quarta-feira, 9 de maio de 2018

Dupla vida: vigília e sono


Casa Espírita Missionários da Luz – Pré e Mocidade                > 12 anos         04/05/2018

Tema:  Dupla vida: vigília e sono

Objetivos:
Estudar o fenômeno da emancipação da alma, na esfera dos sonhos;
Levar o jovem a refletir sobre onde anda a sua mente.

Bibliografia:  
Livro dos Espíritos – Cap. VIII - questões 400 à 418; 425 à 438; 455;
Livro dos Médiuns, na 2ª Parte, Cap. I, item 53;
Revista Espírita 1866, Junho – ‘Um sonho instrutivo’;
ESE, 28, itens 38 e 39 (À hora de dormir e prece);
Momento Espírita: Sonhos (05/01/2009);  Nossos Sonhos (10/11/2009).

Material: LE, caixa de bombom como premio à equipe vencedora do Quis.

Hora da novidade, exercício de respiração profunda  e prece Inicial.

Desenvolvimento:

1.    Na semana passada estudamos uma das características do perispírito. Quem lembra qual foi?
èplasticidade – possibilidade de mudar de forma.

Hoje veremos outra característica: Expansibilidade – capacidade de se expandir.
Alguém lembra que característica é essa?
èO Espírito não fica preso, encarcerado no corpo. Consegue se emancipar do corpo.

Quem sabe descrever como isso ocorre?
      - quando o corpo está em repouso, o Espírito se separa do corpo e vai cuidar de seus interesses.

Como podemos confirmar se esta afirmativa do Espiritismo acontece de fato?
èpelos sonhos!   (LE - perg. 402)

Vejamos o que Kardec escreveu no Livro dos Médiuns, na 2ª Parte, Cap. I, item 53, como uma nota de rodapé:

“Quem se quiser reportar a tudo o que dissemos em O Livro dos Espíritos sobre os sonhos e o estado do Espírito durante o sono (nrs 400 a 418), conceberá que esses sonhos que quase toda gente tem, em que nos vemos transportados através do espaço e como que voando, são mera recordação do que o nosso Espírito experimentou, quando, durante o sono, deixara momentaneamente o corpo material, levando consigo apenas o corpo fluídico, o que ele conservará depois da morte. Esses sonhos, pois, nos podem dar uma ideia do estado do Espírito, quando se houver desembaraçado dos entraves que o retêm preso ao solo.”
èo que Kardec quis dizer na última frase? Que quando desencarnados vivenciaremos estado semelhante ao que ficamos durante o sono! É como se treinássemos a vida de desencarnado todas as noites!

2.    Motivação Inicial: nosso tema de hoje é Emancipação da Alma – Sonhos.
è vamos ver um relato de Kardec na RE de 1866, onde ele relatou um sonho que teve.
      (contar o sonho – no anexo). Nesse caso:
“é incontestavelmente uma manifestação, não de Espíritos desencarnados, mas de Espíritos encarnados. Sabeis que durante o sono podeis encontrar-vos com pessoas conhecidas ou desconhecidas, mortas ou vivas. Foi este último caso que ocorreu nessa circunstância. Os que vistes são encarnados que se ocupam separadamente, e na maioria sem se conhecerem, com invenções tendentes a aperfeiçoar os meios de locomoção, anulando, tanto quanto possível, o excesso de despesa causado pelo gasto de materiais hoje em uso. Uns pensaram na borracha, outros em outros materiais, mas o que há de particular é que quiseram chamar a vossa atenção, como assunto de estudo psicológico, sobre a reunião, num mesmo lugar, dos Espíritos de diversos homens perseguindo o mesmo objetivo.”

3.    Pelo que vimos nesse sonho de Kardec, o que vocês acham que fazemos enquanto nosso corpo está no repouso noturno?
èvão buscar seus interesses, buscar ajuda, estudo, trabalho, prazeres sensoriais, etc.
(LE - Perg. 416)

4.    Vamos fazer um Quiz para vermos o que vocês sabem desse assunto!
Separar a turma em 2 grupos. Uma pergunta por vez a cada grupo; um por vez responde no grupo. Todos devem responder na sua vez. A equipe vencedora ganhará uma caixa de doce.

O que são sonhos ‘Fisiológicos’?
Refletem o que sentimos no corpo físico. Se estivermos com frio, sonhamos que estamos em meio à neve, por exemplo.
Psicológicos?
São resultados de nossos pensamentos, interesses e preocupações. Se tivermos um problema a resolver é comum sonhar com a situação.
Espirituais?
São as lembranças (às vezes simbólicas ou não muito exatas) do que vimos, sentimos ou fizemos, em espírito, enquanto dormíamos. Esses sonhos são mais nítidos e, geralmente, coloridos.
Premonitórios?
Podem acontecer, mas são raros. O mais comum é sonhar com algo que nos preocupa, como por exemplo, um parente vai viajar e ficamos preocupados e sonhamos com um acidente. Pode ser também um aviso da espiritualidade para que a pessoa tome mais cuidado ao dirigir porque a estrada está esburacada.
Avisos de nosso inconsciente?
São sempre simbólicos, e estão relacionados com nosso contexto atual, ou seja, o simbolismo do sonho é um recado de nosso inconsciente sobre nossa situação atual.
Pode a atividade do Espírito, durante o repouso, ou o sono corporal, fatigar o corpo?  (perg.412 – LE)
A atividade do Espírito reage sobre o corpo
e pode fatigá-lo.
Podem duas pessoas que se conhecem visitar-se durante o sono? (perg. 414)
Que utilidade podem elas ter, se as olvidamos? (perg. 415)
É tão habitual o fato de irdes encontrar-vos, durante o sono, com amigos e parentes, com os que conheceis e que vos podem ser úteis, que quase todas as noites fazeis essas visitas.” (perg. 414)
Guardais a intuição desse fato, do qual se originam certas ideias que vos vêm espontaneamente, sem que possais explicar como vos acudiram. (perg. 415)
Pode o homem, pela sua vontade, provocar as visitas espíritas? (perg. 416)
Não constitui razão, para que semelhante coisa se verifique, o simples fato de ele o querer quando desperto.
Podem os Espíritos comunicar-se, estando completamente despertos os corpos? (Perg. 420)
“O Espírito não se acha encerrado no corpo como numa caixa; irradia por todos os lados. Segue-se que pode comunicar-se com outros Espíritos, mesmo em estado de vigília, se bem que mais dificilmente.”
Perg. 407. É necessário o sono completo para a emancipação do Espírito?
“Não; basta que os sentidos entrem em torpor para que o Espírito recobre a sua liberdade.”
Como fazer para santificar as nossas horas de sono?
Eleve, pois, aquele que se ache compenetrado desta verdade, o seu pensamento a Deus, quando sinta aproximar-se o sono, e peça o conselho dos bons Espíritos e de todos cuja memória lhe seja cara, a fim de que venham juntar-se-lhe, nos curtos instantes de liberdade que lhe são concedidos, e, ao despertar, sentir-se-á mais forte contra o mal, mais corajoso diante da adversidade.” (Evang.Seg. Espiritismo, cap. 28, item 38)
Perg. 425.O sonambulismo natural tem alguma relação com os sonhos? Como explicá-lo?
“É um estado de independência do Espírito, mais completo do que no sonho, estado em que maior amplitude adquirem suas faculdades. A alma tem então percepções de que não dispõe no sonho, que é um estado de sonambulismo imperfeito.”
“Quando se produzem os fatos do sonambulismo, é que o Espírito, preocupado com uma coisa ou outra, se aplica a uma ação qualquer, para cuja prática necessita de utilizar-se do corpo. Serve-se então deste, como se serve de uma mesa ou de outro objeto material no fenômeno das manifestações físicas, ou mesmo como se utiliza da mão do médium nas comunicações escritas.”       
Perg. 430 Por que é que o sonâmbulo não vê tudo e tantas vezes se engana?
“Primeiramente, aos Espíritos imperfeitos não é dado verem tudo e tudo saberem.”
Perg. 431. Qual a origem das idéias inatas do sonâmbulo e como pode falar com exatidão de coisas que ignora quando desperto, de coisas que estão mesmo acima de sua
capacidade intelectual?
“É que o sonâmbulo possui mais conhecimentos do
que os que lhe supões. Apenas, tais conhecimentos dormitam, porque, por demasiado imperfeito, seu invólucro corporal não lhe consente rememorá-lo.



5.    Fixação do conteúdo
ð  Vamos refletir por alguns minutos, sobre a qualidade de nosso sono: Dormimos bem? Ficamos descansados? Acordamos com boa sensação?
ð  É importante observar como acordamos, lembrar de nossos sonhos, para que possamos santificar essas horas tão importantes para nós: é a parte espiritual de nossa encarnação! Devemos utilizá-las com sabedoria!

6.    Conclusão
Devemos pedir, em oração, para que durante o sono possamos nos encontrar com o nosso espírito protetor e dele receber conselhos, força e coragem nas dificuldades da vida, para saber qual a melhor atitude a tomar diante de determinada situação. Com o tempo, o exercício e o nosso merecimento, podemos receber as respostas através de intuição durante o dia. Também podemos encontrar alguém de quem não gostamos para fazer as pazes e nos harmonizarmos, preparando o perdão e o desfazimento da mágoa e do ódio que vão ocorrer quando estivermos acordados. Pode-se, também, encontrar pessoas, aprender, assistir aulas, trabalhar e fazer o bem no Mundo Espiritual.

7.    Prece final
8.    Avaliação:  Aula para 16 jovens com muita energia e participação.

Anexos:

Revista Espírita 1866 » Junho » Um sonho instrutivo


Durante a última doença que tivemos durante o mês de abril de 1866, estávamos sob o império de uma sonolência e uma absorção quase contínuas; nesses momentos sonhávamos constantemente com coisas insignificantes, às quais não prestávamos a menor atenção. Mas na noite de 24 de abril, a visão ofereceu um caráter tão particular que ficamos vivamente chocado.

Num lugar que nenhuma lembrança trazia à nossa memória e que se parecia com uma rua, havia uma reunião de indivíduos que conversavam em grupo; entre eles, só alguns nos eram conhecidos em sonho, mas que não podíamos designar pelo nome. Observávamos essa multidão e procurávamos captar o assunto da conversa, quando de repente apareceu no canto de uma parede uma inscrição em letras pequenas, brilhantes como fogo, e que nos esforçávamos por decifrar. Ela estava assim concebida: Descobrimos que a borracha enrolada sob a roda faz uma légua em dez minutos, desde que a estrada...” Enquanto pro­curávamos o fim da frase, a inscrição apagou-se pouco a pouco e nós acordamos. Com receio de esquecer essas palavras singulares, apressamo-nos em transcrevê-las.

Qual podia ser o sentido dessa visão, que nada absolutamente em nossos pensamentos e preocupações podia ter provocado? Não nos ocupando de invenções nem de pesquisas industriais, isto não podia ser um reflexo de nossas ideias. Depois, que podia significar essa borracha que, enrolada sob uma roda, faz uma légua em dez minutos? Era a revelação de alguma nova propriedade dessa substância? Seria ela chamada a representar um papel na locomoção? Quereriam pôr-nos na via de uma descoberta? Mas então, por que dirigir-se a nós em vez de a homens especiais, com oportunidade de fazer os estudos e as experiências necessárias? Contudo, esse sonho era muito característico, muito especial, para ser posto entre os sonhos de fantasia; devia ter um objetivo. Qual? Foi o que tentamos descobrir inutilmente.

Durante o dia, tendo tido ocasião de consultar o Dr. Demeure sobre a nossa saúde, aproveitamos para lhe pedir que nos dissesse se esse sonho apresentava algo de sério. Eis o que ele respondeu:

“Os numerosos sonhos que vos assediarem nestes últimos dias são o resultado do próprio sofrimento que experimentais. Todas as vezes que há enfraquecimento do corpo, há tendência para o desprendimento do Espírito; mas quando o corpo sofre, o desprendimento não se opera de maneira regular e normal; o Espírito é incessantemente chamado ao seu posto; daí uma espécie de luta, de conflito entre as necessidades materiais e as tendências espirituais; daí, também, interrupções e misturas que confundem as imagens e as transformam em conjuntos bizarros e desprovidos de sentido. Mais do que se pensa, o caráter dos sonhos se liga à natureza da doença. É um estudo a fazer, e os médicos aí encontrarão muitas vezes diagnósticos preciosos, quando reconhecerem a ação independente do Espírito e o papel importante que ele representa na economia. Se o estado do corpo reage sobre o Espírito, por seu lado o estado do Espírito influi poderosamente sobre a saúde e, em certos casos, é tão útil agir sobre o Espírito quanto sobre o corpo. Ora, a natureza dos sonhos pode, muitas vezes, ser indício do estado do Espírito. Repito que é um estudo a fazer, até hoje negligenciado pela Ciência, que não vê em toda parte senão a ação da matéria e não leva em conta o elemento espiritual

“O sonho que me assinalais, do qual guardastes uma lembrança tão clara, parece-me pertencer a outra categoria. Ele contém um fato notável e digno de atenção. Certamente foi motivado, mas presentemente eu não vos poderia dar uma explicação satisfatória; só poderia dar-vos a minha opinião pessoal, da qual não tenho muita certeza. Tomarei minhas informações em boa fonte, e amanhã vos informarei o que tiver apreendido.”

No dia seguinte deu-nos esta explicação:

“O que vistes no sonho que estou encarregado de explicar-vos não é uma dessas imagens fantásticas provocadas pela doença; é incontestavelmente uma manifestação, não de Espíritos desencarnados, mas de Espíritos encarnados. Sabeis que durante o sono podeis encontrar-vos com pessoas conhecidas ou desconhecidas, mortas ou vivas. Foi este último caso que ocorreu nessa circunstância. Os que vistes são encarnados que se ocupam separadamente, e na maioria sem se conhecerem, com invenções tendentes a aperfeiçoar os meios de locomoção, anulando, tanto quanto possível, o excesso de despesa causado pelo gasto de materiais hoje em uso. Uns pensaram na borracha, outros em outros materiais, mas o que há de particular é que quiseram chamar a vossa atenção, como assunto de estudo psicológico, sobre a reunião, num mesmo lugar, dos Espíritos de diversos homens perseguindo o mesmo objetivo. A descoberta não tem relação com o Espiritismo; é apenas o conciliábulo dos inventores que vos quiseram fazer ver, e a inscrição não tinha outro objetivo senão especificar, aos vossos olhos o objeto principal de sua preocupação, pois há alguns que procuram outras aplicações para a borracha. Ficai persuadido que isso ocorre muitas vezes, e que quando vários homens descobrem ao mesmo tempo uma nova lei ou um novo corpo, em diversos pontos do globo, seus Espíritos estudaram a questão em conjunto, durante o sono, e, ao despertar, cada um trabalhou por seu lado, colocando em prática o fruto de suas observações.

“Notai bem que aí estão ideias de encarnados, e que nada prejulgam quanto ao mérito da descoberta. Pode ser que de todos esses cérebros em ebulição saia algo de útil, como é possível que apenas saiam quimeras. Não vos preciso dizer que seria inútil interrogar os Espíritos a respeito, pois sua missão, como dissestes em vossas obras, não é poupar ao homem o trabalho das pesquisas, trazendo-lhe invenções acabadas que seriam outras tantas causas para o encorajamento da preguiça e da ignorância. Nesse grande torneio da inteligência humana, cada um aí está por conta própria, e a vitória será do mais hábil, do mais perseverante, do mais corajoso.

“Pergunta. ─ Que pensar das descobertas atribuídas ao acaso? Não há descobertas que não são fruto de nenhuma pesquisa?

Resposta. ─ Bem sabeis que não existe acaso; as coisas que vos parecem as mais fortuitas têm sua razão de ser, pois há que se contar com as inumeráveis inteligências ocultas que presidem a todas as partes do conjunto. Se é chegado o momento de uma descoberta, os elementos são postos à luz por essas mesmas inteligências. Vinte homens, cem homens passarão ao lado sem notá-la; um apenas nela fixará a atenção. O fato insignificante para a multidão é para ele um facho de luz. Encontrá-lo não era tudo; o essencial era saber pô-lo em ação. Não foi o acaso que o pôs sob os olhos, mas os bons Espíritos que lhe disseram: “Olha, observa e aproveita, se quiseres”. Depois, ele próprio, nos momentos de liberdade de seu Espírito, durante o sono do corpo, pode ser posto no caminho e, ao despertar, instintivamente, ele se dirige para o lugar onde deve encontrar a coisa que está chamado a fazer frutificar por sua inteligência.”

“Não. Não há acaso. Tudo é inteligente na Natureza.”

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