segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Respeito à Natureza e aos Povos Indígenas

 Casa Espírita Missionários da Luz - Juventude: > 14 anos 25/08/2023

Tema: Respeito à Natureza e aos Povos Indígenas

Objetivo:

  • Refletir sobre o respeito que devemos ter para a Natureza e aos povos indígenas;

  • Refletir sobre os Espíritos encarnados como indígenas e sua atuação no plano espiritual.

Bibliografia:

- LE, pergs 191, 271 à 273 (Cap. VII ‘Da Vida Espírita’ – Escolha das Provas, 689, 755;

- ESE, ESE, Cap. III 'Há muitas moradas na casa de meu pai' - Mundos de expiações e de provas, item 14; Cap. 28, item 11;

- RE, Abril/1858 - Evocação de Espíritos na Abssínia;

- Nosso Lar, André Luiz/Chico Xavier, Cap. 50 "Cidadão de “Nosso Lar””;

- Estudos Espíritas, Joanna de Ângelis/Divaldo Franco, Cap. 18 'Mediunidade';

- Recordações da Mediunidade, Yvonne Pereria, Cap. 5 e 7;

- Ciência Espírita, Herculano Pires, cap. 9 ´Negros e Índios Terapeutas';

- Loucura e Obsessão, Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco, Cap. 2, 3, 9 e 11;

- RE, Ago/1864 - https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/898/revista-espirita-jornal-de-estudos-psicologicos-1864/5643/agosto/questoes-e-problemas (sobre astecas e incas)

Material: Livro dos Espíritos

Desenvolvimento:

  1. Dar as boas vindas aos grupos, hora da novidade, exercícios de respiração profunda e prece.

  1. Motivação ao tema:

- Vocês tem ideia de quantos indígenas tem no Brasil?

Censo de 2010 do IBGE registrou quase 900 mil indígenas no país:

A população indígena brasileira, segundo resultados do último Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no país, em 2010, era de 896.917 indígenas, dos quais 572.083 viviam na zona rural e 324.834 habitavam as zonas urbanas brasileiras. Os dados estatísticos revelaram que em todos os Estados da Federação, inclusive no Distrito Federal, há populações indígenas.

(https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2022-02/ultimo-censo-do-ibge-registrou-quase-900-mil-indigenas-no-pais-dados-serao-atualizados-em-2022)


Censo do IBGE: Brasil tem 1,7 milhão de indígenas

Número de indígenas foi 89% maior que o observado no Censo de 2010. No entanto, houve mudança no mapeamento e na metodologia da pesquisa, que permitiu identificar mais pessoas. Novos dados foram divulgados nesta segunda-feira (7) pelo IBGE.

https://g1.globo.com/economia/censo/noticia/2023/08/07/censo-do-ibge-brasil-tem-17-milhao-de-indigenas.ghtml

- Quem sabe qual é o dia do índio aqui no Brasil? ==> 19 de abril

E os indígenas no mundo? Quantos são?

https://www.unesco.org/pt/international-day-worlds-indigenous-peoples

Dia Internacional dos Povos Indígenas do Mundo - 9 de agosto

Povos Indígenas no mundo

Os povos indígenas vivem em todas as regiões do mundo e possuem, ocupam ou usam cerca de 22% da área terrestre global. Com pelo menos 370 a 500 milhões de pessoas, representam a maior parte da diversidade cultural do mundo. As populações indígenas falam a maioria das cerca de 7.000 línguas do mundo e representam 5.000 culturas diferentes. Os povos indígenas de todo o mundo compartilham problemas comuns relacionados à proteção de seus direitos. Muitos povos indígenas continuam a enfrentar a marginalização, a pobreza extrema e outras violações dos direitos humanos.


- quando falamos indígenas, nos referimos a todos os povos originários das regiões. Temos os povos dos polos, que vivem na neve, os aborígenes na Austrália, nativos na África, os povos dos Andes na América do Sul, e etc.

  1. Desenvolvimento do tema

- Vamos agora conversar em duplas/trios, sobre a questão espiritual dos indígenas no nosso planeta:

- quem são esses Espíritos que encarnam nos povos indígenas?

- como ficam no plano espiritual, após a desencarnação?

- os Espíritos de índios podem ser trabalhadores espirituais das Casas Espíritas e de outras religiões? (10 a 15 minutos para as discussões nos grupinhos).

- pedir que cada grupinho apresente suas conclusões.

- complementar com a bibliografia do estudo. Se necessário, pedir que um dos jovens leia as perguntas de OLE que trata da encarnação desses Espíritos ainda na infância evolutiva.

Quem são esses Espíritos que nascem como indígenas?

LE, perg. 191. As dos nossos selvagens são almas no estado de infância?

De infância relativa, pois já são almas desenvolvidas, visto que já nutrem paixões.”

a) — Então, as paixões são um sinal de desenvolvimento?

De desenvolvimento, sim; de perfeição, porém, não. São sinal de atividade e de consciência do eu, porquanto, na alma primitiva, a inteligência e a vida se acham no estado de gérmen.”


LE, perg. 271. Estudando, na erraticidade, as diversas condições em que poderá progredir, como pensa o Espírito consegui-lo, nascendo, por exemplo, entre canibais?

Entre canibais não nascem Espíritos já adiantados, mas Espíritos da natureza dos canibais, ou ainda inferiores aos destes.”

Sabemos que os nossos antropófagos não se acham no último degrau da escala espiritual e que mundos há onde a bruteza e a ferocidade não têm analogia na Terra. Os Espíritos que aí encarnam são, portanto, inferiores aos mais ínfimos que no nosso mundo encarnam. Para eles, pois, nascer entre os nossos selvagens representa um progresso, como progresso seria, para os antropófagos terrenos, exercerem entre nós uma profissão que os obrigasse a fazer correr sangue. Não podem pôr mais alto suas vistas, porque sua inferioridade moral não lhes permite compreender maior progresso. O Espírito só gradativamente avança. Não lhe é dado transpor de um salto a distância que da civilização separa a barbárie e é esta uma das razões que nos mostram ser necessária a reencarnação, que verdadeiramente corresponde à justiça de Deus. De outro modo, que seria desses milhões de criaturas que todos os dias morrem na maior degradação, se não tivessem meios de alcançar a superioridade? Por que os privaria Deus dos favores concedidos aos outros homens?

LE, Perg. 273. Será possível que um homem de raça civilizada reencarne, por expiação, numa raça de selvagens?

É; mas depende do gênero da expiação. (...) Também um bom Espírito pode querer encarnar no seio daquelas raças, ocupando posição influente, para fazê-las progredir. Em tal caso, desempenha uma missão.”

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Cap. III, item 14

As raças a que chamais selvagens são formadas de Espíritos que apenas saíram da infância e que na Terra se acham, por assim dizer, em curso de educação, para se desenvolverem pelo contato com Espíritos mais adiantados. Vêm depois as raças semicivilizadas, constituídas desses mesmos Espíritos em via de progresso. São elas, de certo modo, raças indígenas da Terra, que aí se elevaram pouco a pouco em longos períodos seculares, algumas das quais hão podido chegar ao aperfeiçoamento intelectual dos povos mais esclarecidos.

==> vemos que é função dos Espíritos mais desenvolvidos, mais esclarecidos, cuidar, proteger esses povos mais primitivos.

Como ficam no plano espiritual, após a desencarnação?

- como vemos no comentário de Kardec no artigo da RE de Abril/1858, os Espíritos de um povo mais primitivo, são igualmente primitivos. Nesse artigo, Kardec explica o fato dos visitantes civilizados que estiveram junto a esse povo em 1768, atribuírem ao diabo as comunicações mediúnicas, por serem inferiores esses comunicantes.

- em Estudos Espíritas, Joanna de Ângelis, fala dos médiuns, os feiticeiros dessas tribos, que traziam as informações dos Espíritos, nem sempre esclarecidos ou benévolos.

Espíritos de índios podem ser trabalhadores espirituais das Casas Espíritas?

- como vemos em Recordações da Mediunidade, Cap.5, Yvonne Pereira assistiu a uma materialização do Espírito familiar da médium, que se apresentou como um índio, “o qual tantas e tão belas curas em enfermos e obsidiados realizou com o concurso da mesma intérprete”.

- e no cap 7 desse mesmo livro, Yvonne relata de um amigo espiritual que a protege e acompanha em seus desdobramentos conscientes, que também se apresenta como índio brasileiro.


- Herculano Pires, em seu livro Ciência Espírita, comenta da atuação desses Espíritos, na terapêutica primitiva e natural, intervindo nos processos de curas espirituais.


- e Manoel P. de Miranda, no livro Loucura e Obsessão que se passa num centro de Umbanda, relata a atuação de Espíritos índios brasileiros que trabalhavam na segurança dos encarnados atendidos, enquanto se educavam e se aprimoravam espiritualmente.

Sabedoria dos índios, no uso das ervas medicinais

Todos esses povos que vivem em comunidades separadas dos povos mais esclarecidos que vivem nas grandes cidades, utilizam os recursos da Natureza no seu cotidiano e desenvolveram sabedoria no manuseio das ervas medicinais.

Esses conhecimentos foram se perdendo com o tempo e com o desenvolvimento da indústria farmacêutica.

Hoje em dia, está havendo um retorno ao uso das medicações mais naturais. Vemos a homeopatia (Samuel Hahnemann, nasceu em 1755, trazendo a medicina homeopática, um século antes do advento do Espiritismo), a flora medicinal, etc.

Vemos na literatura espírita, que os Espíritos utilizam os fluidos das árvores, das vegetações, para cura de muitas de nossas doenças:

Loucura e Obsessão, Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco, Cap. 3

A água, em face da sua constituição molecular, é elemento que absorve e conduz a bioenergia que lhe é ministrada. Quando magnetizada e ingerida, produz efeitos orgânicos compatíveis com o fluido de que se faz portadora. Assim, é crença ancestral que os banhos teriam o efeito de retirar as energias deletérias que os poros eliminam, e quando a água recebesse a infusão de ervas aromáticas e medicinais propiciaria bem-estar, revitalizaria o campo vibratório do indivíduo. (...)


(...) não podemos ignorar o valor da fitoterapia, de resultados excelentes em inúmeros problemas da saúde. As medicinas alternativas que estão encontrando consideração, mesmo entre os estudiosos mais ortodoxos, resultam de larga experiência humana e de diversas delas nasceram o que ora consideramos científico, acadêmico. A flora medicinal foi a grande protetora dos nossos avoengos que nela encontraram recursos saudáveis para muitos dos males que os afligiam e, posteriormente, submetidas à ação dos laboratórios, dela extraíram incontáveis substâncias de ação rápida e eficaz.”

No livro Nosso Lar, de André Luiz, por Chico Xavier, temos um caso de cura pelos fluidos das árvores. André Luiz relata que o Espírito Narcisa, enfermeira em Nosso Lar, solicita auxílio aos Espíritos que cuidavam das matas, os “servidores comuns do reino vegetal”.

Ela orientou que:

- Não só o homem pode receber fluidos e emiti-los. As forças naturais fazem o mesmo, nos reinos diversos em que se subdividem.”

No caso do doente encarnado que eles estavam cuidando, ela precisou dos fluidos das mangueiras e eucaliptos.

Narcisa manipulou, em poucos instantes, certa substância com as emanações do eucalipto e da mangueira e, durante toda a noite, aplicamos o remédio ao enfermo, através da respiração comum e da absorção pelos poros.

  1. Conclusão


Como vimos, precisamos cuidar dos povos mais primitivos, e valorizar toda a 

sabedoria desses povos, no trato com a Natureza e no uso de seus benefícios.


Vivemos todos num só ambiente, um só planeta! Está tudo interligado. 

Precisamos, como serem esclarecidos que somos, cuidar da Natureza pois dela nos 

alimentamos e vivemos!


  1. Exercícios de respiração profunda, prece final e passes coletivos.

Avaliação:

Encontro com 5 jovens. Nunca tinham pensado nos povos indígenas! Discutiram no trio e dupla mas foi muito rápido. O restante foi apresentando as ideias da bibliografia do tema, porém não houve interesse por parte deles. Faltou uma outra atividade para que participassem mais.

Anexos

Subsídios teóricos:

LE, Perg. 272. Poderá dar-se que Espíritos vindos de um mundo inferior à Terra, ou de um povo muito atrasado, como os canibais, por exemplo, nasçam no seio de povos civilizados?

Pode. Alguns há que se extraviam, por quererem subir muito alto. Mas, nesse caso, ficam deslocados no meio em que nasceram, por estarem seus costumes e instintos em conflito com os dos outros homens.”

Tais seres nos oferecem o triste espetáculo da ferocidade dentro da civilização. Voltando para o meio dos canibais, não sofrem uma degradação; apenas volvem ao lugar que lhes é próprio e com isso talvez até ganhem.



689. Os homens atuais formam uma criação nova, ou são descendentes aperfeiçoados dos seres primitivos?

São os mesmos Espíritos que voltaram, para se aperfeiçoar em novos corpos, mas que ainda estão longe da perfeição.

Assim, a atual raça humana, que, pelo seu crescimento, tende a invadir toda a Terra e a substituir as raças que se extinguem, terá sua fase de decrescimento e de desaparição. Substituí-la-ão outras raças mais aperfeiçoadas, que descenderão da atual, como os homens civilizados de hoje descendem dos seres brutos e selvagens dos tempos primitivos.”

755. Como pode dar-se que, no seio da mais adiantada civilização, se encontrem seres às vezes tão cruéis quanto os selvagens?

Do mesmo modo que numa árvore carregada de bons frutos se encontram verdadeiros abortos. São, se quiseres, selvagens que da civilização só têm o exterior, lobos extraviados em meio de cordeiros. Espíritos de ordem inferior e muito atrasados podem encarnar entre homens adiantados, na esperança de também se adiantarem. Mas, desde que a prova é por demais pesada, predomina a natureza primitiva.”

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Allan Kardec, capítulo 28, item 11

Além do anjo guardião, que é sempre um Espírito superior, temos Espíritos protetores que, embora menos elevados, não são menos bons e magnânimos. Contamo‐los entre amigos, ou parentes, ou, até, entre pessoas que não conhecemos na existência atual. Eles nos assistem com seus conselhos e, não raro, intervindo nos atos da nossa vida.”

RE, Abril/1858 - Evocação de Espíritos na Abssínia

Se o Sr. Bruce tivesse visto aquilo que hoje testemunhamos, nada de assombroso acharia na prática das evocações usadas em Gingiro. Ele só vê nelas uma crença supersticiosa, enquanto nós encontramos a sua causa no fato de manifestações falsamente interpretadas, que puderam produzir-se lá como alhures. O papel que a credulidade atribui nelas ao diabo nada tem de surpreendente. Inicialmente, é preciso observar que todos os povos bárbaros atribuem a um poder maléfico os fenômenos que não podem explicar. Em segundo lugar, um povo bastante atrasado, a ponto de sacrificar seres humanos, por certo não pode atrair ao seu meio Espíritos superiores. Por sua natureza, os que o visitam só poderão confirmá-los em sua crença. Além disso, há a considerar que os povos de certa parte da África conservaram um grande número de tradições judaicas, mais tarde mescladas com algumas ideias informes do Cristianismo, fonte em que, por força de sua ignorância, beberam a doutrina do diabo e dos demônios.” (Allan Kardec)


RECORDAÇÕES DA MEDIUNIDADE, Yvonne Pereria, Cap. 5 ‘Materializações’

Na mesma reunião foi também materializado o Espírito familiar da médium, o índio brasileiro “Emanuel”, o qual tantas e tão belas curas em enfermos e obsidiados realizou com o concurso da mesma intérprete. Assim humanizado, o índio “Emanuel” dir-se-ia estátua de bronze lucilante, tão bela era a sua aparência. Meio desnudo, trazia como único vestuário os acessórios próprios da condição indígena. E o seu talabarte, o depósito das flechas, as próprias flechas, o arco, o diadema e as pequenas penas que o enfeitavam lucilavam em reflexos brancos, azuis e amarelos. Era jovem e seus cabelos, escuros e longos, também reluzentes, caíam pelos ombros. Trazia como estampada em toda a sua configuração a raça indígena a que pertencera: Tamoio.

Em linguagem da sua tribo, usando o sotaque próprio dos índios brasileiros, pela garganta da médium em transe, ele orou o Pai Nosso em voz discreta e solene, ao despedir-se.

Não foi possível constatar a autenticidade desse dialeto, pois as pessoas presentes não conheciam o idioma tupi-guarani nem os derivados. Mas diante de fenômenos tão belos e positivos, verificados em presença de toda a assistência, sem escuridão, sem gabinetes isolados, sem cortinas e, portanto, sem quaisquer possibilidades de engodo, e ainda com a vigilância aguçada de alguns, que não desejavam ser enganados, como duvidar de que a entidade realmente usasse, para orar entre os seus novos amigos terrenos, do dialeto materno aprendido em tempos idos, nas matas do Brasil?

RECORDAÇÕES DA MEDIUNIDADE, Yvonne Pereria, Cap.7, ‘Amigo ignorado’

Eu me admirava, pois, de notar ao meu lado, de quando em vez, a título de ajuda e proteção, a figura espiritual de um índio brasileiro, jovem e gentil, aparentando dezoito a vinte anos de idade, cujo semblante apresentava melancolia profunda, enquanto as atitudes eram sempre discretas e afetuosas. (..) Como Espírito desencarnado, porém, a dita entidade não perdera ainda, talvez por ser essa a sua própria vontade, ou talvez por impossibilidades acima da minha capacidade de apreciação, não perdera ainda o complexo mental da última encarnação terrena, pois o seu aspecto era o do comum dos índios brasileiros, discretamente enfeitado com plumagens de aves e flechas coloridas, e os cabelos compridos caídos pelos ombros revelando antiga raça dos nossos nativos. Sua configuração espiritual, por isso mesmo, nada apresentava de tênue à minha visão, quer durante os transes mediúnicos quer em vigília. Dir-se-ia antes bem sólida e reluzente, semi desnuda e morena, tal como fora o corpo material. E, de tanto ver esse amigo espiritual e ser por ele socorrida, acabei por estimá-lo sinceramente e sua lembrança tornou-se querida ao meu coração, que se enternecia meditando no fato. (…) jamais me falou em linguagem abastardada e sim naturalmente, conquanto o fizesse poucas vezes. De certa feita perguntei-lhe o nome (...)

José... Chamo-me José… (…)

(...) fui informada ultimamente, pelo mesmo amigo “José”, a quem supunha desconhecido, de que ele próprio pertencera à tribo de índios Goitacases, do Brasil, (...). Revelou ainda, levando minha surpresa ao assombro, que nossa ligação espiritual data de séculos, pois ele próprio não era Espírito primitivo; que já vivera, reencarnado, em outros climas e outras civilizações, e que seu banimento espiritual para as matas fora ocasionado pela detenção do livre arbítrio, punição pela longa série de erros e infrações cometidos contra as leis de Deus. E que tal punição o humilhara tanto, diante da própria consciência e dos amigos de longas eras, que agora decidira reabilitar-se, a despeito de todos os sacrifícios impostos pela expiação. E mais, que esse é o tipo de punição mais doloroso e vergonhoso para um Espírito, porque equivalente ao banimento para planetas primitivos, pois a mata é, do mesmo modo, um mundo primitivo onde existe choro e ranger de dentes. E acrescentou: (...) a atual aparência é me mais grata, porque não posso desaparecer de mim mesmo, sou eterno e há necessidade de que eu seja alguma coisa individualizada... Foi como indígena brasileiro que iniciei a série de reparações das faltas cometidas no setor civilizado. Mas, ainda que eu desejasse modificar a minha aparência, não o poderia, por uma questão de pudor e honradez. Como aparecer a mim mesmo ou a outrem com a personalidade de um déspota, um tirano, um celerado, um traidor? Terei de desempenhar longa série de tarefas nobres, nos setores obscuros que me couberem, em desagravo aos males outrora causados no setor civilizado... A punição continua, ainda não estou liberto do pecado... Daí o meu antigo pedido à tua bondade, para que rogasses a Deus por mim…

Ciência Espírita, Herculano Pires, cap. 9 ´Negros e Índios Terapeutas'

As manifestações espíritas de negros e índios são comuns, não raro intervindo nos processos de cura. Isso causa espécie a pessoas ainda impregnadas de antigos preconceitos. “Como podem esses espíritos primários ainda apegados à era do barro – dizia-nos famoso jornalista – manifestarem-se como orientadores e terapeutas num meio de civilização superior?” Acontece que a população espiritual da Terra é semelhante à sua população encarnada.

Não existem discriminações injustas no tocante às possibilidades de intercâmbio espiritual. O que vale no espírito não é a sua qualificação social, mas a sua condição moral. O processo da reencarnação elimina os motivos dos preconceitos terrenos. Um negro velho, que se manifesta como tal, poderia também manifestar-se apenas como espírito, ou até mesmo como espírito de uma encarnação de amarelo ou de branco por que já passara. (…)

São muitos os casos dessa natureza, e as explicações a respeito, dadas pelos próprios espíritos manifestantes, reportam-se sempre às aquisições de virtudes morais que fizeram em encarnações humildes. (...)

Negros e índios dotados de humildade, não apegados às suas religiões de origem selvagem, formam na linha humilde dos voluntários de boa-vontade que nada querem para si mesmos e tudo almejam de verdadeiro e bom, de legítimo e puro para toda a Humanidade. Igualam-se na simplicidade natural dos povos primitivos.

Levados à lei de adoração, deslumbram-se com as manifestações dos espíritos superiores e mostram-se sensíveis à doutrinação espírita. (…) Dessa maneira, os espíritos de negros e índios utilizam-se também, quando permitido pelos espíritos superiores, de sua terapêutica primitiva e natural, misturando práticas das selvas da América e da África. É a contribuição paranormal ou espírita à medicina folclórica ou popular. (…)

Espíritos europeus arrogantes, que se encharcaram de orgulho nas civilizações de guerras de conquistas, reencarnam-se nas selvas para obterem a cura de suas deformações morais e preferem, nas suas relações de pós-morte com os brancos, apresentar-se como negros ou índios, pois, como disse um deles a Yvonne Pereira, “não gostaria de apresentar-se como bandoleiro, assaltante e assassino que foi nas civilizações ditas refinadas”.

Loucura e Obsessão, Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco

— “Utilizamo-nos de Espíritos ainda vinculados às vibrações materiais, que, apesar de pouco conhecimento, anelam por servir e crescer na direção do bem. A sua presença ao lado dos encarnados evita ou dificulta que os comensais psíquicos habituais — exceto nos casos de obsessão — retomem à ação deletéria ou prossigam no intercurso da perturbação. Como é compreensível, diversos obsessores e Espíritos perversos respeitam algumas práticas e rituais, como consequência da ignorância das leis universais, cedendo espaço à ação renovadora das suas vítimas. É claro que, em todos os empreendimentos de beneficência e socorro ter-se-ão sempre em vista os fatores do merecimento quanto do esforço pessoal, porquanto, não havendo privilégios que distingam as criaturas, funciona, acima de tudo, a justiça, atenuada pela misericórdia do amor.” (Cap. 2)


(…) Nomeando seis assistentes que se postavam na primeira fila, destacou-os, respectivamente dois a dois para cada necessitado. Pude observar que se tratava de Bons Espíritos, de mediana capacidade, igualmente vinculados às práticas da Casa, exteriorizando grande bondade e interesse vivo pelo trabalho para o qual haviam sido designados.

A ação do bem, naquele Núcleo, era contínua, sem margem para a ociosidade perigosa. Muitos cooperadores espirituais se exercitavam no trabalho da solidariedade, adquirindo os valores positivos que os elevariam, liberando-os da canga dos instintos primários. Essa luta é de todo momento, que deve ser empreendida através do esforço contínuo de auto-superação e de dedicação ao próximo. A estrada da redenção começa na primeira chispa que ilumina a ignorância de cada ser e prossegue na oportunidade de estendê-la ao próximo menos esclarecido que se encontra ao lado. (…)

A nossa Casa prossegue sendo a escola-oficina de educação e ação para todos nós. Aqui descobrimos a necessidade de crescimento e de libertação dos costumes primitivos, exercitando novos hábitos evolutivos com vistas ao futuro feliz. (…) (Cap. 9)

(…) Não notamos a presença dos seus adversários espirituais, que certamente não puderam dar curso ao programa encetado, além do que ali estavam apostos os dois vigilantes destacados pela Benfeitora, que impediam a curiosidade dos burlões e frívolos, assim como dos vingadores. Tratava-se de Espíritos que envergaram a roupagem aborígene no Brasil, na sua última estada terrena, cujo porte e expressão facial inspiravam respeito, senão receio aos gozadores e insensatos... Adornavam-se de cocares de penas coloridas, lanças e outros objetos, que vim a saber tratar-se de indumentária cerimonial. Cônscios do seu dever, eram dois guardiães adestrados para o auxílio fraterno. (…) (Cap. 11)

Estudos Espíritas, Joanna de Ângelis/Divaldo Franco, Cap. 18 'Mediunidade'

Nos períodos mais primitivos da cultura ética da Humanidade, a mediunidade exerceu preponderante influência, porquanto, através dos sensitivos, nominados como feiticeiros, magos, adivinhos e mais tarde oráculos, pítons, taumaturgos, todos médiuns, contribuindo decisivamente na formação do clã, da tribo ou da comunidade em desenvolvimento, revelando preciosas lições que fomentavam o crescimento do grupo social, impulsionando-o na direção do progresso.

Nem sempre, porém, eram bons os Espíritos que produziam os fenômenos, o que redundava, por sua vez, demorados estágios na barbárie, no primitivismo dos que lhes prestavam culto...

Nosso Lar, Cap. 50 "Cidadão de “Nosso Lar””

(...) Era Narcisa que atendia, sorrindo:

- Ouvi seu apelo, meu amigo, e vim ao seu encontro.

Não cabia em mim de contentamento.

A mensageira do bem fixou o quadro, compreendeu a gravidade do momento e acrescentou:

- Não temos tempo a perder.

Antes de tudo, aplicou passes de reconforto ao doente, isolando-o das formas escuras, que se afastaram como por encanto. Em seguida, convidou-me com decisão:

- Vamos à Natureza.

Acompanhei-a sem hesitação e ela, notando-me a estranheza, acentuou:

- Não só o homem pode receber fluidos e emiti-los. As forças naturais fazem o mesmo, nos reinos diversos em que se subdividem.

Para o caso do nosso enfermo, precisamos das árvores. Elas nos auxiliarão eficazmente.

Admirado da lição nova, segui-a, silencioso. Chegados a local onde se alinhavam enormes frondes, Narcisa chamou alguém, com expressões que eu não podia compreender. Daí a momentos, oito entidades espirituais atendiam-lhe ao apelo. Imensamente surpreendido, vi-a indagar da existência de mangueiras e eucaliptos.

Devidamente informada pelos amigos, que me eram totalmente estranhos, a enfermeira explicou:

- São servidores comuns do reino vegetal, os irmãos que nos atenderam.

E, à vista da minha surpresa, rematou:

- Como vê, nada existe de inútil na Casa de Nosso Pai. Em toda parte, se há quem necessite aprender, há quem ensine; e onde aparece a dificuldade, surge a Providência. O único desventurado, na obra divina, é o espírito imprevidente, que se condenou às trevas da maldade.

Narcisa manipulou, em poucos instantes, certa substância com as emanações do eucalipto e da mangueira e, durante toda a noite, aplicamos o remédio ao enfermo, através da respiração comum e da absorção pelos poros.

O enfermo experimentou melhoras sensíveis. Pela manhã, cedo, o médico observou, extremamente surpreendido:

- Verificou-se esta noite extraordinária reação! Verdadeiro milagre da Natureza!

Nenhum comentário:

Postar um comentário