Casa Espírita
Missionários da Luz – Pré-Mocidade 11
à 14 anos 22/05/2015
Tema: Reencarnação e Justiça Divina
Objetivos:
Perceber
a reencarnação como solicitude e justiça de Deus;
Analisar
a necessidade da reencarnação para o progresso do Espírito.
Bibliografia:
O Livro dos Espíritos", Pergunta 171
‘Justiça da Reencarnação”, Cap. V
Evangelho, Cap. VIII,
itens 11 à 17
O Céu e o Inferno –
1ª.parte, Caps. I, itens 10 à 14, III item 18, VI, item 18 à 21;
Hermínio C.Miranda – Nossos Filhos São Espíritos, Cap, 19
Material:
Hora da novidade e Prece Inicial (todos que
desejarem, fazem a prece, um por vez).
Desenvolvimento:
1.
Motivação
Inicial – Relatar o caso real citado por Hermínio, “Filhos Deficientes” em
Nossos Filhos são Espíritos, sem explicar as razões da deficiência do bebê, escrevendo
os personagens no quadro:
Pai
|
Mãe
|
Avô
|
Filho deficiente
|
èComo podemos entender
situações como essa frente à justiça e bondade de Deus?
- deixar que respondam, avaliando as
informações que já trazem do tema.
Concluir a motivação que somente a
reencarnação explica a situação, justamente pelo amor e justiça de Deus.
2.
Desenvolver o tema pedindo que um dos jovens leia o Livro
dos Espíritos, na Perg. 171. Em que se funda o dogma da reencarnação?
“Na justiça
de Deus e na revelação, pois incessantemente repetimos: o bom pai deixa sempre
aberta a seus filhos uma porta para o arrependimento. (O Livro dos Espíritos).
èPor
que os Espíritos responderam a Kardec que a reencarnação está baseada na
justiça de Deus? Deixar que se expressem.
O que a humanidade
tinha como possibilidades após a morte, antes da chegada da doutrina espírita?
Céu Inferno Purgatório
Deixar que falem
sobre as características das pessoas que iam para cada uma dessas
possibilidades.
è
Que problemas podemos perceber nessas possibilidades?
èConcluir
com eles que não havia segunda chance para quem errava na vida; que o Céu e o
Inferno separaram os afetos: uma mãe poderia ficar afastada para sempre de seu
filho, por exemplo.
A realidade da
reencarnação possibilita que os que erraram possam recomeçar a experiência na
carne e depois de bem sucedidos, reencontrar aqueles que amam.
É a Justiça de Nosso
Pai, que nos fornece tantas reencarnações quantas necessitamos para acertarmos
os erros e aprendermos a ser bons.
3.
Fixação
do conteúdo: dividir a turma em 2 grupos e dar a seguinte tarefa: para esse
caso relatado do menino que nasceu com deficiência cerebral, sugerir que
possíveis causas anteriores à atual encarnação, poderiam ter levado a essa
situação atual?
èNa
apresentação dos grupos, corrigir possíveis problemas doutrinários que eles
possam trazer em suas sugestões.
Apresentar então, o
restante da história relatada por Hermínio, citando inclusive a comunicação
mediúnica do Espírito após sua desencarnação ( da criança deficiente) e a
entrevista com os mentores quando ainda encarnado no corpo do bebê deficiente.
Completar o quadro:
Filho deficiente
|
Noivo abandonado que se suicidou
|
Pai
|
Rapaz com quem a ex-noiva se casou
|
Mãe
|
Ex-noiva
|
Avô
|
Pai do rapaz que se suicidou
|
4.
Prece
final
Avaliação: Aula Para 14 jovens, dada pela Geani, pois eu
estava na reunião de pais. Ela gostou da aula.
Anexos:
Hermínio C.Miranda –
Nossos Filhos São Espíritos, Cap, 19
O menino
nascera em família de confortável status social e econômico, de um jovem e belo
casal culto e inteligente. Era até um bonito menino, de boa aparência física,
mas sem o necessário controle sobre o corpo.
Disseram-me
pessoas da família, que me procuraram para conversar sobre o assunto, que a
criança tivera o cérebro danificado ao nascer, por causa de um sufocamento que
tardou mais do que deveria, ao ser clinicamente socorrida. Recuperadas a
respiração e a vida, o cérebro apresentava problemas irreversíveis. Além do mais, a tomografia revelara exígua
massa cerebral, suficiente para que o poderoso computador vivo pudesse
funcionar com um mínimo de condição, mas não com uma parte decisiva de seu
potencial. Um detalhe era particularmente dramático: o avô, competente médico,
embora não responsável pelo parto, nada pudera fazer, a tempo, para salvar o
neto, com o que se sentia profundamente deprimido.
É esta
uma situação que suscita muitas perguntas angustiantes: por quê? Por que meu
filho? Ou meu neto? Por que não foi possível fazer alguma coisa a tempo? Como
poderia ter sido prevenido ou evitado o funesto acidente? De quem a culpa?
Perguntas até respondíveis, algumas, mas em que poderiam contribuir tais
respostas para uma desejada modificação na situação?
Consultados
a respeito — dado que a família se mostrou desejosa de uma orientação que, pelo
menos, os levasse a melhor entendimento das coisas —, nossos amigos espirituais
concordaram em trazer-nos alguns esclarecimentos e palavras de consolo e
orientação. Segundo eles, pai, mãe e filho constituíram, em passada existência,
componentes de um triângulo amoroso. A jovem e um dos rapazes estavam já com o
casamento acertado quando ela se apaixonou pelo outro, atual pai da criança
deficiente. No precipitado impulso, em momento de desatino, o jovem preterido atirou-se
por um despenhadeiro abaixo, danificando de maneira grave precisamente seu
cérebro físico. O atual avô, que era então seu pai, tudo fez para salvá-lo, mas
não o conseguiu, ficando marcado por profunda mágoa, pois muito amava o filho e
nele depositava grandes esperanças. Quanto à moça, uniu-se, afinal, ao jovem de
sua escolha.
Na
inexorável simetria e precisão das leis divinas, o trio acabou marcando novo
encontro para esta existência. Programaram os dois novamente casar-se e
receberem o que outrora fora rival do rapaz e noivo rejeitado da moça. A lei
concedia, dessa maneira, aos pais, a oportunidade de restituir a vida física
àquele que a perdera por causa da rivalidade amorosa. O noivo abandonado, por
sua vez, cometera o grave erro de suicidar-se, danificando irreparavelmente o
mais importante dos centro vitais — o cérebro físico, com as inevitáveis e
conseqüentes repercussões no sistema perispiritual.
Ao que
tudo indica, mesmo que não houvesse ocorrido nenhum incidente no parto, a
criança teria sérias lesões ou deficiências cerebrais, o que a condenava a uma
existência senão totalmente vegetativa, pelo menos obstruída por severas
limitações físicas e intelectuais. De qualquer maneira, era inevitável que ele
constituísse pesado encargo para os pais, além do sofrimento regenerador que a
si mesmo impunha, como
prisioneiro de um
corpo deficiente, por ter, impulsivamente, rejeitado a oportunidade que lhe
fora concedida, da vez anterior, em corpo normal e saudável. Podemos ir até um
passo mais atrás, onde, certamente, teríamos observado que, em outra
existência, ainda mais remota, alguma falha de comportamento pusera-o na
condição de ser rejeitado pela noiva em favor de um rival. Nada disso ocorre
por mero acaso. Não somos encaminhados para a existência na carne programados
para o suicídio, o assassínio, o crime em geral. Viemos para progredir, para
testar nossas resistências e conquistas, precisamente em situações
estressantes, que nossos equívocos anteriores criaram para nós. Em outras
palavras, não era preciso matar-se porque perdeu a noiva. Poderia ter
reformulado sua vida, pois é certo que aquele incidente específico da rejeição
por parte dela não era uma certeza e, sim, uma possibilidade, um teste a mais,
se ocorresse, como ocorreu.
Dessa
maneira, em vez de resgatarem, os três, alguns equívocos perfeitamente
sanáveis, complicaram-se ainda mais, no envolvimento com as leis.
Este
caso apresenta uma peculiaridade inesperada. É que os amigos espirituais que
nos trouxeram a mensagem orientadora mantiveram
com o espírito da criança uma entrevista, dado que, obviamente, fora do
corpo deficiente, que lhe impunha severas limitações, ele era perfeitamente
lúcido. Reconhecia seu grau de envolvimento no problema e lamentava todo aquele
cortejo de aflições, mas estava disposto a levar a bom termo sua parte da
provação. Pedia que se acostumassem a tratá-lo com naturalidade, sem se
afligirem mais do que o razoável com suas deficiências. Queria, tanto quanto
possível, participar da vida que se movimentava à sua volta. Preso ao corpo,
sentia-se pressionado pelo desalento da solidão, uma vez que se isolava, ao
mesmo tempo, dos encarnados e dos desencarnados. Que falassem com ele, sempre
que possível. Ainda que sem poder expressar-se, ele era capaz de entender o que
lhe fosse dito. (...)
Decorrido
algum tempo após a morte do menino, nossos amigos espirituais me perguntaram se
seria do meu interesse conversar com ele. Como iria eu recusar tal
oportunidade? Certa noite, após concluídos os trabalhos regulares, o espírito
que eu conhecera encarnado no bebê deficiente assumiu discretamente os
mecanismos de comunicação da médium. Sua primeira palavra foi de reconhecimento
e gratidão por tudo quanto tentáramos — sem muito êxito, admito — junto dos
seus. E muito difícil convencer a pessoas espiritualmente despreparadas para
tais situações de que está tudo certo nas imutáveis leis da vida e que a
palavra de ordem aqui é aceitação. Quanto a ele, estava em paz, tão lúcido
quanto possível àquele que ainda não se desembaraçara de todo o envolvimento
com as substâncias mais densas que constituem nosso instrumento de viver e,
naturalmente, com os problemas da vida que mal terminara. Sua visão
retrospectiva podia, agora, penetrar mais fundo e buscar mais distante, no
tempo, as motivações que compunham seu quadro de experiências. Lamentava o
suicídio desastroso, que compreendia como gesto de rebeldia, de tão trágicas
conseqüências. Acrescentava que teria tido certos atenuantes (demorou-se um
tanto na escolha da palavra, que reconhecia inadequada) se, pelo menos, não
tivesse sido vitimado por uma pesada dosagem de ódio, especialmente pela jovem
que, a seu ver, o traíra, preterindo-o ao outro. Além do mais, podia ver,
agora, a lamentável inutilidade de seu gesto desesperado, ao saber que outra
mulher lhe estava destinada. E que a esta ele amava de fato, não com os
impulsos da paixão, como à outra, mas com as ternuras do amor. A rejeição teria
sido apenas desagradável incidente, pelo qual ele teria mesmo de passar, por
causa de compromissos anteriores. Nunca, porém, a lei programa suicídios e
tragédias.
Seja
como for, ficaram as lições de todos esses episódios dramáticos. Estava ele
informado de que, na próxima existência, não estará mais sujeito à deficiência
física que, desta vez, deixou-o literalmente prisioneiro de um corpo, através
do qual não lhe fora possível expressar-se. Resgatara, pois, o grave
compromisso do suicídio, sempre encarado pela lei maior como um gesto de
rebeldia e inconformismo, O mais importante para ele, contudo, era o fato de haver
se libertado do rancor que nutria por aqueles que, de certa forma, contribuíram
para seu aflitivo gesto, embora reconhecendo que a responsabilidade pelo suicídio
fora inteiramente sua. Deu, sobre isso, inequívoco testemunho:
— Se lhe
for possível — pediu ele —, diga àqueles que foram meus pais que eu os amo.
Confirmando
suposição minha, esclareceu que sua deficiência física nada tinha a ver com a
imperícia médica no momento do parto. Seu cérebro seria inadequado, ainda que
tudo houvesse corrido normalmente.
— Já
imaginou você — perguntou-me ele — como foi difícil repor o cérebro danificado
pelo suicídio, com um mínimo de condições para funcionar? O dano causado ao
corpo fisico pode até ser considerado irrelevante, porque ele fica na terra e
se desintegra. Graves mesmo são as repercussões no sistema perispiritual.
Outro
aspecto me ficou também bastante claro. É compreensível que os pais de uma
criança deficiente se sintam como que inadequados e até responsáveis ou
culpados pela geração de seu corpo, como se todo o processo fosse resultante de
um fracasso pessoal do casal. Foi, aliás, o que pude detectar, no contato
pessoal que tive com a família. Como se perguntassem a si mesmos: como foi
possível a pais tão belos e fisicamente perfeitos como nós gerar uma criança em
tais condições? Daí, talvez, a tendência a atribuir a causa ao incidente
clínico. Na realidade o sentimento de culpa subjacente não tinha aí suas
raízes, mas no drama da rejeição suscitado pelo noivado desfeito, em passado
remoto, que ainda repercutia na memória inconsciente das pessoas envolvidas.
Podia-se, ainda, perceber que ele ficara magoado com a moça, não tanto com o
jovem que o substituiu no coração dela. (Teria sido impressão minha, ou seria
mesmo fato que eu percebera no jovem pai uma ternura espontânea pelo bebê
deficiente?)
Uma
palavra a mais: a médium, através da qual ele falou comigo, viu-o e o descreveu
como um belo jovem, de tranqüila aparência. Era óbvio que se sentia feliz e
disposto a recomeçar a vida no ponto em que ela fora transformada. Disse-me ele
que cogitara, há pouco, de renascer para nova experiência na Terra precisamente
como filho daquela que fora (e é) seu verdadeiro amor e com a qual estava
destinado a casar-se na outra existência. Mas isso a lei vedava, pois ela possui
seus dispositivos complacentes, mas severos.
Em suma,
a convivência com os amores ficou adiada até que tudo isso se ajuste, como
Cristo ensinou.
Ao
despedir-se, emocionado, como eu próprio estava, reiterou seus agradecimentos
por tudo o que se tentara fazer junto dos seus. Parecia convicto de que tais
esforços não foram muito bem-sucedidos. Há sementes que custam mais a germinar
do que outras, mas todas produzirão alguma forma de vida renovada sempre que
conseguirem romper as barreiras existentes entre o que Aristóteles chamou de
potência e ato. Em muitos de nós, o amor é ainda potência; em outros, já
germinou e transformou-se em ato.
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