quarta-feira, 23 de julho de 2025

Sexualidade e Compromissos afetivos

 Casa Espírita Missionários da Luz 04/07/2025

Departamento de Infância e Juventude – Juventude - > 14 anos

Tema: Sexualidade e Compromissos afetivos

Objetivos:

  • Identificar a função sexual como natural e instrumento de progresso, com emprego digno, e o devido respeito aos outros e a si mesmo;

  • Refletir sobre a responsabilidade decorrente do uso da função sexual.

Bibliografia:

- O Livro dos Espíritos, Introdução ao estudo da Doutrina Espírita, item VI; Pergs 100 à 106 (Escala Espírita); Pergs 261 (Escolha das Provas); pergs 694 à 696, 701 (Lei de Reprodução); perg 775 (Laços de Família);

- O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap XXII, item Não Separeis o que Deus Juntou, itens 2 e 3;

- Após a Tempestade, Joanna de Ângelis/Divaldo Franco, Cap.10, Anticonceptivos e Planejamento Familiar;

- Adolescência e Vida, Joanna De Ângelis/Divaldo Pereira Franco, Cap. 8 = O Adolescente e o Namoro.

Desafios da Educação, Camilo/Raul Teixeira, Cap. 55.

Material: Um exemplar de o LE e do ESE; textos para reflexão dos grupos.

Hora da novidade, exercício de respiração profunda e prece Inicial.

==> Iniciar com a leitura do Livro Céu Azul, finalizando o capítulo 14.

Desenvolvimento:

1. Motivação inicial: Ler pausadamente o texto de Kardec na Introdução do LE, item VI:

Ensinam-nos que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade são paixões que nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria; que o homem que, já neste mundo, se desliga da matéria, desprezando as futilidades mundanas e amando o próximo, se avizinha da natureza espiritual; que cada um deve tornar-se útil, de acordo com as faculdades e os meios que Deus lhe pôs nas mãos para experimentá-lo.”

- pedir a um dos jovens para comentar o que entendeu desse trecho.

==> Reforçar que os Espíritos colocam a sensualidade junto com o egoísmo e orgulho, como paixões que nos ligam à natureza material e por isso, nos prendem à matéria.

==> Por que será? O que é sensualidade? ==> deixar que respondam.

Dicionário: sensualidade - substantivo feminino

1. qualidade ou caráter de sensual;

2. inclinação pelos prazeres dos sentidos; voluptuosidade.

- prazeres dos sentidos: prazeres que tem a ver com o corpo: comer, beber, fazer sexo.

==> vocês acham que a nossa sociedade tem essa inclinação pelos prazeres dos sentidos?

2. Desenvolvimento

Explicação Rápida sobre a Escala Espírita

No livro dos Espíritos, Kardec apresentou uma escala espírita, esclarecendo no item 100, que “A classificação dos Espíritos se baseia no grau de adiantamento deles, nas qualidades que já adquiriram e nas imperfeições de que ainda terão de despojar-se. Essa classificação, aliás, nada tem de absoluta.”

Ele apresentou 3 ordens: Espíritos Imperfeitos, Espíritos Bons e Espíritos Puros.

- em qual dessas ordens a população da Terra se encontra, em sua maioria? ==> Espíritos Imperfeitos.

==> Como Kardec fala na Introdução do LE, que a sensualidade é uma das paixões que nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria, precisamos prestar atenção nesse assunto, ver como lidamos com essa questão, em nós.

A ideia é refletirmos sobre a sexualidade e os compromissos afetivos: ==> como estamos lidando com essa questão em nossa vida?

- Para iniciar, vamos ver umas perguntas do LE e alguns outros textos do assunto. Fazer 3 grupinhos, cada grupo com uma dessas perguntas, para em 10 min, discutir sobre a pergunta, entender a resposta e depois apresentar aos demais grupos, ok?

Grupo 1:

O Livro dos Espíritos, 3ª Parte - Das leis morais, Lei de reprodução, item Obstáculos à reprodução:

Perg. 694. Que se deve pensar dos usos cujo efeito consiste em obstar à reprodução, para satisfação da sensualidade?

Isso prova a predominância do corpo sobre a alma e quanto o homem está apegado à matéria.”

Após a Tempestade, Joanna de Ângelis/Divaldo Franco, Cap.10, Anticonceptivos e Planejamento Familiar

O homem pode e deve programar a família que deseja e lhe convém ter: número de filhos, período propício para a maternidade, nunca, porém, se eximirá aos imperiosos resgates a que faz jus, tendo em vista o seu próprio passado.

Melhor usar o anticonceptivo do que abortar...

Os filhos, porém, não são realizações fortuitas, decorrentes de circunstâncias secundárias, na vida. Procedem de compromissos aceitos antes da reencarnação pelos futuros progenitores, de modo a edificarem a família de que necessitam para a própria evolução. (...)

A chamada necessidade do “amor livre” vem impondo o uso desordenado dos anovulatórios, de certo modo favorecendo a libertinagem humana, a degenerescência dos costumes, a desorganização moral, e, consequentemente, social dos homens, que se tornam vulneráveis à delinquência, à violência e às múltiplas frustrações que ora infelicitam verdadeiras multidões que transitam inermes e hebetadas, arrojando-se aos abusos alucinógenos, à loucura, ao suicídio...

Grupo 2:

O Livro dos Espíritos , 3ª Parte, Das leis morais, Lei de Reprodução, item Poligamia

Perg. 701. Qual das duas, a poligamia ou a monogamia, é mais conforme à lei da Natureza?

A poligamia é lei humana cuja abolição marca um progresso social. O casamento, segundo as vistas de Deus, tem que se fundar na afeição dos seres que se unem. Na poligamia não há afeição real: há apenas sensualidade.”

Se a poligamia fosse conforme à lei da Natureza, deveria ter possibilidade de tornar-se universal, o que seria materialmente impossível, dada a igualdade numérica dos sexos.

Deve ser considerada como um uso ou legislação especial apropriada a certos costumes, e que o aperfeiçoamento social faz desaparecer pouco a pouco.

Grupo 3:

O Livro dos Espíritos , 3ª Parte, Das leis morais, Lei de Reprodução, item Casamento s Celibato

Perg. 695. Será contrário à lei da Natureza o casamento, isto é, a união permanente de dois seres?

É um progresso na marcha da Humanidade.”

Perg. 696. Que efeito teria sobre a sociedade humana a abolição do casamento?

Seria uma regressão à vida dos animais.”

O estado de natureza é o da união livre e fortuita dos sexos.

O casamento constitui um dos primeiros atos de progresso nas sociedades humanas, porque estabelece a solidariedade fraterna e se observa entre todos os povos, se bem que em condições diversas.

A abolição do casamento seria, pois, regredir à infância da Humanidade e colocaria o homem abaixo mesmo de certos animais que lhe dão o exemplo de uniões constantes.

O Livro dos Espíritos, 3ª Parte - Das leis morais, Lei de Sociedade, item Laços de Família

Perg. 775. Qual seria, para a sociedade, o resultado do relaxamento dos laços de família?

Uma recrudescência do egoísmo.”

- Apresentação dos Grupos:

Grupo 1: Comentários sobre a Perg. 694, dos obstáculos à reprodução:

- são os Espíritos Superiores que deram essa resposta à Kardec.

==> A pergunta de Kardec se refere ao planejamento familiar? Não! Fala do uso de preservativos e métodos contraceptivos para poder dar vazão aos impulsos da sensualidade.

- no texto de Joanna, ela fala do planejamento familiar do casal: então pressupomos que se referem a uma dupla que tem um compromisso familiar; não é o caso que ela cita da chamada “necessidade do “amor livre””, que é o grande problema atual do uso da função sexual. Sexo sem compromisso!

Grupo 2: Poligamia

- essa pergunta trata da questão da poligamia. Os Espíritos são claros: “ Na poligamia não há afeição real: há apenas sensualidade.”

- e nos diversos relacionamentos fortuitos que vemos, não é uma espécie de “poligamia”?

- sabemos que o namoro é uma necessidade psicológica, para amadurecimento do ser, para o conhecimento mútuo. Normal ter mais de um namorado/a. É o processo do amadurecimento.

- e quando o namoro já derrapa no relacionamento sexual? Se acontecer de desfazer o namoro? O próximo já não será com o relacionamento sexual?

- já tem o “ficar” com mais de uma pessoa numa mesma saída de noite, não é? Isso não é “poligamia”?

- e as interferências espirituais?

Joanna em Adolescência e Vida nos traz (Cap. 8 = O Adolescente e o Namoro):

O namoro é uma necessidade psicológica, parte importante do desenvolvimento da personalidade e da aprendizagem afetiva dos jovens, porquanto, na amizade pura e simples são identificados valores e descobertos interesses mais profundos, que irão cimentar a segurança psicológica quando no enfrentamento das responsabilidades futuras.

Trata-se de um período de aproximação pessoal, de intercâmbio emocional através de diálogos ricos de idealismos, de promessas — que nem sempre se cumprem, mas que fazem parte do jogo afetivo — e sonhos, quando a beleza juvenil se inspira e produz.(...)

Quando o namoro derrapa em relacionamento do sexo, por curiosidade e precipitação, sem a necessária maturidade psicológica nem a conveniente preparação emocional, produz frustração, assinalando o ato com futuras coarctações, que passam a criar conflitos e produzir fugas, gerando no mundo mental dos parceiros receios injustificáveis ou ressentimentos prejudiciais.”

==> coarctações = restrições

==> Joanna fala da necessidade da maturidade psicológica, da preparação emocional. Então, não deveria ser uma questão precipitada, de qualquer jeito, por curiosidade.

==> Em outro texto desse mesmo livro, ela fala da necessidade de orientação e apoio dos pais… Então, não deve ser uma coisa escondida, no susto, né?

Não raro, esses choques levam a práticas indevidas e preferências mórbidas, que se transformam em patologias inquietantes na área do comportamento sexual.

É natural que assim suceda, porque o sexo é departamento divino da organização física, a serviço da vida e da renovação emocional da criatura, não podendo ser usado indiscriminadamente por capricho ou por mecanismos de afirmação da polaridade biológica de cada qual.”

==> e aqui? O que Joanna nos traz? Que os choques, conflitos gerados pelo sexo precipitado, não raro - ou seja, acontece bastante, né? - podem gerar problemas posteriores na área do uso da sexualidade.

==> ela nos diz que é normal esses problemas psicológicos na área do sexo, pois o sexo é uma função natural como as demais, só que, é mais delicado por estar relacionado com a vida, com a procriação, com a “ renovação emocional da criatura”.

O indivíduo tem necessidade de exercer a função sexual, como a tem de alimentar-se para viver. Não obstante essa função, porque reprodutora, traz antecedentes profundos fixados nos painéis do Espírito, arquivados no inconsciente, que não interpretados corretamente se encarregam de levá-lo a transtornos psicóticos significativos.”

==> é o que Joanna fala aqui. Todos nós trazemos em nós, no nosso inconsciente, experiências anteriores nessa área. E é na adolescência que os painéis da mente se abrem, trazendo as emoções, traumas, sucessos das encarnações anteriores. O Espírito André Luiz também fala bastante disso no livro Missionários da Luz, quando estuda a glândula pineal.

O período do namoro, portanto, é preparatório, a fim de predispor os adolescentes ao conhecimento das suas funções orgânicas, que podem ser bem direcionadas e administradas sem vilania, mantendo o alto padrão de consciência em relação ao seu uso.”

==> que conclusão podemos tirar desse fechamento que Joanna faz nesse parágrafo?

Grupo 3: Casamento

- aqui os Espíritos falam também que o casamento “É um progresso na marcha da Humanidade”. São as mesmas reflexões nos textos do grupo 1.

- atualmente, outra questão que temos visto, é muitos jovens adultos, profissionais ou com renda pelo trabalho, que mantém relacionamentos fortuitos, e permanecem na casa dos pais, sem se resolverem por constituir uma família! O/A namorado/a passa um fim de semana na casa de um; outro na casa do outro. E a família? E os compromissos espirituais assumidos antes da reencarnação?

- como Kardec fala: “O estado de natureza é o da união livre e fortuita dos sexos.”. O que Joanna chamou de “amor livre”, um modismo dos tempos atuais. É uma regressão moral, pois é um retorno ao estado de natureza. Seria um “regredir à infância da Humanidade”!

- e vemos na resposta à perg 775, da importância dos laços de família, para o nosso aprimoramento moral. Somos Espíritos imortais vestindo um corpo de carne! Temos compromissos espirituais, como Joanna falou também ao analisar a questão dos filhos.

3. Conclusão

- Precisamos estar atentos. Somos Espíritos imortais numa experiência reencarnatória. É preciso respeitar a si próprio e aos outros. Não se deixar levar pela pressão de amigos, da sociedade de modo geral, da mídia. Buscar estar em paz com nossa consciência.

4. Exercícios de respiração profunda, prece final.

5. Avaliação:

Tema em 3 encontros:

04/07/25 – Com 8 jovens. A hora da novidade e a leitura do cap. 14 do livro Céu Azul, foi até às 20:35h, e não concluímos o cap. 14.

Então, só ficamos até a parte da escala espírita. As reflexões em grupos ficou para semana seguinte e decidiram tentar de novo ler o livro em casa, pra não perderem o tempo do estudo nas sextas.

Na discussão sobre o conceito de “sensualidade”, alguns falaram “luxúria”, e outros associaram com outros prazeres dos sentidos como a gula, por exemplo.

11/07/25 – Com 8 jovens com participação e interesse. Fizemos as discussões em 3 grupos. Os dois primeiros grupos chegaram a apresentar, mas não concluímos os comentários sobre o texto do grupo 2. Será necessário continuar na semana que vem.

Nós últimos 5 minutos falamos do cap.14 do livro Céu Azul.

18/07/25 - Com 8 jovens com participação e interesse. Fizemos uma recapitulação rápida do conteúdo do grupo 1 e passamos às reflexões dos 2 outros grupos.

Falei também do livro do Camilo/Raul Teixeira, Diretrizes da Educação, na perg. 55, onde aborda a questão de filhos que levam seus namorados para dormirem em casa. Abordamos a questão da força dos símbolos (namoro, noivado, casamento) em nosso mundo psíquico/mental. Um jovem trouxe o depoimento de sua emoção ao pedir a “ficante” em namoro, como exemplo dessa movimentação psíquica.

Não deu tempo de vermos o cap. 15 do livro Céu Azul.

6. Anexos -

O Livro dos Espíritos > Parte segunda - Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos > Capítulo VI - Da vida espírita > Escolha de provas.

Perg. 261. Nas provações por que lhe cumpre passar para atingir a perfeição, tem o Espírito que sofrer tentações de todas as naturezas? Tem que se achar em todas as circunstâncias que possam excitar-lhe o orgulho, a inveja, a avareza, a sensualidade, etc.?

Certo que não, pois bem sabeis haver Espíritos que desde o começo tomam um caminho que os exime de muitas provas. Aquele, porém, que se deixa arrastar para o mau caminho, corre todos os perigos que o inçam. Pode um Espírito, por exemplo, pedir a riqueza e ser-lhe esta concedida. Então, conforme o seu caráter, poderá tornar-se avaro ou pródigo, egoísta ou generoso, ou ainda lançar-se a todos os gozos da sensualidade. Daí não se segue, entretanto, que haja de forçosamente passar por todas estas tendências.”

O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap XXII, item Não Separeis o que Deus Juntou

"No casamento, o que é de ordem divina é a união dos sexos, para que se opere a substituição dos seres que morrem; (…) (item 2)

Mas, na união dos sexos, a par da lei divina material, comum a todos os seres vivos, há outra lei divina, imutável como todas as leis de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor. Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se lhes transmitisse aos filhos e que fossem dois, e não um somente, a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progredir. (...)

Nem a lei civil, porém, nem os compromissos que ela faz se contraiam podem suprir a lei do amor, se esta não preside à união, (...).Daí as uniões infelizes, que acabam tornando-

se criminosas, dupla desgraça que se evitaria ao estabelecerem-se as condições do matrimônio, se não abstraísse da única que o sanciona aos olhos de Deus: a lei de amor. (Item 3)

Subsídios ao Evangelizador

Exemplo de Divaldo, em Sexo e Consciência, item (O Jovem e a Sexualidade)

Um dos meus mais de seiscentos filhos adotivos perguntou-me um dia:

Tio, eu estou com uma namorada. E ela me desafiou perguntando: “Afinal, você é ou não é homem?”. E eu estou em um dilema. O que eu devo fazer?

Eu respondi-lhe:

A decisão é sua. Eu não receito moral para ninguém. Os princípios de ética estão à disposição de qualquer pessoa no mundo. Cada um vai utilizá-los na medida do seu entendimento e de suas forças. Allan Kardec escreveu em várias oportunidades que nós deveremos agir sempre baseados no limite de nossas forças. Eu estou vendo que vocês dois não têm afeto profundo um pelo outro. A proposta da sua namorada e o seu desejo de aceitá-la são dirigidos pela vontade de atender ao apelo dos hormônios, em vez de atender aos apelos do coração. Mas como eu disse, cada um tem seus limites. Entre enlouquecer e ceder a um comportamento que não é o ideal, melhor assegurar minimamente o seu equilíbrio psicológico. E se surgir alguma consequência você terá que aceitar e corrigir, caso não seja uma consequência agradável. Não é o que lhe sugiro, mas se você tomar essa decisão eu compreenderei.

Ele me olhou demonstrando estar surpreso com a colocação. Mas insistiu no questionamento:

Não sei tio. Eu estou confuso... O senhor não pode me dizer mais nada?

Então eu esclareci:

Já que você me pede uma sugestão eu vou dar-lhe. Você tem aqui na Mansão do Caminho uma irmã que eu também educo. Você gostaria que o namorado dela fizesse a mesma coisa?

Aprovaria se ele realizasse a iniciação sexual de sua irmã de dezesseis anos? E se ela engravidasse? E se optasse por fazer o aborto sem contar nada a ninguém? E se, por acaso, a sua irmã, por causa dessa iniciação sexual sem afeto, se tornasse uma jovem de encontros fáceis, passando de mão em mão pelos garotos do bairro? Você acharia isso bom?

De jeito nenhum!

Então não o faça com a outra moça, mesmo que a proposta tenha partido dela em um desafio a você. Eu até acrescento que a sua namorada já foi iniciada sexualmente, e transformou-se em uma adolescente vulgar, o que é uma pena.

E o que faço nesse caso?

Pegue ali aquela ferramenta e vá cuidar daquele pequeno canteiro de milho. Diga assim para ele: “Olá, milho, meu irmão! Ei vim para cuidar de você! Lá vou eu!”. Depois que você cuidar do milho por alguns minutos, suar bastante e tomar um banho frio, vai ficar ótimo, sem ter-se envolvido com ninguém através de um relacionamento sexual sem afeto e sem compromisso.

Trechos de Divaldo Franco sobre o tema ‘O Jovem e a Sexualidade’, do livro Sexo e Consciência

Eu faço parte de outra geração, pois nasci em 1927. Do meu tempo de juventude para cá eu tenho procurado me adaptar às mudanças e até crescer do ponto de vista psicológico.

Ainda penso que seria interessante se os namorados aguardassem até o casamento para vivenciarem a intimidade sexual. No entanto, se duas pessoas que assumiram um relacionamento afetivo se encontram para um ato sublime de amor, não vejo nisso uma escolha prejudicial aos jovens.

Dessa forma, não considero que a relação sexual antes do casamento seja o ideal, mas posso compreender esta opção, desde que o relacionamento seja saudável, isto é, vinculado ao amor, quando as pessoas realmente se procurem com o objetivo de uma união plena.

Por outro lado, o sexo fora da união conjugal pode ser a expressão de uma cultura de promiscuidade e de relacionamentos descartáveis que se instalou na sociedade contemporânea. Trata-se de uma questão completamente diferente do sexo como parte integrante de um namoro entre pessoas que se amam de fato.

Desejo referir-me à visão do sexo como uma experiência exclusivamente voltada para o prazer abjeto e vulgar, o que exige dos jovens uma boa dose de reflexão e discernimento para não se permitirem contaminar por essa proposta.

Eu sugiro ao jovem que não se deixe iludir por convites que podem aniquilar a sua paz e a sua saúde!

O comportamento do ficar, por exemplo, é um modismo que tem levado um número expressivo de jovens ao consumo de drogas, lícitas ou ilícitas, porque muitos têm receio de que o seu organismo não corresponda à expectativa no momento da relação sexual. E as drogas se tornam uma bengala psicológica para que eles tenham um pouco mais de segurança, expondo o jovem ao risco da dependência química ou da morte por overdose.

O ficar pode até ser positivo como uma forma inicial de aproximação e de convivência, de ser amigo, para que o jovem possa ensaiar um relacionamento afetivo subsequente. Entretanto, ninguém deve sentir-se na obrigação de manter relações sexuais precocemente, quando mal estabeleceu o vínculo com a outra pessoa. Se, por acaso, ocorrer a relação sexual, que pode surgir em um instante de arrebatamento juvenil, que ao menos cada um saiba respeitar no outro o seu direito de ser feliz. Aquele que se relaciona conosco merece ter alguém ao seu lado que lhe fale a verdade, sem se aproveitar da intimidade alheia para obter prazer.

O problema não está no ficar em si mesmo, mas está em entrar e sair da vida da pessoa sem se preocupar com seus sentimentos. A grande questão é cativar o outro e depois abandoná-lo, deixando-o afetivamente desfigurado, amargurado ou até depressivo, muitas vezes caminhando para o suicídio.

Além da questão do vínculo e da desvinculação, que podem gerar sofrimentos para um e consciência de culpa para o outro, adicionemos o fato de que alguns indivíduos, ao se verem diante de uma gestação não planejada, fazem a infeliz opção pelo aborto, que jamais deveria ser cogitado por um jovem que declara sentir-se orientado pelos princípios da Doutrina Espírita. A interrupção da vida intrauterina só pode ser interpretada como um crime dos mais hediondos da humanidade, conforme já discutimos.

Em qualquer circunstância em que o jovem esteja divertindo-se, deverá respeitar o outro ser que, por acaso, demonstre algum interesse afetivo por ele.

Se esses jovens estão num processo inicial de aproximação e de convivência, que poderá ou não se estender, o rapaz deverá compreender que o seu comportamento não precisa reproduzir a conduta de outros jovens da sua idade somente porque está na moda. Por que ele teria que precipitar uma relação sexual com a jovem para satisfazer as exigências daqueles que acredita serem seus amigos? Por que se imiscuir no ato sexual como se as suas decisões obedecessem apenas a um impulso fisiológico animal? Os animais praticam sexo quando a fêmea está no cio, uma fase do ciclo hormonal propícia para o fenômeno da fecundação. A atração do macho da espécie é causada pela ação de substâncias químicas que o corpo da fêmea exala. Essas substâncias, denominadas feromônios, às vezes se propagam por quilômetros de distância. Dessa forma, para que haja a reprodução nos animais não humanos, o instinto impõe o fenômeno da cópula entre os dois sexos.

Como os seres humanos são animais com maior complexidade, porque são seres que apresentam consciência de si, o fato de experimentarmos o impulso animal não significa que devemos manter a relação sexual com a primeira pessoa que atravessa o nosso caminho, porquanto, os animais não sabem que se vão reproduzir quando atendem ao chamado da natureza. Mas nós sabemos que do ato sexual podem surgir várias consequências, entre as quais está a gravidez. Será que um adolescente de doze a dezesseis anos está em condições de assumir a maternidade ou a paternidade precoce? Não seria mais lógico superar o impulso sexual apressado para transformar o instinto em sentimento? Todo ser consciente forçosamente admitirá que o sexo não é a única forma de prazer e de satisfação que se encontra à nossa disposição, pois, do contrário, quando a função sexual estiver em declínio no indivíduo, em face do processo natural do envelhecimento, a vida para ele perderá completamente o sentido.

Acima do sexo está a amizade entre os jovens, que é uma experiência fundamental. O jovem, o adulto e o idoso precisam preservar os vínculos da amizade duradoura e fecunda.

Além dos compromissos espirituais assumidos por quem penetra a intimidade alheia, uma relação sexual fortuita com alguém que não conhecemos pode nos levar a contrair uma doença sexualmente transmissível, algumas das quais possuem a característica de serem fatais.

Se um indivíduo procura uma companhia para a relação sexual, mesmo que a sua intenção seja apenas a busca de prazer, o sexo poderá estabelecer vinculações afetivas que ele não desejava. Ao produzir o despertamento de afeto no coração alheio, por meio de uma atitude fútil e irresponsável, como o indivíduo irá manejar essa situação não programada?

Em nossas relações sexuais não será suficiente que procuremos atender apenas à necessidade fisiológica e abandonar o outro como quem deixa um prato servido após o repasto. O outro poderá afeiçoar-se a nós e surgirem implicações de natureza cármica. Poderemos traumatizá-lo e levá-lo, por exemplo, ao suicídio, o que certamente será anotado em nossa ficha reencarnatória, uma vez que o mal por nós inspirado é de nossa responsabilidade, tanto quanto o bem que produzimos. Vemos casos de frustrações sexuais terríveis, que tiveram como consequência o surgimento de severos transtornos mentais, porque as pessoas foram traídas nos seus sentimentos profundos e relegadas ao abandono.

(ver exemplo de um dos filhos do Divaldo, na Mansão do Caminho)

A questão pertence à consciência de cada um. O Evangelho nos ensina a amar, não a usar as pessoas sob a desculpa de que se trata de amor. A proposta será sempre não fazer ao outro o que não gostaríamos que o outro nos fizesse.

Tenho aprendido, com a experiência pessoal e com a adquirida em nossa comunidade, que o sexo antes de um compromisso concreto e de longo prazo, normalmente configura um mecanismo de desequilíbrio, pois é da natureza humana exorbitar sempre que encontra uma oportunidade para dar vazão aos seus impulsos. Embora não justifique nem estimule, eu compreendo, perfeitamente, que uma pessoa, num momento de arrebatamento afetivo, mantenha intimidade sexual com alguém que o sensibilizou, mesmo que ainda não tenha estabelecido um laço afetivo consentido por ambos. Não encaro isso como um escândalo, porque o sexo, da mesma forma que qualquer departamento orgânico, é setor de vida. O que me parece grave é que após esse momento de arrebatamento virão outros. O fenômeno pode ser entendido como a sede de água do mar. Quanto mais se bebe, mais sede se tem.

Frequentemente o jovem se sente pressionado pelo meio social para manter relações sexuais com quem quer seja, num comportamento defensivo que funciona como atestado da sua masculinidade ou da sua feminilidade. E essa pressão, às vezes, é difícil de contornar. Por isso, eu quero dirigir a esse jovem uma palavra de irmão para irmão, de alma para alma, a partir da minha longa experiência de alguém que já atravessou a fronteira dos oitenta anos de idade. A minha palavra de amigo a esse jovem está sintetizada no seguinte conselho: nunca se arrependa de haver renunciado à oportunidade de manter uma relação sexual sem afeto e sem sentido! Todas as oportunidades de prazer fugaz e superficial que não forem fruídas, apesar de estarem na moda, serão convertidas em bênçãos para o futuro, que o indivíduo irá detectar na fase adulta. Essas bênçãos serão valiosos contributos para a sua paz interior.

Conservar as energias sexuais agora, através de uma vida saudável a da canalização das forças psíquicas para as construções do amor, é uma forma de guardar essas energias para o futuro, a fim de que elas sirvam como defesas espirituais na velhice.

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