terça-feira, 22 de agosto de 2023

Lei de Conservação - Respeito aos animais e a Natureza

 Casa Espírita Missionários da Luz - Juventude: > 14 anos 18/08/2023

Tema: Lei de Conservação - Respeito aos animais e a Natureza

Objetivo:

  • Refletir sobre o cuidado que devemos ter para com os animais e a Natureza;

  • Analisar a questão da alimentação animal, conforme as orientações dos Espíritos na literatura espírita.

Bibliografia:

- LE, perg s 27 (Espírito e Matéria), 606 e 607 (Cap.XI Dos três reinos > Os animais e o homem'; 722 à 724 (Privações Voluntárias), 729 e 734 (Lei de Destruição);

- Revista Espírita, Ago/1862 'O planeta Vênus';

- Revista Espírita, Abril/1858, Revista Espírita, Abr/1858, Palestras familiares de além-túmulo - DESCRIÇÃO DE JÚPITER - BERNARD PALISSY;

- A Gênese, Cap. 3 - ‘O Bem e o Mal’, item 24 ‘Destruição dos seres vivos uns pelos outros’;

- Em Defesa da Vida Animal – FEB, volumes I e II.

https://www.febnet.org.br/portal/wp-content/uploads/2021/05/WEB-Em-Defesa-da-Vida-Animal-13-05-21.pdf

https://www.febnet.org.br/portal/wp-content/uploads/2023/03/WEB-Em-Defesa-da-Vida-Animal-volume-2.pdf

Material: trechos das reflexões em pedaços de papel.

Desenvolvimento:

  1. Dar as boas vindas aos grupos, hora da novidade, exercícios de respiração profunda e prece.

  1. Motivação ao tema:

Falar da trindade universal Deus, Espírito e Matéria, conforme a perg. 27 de o LE, explicando os dois elementos básicos da criação divina. Explicar os termos Princípio Inteligente e Princípio Espiritual.

Depois, entregar a cada jovem, em pedaços de papel, trechos de msgs que falam da questão do princípio inteligente evoluindo através dos diversos reinos da natureza. (trechos colhidos dos PDFs da FEB, sobre defesa da vida animal).

Trechos a serem entregues em pedaços de papel:

Emmanuel, Emmanuel/Chico Xavier, Cap. 17 
E, como o objetivo desta palestra é o estudo dos animais, nossos irmãos inferiores, sinto me à vontade para declarar que todos nós já nos debatemos no seu acanhado círculo evolutivo. São eles os nossos parentes próximos, apesar da teimosia de quantos persistem em o não reconhecer. (...)

O Consolador, Emmanuel/Chico Xavier  
Perg.79 –Como interpretar nosso parentesco com os animais?  
Considerando que eles igualmente possuem diante do tempo, um porvir de fecundas realizações, através de numerosas experiências chegarão, um dia, ao chamado reino hominal, como, por nossa vez, alcançaremos, no escoar dos milênios, a situação de angelitude. A escala do progresso é sublime e infinita.  
No quadro exíguo dos vossos conhecimentos, busquemos uma figura que nos convoque ao sentimento de solidariedade e de amor que deve imperar em todos os departamentos da natureza visível e invisível. O mineral é atração. O vegetal é sensação. O animal é instinto. O homem é razão. O anjo é divindade. Busquemos reconhecer a infinidade de laços que nos unem nos valores gradativos da evolução e ergamos em nosso íntimo o santuário eterno da fraternidade universal.

LE, perg. 606. Donde tiram os animais o princípio inteligente que constitui a alma de natureza especial de que são dotados? Do elemento inteligente universal.”  

a) – Então emanam de um único princípio a inteligência do homem e a dos animais? 
Sem dúvida alguma, porém no homem passou por uma elaboração que a coloca acima da que existe no animal.”.

LE, perg. 607. Dissestes que o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde ao estado da infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e se ensaia para a vida. Onde passa o Espírito essa primeira fase do seu desenvolvimento?   
Numa série de existências que precedem o período a que chamais humanidade.”

LE, perg. 607 a) – Parece que, assim, se pode considerar a alma como tendo sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação, não?  
Já não dissemos que tudo na Natureza se encadeia e tende para a unidade? Nesses seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme já dissemos. É, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. Entra então no período humano, (...).  
Reconhecei a grandeza de Deus nessa admirável harmonia, mediante a qual tudo é solidário na Natureza. Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado seres inteligentes sem futuro, seria blasfemar da Sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas.”



Antologia dos Imortais — Autores diversos/Chico Xavier — 1ª Parte
Cap. 2, de Adelino Fontoura, 'JORNADA'

Fui átomo, vibrando entre as forças do Espaço,
Devorando amplidões, em longa e ansiosa espera… 
Partícula, pousei… Encarcerado, eu era
Infusório do mar em montões de sargaço.

Por séculos fui planta em movimento escasso,
Sofri no inverno rude e amei na primavera;
Depois, fui animal, e no instinto da fera
Achei a inteligência e avancei passo a passo…

Guardei por muito tempo a expressão dos gorilas,
Pondo mais fé nas mãos e mais luz nas pupilas,
A lutar e chorar para, então, compreendê-las!…

Agora, homem que sou, pelo Foro Divino,
Vivo de corpo em corpo a forjar o destino
Que me leve a transpor o clarão das estrelas!…

Evolução Anímica, Gabriel Delanne, Cap. II – A alma animal, item 'A gradação dos seres'
Poderíamos, aqui, mostrar também que os sentimentos morais, como o remorso, o senso moral, a ideia do justo e do injusto, encontram-se em gérmen em todos os animais, podendo manifestar-se em ocasiões oportunas. (...) entre a alma do homem e a do animal, mais que uma diferença de graus, tanto do ponto de vista moral, como do intelectual.

Pedir que leiam silenciosamente e reflitam sobre o trecho recebido e, na sequência, um por um deve ler seu trecho e sua conclusão sobre o mesmo.

==> o objetivo dessa motivação do tema, é levar os jovens a perceberem que os animais, como nós mesmos, viemos do mesmo princípio espiritual, e que devemos ter, como seres mais desenvolvidos, esse olhar de respeito e cuidado para os seres inferiores da criação, em todos os reinos da natureza.

    3. Desenvolvimento do tema

- Separar os grupos em duplas/trios, entregando a cada um, trechos dos PDFs da FEB  que falam da alimentação animal que a humanidade ainda faz, e do respeito à Natureza,  dando o comando:

- cada dupla/trio deve ler o trecho recebido, discutir analisando o que o Espírito autor do trecho que nos dizer, e tirar suas próprias conclusões.

Revista Espírita, Ago/1862 'O planeta Vênus'
Seus habitantes só se nutrem de frutas e laticínios. Eles ignoram o bárbaro costume de alimentar-se de cadáveres de animais, ferocidade só existente nos planetas inferiores.

Revista Espírita, Abril/1858, Palestras familiares de além-túmulo - DESCRIÇÃO DE JÚPITER - BERNARD PALISSY
Perg. 23. ─ Qual é a base da alimentação dos habitantes? É animal e vegetal como aqui?
─ Puramente vegetal. O homem é o protetor dos animais.


O Consolador, Emmanuel/Chico Xavier
Perg. 129 –É um erro alimentar-se o homem com a carne dos irracionais?
-A ingestão das vísceras dos animais é um erro de enormes consequências, do qual derivaram numerosos vícios da nutrição humana. É de lastimar semelhante situação, mesmo porque, se o estado de materialidade da criatura exige a cooperação de determinadas vitaminas, esses valores nutritivos podem ser encontrados nos produtos de origem vegetal, sem a necessidade absoluta dos matadouros e frigoríficos.

O Consolador, Emmanuel/Chico Xavier
Perg. 136 –Existem seres agindo na Terra sob determinação absoluta?
-Os animais e os homens quase selvagens nos dão uma ideia dos seres que agem no planeta sob determinação absoluta.(...)
Sem saberem amar os irracionais e os irmãos mais ignorantes colocados sob a sua imediata proteção, os homens mais educados da Terra exterminam os primeiros, para sua alimentação, e escravizam os segundos para objeto de explorações grosseiras, com exceções, de modo a mobilizar-los a serviço do seu egoísmo e da sua ambição.

LE, perg. 729. Se a regeneração dos seres faz necessária a destruição, por que os cerca a natureza de meios de preservação e conservação?
“A fim de que a destruição não se dê antes do tempo. Toda destruição antecipada obsta ao desenvolvimento do princípio inteligente. Por isso foi que Deus fez que cada ser experimentasse a necessidade de viver e de se reproduzir.”

LE, perg. 734. Em seu estado atual, tem o homem direito ilimitado de destruição sobre os animais?
“Tal direito se acha regulado pela necessidade, que ele tem, de prover ao seu sustento e à sua segurança. O abuso jamais constituiu direito.” 

Missionários da Luz, André Luiz/Chico Xavier, Cap. 13 'Vampirismo'
“Em todos os setores da Criação, Deus, nosso Pai, colocou os superiores e os inferiores para o trabalho de evolução, através da colaboração e do amor, da administração e da obediência. Atrever-nos-íamos a declarar, porventura, que fomos bons para os seres que nos eram inferiores?” (...)

"Os seres inferiores e necessitados do Planeta não nos encaram como superiores generosos e inteligentes, mas como verdugos cruéis. Confiam na tempestade furiosa que perturba as forças da Natureza, mas fogem, desesperados, à aproximação do homem de qualquer condição, excetuando-se os animais domésticos que, por confiar em nossas palavras e atitudes, aceitam o cutelo no matadouro, quase sempre com lágrimas de aflição, incapazes de discernir com o raciocínio embrionário onde começa a nossa perversidade e onde termina a nossa compreensão. Se não protegemos nem educamos aqueles que o Pai nos confiou, como germens frágeis de racionalidade nos pesados vasos do instinto; se abusarmos largamente de sua incapacidade de defesa e conservação, como exigir o amparo de superiores benevolentes e sábios, cujas instruções mais simples são para nós difíceis de suportar, pela nossa lastimável condição de infratores da lei de auxílios mútuos?"

A Caminho da Luz, Emmanuel/Chico Xavier, Cap III 'As Raças Adâmicas'.
(...) examinadas as condições de atraso moral da Terra, onde o homem se reconforta com as vísceras dos seus irmãos inferiores, como nas eras pré-históricas de sua existência, (...)"

Os Mensageiros, André Luiz/Chico Xavier
O Senhor reserva acréscimos sublimes de valores evolutivos aos seres sacrificados. Não olvidará Ele a árvore útil, o animal exterminado, o ser humilde que se consumiu em benefício de outro ser! Cooperemos, por nossa vez, no despertar dos homens, nossos irmãos, relativamente ao nosso débito para com a Natureza maternal. (...)

Ajudemo-lo (ao Homem) a compreender, para que se organize uma era nova. Auxiliemo-lo a amar a terra, antes de explorá-la no sentido inferior, a valer-se da cooperação dos animais, sem os recursos do extermínio! Nessa época, o matadouro será convertido em local de cooperação, onde o homem atenderá aos seres inferiores e onde estes atenderão as necessidades do homem, e as árvores úteis viverão em meio do respeito que lhes é devido.

Cartas e Crônicas, Irmão X/Chico Xavier, Cap. 04 - 'TREINO PARA A MORTE'
Comece a renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a volúpia de comer a carne dos animais. O cemitério na barriga é um tormento, depois da grande transição. O lombo de porco ou o bife de vitela, temperados com sal e pimenta, não nos situam muito longe dos nossos antepassados, os tamoios e os caiapós, que se devoravam uns aos outros.

Dias Gloriosos, Joanna de Ângelis/Divaldo Franco, Cap. 10 ‘Clonagem Humana’
Diante das naturais transformações experimentadas na estrutura da Terra, e da desnecessidade da ingestão de carnes cruas; de excessos gordurosos animais; de abusos na atividade da máquina física, como consequência de menores exigências emocionais e mentais sobre a mesma, as necessidades têm-se transferido mais para o campo das expressões superiores, desse modo alterando-lhe o mecanismo funcional.


Dias Gloriosos, Joanna de Ângelis/Divaldo Franco, Cap. 9 ‘Engenharia Genética’ Vejamos, por exemplo, o que vem ocorrendo no Ecossistema. O desrespeito à Natureza, por ignorância inicial e por interesses mesquinhos e argentários no momento, tem produzido diversos efeitos graves para a própria existência humana. A destruição da camada de ozônio vem ampliando o número de portadores de câncer de pele de forma assustadora; o abuso dos adubos químicos no solo tem gerado problemas orgânicos lamentáveis; a aplicação de hormônios nas aves e nos animais de abatimento vem facultando doenças desconhecidas no ser humano; a diminuição do volume de água ameaça regiões onde a vida que se encontra começa a perecer; a presença do mercúrio nos rios enseja-lhes o envenenamento, destruindo a flora e a fauna, bem como as populações ribeirinhas; o aumento das áreas desérticas e o degelo dos polos constituem ameaças que estão preocupando alguns governos e nações do planeta que temem pelo futuro, momentaneamente sombreado por angústias...

Devassando o Invisível, Yvonne A. Pereira, Cap. VIII Sutilezas da Mediunidade
Durante o desprendimento parcial, sob ação dos nossos mentores espirituais, temos tido ocasião de "visitar" (não encontramos termos apropriados para esclarecer o que então se passa) animais como o boi, o cavalo, o cão e o gato. Verificamos que o fluido magnético, o elemento etéreo em que se acham eles mergulhados, como seres vivos que são, são os mesmos que penetram os homens, onde estes se agitam. (…) 

Ora, aqueles animais, por nós sentidos e compreendidos no estado de semi desprendimento espiritual, se afiguraram ao nosso entendimento e à nossa razão quase como seres humanos, sentindo nós, por eles, viva ternura e até profunda compaixão. 

Um deles, o boi, chegou mesmo a ver o nosso fantasma, pois se assustou quando nos achegamos a ele e lhe acariciamos a enorme cabeça. Nossos mestres hindus, que têm predileção pelos estudos da Natureza e pelas pesquisas sobre a evolução da alma, levam-nos, às vezes, a visitar matadouros de gado. E o sofrimento que aí contemplamos envolvendo os pobres animais, as impressões dolorosas de surpresa, de terror e de angústia que eles sofrem, e que se infiltram pelos meandros da nossa própria alma, não seriam maiores nem mais penosas, talvez, se se tratasse de simples seres humanos.

Missionários da Luz, André Luiz/Chico Xavier, Cap.11 = Intercessão
Em pouco tempo, distanciando-nos dos núcleos suburbanos, encontramo-nos nas vizinhanças de grande matadouro.
Minha surpresa não tinha limites, porque observei a atitude de vigilância assumida pelo meu orientador, que penetrou firmemente a larga porta de entrada. Pelas vibrações ambientes, reconheci que o lugar era dos mais desagradáveis que conhecera, até então, em minha nova fase de esforço espiritual. Seguindo Alexandre de muito perto, via numerosos grupos de entidades francamente inferiores que se alojavam aqui e ali. Diante do local em que se processava a matança dos bovinos, percebi um quadro estarrecedor. Grande número de desencarnados, em lastimáveis condições, atiravam-se aos borbotões de sangue vivo, como se procurassem beber o líquido em sede devoradora… (...)
Não visitamos, nós ambos, na esfera da Crosta, os açougues mais diversos? Lembro-me de que em meu antigo lar terrestre havia sempre grande contentamento familiar pela matança dos porcos. A carcaça de carne e gordura significava abundância da cozinha e conforto do estômago. Com o mesmo direito, acercam-se os desencarnados, tão inferiores quanto já o fomos, dos animais mortos, cujo sangue fumegante lhes oferece vigorosos elementos vitais.

Deus aguarda, Meimei/Chico Xavier, Cap.1 'Deus Aguarda'
O irmão da experiência comunitária te reclama simpatia; os necessitados aguardam pelo socorro que se te faça possível; o animal te esmola proteção, a planta te requisita respeito, a fonte espera lhe faças a preservação e a defesa, o ambiente em que vives conta contigo, na execução dos próprios deveres, a fim de que a paz felicite a vida de todos… E se estiveres de pensamento acordado, ante os princípios do Bem Eterno, compreenderás, em todas as situações e em todos os lugares, que Deus necessita de tua colaboração e espera por ti.

- Pedir que as duplas/trios apresentem suas conclusões.

- Falar dessa iniciativa da FEB disponibilizando esses dois PDFs aos espíritas, para que nos conscientizemos da importância de nossa atuação na preservação da Natureza e, principalmente, no respeito aos animais.

O PDF traz: Participe da Campanha 'Em Defesa da Vida. 
Esclareça-se e também diga NÃO à violência contra os animais.

Falar das condições cruéis que vivem, em muitos casos, aves, bovinos e outros animais pro abate pela indústria da carne.

Que somos apoiadores dessas crueldades quando participamos, ainda que indiretamente, dos produtos dessa indústria.


  1. Conclusão

Concluir com a msg de Emmanuel em O Consolador, na perg. 129:

“Temos de considerar, porém, a máquina econômica do interesse e da harmonia 

coletiva, na qual tantos operários fabricam o seu pão cotidiano. 

Suas peças não podem ser destruídas de um dia para o outro, sem perigos 

graves. Consolemo-nos com a visão do porvir, sendo justo trabalharmos, 

dedicadamente, pelo advento dos tempos novos em que os homens terrestres 

poderão dispensar da alimentação os despojos sangrentos de seus irmãos 

inferiores.”


Encerrar pedindo que um dos jovens leia o conto de Neio Lucio: 

O Peru Pregador, para concluir as reflexões da noite.


  1. Exercícios de respiração profunda, prece final e passes coletivos.

Avaliação:

Encontro com 5 jovens. Não fizemos as duplas devido ao número reduzido de jovens. Também não foi possível ler todos os trechos selecionados. Não tinham ideia da trindade da criação. Não deu tempo de ler o conto de Neio Lucio. Uma das jovens era vegetariana por pena dos animais. Outro jovem comentou que nunca tinha pensado nesse assunto.

Anexos

Subsídios teóricos:

A Gênese, Cap. 3 , item 24 ‘Destruição dos seres vivos uns pelos outros’

Nos seres inferiores da criação, naqueles a quem ainda falta o senso moral, em os quais a inteligência ainda não substituiu o instinto, a luta não pode ter por móvel senão a satisfação de uma necessidade material. Ora, uma das mais imperiosas dessas necessidades é a da alimentação. Eles, pois, lutam unicamente para viver, isto é, para fazer ou defender uma presa, visto que nenhum móvel mais elevado os poderia estimular. É nesse primeiro período que a alma se elabora e ensaia para a vida.

No homem, há um período de transição em que ele mal se distingue do bruto. Nas primeiras idades, domina o instinto animal e a luta ainda tem por móvel a satisfação das necessidades materiais. Mais tarde, contrabalançam-se o instinto animal e o sentimento moral; luta então o homem, não mais para se alimentar, porém, para satisfazer à sua ambição, ao seu orgulho, à necessidade, que experimenta, de dominar. Para isso, ainda lhe é preciso destruir. Todavia, à medida que o senso moral prepondera, desenvolve-se a sensibilidade, diminui a necessidade de destruir, acaba mesmo por desaparecer, por se tornar odiosa. O homem ganha horror ao sangue.

Emmanuel, Emmanuel/Chico Xavier, Cap. 17

Os animais têm a sua linguagem, os seus afetos, a sua inteligência rudimentar, com tributos inumeráveis. São eles os irmãos mais próximos do homem, merecendo, por isso, a sua proteção e amparo. (...)

O homem está para o animal, simplesmente como um superior hierárquico. Nos irracionais desenvolvem-se igualmente as faculdades intelectuais. O sentimento de curiosidade é, na maioria deles, altamente avançado e muitas espécies nos demonstram as suas elevadas qualidades, exemplificando o amor conjugal, o sentimento da paternidade, o amparo ao próximo, as faculdades de imitação, o gosto da beleza. Para verificar a existência desses fenômenos, basta que se possua um sentimento acurado de observação e de análise. (...)

Da noite dos grandes princípios, ainda insondável para nós, emergimos para o concerto da vida. A origem constitui, para o nosso relativo entendimento, um profundo mistério, cuja solução ainda não nos foi possível atingir, mas sabemos que todos os seres inferiores e superiores participam do patrimônio da luz universal. (...)

É certo que o Espírito jamais retrograda, constituindo uma infantilidade as teorias da metempsicose dos egípcios, na antiguidade. Mas, se é impossível o regresso da alma humana ao circulo da irracionalidade, recebei como obrigação sagrada o dever de amparar os animais na escala progressiva de suas posições variadas no planeta.

Estendei até eles a vossa concepção de solidariedade e o vosso coração compreenderá, mais profundamente, os grandes segredos da evolução, entendendo os maravilhosos e doces mistérios da vida.


Antologia Mediúnica do Natal (Espíritos Diversos) — Neio Lúcio/Chico Xavier

Cap. 37 'O peru pregador'

Um belo peru, após conviver largo tempo na intimidade duma família que dispunha de vastos conhecimentos evangélicos, aprendeu a transmitir os ensinamentos de Jesus, esperando-lhe também as divinas promessas. Tão versado ficou nas letras sagradas que passou a propagá-las entre as outras aves.

De quando em quando, era visto a falar em sua estranha linguagem “glá-glé-gli-gló-glu”. Não era, naturalmente, compreendido pelos homens. Mas os outros perus, as galinhas, os gansos e os marrecos, bem como os patos, entendiam-no perfeitamente.

Começava o comentário das lições do Evangelho e o terreiro enchia-se logo. Até os pintainhos se aquietavam sob as asas maternas, a fim de ouvi-lo.

O peru, muito confiante, assegurava que Jesus-Cristo era o Salvador do Mundo, que viera alumiar o caminho de todos e que, por base de sua doutrina, colocara o amor das criaturas umas para com as outras, garantindo a fórmula de verdadeira felicidade na Terra. Dizia que todos os seres, para viverem tranquilos e contentes, deveriam perdoar aos inimigos, desculpar os transviados e socorrê-los.

As aves passaram a venerar o Evangelho; todavia, chegado o Natal do Mestre Divino, eis que alguns homens vieram aos lagos, galinheiros, currais e, depois de se referirem excessivamente ao amor que dedicavam a Jesus, laçaram frangos, patinhos e perus, matando-os, ali mesmo, ante o assombro geral.

Houve muitos gritos e lamentações, mas os perseguidores, alegando a festa do Cristo, distribuíram pancadas e golpes à vontade.

Até mesmo a esposa do peru pregador foi também morta.

Quando o silêncio se fez no terreiro, ao cair da noite, havia em toda parte enorme tristeza e irremediável angústia de coração.

As aves aflitas rodearam o doutrinador e crivaram-no de perguntas dolorosas.

Como louvar um Senhor que aceitava tantas manifestações de sangue na festa de seu natalício? Como explicar tanta maldade por parte dos homens que se declaravam cristãos e operavam tanta matança? Não cantavam eles hinos de homenagem ao Cristo? Não se afirmavam discípulos d’Ele? Precisavam, então, de tanta morte e tanta lágrima para reverenciarem o Senhor?

O pastor alado, muito contrafeito, prometeu responder no dia seguinte. Achava-se igualmente cansado e oprimido. Na manhã imediata, ante o Sol rutilante do Natal, esclareceu aos companheiros que a ordem de matar não vinha de Jesus, que preferira a morte no madeiro a ter de justiçar; que deviam todos eles continuar, por isso mesmo, amando o Senhor e servindo-o, acrescentando que lhes cabia perdoar setenta vezes sete. Explicou, por fim, que os homens degoladores estavam anunciados no versículo quinze do capítulo sete, do Apóstolo Mateus, que esclarece: — “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que veem até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores.” Em seguida, o peru recitou o capítulo cinco do mesmo evangelista, comentando as bem-aventuranças prometidas pelo Divino Amigo aos que choram e padecem no mundo.

Verificou-se, então, imenso reconforto na comunidade atormentada e aflita, porque as aves se recordaram de que o próprio Senhor, para alcançar a Ressurreição Gloriosa, aceitara a morte de sacrifício igual à delas.

Alvorada Cristã — Neio Lúcio/Chico Xavier, Cap. 17 'A conta da vida'

Quando Levindo completou vinte e um anos, a mãezinha recebeu-lhe os amigos, festejou a data e solenizou o acontecimento com grande alegria.

No íntimo, no entanto, a bondosa senhora estava triste, preocupada.

O filho, até à maioridade, não tolerava qualquer disciplina. Vivia ociosamente, desperdiçando o tempo e negando-se ao trabalho. Aprendera as primeiras letras a preço de muita dedicação materna, e lutava contra todos os planos de ação digna.

Recusava bons conselhos e inclinava-se, francamente, para o desfiladeiro do vício.

Nessa noite, todavia, a abnegada mãe orou, mais fervorosa, suplicando a Jesus o encaminhasse à elevação moral. Confiou-o ao Céu, com lágrimas, convencida de que o Mestre Divino lhe ampararia a vida jovem.

As orações da devotada criatura foram ouvidas, no Alto, porque Levindo, logo depois de arrebatado pelas asas do sono, sonhou que era procurado por um mensageiro espiritual, a exibir largo documento na mão.

Intrigado, o rapaz perguntou-lhe a que devia a surpresa de semelhante visita.

O emissário fitou nele os grandes olhos e respondeu:

Meu amigo, venho trazer-te a conta dos seres sacrificados, até agora, em teu proveito.

Enquanto o moço arregalava os olhos de assombro, o mensageiro prosseguia:

Até hoje, para sustentar-te a existência, morreram, aproximadamente, 2.000 aves, 10 bovinos, 50 suínos, 20 carneiros e 3.000 peixes diversos. Nada menos de 60.000 vidas do reino vegetal foram consumidas pela tua, relacionando-se as do arroz, do milho, do feijão, do trigo, das várias raízes e legumes. Em média calculada, bebeste 3.000 litros de leite, gastaste 7.000 ovos e comeste 10.000 frutas. Tens explorado fartamente as famílias de seres do ar e das águas, de galinheiros e estábulos, pocilgas e redis. O preço dos teus dias nas hortas e pomares vale por uma devastação. Além disto, não relacionamos aqui os sacrifícios maternos, os recursos e doações de teu pai, os obséquios dos amigos e as atenções dos vários benfeitores que te rodeiam. Em troca, que fizeste de útil? Não restituíste ainda à Natureza a mínima parcela de teu débito imenso. Acreditas, porventura, que o centro do mundo repousa em tuas necessidades individuais e que viverás sem conta nos domínios da Criação? Produze algo de bom, marcando a tua passagem pela Terra. Lembra-te de que a própria erva se encontra em serviço divino. Não permitas que a ociosidade te paralise o coração e desfigure o espírito!…

O moço, espantado, passou a ver o desfile dos animais que havia devorado e, sob forte espanto, acordou…

Amanhecera.

O Sol de ouro como que cantava em toda parte um hino glorioso ao trabalho pacífico.

Levindo escapou da cama, correu até à genitora e exclamou:

Mãezinha, arranje-me serviço! Arranje-me serviço!…

Oh! Meu filho, — disse a senhora num transporte de júbilo, — que alegria! Como estou contente!… Que aconteceu?

E o rapaz, preocupado, informou:

Nesta noite passada, eu vi a conta da vida.

Daí em diante, converteu-se Levindo num homem honrado e útil.

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