometeu um crime. E o padeiro estava no direito dele.

==> perante a lei divina, o padeiro foi egoísta, não teve compaixão para com a situação daquela senhora. Não seguiu a lei divina da caridade. Já a viúva, não teve fé em Deus, nem resignação perante a situação difícil que passava. O suicídio foi um erro, cometido com o desejo de proteger as crianças. E Deus leva em consideração o que vai no coração de todos nós.

==> A viúva se comunicou na Sociedade Espírita de Paris, onde Kardec trabalhava na doutrina espírita, e ela disse que tinha tomado uma decisão infeliz, por desespero. Que ela morrendo, os filhos ficariam órfãos e seriam adotados por outra família, o que de fato, ocorreu.

- Quem pode dar exemplos de lei civil atual, que determina um direito que não é de acordo com a lei de Deus?

==> Pena de morte, aborto, eutanásia, por exemplo. Legal em alguns países e ilegal perante a lei de Deus e também ilegal em outros países.

- Um outro aspecto sobre a justiça: nesse caso da viúva, vemos que o policial (pois o padeiro fez queixa na justiça) foi atrás da viúva, e censurou a dureza, a indiferença do padeiro. Então, que o policial não teve a mesma visão do problema que o padeiro teve.

Por que será? Qual a diferença entre esses dois? Por que pensaram diferente? (incentivar que pensem e respondam, e relacionar com as respostas de cada um deles, quando opinaram sobre quem estava certo e quem estava errado).

==> O sentimento de justiça varia de acordo com o desenvolvimento moral da pessoa.

- vemos que as leis mudam conforme as sociedades vão progredindo. O que era legal num século, pode ser considerado um crime num século seguinte.

- e o sentimento de justiça, também varia entre as pessoas, como vimos entre o padeiro e o policial.

Assim, existem diversos níveis desse senso de justiça, que depende do amadurecimento moral de cada um: (perg. 873 do LE)

a)    Tem pessoas que acham que se é legal, é justo.

b)    Outros, pesam que mesmo sendo legal, não é certo (senso de dever).

c)    Alguns poucos, já possuem senso cósmico – justiça de Deus

- Quem pode dar exemplos de situações que são legais, mas não são certas?

==> o cartão de estacionamento de idosos, por exemplo. Pra quê serve?

- Para as pessoas idosas, que normalmente tem mais dificuldade de locomoção.

- Para comprovar esse direito, existe o cartão de estacionamento em vagas de idosos.

- Se você é idoso, mas está super bem, é atleta, não tem nenhum problema motor, e tem o cartão de estacionamento em vagas de idosos, você usaria a vaga de idoso?

- Se você não é idoso, mas seus pais são, e o cartão de idoso deles fica no seu carro. Você vai estacionar, não acha lugar, mas tem vaga de idoso. Você usaria o cartão de idoso de seu pai e estacionaria na vaga de idoso?

==> o importante aqui, não é a gente julgar as pessoas. É a gente perceber que a noção do que é certo ou não, depende de cada um. Está no nível de consciência de cada um.

- Um outro ponto da resposta à perg. 875: “há uma imensidade de atos unicamente da alçada do tribunal da consciência” que a leis sociais não pegam, mas ferem a lei divina.

==> Que atos dessa natureza podemos identificar? (além desse do cartão de idoso!)

- mentir; enganar as pessoas; trair a confiança de alguém; desrespeitar as pessoas; … Tantas coisas que não são ilegais segundo nossas leis sociais, mas a nossa consciência já acusa, já incomoda.

- Tem situações, que a gente fica em dúvida sobre o que deve ou não fazer.

Perg. 876. Posto de parte o direito que a lei humana consagra, qual a base da justiça, segundo a lei natural?

Disse o Cristo: Queira cada um para os outros o que quereria para si mesmo. No coração do homem imprimiu Deus a regra da verdadeira justiça, fazendo que cada um deseje ver respeitados os seus direitos. Na incerteza de como deva proceder com o seu semelhante, em dada circunstância, trate o homem de saber como quereria que com ele procedessem, em circunstância idêntica. Guia mais seguro do que a própria consciência não lhe podia Deus haver dado.”

  1. Conclusão:

LE, perg. 879Qual seria o caráter do homem que praticasse a justiça em toda a sua pureza?

O do verdadeiro justo, a exemplo de Jesus, porquanto praticaria também o amor do próximo e a caridade, sem os quais não há verdadeira justiça.”

  1. Prece final

  2. Avaliação:

Encontro com 5 jovens. Fizeram as anotações individuais e depois participaram das discussões em dupla/trio. Ao retornar ao grupo maior, ficaram calados, sem muita empolgação/participação

A atividade durou 1h e depois falei com eles do Encontro da Família do mês que vem. Também não se empolgaram, nem deram nenhuma ideia.

  1. ANEXOS

RE Mai/1862 - 'O Padeiro Desumano'

O padeiro desumano

Uma correspondência de Crefeld - Prússia Renana, de 25 de janeiro de 1862, e inserta em o Constitucionnel de 4 de fevereiro, contém o seguinte fato:

Uma pobre viúva, mãe de três filhos, entra numa padaria e pede insistentemente que lhe vendam um pão fiado. O padeiro se recusa. A viúva reduz o pedido a meio pão e, por fim, a uma libra de pão, apenas para seus filhos famintos. O padeiro recusa ainda, deixa o lugar e vai para o fundo da padaria. Crendo não ser vista, a mulher toma um pão e sai. Mas o roubo, imediatamente descoberto, é denunciado à polícia.

Um agente vai à casa da viúva e a surpreende cortando o pão em pedaços para os filhos. Ela não nega o roubo, mas se desculpa com a necessidade. Embora censurando a dureza do padeiro, o agente insiste para que ela o acompanhe até o comissário.

A viúva pede apenas alguns instantes para trocar de roupa. Entra no quarto, mas demora bastante até que o agente, perdendo a paciência, resolve abrir a porta. A infeliz estava estirada no chão, coberta de sangue. Com a mesma faca com que cortava o pão para os filhos, tinha posto fim a seus dias.”

=== fim da notícia ====

Restante do artigo como subsídio ao facilitador:

Tendo sido lida a notícia na sessão da Sociedade de 14 de fevereiro de 1862, foi proposta a evocação dessa infeliz, quando ela mesma veio manifestar-se espontaneamente, na comunicação que segue. (...)

Deus foi bom para a pobre alucinada e venho agradecer-vos a simpatia que tivestes a bondade de me testemunhar. Ah! Diante da miséria e da fome de meus pobres filhinhos, esqueci-me e fali. Então eu disse a mim mesma: Se és impotente para alimentar teus filhos e o padeiro recusa o pão aos que não podem pagar; se não tens dinheiro nem trabalho, morre! Se não estiveres mais com eles, alguém virá em seu auxílio.

Com efeito, hoje a caridade pública adotou esses pobres órfãos. Deus me perdoou, porque viu a razão vacilar no meu atroz desespero. Fui a vítima inocente de uma Sociedade má, muito mal regulada. Ah! Agradecei a Deus por vos ter feito nascer neste belo país da França, onde a caridade vai descobrir e aliviar todas as misérias.

Orai por mim, a fim de que possa em breve reparar a falta que cometi, não por covardia, mas por amor materno. Como os vossos Espíritos protetores são bons! Eles me consolam, me fortalecem, me encorajam dizendo que o meu sacrifício não foi desagradável ao grande Espírito que, sob os olhos e a mão de Deus, preside os destinos da Humanidade.”

A POBRE MARY (Médium: Sr. d’Ambel)

Em seguida à comunicação, o Espírito de Lamennais fez a seguinte apreciação sobre o fato:

Essa infeliz mulher é uma das vítimas do vosso mundo, de vossas leis, de vossa sociedade. Deus julga as almas, mas também julga os tempos e as circunstâncias; julga as coisas forçadas e o desespero; julga o fundo e não a forma. E ouso afirmar: essa infeliz matou-se não por crime, mas por pudor, por medo da vergonha. E que onde a justiça humana é inexorável, julga e condena os fatos materiais, a justiça divina constata o fundo do coração e o estado de consciência. Seria desejável que em certas naturezas privilegiadas fosse desenvolvido um dom que seria muito útil, não para os tribunais, mas para o adiantamento de algumas pessoas: esse dom é uma espécie de sonambulismo do pensamento que descobre muitas vezes as coisas ocultas, mas que o homem habituado à corrente da vida negligencia e atenua por sua falta de fé. E certo que um médium desse gênero, examinando essa pobre mulher, teria dito: “Essa mulher é abençoada por Deus porque é infeliz e esse homem é amaldiçoado porque recusou o pão”. Ó Deus, quando, pois, todos os teus dons serão reconhecidos e postos em prática? Aos olhos de tua justiça, o que recusou o pão será punido, porque Cristo disse: “Aquele que dá pão a seu próximo, a mim o dá”.

LAMENNAIS (Médium: Sr. A. Didier)

Nenhum comentário:

Postar um comentário