Casa Espírita
Missionários da Luz – Mocidade >
14 anos 22/11/2019
Tema: Bem aventurados os Misericordiosos
Objetivos:
Estudar
o capítulo X de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Bibliografia:
O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. X;
https://www.facebook.com/watch/?v=1459697467426975 – Haroldo Dutra Dias;
https://www.facebook.com/sementesdeluzcg/videos/291096191496632/ - Haroldo conta um
caso de Gandhi.
Material: trechos do NT em
tiras de papel em formato de coração.
Hora da novidade, exercício de respiração
profunda e prece Inicial.
Desenvolvimento:
1.
Motivação
inicial:
Contar,
aos poucos, sobre o caso de traição conjugal do pai de Divaldo (texto do anexo).
Depois
de relatar a conversa do Divaldo, aos 14
anos, com o irmão Davi, perguntar:
-
o que fariam vocês se isso acontecesse com vocês?
Depois
que ele contou pra mãe, e a resposta dela sobre o caso, perguntar?
-
e se fosse vc o cônjuge e tivessem filhos? O que fariam? Se separariam?
Depois
que o pai, já idoso, contou, pedindo perdão à esposa e aos demais membros da
família, perguntar:
-
no caso da família do Divaldo, o fato da mãe não ter ‘ouvido’ foi bom ou ruim?
Concluir
o relato, com a situação dos 3 (pai, mãe, amante) no plano espiritual.
-
o que acham desse fato? Somos todos Espíritos, não é?
- o que podemos identificar nessa
história de virtudes do pai? - Responsabilidade pelo filho e pela mãe desse filho. Não podemos
esquecer, que cada pessoa vive de acordo com o contexto de sua época. Como o
próprio Divaldo narrou, naqueles idos da primeira metade do século passado, o
homem casado ter amantes não era considerado tão repreensível como é hoje. Era
‘escondido’ mas era aceito pela sociedade, de modo geral. Quando soube que o
Divaldo havia contado à mãe sobre o filho Davi, o pai teve a coragem de ir
pedir perdão. Perante toda a família: humildade, arrependimento.
- o que podemos identificar de
virtudes da mãe? – Altruísmo,
respeito, indulgência, misericórdia, tolerância, amor fraternal.
Conclusão: é claro que todos devemos respeito
uns aos outros. Mas também precisamos desenvolver a misericórdia. Afinal, quem
de nós nunca cometeu erros?
Kardec
colocou no cap. X do Evangelho, no item “Perdoai,
Para Que Deus Vos Perdoe”:
Bem-aventurados
os que são misericordiosos, porque obterão misericórdia. (S. MATEUS,
5:7.)
O
que é ser misericordioso?
A misericórdia é o complemento da brandura, porquanto aquele que não for
misericordioso não poderá ser brando e pacífico. Ela consiste no
esquecimento e no perdão das ofensas. O ódio e o rancor denotam alma sem elevação,
nem grandeza. O esquecimento das ofensas é próprio da alma elevada, que paira
acima dos golpes que lhe possam desferir. Uma é sempre ansiosa, de sombria
suscetibilidade e cheia de fel; a outra é calma, toda mansidão e caridade.
(Evang., Cap X item 4)
2.
Desenvolvimento
- Distribuir os
trechos do NT que Kardec separou no capítulo da bem aventurança da
misericórdia, para que os jovens possam tentar entender, fazendo relação com o
caso relatado da família de Divaldo.
- cada jovem recebe
um trecho, lê, diz o que entendeu e tenta relacionar com o fato relatado pelo
Divaldo, ou com qualquer outra questão do cotidiano das pessoas.
- O foco é buscar
perceber a visão da busca da virtude, da reencarnação como oportunidade de
desenvolvermos as virtudes.
Trechos:
Se
perdoardes aos homens as faltas que cometerem contra vós, também vosso Pai
celestial vos perdoará os pecados; – mas, se não perdoardes aos homens quando
vos tenham ofendido, vosso Pai celestial também não vos perdoará os pecados. (S.
MATEUS, 6:14 e 15.) (Evang., Cap X item 2).
Se contra vós pecou vosso irmão, ide
fazer-lhe sentir a falta em particular, a sós com ele; se vos atender, tereis
ganho o vosso irmão. – Então, aproximando-se dele, disse-lhe Pedro: “Senhor, quantas
vezes perdoarei a meu irmão, quando houver pecado contra mim? Até sete vezes?”
– Respondeu-lhe Jesus: “Não vos digo que perdoeis até sete vezes, mas até
setenta vezes sete vezes.” (S. MATEUS,
18:15, 21 e 22.) (Evang., Cap X item 3)
Reconciliai-vos o mais depressa
possível com o vosso adversário, enquanto estais com ele a caminho, para que
ele não vos entregue ao juiz, o juiz não vos entregue ao ministro da justiça e não
sejais metido em prisão. – Digo-vos, em verdade, que daí não saireis, enquanto
não houverdes pago o último ceitil. (S.
MATEUS, 5:25 e 26) (Evang., Cap X item 5)
Se, portanto, quando fordes depor
vossa oferenda no altar, vos lembrardes de que o vosso irmão tem qualquer coisa
contra vós, – deixai a vossa dádiva junto ao altar e ide, antes,
reconciliar-vos com o vosso irmão; depois, então, voltai a oferecê-la. – (S. MATEUS, 5:23 e 24.) (Evang., Cap X item 7)
Como é que vedes um argueiro no olho
do vosso irmão, quando não vedes uma trave no vosso olho? – Ou, como é que
dizeis ao vosso irmão: Deixa-me tirar um argueiro do teu olho, vós que tendes
no vosso uma trave? – Hipócritas, tirai primeiro a trave do vosso olho e
depois, então, vede como podereis tirar o argueiro do olho do vosso irmão. (S.
MATEUS, 7:3 a 5.) (Evang., Cap X item 9)
Não julgueis, a fim de não serdes
julgados; – porquanto sereis julgados conforme houverdes julgado os outros;
empregar-se-á convosco a mesma medida de que vos tenhais servido para com os
outros. (S. MATEUS, 7:1 e 2.) (Evang., Cap X item 11)
3.
Conclusão
Somos Espíritos
imortais, numa experiência transitória na encarnação atual. Todos cometemos
erros; todos precisamos de misericórdia. Nossa tentativa deve ser a de manter o
foco na nossa condição de Espíritos imortais, em todos os momentos!
4.
Exercícios
de respiração profunda, prece e passes.
5.
Avaliação
Aula para 8 jovens com participação e interesse.
Eles tem muita dificuldade de ver com misericórdia, os problemas de traições
nos relacionamentos. Não cheguei a distribuir os trechos do NT entre eles, só
citei.
6.
Anexos
Narrativa de
Divaldo:
“Minha mãe era analfabeta, mas era um Espírito sábio e me dizia:
—Meu filho, note bem. Os dedos da mão nasceram na mesma hora, mas são diferentes.
Não é por acaso que eles são diferentes. São diferentes para poderem pegar,
porque, quando a gente dobra a mão, eles ficam todos iguais. Se fossem iguais,
ficariam irregulares e não se poderia pegar. Todos nós somos diferentes.
Devemos harmonizar-nos em nossas diferenças.
Ela teve 13 partos. 13 filhos e 3 abortos
naturais. Meu pai era um homem da mentalidade antiga. Ele tinha uma parceira
para os períodos em que minha mãe estava de repouso, como se chamava, na época,
o período do fluxo catamênico. Era muito elegante o homem ter uma parceira. Ela
dizia:
—Pois é, meu filho. Seu pai é um homem extraordinário e, às vezes, ele me
diz coisas, mas eu não respondo nada, porque veja bem: a língua e os dentes
estão juntos. De vez em quando os dentes mordem a língua e a língua não se
muda. Ela se retrai e fica ali, direitinho, no lugar dela. Toda vez que ela se
exalta, o dente morde.
Então, é a função da mulher. Mentalidade antiga,
naturalmente, pois cabe ao homem exercer também a função de língua: retrair-se,
de quando em quando.
Nessa
época eu era criança. Passaram-se os anos, e quando completei 14, - estava ao
lado de amigos que juntamente comigo frequentavam a escola normal rural, - veio
um rapaz e me disse:
—Divaldo, você é filho de Francisco Franco?
Eu disse: —Sou.
—Pois é. Eu sou seu irmão.
Eu achei aquilo tão inusitado. Olhei bem para
ele. Ele tinha os olhos como os meus, assim um pouco orientais, era moreno,
aliás bem bonitinho. Eu fiquei com inveja, porque eu não era tão agradável.
Eu disse:
— Você é meu irmão, como?
—Ah! Eu sou filho da mulher que o seu pai usa
quando sua mãe está de repouso.
Eu achei aquilo tão complicado. Até eu
decodificar tudo... - isso há muitos anos. - Então perguntei:
— Ele ainda vai lá?
— Vai. Continua indo.
—Você pede a bênção a ele? (Porque a gente
pedia).
—Sim, claro. Ele é meu pai. Como já ouvi falar
sobre você, queria conhecê-lo. Eu sou seu irmão.
Deu-me o nome:
—Davi. Eu sou seu irmão.
Fiquei contente e decepcionado, ao mesmo tempo.
Eu disse: “Nossa! Mas como é que meu pai faz isso com a minha mãe, que coisa! E
fica com aquela cara...”
Cheguei em casa e na primeira oportunidade disse
à mãe:
—Mãe, eu conheci um irmão que eu tenho.
— Como, um irmão que você tem?
— Um irmão que eu tenho, da rua.
—Como da rua?
—Um rapazinho chamado Davi. Ele me disse...
—Não quero saber!
— Mas ele me disse que é meu irmão!
— Não é verdade, meu filho. Seu pai não tem
outros filhos.
— Tem mãe. Ele tem uma...
— Não quero saber. Ele nunca me disse nada. Eu
não quero saber por você, porque você, ao falar, naturalmente está com raiva do
seu pai. Não está?
—Estou, sim, senhora.
— Então, não tem autoridade para me falar,
porque o que está falando é a raiva. Você não pode ter raiva do seu pai. Eu vou
aguardar seu pai me falar. Enquanto ele não me falar, eu não tomo conhecimento.
Assunto encerrado. Se você quiser continuar irmão do seu amigo, eu não tenho
nada com isso. Você tem muitos amigos e pode tratá-los como irmãos.
Nunca mais abordou o assunto.
Passaram-se os anos e voltei a encontrar com o
meu irmão. Ele adoeceu, mais tarde, e desencarnou. Meu pai ficou muito triste.
Naquele período em que meu pai estava triste, um dia eu me acerquei. Éramos
muito amigos. Eu disse:
—Olha, pai. Não fique triste. Davi está bem
amparado pelos bons Espíritos.
—Que Davi, meu filho?
—Meu irmão, o filho daquela senhora, dona Fulana
de Tal.
— Meu filho! Você sabe dessa fraqueza do seu
pai?
—Não é fraqueza, pai. O senhor teve a honra de
cuidar do seu filho, de cuidar da pessoa que o ajudou.
—Você falou com sua mãe?
—Já, sim, senhor.
—O que Ana disse?
— Ela disse que não era verdade, porque o senhor
nunca tinha contado a ela.
— Meu filho! E agora, o que eu faço?
—Conte, porque agora já não existe mais o
problema. Nós todos estamos avançando na idade. O senhor já está bastante
idoso, minha mãe também. Quando tiver oportunidade, conte.
Para minha surpresa, meu pai pegou na minha mão
e falou:
—Você me ajuda a contar?
— Ajudo, sim, senhor.
Naquela noite, ele pediu:
—Di, faça aí um estudo de Nosso Senhor Jesus
Cristo – era o estudo do Evangelho no Lar1 – porque hoje eu quero
conversar muito com a minha família.
Estavam alguns dos irmãos, nora, sobrinhos, seus
netos.
Nós nos sentamos à mesa. Eu abri o Evangelho e
saiu a linda página da caridade, a mensagem da Irmã Rosália, quando ela fala da
caridade moral2.
Quando eu terminei de ler, fiz o comentário que
abria a porta para facilitar-lhe. Disse que todos temos problemas; que todos
nós temos o lado escuro da personalidade, que um dia queremos relatar. Falei
que é também uma caridade moral saber ouvir o problema do outro, desculpar.
Preparei bem o ambiente e ele contou, em
lágrimas, que era um homem impetuoso e teve a melhor mulher do mundo. Ali
estava ela, idosa, mas, graças aos padrões da época, ele tinha uma parceira,
por vários anos. Tornou-se pai, etc... Então ele olhou para minha mãe e
perguntou:
—Ana, você me perdoa?
Para nossa surpresa, ela inquiriu:
—Perdoar o quê?
—A infidelidade. Eu traí você.
—Não, Chico. Você não me traiu, de maneira
nenhuma. Você nunca me desrespeitou. Nunca me falou sobre ela ou sobre outra
qualquer. Se você havia de ter uma vida irregular, como é muito comum, eu
agradeço muito a ela, como minha irmã, por receber você quando eu não podia
atender.
Para mim, foi uma lição de profundidade imensa.
Ele desencarnou primeiro. Era mais idoso do que ela.
Eu fiquei sempre curioso sobre como ele estaria,
no Além, com a senhora que também o amava.
Um dia me apareceram os três. Eu não conhecia a
senhora. Quando minha mãe chegou, ela disse assim:
—Meu filho. Esta é a irmã que me ajudou a manter
seu pai em equilíbrio. Eu estou pedindo a Deus que, na próxima encarnação,
quando nós viermos juntos, ela venha também como minha filha, para que meu
marido continue beijando-a, agora como filha, e ela prossiga beijando-o na
condição de uma filha reconhecida.
Que maravilha. Como o amor resolve questões que
nós complicamos, por causa do orgulho, do egoísmo ou de preconceitos falsos que
o materialismo nos inculcou, pelas falsas concepções de honra.
A caridade moral, como disse Irmã Rosália, é
fundamental. Não adianta darmos coisas, sem darmos o nosso sentimento.
Que nós, espíritas, ajamos da melhor forma
possível, mas que evitemos dilacerações no outro. Que evitemos ulcerações
morais no outro. Que as nossas decisões sejam tomadas serenamente, em diálogos
e se por acaso a separação tiver de ser litigiosa, que não fiquem ódios,
porque, se ficarem ódios, voltaremos a estar juntos.
1.Trata-se do estudo do Evangelho de Jesus em
reunião familiar. O Culto do Evangelho no Lar, realizado no ambiente doméstico,
é precioso empreendimento que traz diversos benefícios às pessoas que o
praticam.
2.Mensagem da Irmã Rosália de O Evangelho Segundo
o Espiritismo – Cap. XIII.
Fonte: Conversando com Divaldo Pereira Franco – II, Federação Espírita
do Paraná, Cap. XVI.
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