terça-feira, 2 de junho de 2015

Reencarnação e Justiça Divina

Casa Espírita Missionários da Luz – Pré-Mocidade                     11 à 14 anos    22/05/2015

Tema:  Reencarnação e Justiça Divina

Objetivos:
Perceber a reencarnação como solicitude e justiça de Deus;
Analisar a necessidade da reencarnação para o progresso do Espírito.

Bibliografia:  
O Livro dos Espíritos", Pergunta 171 ‘Justiça da Reencarnação”, Cap. V
Evangelho, Cap. VIII, itens 11 à 17
O Céu e o Inferno – 1ª.parte, Caps. I, itens 10 à 14, III item 18, VI, item 18 à 21;
Hermínio C.Miranda – Nossos Filhos São Espíritos, Cap, 19

Material:

Hora da novidade e Prece Inicial (todos que desejarem, fazem a prece, um por vez).

Desenvolvimento:

1.    Motivação Inicial – Relatar o caso real citado por Hermínio, “Filhos Deficientes” em Nossos Filhos são Espíritos, sem explicar as razões da deficiência do bebê, escrevendo os personagens no quadro:
Pai
Mãe
Avô
Filho deficiente

èComo podemos entender situações como essa frente à justiça e bondade de Deus?
- deixar que respondam, avaliando as informações que já trazem do tema.
Concluir a motivação que somente a reencarnação explica a situação, justamente pelo amor e justiça de Deus.

2.    Desenvolver o tema pedindo que um dos jovens leia o Livro dos Espíritos, na Perg. 171. Em que se funda o dogma da reencarnação?
“Na justiça de Deus e na revelação, pois incessantemente repetimos: o bom pai deixa sempre aberta a seus filhos uma porta para o arrependimento.  (O Livro dos Espíritos).

èPor que os Espíritos responderam a Kardec que a reencarnação está baseada na justiça de Deus? Deixar que se expressem.

O que a humanidade tinha como possibilidades após a morte, antes da chegada da doutrina espírita?
                        Céu                 Inferno                        Purgatório

Deixar que falem sobre as características das pessoas que iam para cada uma dessas possibilidades.
                        è Que problemas podemos perceber nessas possibilidades?

èConcluir com eles que não havia segunda chance para quem errava na vida; que o Céu e o Inferno separaram os afetos: uma mãe poderia ficar afastada para sempre de seu filho, por exemplo.
A realidade da reencarnação possibilita que os que erraram possam recomeçar a experiência na carne e depois de bem sucedidos, reencontrar aqueles que amam.
É a Justiça de Nosso Pai, que nos fornece tantas reencarnações quantas necessitamos para acertarmos os erros e aprendermos a ser bons.

3.    Fixação do conteúdo: dividir a turma em 2 grupos e dar a seguinte tarefa: para esse caso relatado do menino que nasceu com deficiência cerebral, sugerir que possíveis causas anteriores à atual encarnação, poderiam ter levado a essa situação atual?

èNa apresentação dos grupos, corrigir possíveis problemas doutrinários que eles possam trazer em suas sugestões.
Apresentar então, o restante da história relatada por Hermínio, citando inclusive a comunicação mediúnica do Espírito após sua desencarnação ( da criança deficiente) e a entrevista com os mentores quando ainda encarnado no corpo do bebê deficiente. Completar o quadro:

Filho deficiente
Noivo abandonado que se suicidou
Pai
Rapaz com quem a ex-noiva se casou
Mãe
Ex-noiva
Avô
Pai do rapaz que se suicidou



4.    Prece final

Avaliação:  Aula Para 14 jovens, dada pela Geani, pois eu estava na reunião de pais. Ela gostou da aula.

Anexos:

Hermínio C.Miranda – Nossos Filhos São Espíritos, Cap, 19


O menino nascera em família de confortável status social e econômico, de um jovem e belo casal culto e inteligente. Era até um bonito menino, de boa aparência física, mas sem o necessário controle sobre o corpo.
Disseram-me pessoas da família, que me procuraram para conversar sobre o assunto, que a criança tivera o cérebro danificado ao nascer, por causa de um sufocamento que tardou mais do que deveria, ao ser clinicamente socorrida. Recuperadas a respiração e a vida, o cérebro apresentava problemas irreversíveis. Além do mais, a tomografia revelara exígua massa cerebral, suficiente para que o poderoso computador vivo pudesse funcionar com um mínimo de condição, mas não com uma parte decisiva de seu potencial. Um detalhe era particularmente dramático: o avô, competente médico, embora não responsável pelo parto, nada pudera fazer, a tempo, para salvar o neto, com o que se sentia profundamente deprimido.
É esta uma situação que suscita muitas perguntas angustiantes: por quê? Por que meu filho? Ou meu neto? Por que não foi possível fazer alguma coisa a tempo? Como poderia ter sido prevenido ou evitado o funesto acidente? De quem a culpa? Perguntas até respondíveis, algumas, mas em que poderiam contribuir tais respostas para uma desejada modificação na situação?
Consultados a respeito — dado que a família se mostrou desejosa de uma orientação que, pelo menos, os levasse a melhor entendimento das coisas —, nossos amigos espirituais concordaram em trazer-nos alguns esclarecimentos e palavras de consolo e orientação. Segundo eles, pai, mãe e filho constituíram, em passada existência, componentes de um triângulo amoroso. A jovem e um dos rapazes estavam já com o casamento acertado quando ela se apaixonou pelo outro, atual pai da criança deficiente. No precipitado impulso, em momento de desatino, o jovem preterido atirou-se por um despenhadeiro abaixo, danificando de maneira grave precisamente seu cérebro físico. O atual avô, que era então seu pai, tudo fez para salvá-lo, mas não o conseguiu, ficando marcado por profunda mágoa, pois muito amava o filho e nele depositava grandes esperanças. Quanto à moça, uniu-se, afinal, ao jovem de sua escolha.
Na inexorável simetria e precisão das leis divinas, o trio acabou marcando novo encontro para esta existência. Programaram os dois novamente casar-se e receberem o que outrora fora rival do rapaz e noivo rejeitado da moça. A lei concedia, dessa maneira, aos pais, a oportunidade de restituir a vida física àquele que a perdera por causa da rivalidade amorosa. O noivo abandonado, por sua vez, cometera o grave erro de suicidar-se, danificando irreparavelmente o mais importante dos centro vitais — o cérebro físico, com as inevitáveis e conseqüentes repercussões no sistema perispiritual.
Ao que tudo indica, mesmo que não houvesse ocorrido nenhum incidente no parto, a criança teria sérias lesões ou deficiências cerebrais, o que a condenava a uma existência senão totalmente vegetativa, pelo menos obstruída por severas limitações físicas e intelectuais. De qualquer maneira, era inevitável que ele constituísse pesado encargo para os pais, além do sofrimento regenerador que a si mesmo impunha, como prisioneiro de um corpo deficiente, por ter, impulsivamente, rejeitado a oportunidade que lhe fora concedida, da vez anterior, em corpo normal e saudável. Podemos ir até um passo mais atrás, onde, certamente, teríamos observado que, em outra existência, ainda mais remota, alguma falha de comportamento pusera-o na condição de ser rejeitado pela noiva em favor de um rival. Nada disso ocorre por mero acaso. Não somos encaminhados para a existência na carne programados para o suicídio, o assassínio, o crime em geral. Viemos para progredir, para testar nossas resistências e conquistas, precisamente em situações estressantes, que nossos equívocos anteriores criaram para nós. Em outras palavras, não era preciso matar-se porque perdeu a noiva. Poderia ter reformulado sua vida, pois é certo que aquele incidente específico da rejeição por parte dela não era uma certeza e, sim, uma possibilidade, um teste a mais, se ocorresse, como ocorreu.
Dessa maneira, em vez de resgatarem, os três, alguns equívocos perfeitamente sanáveis, complicaram-se ainda mais, no envolvimento com as leis.
Este caso apresenta uma peculiaridade inesperada. É que os amigos espirituais que nos trouxeram a mensagem orientadora mantiveram com o espírito da criança uma entrevista, dado que, obviamente, fora do corpo deficiente, que lhe impunha severas limitações, ele era perfeitamente lúcido. Reconhecia seu grau de envolvimento no problema e lamentava todo aquele cortejo de aflições, mas estava disposto a levar a bom termo sua parte da provação. Pedia que se acostumassem a tratá-lo com naturalidade, sem se afligirem mais do que o razoável com suas deficiências. Queria, tanto quanto possível, participar da vida que se movimentava à sua volta. Preso ao corpo, sentia-se pressionado pelo desalento da solidão, uma vez que se isolava, ao mesmo tempo, dos encarnados e dos desencarnados. Que falassem com ele, sempre que possível. Ainda que sem poder expressar-se, ele era capaz de entender o que lhe fosse dito. (...)
Decorrido algum tempo após a morte do menino, nossos amigos espirituais me perguntaram se seria do meu interesse conversar com ele. Como iria eu recusar tal oportunidade? Certa noite, após concluídos os trabalhos regulares, o espírito que eu conhecera encarnado no bebê deficiente assumiu discretamente os mecanismos de comunicação da médium. Sua primeira palavra foi de reconhecimento e gratidão por tudo quanto tentáramos — sem muito êxito, admito — junto dos seus. E muito difícil convencer a pessoas espiritualmente despreparadas para tais situações de que está tudo certo nas imutáveis leis da vida e que a palavra de ordem aqui é aceitação. Quanto a ele, estava em paz, tão lúcido quanto possível àquele que ainda não se desembaraçara de todo o envolvimento com as substâncias mais densas que constituem nosso instrumento de viver e, naturalmente, com os problemas da vida que mal terminara. Sua visão retrospectiva podia, agora, penetrar mais fundo e buscar mais distante, no tempo, as motivações que compunham seu quadro de experiências. Lamentava o suicídio desastroso, que compreendia como gesto de rebeldia, de tão trágicas conseqüências. Acrescentava que teria tido certos atenuantes (demorou-se um tanto na escolha da palavra, que reconhecia inadequada) se, pelo menos, não tivesse sido vitimado por uma pesada dosagem de ódio, especialmente pela jovem que, a seu ver, o traíra, preterindo-o ao outro. Além do mais, podia ver, agora, a lamentável inutilidade de seu gesto desesperado, ao saber que outra mulher lhe estava destinada. E que a esta ele amava de fato, não com os impulsos da paixão, como à outra, mas com as ternuras do amor. A rejeição teria sido apenas desagradável incidente, pelo qual ele teria mesmo de passar, por causa de compromissos anteriores. Nunca, porém, a lei programa suicídios e tragédias.
Seja como for, ficaram as lições de todos esses episódios dramáticos. Estava ele informado de que, na próxima existência, não estará mais sujeito à deficiência física que, desta vez, deixou-o literalmente prisioneiro de um corpo, através do qual não lhe fora possível expressar-se. Resgatara, pois, o grave compromisso do suicídio, sempre encarado pela lei maior como um gesto de rebeldia e inconformismo, O mais importante para ele, contudo, era o fato de haver se libertado do rancor que nutria por aqueles que, de certa forma, contribuíram para seu aflitivo gesto, embora reconhecendo que a responsabilidade pelo suicídio fora inteiramente sua. Deu, sobre isso, inequívoco testemunho:
Se lhe for possível — pediu ele —, diga àqueles que foram meus pais que eu os amo.
Confirmando suposição minha, esclareceu que sua deficiência física nada tinha a ver com a imperícia médica no momento do parto. Seu cérebro seria inadequado, ainda que tudo houvesse corrido normalmente.
Já imaginou você — perguntou-me ele — como foi difícil repor o cérebro danificado pelo suicídio, com um mínimo de condições para funcionar? O dano causado ao corpo fisico pode até ser considerado irrelevante, porque ele fica na terra e se desintegra. Graves mesmo são as repercussões no sistema perispiritual.
Outro aspecto me ficou também bastante claro. É compreensível que os pais de uma criança deficiente se sintam como que inadequados e até responsáveis ou culpados pela geração de seu corpo, como se todo o processo fosse resultante de um fracasso pessoal do casal. Foi, aliás, o que pude detectar, no contato pessoal que tive com a família. Como se perguntassem a si mesmos: como foi possível a pais tão belos e fisicamente perfeitos como nós gerar uma criança em tais condições? Daí, talvez, a tendência a atribuir a causa ao incidente clínico. Na realidade o sentimento de culpa subjacente não tinha aí suas raízes, mas no drama da rejeição suscitado pelo noivado desfeito, em passado remoto, que ainda repercutia na memória inconsciente das pessoas envolvidas. Podia-se, ainda, perceber que ele ficara magoado com a moça, não tanto com o jovem que o substituiu no coração dela. (Teria sido impressão minha, ou seria mesmo fato que eu percebera no jovem pai uma ternura espontânea pelo bebê deficiente?)
Uma palavra a mais: a médium, através da qual ele falou comigo, viu-o e o descreveu como um belo jovem, de tranqüila aparência. Era óbvio que se sentia feliz e disposto a recomeçar a vida no ponto em que ela fora transformada. Disse-me ele que cogitara, há pouco, de renascer para nova experiência na Terra precisamente como filho daquela que fora (e é) seu verdadeiro amor e com a qual estava destinado a casar-se na outra existência. Mas isso a lei vedava, pois ela possui seus dispositivos complacentes, mas severos.
Em suma, a convivência com os amores ficou adiada até que tudo isso se ajuste, como Cristo ensinou.
Ao despedir-se, emocionado, como eu próprio estava, reiterou seus agradecimentos por tudo o que se tentara fazer junto dos seus. Parecia convicto de que tais esforços não foram muito bem-sucedidos. Há sementes que custam mais a germinar do que outras, mas todas produzirão alguma forma de vida renovada sempre que conseguirem romper as barreiras existentes entre o que Aristóteles chamou de potência e ato. Em muitos de nós, o amor é ainda potência; em outros, já germinou e transformou-se em ato.




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