Casa Espírita Missionários da Luz - DIJ - Mocidade: > 14 anos 21/04/2023
Tema: Porque sofremos?
Objetivos:
- Estudar o Código Penal da Vida Futura (O Céu e o Inferno, 1a parte, Cap. VII), compreendendo as razões do sofrimento e que cabe a cada um de nós buscar evitar as causas do sofrimento;
- Perceber que quando vemos um sentido na dor, não há sofrimento;
- Compreender como anular as consequências dolorosas das faltas cometidas.
Bibliografia:
- O Livro dos Espíritos, pergs. 167; (Objetivo da Reencarnação), 919 (Conhecimento de Si Mesmo); 4a parte, Cap. I ‘Das Penas e Gozos Terrenos;
- O Ceu e o Inferno, 1a parte, Código Penal da Vida Futura;
- O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V ‘Bem Aventurados os Aflitos’;
- NT, Jo, 16:33, Mt, 5:4;
- Amor, Imbatível Amor, Joanna de Ãngelis/Divaldo Pereira Franco, 2ª Parte, Cap. 10 Afeições e Conflitos.
Material: Fazer uma lista numerada com os jovens presentes. Exemplar do livro O CeI e do livro de ViKtor Frankl ‘A Busca do Sentido’.
Desenvolvimento:
1. Hora das novidades da semana.
2.Exercícios de respiração profunda e prece inicial.
3. Motivação Inicial: Propor o desenvolvimento do tema da noite através de perguntas ao grupo. Ouviremos as respostas e comentaremos ao final de todas as perguntas.
Pedir que um dos jovens diga um dos números da lista dos presentes, e fazer a pergunta a quem for sorteado. Repetir até que as perguntas tenham sido respondidas.
a) Jesus disse:
“No mundo tereis aflições. Mas tende bom ânimo. Eu venci o mundo” (Jo, 16:33)
"Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados." (Mateus, 5:4)
==> Porque será que Jesus reforçou essa questão das aflições, das dores?
b) Todos os que choram são bem-aventurados?
c) Viver então, é sofrer? É necessário o sofrimento?
d) Existe diferença entre dor e sofrimento?
4. Discussão dialogada
- Perguntar se alguém gostaria de expor suas ideias sobre esse assunto: sofrimento.
- Mostrar o livro de Viktor Frankl, muito comentado por expositores espíritas, e também por Joanna de Ângelis em sua série psicológica.
No livro Amor, Imbatível Amor, Joanna trás uma fala de Viktor Frankl:
A logoterapia, proposta por Viktor Frankl, convoca o ser para projetar-se no futuro, nas possibilidades ainda não exploradas, que são um manancial inesgotável de recursos que aguardam oportunidade para manifestar-se.
“— Que meta poderia alguém acalentar em um campo de concentração, de trabalhos forçados e de extermínio sistemático — interroga o logoterapeuta — para superar a depressão e encontrar objetivo para lutar, para viver?”
Ele próprio responde: “— Projetá-lo no futuro. Descobrir se alguma coisa o aguarda, quando sair do campo: um filho, uma esposa, um sentimento de arte, de cultura, algum projeto interrompido!”
E conclui, confortavelmente: “— Quase todos os internados tinham algo que fazer, que terminar, nem que fosse denunciar a crueldade assassina dos seus algozes, a indiferença da cultura e da civilização com o destino que lhes havia sido reservado, por motivo nenhum, como se houvesse algum motivo que tornasse o ser humano bestial e tão perverso.”
==> Nesse sofrimento absurdo de um campo nazista de concentração, ele percebeu que quem tinha um sentido para viver, sobrevivia. E a terapia que ele desenvolveu, a logoterapia, é justamente ajudar o paciente a encontrar o sentido da vida.
Vamos ver um exemplo bem natural, conhecido por todos: a dor do parto!
- o parto é uma das maiores dores, mas será que é um sofrimento?
==> não. Porquê? Porque é alegria pelo nascimento de um filho.
- Então, nem sempre situações de dor representam um sofrimento. No caso do parto, não é sofrimento porque a dor tem um sentido. Sabermos o motivo da dor e o resultado que obteremos.
Vocês sabem qual é o maior capítulo do ESE?
O cap.V: “Bem-aventurados os Aflitos”. Nele, Kardec reuniu diversas mensagens e reflexões sobre as dores, os sofrimentos que existem na Terra.
É assunto que interessa a todos nós, pois ninguém gosta de sofrer!
Então precisamos estudar para compreender as causas das dores, do sofrimento, na nossa existência.
Podemos identificar duas naturezas para as dores aqui na Terra:
1a. Dores ‘normais’, relativas à nossa condição de encarnados em corpos perecíveis. Podemos encará-las como sofrimento, ou compreender que fazem parte do contexto, aceitar e conviver com elas.
Ex.: dor do parto, dor do crescimento, cansaço quando o corpo envelhece, etc.
2ª. Outras aflições e dores, que nem todos tem. Essas, tem duas origens: Nessa existência mesmo, ou originárias de existências anteriores.
Exemplos de aflições dessa existência? Quem pode dar?
Remontando-se à origem dos males terrestres, reconhecer-se-á que muitos são consequência natural do caráter e do proceder dos que os suportam.
Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição!
Quantos se arruínam por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos!
Quantas uniões desgraçadas, porque resultaram de um cálculo de interesse ou de vaidade e nas quais o coração não tomou parte alguma!
Quantas dissensões e funestas disputas se teriam evitado com um pouco de moderação e menos suscetibilidade!
Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e dos excessos de todo gênero!
Quantos pais são infelizes com seus filhos, porque não lhes combateram desde o princípio as más tendências! Por fraqueza, ou indiferença, deixaram que neles se desenvolvessem os gérmens do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que produzem a secura do coração; depois, mais tarde, quando colhem o que semearam, admiram-se e se afligem da falta de deferência com que são tratados e da ingratidão deles.
(ESE, Vap. V item 4 ‘ Causas Atuais das Aflições)
==> quem é o causador? A própria pessoa que está passando pelo sofrimento.
Exemplos de aflições de existências anteriores? Quem pode dar?
Mas, se há males nesta vida cuja causa primária é o homem, outros há também aos quais, pelo menos na aparência, ele é completamente estranho e que parecem atingi-lo como por fatalidade. Tal, por exemplo, a perda de entes queridos e a dos que são o amparo da família. Tais, ainda, os acidentes que nenhuma previsão poderia impedir; os reveses da fortuna, que frustram todas as precauções aconselhadas pela prudência; os flagelos naturais, as enfermidades de nascença, sobretudo as que tiram a tantos infelizes os meios de ganhar a vida pelo trabalho: as deformidades, a idiotia, o cretinismo, etc. (ESE, Vap. V item 6 ‘ Causas Anteriores das Aflições)
==> quem é o causador? A própria pessoa que está passando pelo sofrimento, em ações equivocadas em anteriores existência.
No livro O Céu e o Inferno, no fim da 1ª parte, Kardec relacionou um código penal para a vida futura sob a ótica da DE.
==> Pedir que um dos jovens veia os itens 9 e 10 do código penal da vida futura:
9.º — Toda falta cometida, todo mal realizado, é uma dívida contraída que deve ser paga; se não o for numa existência, sê-lo-á na seguinte ou nas seguintes, porque todas as existências são solidárias umas das outras. Aquele que a quita na existência presente não terá de pagar uma segunda vez.
10.º — O Espírito sofre a pena de suas imperfeições, seja no mundo espiritual, seja no mundo corporal. Todas as misérias, todas as vicissitudes que suportamos na vida corporal são decorrentes de nossas imperfeições, expiações de faltas cometidas, seja na existência presente, seja nas precedentes.
Pela natureza dos sofrimentos e das vicissitudes suportadas na vida corpórea, pode-se julgar da natureza das faltas cometidas numa existência precedente, e das imperfeições que lhe são a causa.
==> pedir que explique com suas palavras, o que leu, e fazer relação com o estudo da semana passada onde falamos da escolha das provas e do esquecimento do passado.
==> o sofrimento, consequência das faltas cometidas, já começa no plano espiritual.
==> Então, está sempre em nossas mãos, evitarmos os males da existência!
3. Vimos até aqui, as causas dos sofrimentos, das aflições, e que quando surgem, precisamos encontrar um sentido para a dor, para que possamos obter resignação, aceitação da dor e seguirmos adiante: projetar no futuro, como diz Viktor Frankl.
Vimos pelo código penal da vida futura, que Kardec nos trouxe no CeI, que toda falta cometida é uma dívida que precisaremos pagar.
==> quando quitamos uma dívida perante a leis de Deus?
Segundo Kardec, no livro O Céu e o Inferno, são três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências: Arrependimento, expiação e reparação
==> o que significa cada fase dessas?
- Arrependimento: sinceramente perceber o erro e desejar não tê-lo cometido;
- Expiação: sofrimentos físicos e morais consequência da falta cometida;
- Reparação: corrigir o erro.
4.Conclusão:
O que fazer quando perceber que cometi um erro? ==> buscar o arrependimento, sem se deixar paralisar pela culpa, assumir a responsabilidade pelas consequências do nosso erro, pedir desculpas, buscar reparar o erro.
5. Exercícios de respiração profunda, prece final e passes coletivos.
Avaliação:
Encontro com 11 jovens (Bruna, Larissa, Duda, Mariana Zanetti, Maria Fernanda e Manu, Maria Luiza, Maria Clara, Pedro, Michel e Falvia) com boa participação e interesse. Não cheguei a falar sobre os textos do CeI. O assunto acabou indo para questões familiares (dificuldades com o pai) e ter ou não filhos (a maioria das meninas não quer ter filhos). Não tinham ouvido falar de Viktor Frankl.
Anexos – Subsídios teóricos
O Céu e o Inferno, 1ª parte, Cap. VII Código Penal da Vida Futura, itens 16 e 17:
16.º — O arrependimento é o primeiro passo para o aperfeiçoamento; mas sozinho não basta; são precisas ainda a expiação e a reparação.
Arrependimento, expiação e reparação são as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências.
O arrependimento suaviza as dores da expiação, dando esperança e preparando as vias da reabilitação; mas somente a reparação pode anular o efeito, destruindo a causa; o perdão seria uma graça e não uma anulação.
17.º — O arrependimento pode ocorrer em todo lugar e a qualquer tempo; se for tardio, o culpado sofre por mais longo tempo.
A expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que são a consequência da falta cometida, seja desde a vida presente, seja, após a morte, na vida espiritual, seja numa nova existência corpórea, até que os traços da falta sejam apagados.
A reparação consiste em fazer bem àquele a quem se fez mal. Quem não repara suas faltas nesta vida, por impotência ou má vontade, encontrar-se-á, numa existência ulterior, em contato com as mesmas pessoas que tiveram queixas dele, e em condições escolhidas por ele mesmo, de maneira a poder provar-lhes sua dedicação, e fazer-lhes tanto bem quanto lhes fez mal.
Nem todas as faltas acarretam um prejuízo direto e efetivo; neste caso, a reparação se realiza: fazendo o que se devia fazer e que não se fez, cumprindo os deveres que foram negligenciados ou ignorados, as missões nas quais se falhou; praticando o bem contrário ao que se fez de mal: isto é, sendo humilde se foi orgulhoso, terno se foi duro, caridoso se foi egoísta, benevolente se foi malevolente, laborioso se foi preguiçoso, útil se foi inútil, temperante se foi dissoluto, um bom exemplo se deu mau exemplo, etc. É assim que o Espírito progride tirando proveito de seu passado.
21º — A responsabilidade das faltas é toda pessoal, ninguém sofre por erros alheios, salvo se a eles deu origem, quer provocando-os pelo exemplo, quer não os impedindo quando poderia fazê-lo. Assim, o suicida é sempre punido; mas aquele que por maldade impele outro a cometê-lo, esse sofre ainda maior pena.
Amor, Imbatível Amor, Joanna de Ãngelis/Divaldo Pereira Franco, 2ª Parte, Cap. 10 Afeições e Conflitos
Qualquer indivíduo merece afeição e deve esforçar-se por desenvolvê-la e experienciá-la.
Trabalhando-se interiormente, reflexionando em torno dos direitos e valores que todos possuem ante a Vida, reformula planos mentais e dá-se conta de que é portador de um tesouro de ternura ainda submersa no ego, que é capaz de expandi-la e digno de a receber também. Quando isso não se lhe faz possível, o auxílio de um psicólogo ou de um psicanalista é valioso, ou mesmo de um grupo social de ajuda, porque, de alguma forma, quase todas as pessoas possuem conflitos semelhantes, que variam apenas na forma de expressar-se.
Muitos fatores perinatais e da infância predominam na área dos conflitos e da desafeição. São registros que não foram digeridos, nem consciente ou inconscientemente, remanescendo como trauma de solidão, de desamor, de rejeição, de decepção dos pais e do instituto familiar ou meio social, ou mesmo heranças genéticas, que agora se manifestam em isolacionismo, em censuras doentias, em autoflagelações dolorosas, quão injustificáveis.
A afeição dá sentido à existência humana, facultando-lhe a luta otimista, o esforço continuado, o interesse permanente, a conquista de novos valores para progredir e enobrecer-se. Não é tanto a condição moral que a estimula, senão o objetivo que se tem a seu respeito, que desenvolve o sentimento moral. Quando isso não ocorre, surgem o fanatismo de qualquer expressão, o mascaramento de natureza moral, em processos psicológicos de transferência, que aparecem como puritanismo, exigência descabida de valores éticos e uma insuportável conduta de aparência que está longe da realidade interior.
Ela tem início em um sentido de carinho que se expande e enlaça os seres sencientes, aumentando até o encontro com a criatura humana, que igualmente necessita de afeto e pode retribuí-lo, em intercâmbio que dignifica e dá significado à existência.
Quando escasseia a afetividade, o que se deriva de conflitos anteriores, pode a criatura esforçar-se por buscar objetivos, senão no presente, pelo menos no futuro.
Fixando alguma coisa ou pessoa que desperte interesse ou alguma forma de simpatia, que se transformará em afeição com o decorrer do tempo, liberando-se da algidez emocional, passa a fixar-se nos acontecimentos do passado e procura deles desvencilhar-se; assinalado, no entanto, pelo trauma que o esmaga, lutará, agora que possui motivação para continuar a viver, com insistente tenacidade, a fim de libertar-se de tudo que lhe é perturbador.
A logoterapia, proposta por Viktor Frankl, convoca o ser para projetar-se no futuro, nas possibilidades ainda não exploradas, que são um manancial inesgotável de recursos que aguardam oportunidade para manifestar-se.
“— Que meta poderia alguém acalentar em um campo de concentração, de trabalhos forçados e de extermínio sistemático — interroga o logoterapeuta — para superar a depressão e encontrar objetivo para lutar, para viver?”
Ele próprio responde: “— Projetá-lo no futuro. Descobrir se alguma coisa o aguarda, quando sair do campo: um filho, uma esposa, um sentimento de arte, de cultura, algum projeto interrompido!”
E conclui, confortavelmente: “— Quase todos os internados tinham algo que fazer, que terminar, nem que fosse denunciar a crueldade assassina dos seus algozes, a indiferença da cultura e da civilização com o destino que lhes havia sido reservado, por motivo nenhum, como se houvesse algum motivo que tornasse o ser humano bestial e tão perverso.”
Aqueles carcereiros impiedosos haviam destruído o próprio sentimento de humanidade e converteram-se em sicários, tornando as demais criaturas que lhes caíam nas mãos, apenas um número que não lhes significava nada e que lhes proporcionava o prazer de os esmagar, de destruir-lhes a alma, o valor, coisificando-as, zerando-as. Não obstante, eram pais e mães gentis, quando retornavam aos lares, bons vizinhos e afáveis cidadãos, com as exceções compreensíveis...
A crueldade mais acerba, todavia, se manifestava, em forma patológica de ausência de afeição nos guardas recrutados entre os próprios prisioneiros, que se faziam verdugos implacáveis, buscando sobreviver, desfrutar de alguns favores e concessões dos seus perseguidores.
Os conflitos mal controlados levam o indivíduo à crueldade, à total insensibilidade, por sentir-se desconfortado em si mesmo, transferindo o rancor da própria situação contra aqueles que acredita felizes e os fazem invejá-los..
Mediante a conquista da afetividade, lenta e seguramente, são superados os conflitos perturbadores, abrindo-se os braços, a princípio à solidariedade, depois ao cumprimento dos deveres de fraternidade, que levam ao amor.
Os sinais evidentes de uma existência e de um ser normais, são os pródromos do desabrochar da afetividade tranquila, que se desenvolve estimulando à luta, ao crescimento interior.
Nenhum comentário:
Postar um comentário