Casa Espírita Missionários da Luz
Juventude: > de 14 anos
Tema: Justiça ou Vingança? Em 14 e 21/03/2025
Objetivos:
• Refletir sobre a Justiça e Bondade de Deus segundo a DE, frente às injustiças que vemos no mundo.
Bibliografia:
O Livro dos Espíritos – 1ª parte, perg 13 (atributos de Deus); 2ª parte (Justiça da reencarnação), perg. 171; (Escolha das Provas), pergs 258 à 273; 3ª parte, Cap. XI – Da Lei de Justiça, pergs 876, 886 e 887; 4ª parte (Felicidade e Infelicidade Relativas), pergs 922 e 924;
Ev.Seg.Espiritismo, Cap. V item ‘Justiça das Aflições’ nr 3; Cap. X item ‘Perdoai, para que Deus vos perdoe’, nrs 1 à 4; item ‘Reconciliação com os Adversários’, nrs 5 e 6; Cap. XI item ‘O Mandamento Maior’, nrs 2 e 4; Item ‘Caridade para com os criminosos’, nr.14; Cap. XII ‘Amai os Vossos Inimigos’, item ‘Retribuir o Mal com o Bem’, nrs 1 à 4; item ‘Se alguém vos bater na fase direita…’, nrs 7 e 8; item ‘A Vingança’, nr 9;
A Gênese, Cap II ‘Deus’, item ‘Da Natureza Divina’ nr 14;
O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo, 1ª parte, Cap. VII, item ‘Código Penal da Vida Futura’;
No Mundo Maior, André Luiz/Chico Xavier, Cap.13 ‘Psicose Afetiva’.
Conteúdo Mínimo:
A soberana bondade implica a soberana justiça, porquanto, se ele procedesse injustamente ou com parcialidade numa só circunstância que fosse, ou com relação a uma só de suas criaturas, já não seria soberanamente justo e, em consequência, já não seria soberanamente bom. (A Gênese, Cap. II, item 14)
A doutrina da reencarnação, isto é, a que consiste em admitir para o Espírito muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à ideia que formamos da justiça de Deus para com os homens que se acham em condição moral inferior; a única que pode explicar o futuro e firmar as nossas esperanças, pois que nos oferece os meios de resgatarmos os nossos erros por novas provações. A razão no-la indica e os Espíritos a ensinam. (LE, comentário de Kardec à perg. 171)
Entretanto, desde que admita a existência de Deus, ninguém o pode conceber sem o infinito das perfeições. Ele necessariamente tem todo o poder, toda a justiça, toda a bondade, sem o que não seria Deus. Se é soberanamente bom e justo, não pode agir caprichosamente, nem com parcialidade. Logo, as vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo, justa há de ser essa causa. Isso o de que cada um deve bem compenetrar-se. (ESE, Cap V, item 3).
“A morte, como sabemos, não nos livra dos nossos inimigos; os Espíritos vingativos perseguem, muitas vezes, com seu ódio, no além-túmulo, aqueles contra os quais guardam rancor; (…) Nesse fato reside a causa da maioria dos casos de obsessão, sobretudo dos que apresentam certa gravidade, quais os de subjugação e possessão. O obsidiado e o possesso são, pois, quase sempre vítimas de uma vingança, cujo motivo se encontra em existência anterior, e à qual o que a sofre deu lugar pelo seu proceder. Deus o permite, para os punir do mal que a seu turno praticaram, ou, se tal não ocorreu, por haverem faltado com a indulgência e a caridade, não perdoando.” (ESE, Cap. X, item 6).
Aprendestes que foi dito: “Amareis o vosso próximo e odiareis os vossos inimigos.” Eu, porém, vos digo: “Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam, a fim de serdes filhos do vosso Pai que está nos céus e que faz se levante o Sol para os bons e para os maus e que chova sobre os justos e os injustos. (ESE, Cap XII, item 1, Mateus, 5:43 a 47)
Se o amor do próximo constitui o princípio da caridade, amar os inimigos é a mais sublime aplicação desse princípio, porquanto a posse de tal virtude representa uma das maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo e o orgulho. (ESE, Cap XII, item 3).
Enunciando, pois, aquela máxima, não pretendeu Jesus interdizer toda defesa, mas condenar a vingança. Dizendo que apresentemos a outra face àquele que nos haja batido numa, disse, sob outra forma, que não se deve pagar o mal com o mal. (ESE, cap. XII, item 8).
Material:
Livro: Céu Azul, para os comentários da semana.
Formulário de Pesquisa do Google:
https://docs.google.com/forms/d/1A7DLL5gwlYIeVbRZ3jsGUu_cK0UJG48OA8QLB7Lnz20/edit
Enviar na véspera no grupo whatsapp da turma:
https://www.youtube.com/watch?v=NTqTbNtEkfs - Vingança - Minha Nada Mole Encarnação
Procedimentos:
1. Dar as boas ao grupo, deixando que comentem as novidades da semana.
2. Exercício de respiração profunda e lenta, e prece inicial.
3. Sensibilização:
Perguntar se gostaram do vídeo que foi passado no grupo na véspera, dizendo que hoje as reflexões serão sobre a Justiça de Deus e a Vingança, conforme o Espiritismo.
Contar o caso de Antonina, relatado por André Luiz, no livro No Mundo Maior. (em anexo)
==> Lembrar que o relato é de 1947, ou seja, a história é de antes disso. Portanto, a sociedade era bem diferente de como somos atualmente.
==> Independente da época em que essa história aconteceu, vemos um caso de grande aflição vivida pela Antonina desde a infância. E uma grande injustiça, uma traição do noivo, que tirou dela a alegria de viver, matando seus sonhos.
4. Desenvolvimento
Reflexões Individuais:
Passar o link de um formulário Google, para que pensem e respondam questões sobre a justiça de Deus perante tantos casos como esse que vemos todos os dias.
https://forms.gle/CgUoHt9foDLSn9Cw7
i. Como você entende a justiça divina, vendo tantas desigualdades e injustiças no mundo?
ii. Qual a razão pra tanto sofrimento que algumas pessoas passam, às vezes a vida toda, como no caso de Antonina?
iii. Porquê a vingança é uma decisão equivocada, de acordo com o Espiritismo?
iv. O senso de justiça é igual para todas as pessoas?
Reflexões em Grupos:
Depois que tiverem respondido as perguntas, dividir a turma em 3 grupos, para que discutam e respondam (15 min):
a) Como entender o ensino de Jesus ao dizer que são bem aventurados os que sofrem e choram pois serão consolados? Como ser bem aventurados os que sofrem injustiças?
b) Como entender o ensino de Jesus de oferecer a outra face, se alguém nos bater na face?
c) Como entender o ensino de Jesus de bem-aventurados os famintos e os sequiosos de justiça, pois que serão saciados? Quem é faminto de justiça? De qual justiça: dos homens ou de Deus?
==> Enquanto só grupos discutem, ler as respostas no formulário do Google, para ver os pontos que precisam ser corrigidos/trabalhados nas respostas dadas.
Apresentação dos Grupos e consolidação das reflexões individuais e em grupo:
i. Como você entende a justiça divina, vendo tantas desigualdades e injustiças no mundo?
==> As desigualdades e injustiças do mundo são consequências das nossas ações equivocadas no passado recente ou remoto (outras encarnações), pelo mau uso de nosso livre arbítrio.
Deus, em sua bondade e justiça, dá a cada um de nós, as oportunidades de retornarmos para acertarmos os erros e seguirmos o bem. Todos nós chegaremos a condição de Espíritos Puros (anjos).
“Por mim mesmo juro — disse o Senhor Deus — que não quero a morte do ímpio, senão que ele se converta, que deixe o mau caminho e que viva.” (EZEQUIEL, 33:11.) (Folha rosto do livro O Céu e o Inferno).
==> de modo geral, as respostas falam de reencarnação, lei de causa e efeito.
==> Importante perceber os princípios que a DE nos traz:
- Deus é soberanamente Justo e Bom ==> se alguma injustiça nos acontece, é devido aos nossos erros dessa vida ou de vidas anteriores. Há injustiças no mundo sim, mas não há injustiçados perante nossa vida imortal, pois Deus é Justo e Bom. O único Justo que sofreu injustiça foi Jesus, que é um Espírito Puro.
- A lei é de Justiça, Amor e Caridade ==> temos que ser justos e lutar para combater as injustiças do mundo; é um ato de Caridade.
- Deus é misericordioso ==> a justiça divina atua (e é quando sofremos as dores, aflições) se o Amor chegou atrasado. ==> O Amor cobre a multidão de pecados.
- A lei de Deus é educativa e não punitiva. (Folha rosto do livro O Céu e o Inferno).
==> as desigualdades e injustiças no mundo, se devem à nossa condição de Espíritos imperfeitos. É uma fase de desenvolvimento espiritual; passará. Todos evoluiremos. Lei do Progresso.
ii. Qual a razão pra tanto sofrimento que algumas pessoas passam, às vezes a vida toda, como no caso de Antonina?
Provas ou expiações que escolhemos antes de reencarnarmos.
Kardec trata disso no LE, na parte que estuda as escolhas das provas (pergs 258 à 273), e no livro O Céu e o Inferno, ao apresentar o Código Penal da Vida Futura, onde comprova que somos donos de nosso destino, pois todas os nossos pensamentos, palavras e ações, tem uma consequência equivalente à natureza desses pensamentos, palavras e ações. Sementes do destino que criamos!
==> De modo geral as respostas foram nesse sentido: “débito passado, alguma questão do passado que gerou um débito”; também respostas falando de ‘provas’ além de ‘expiações’.
==> No caso de Antonina, qual seria a prova/expiação? Sofrer a traição do noivo?
Conclusão da história de Antonina, do livro No Mundo Maior (anexo):
==> O instrutor de André Luiz a mantém adormecida até que chegassem os Espíritos da mãe de Antonina e de um iluminado espírito ligado a ela, desde séculos remotos. Ele conversa com ela que a esperava, após a porta estreita, para o reencontro na Pátria Espiritual.
==> Ela passava pela prova da solidão, para o glorioso reencontro com ele após a desencarnação.
==> Não estamos órfãos!
iii. Porquê a vingança é uma decisão equivocada, de acordo com o Espiritismo?
Pois essa decisão trará consequências dolorosas para quem não perdoou, conforme vemos no Código Penal da Vida Futura. E também porque a maioria dos casos de obsessão grave se deve às questões de vinganças. Perdoar é a solução.
==> como diz o vídeo da FEB Tv, existem diversas pequenas ações, que são na realidade, vinganças:
Apanhado de sentimentos muito ruins.
Começa com a expectativa de que alguém deveria ter feito por vc.
Acaba caindo numa Raiva que pode afetar o outro, mas te corrói tb.
Às vezes, agimos com vingança e nem percebemos:
- qdo alguém nos destrata e fazemos o mesmo com ela;
- qdo alguém não te convida para um evento, e vc nunca mais convida a pessoa pra nada!
- qdo vc pode ajudar alguém e não faz pq pensa: ela não faria isso por mim!
- qdo demoram pra te responder no whats e vc demora o dobro "só pra aquela pessoa aprender".
E normalmente a vingança traz um toque de falsidade e vileza
(comportamento ou ato vil, degradante, indigno).
Resignação e perdão! Asserenam o coração e conseguimos seguir a vida.
Uma das respostas dadas diz: “As vezes fazer "Justiça com as próprias mãos" de uma maneira de como um certo indivíduo enxerga pode ser prejudicial a seu espírito no futuro.”
==> sempre é prejudicial!
iv. O senso de justiça é igual para todas as pessoas?
Não. Esse senso se desenvolve conforme vamos evoluindo.
“O homem que no mundo ocupa elevada posição não se julga ofendido com os insultos daquele a quem considera seu inferior. O mesmo se dá com o que, no mundo moral, se eleva acima da humanidade material. Este compreende que o ódio e o rancor o aviltariam e rebaixariam. Ora, para ser superior ao seu adversário, preciso é que tenha a alma maior, mais nobre, mais generosa do que a desse último.” (Kardec, no item 4 do ESE, Cap. XII).
“Os preconceitos do mundo sobre o que se convencionou chamar “ponto de honra” produzem essa suscetibilidade sombria, nascida do orgulho e da exaltação da personalidade, que leva o homem a retribuir uma injúria com outra injúria, uma ofensa com outra, o que é tido como justiça por aquele cujo senso moral não se acha acima do nível das paixões terrenas. Por isso é que a lei moisaica prescrevia: olho por olho, dente por dente, de harmonia com a época em que Moisés vivia. Veio o Cristo e disse: Retribuí o mal com o bem. E disse ainda: “Não resistais ao mal que vos queiram fazer; se alguém vos bater numa face, apresentai-lhe a outra.” (Kardec, no item 8 do ESE, Cap. XII)
==> Moisés trouxe a lei civil do “Olho por olho, dente por dente”, pois o povo ainda era muito bárbaro. Jesus, já trouxe a lei do amor e o amai os vossos inimigos.
==> Tivemos 10 respostas “Não” pra essa pergunta. Nos trechos acima do ESE, vemos que essa percepção de justiça/injustiça se aprimora conforme vamos evoluindo moralmente.
Reflexões dos Grupos:
a) Como entender o ensino de Jesus ao dizer que são bem aventurados os que sofrem e choram pois serão consolados? Como ser bem aventurados os que sofrem injustiças?
Somente na vida futura podem efetivar-se as compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra. Sem a certeza do futuro, estas máximas seriam um contra-senso." (ESE, Cap V, item 3)
“Por estas palavras: Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados, Jesus aponta a compensação que hão de ter os que sofrem e a resignação que leva o padecente a bendizer do sofrimento, como prelúdio da cura.
Também podem essas palavras ser traduzidas assim: Deveis considerar-vos felizes por sofrerdes, visto que as dores deste mundo são o pagamento da dívida que as vossas passadas faltas vos fizeram contrair; suportadas pacientemente na Terra, essas dores vos poupam séculos de sofrimentos na vida futura. Deveis, pois, sentir-vos felizes por reduzir Deus a vossa dívida, permitindo que a saldeis agora, o que vos garantirá a tranquilidade no porvir.” (ESE, Cap V, item 12)
b) E o ensino de oferecer a outra face, se alguém nos bater na face?
“Enunciando, pois, aquela máxima, não pretendeu Jesus interdizer toda defesa, mas condenar a vingança. Dizendo que apresentemos a outra face àquele que nos haja batido numa, disse, sob outra forma, que não se deve pagar o mal com o mal.” (ESE, cap. XII, item 8).
c) Como entender o ensino de Jesus de bem-aventurados os famintos e os sequiosos de justiça, pois que serão saciados? Quem é faminto de justiça? De qual justiça: dos homens ou de Deus?
==> De modo geral, queremos ver a justiça sendo aplicada para aqueles que nos fizeram mal. Mas os Espíritos que já tem consciência de si mesmo, de seus erros do passado, sabem que estão em débito perante as leis divinas, e anseiam pela oportunidade de ressarcir, de resgatar o mal praticado. Por isso são bem aventurados; já caíram em si e se resolveram a “voltar à Casa do Pai”, como o filho pródigo da parábola: (Lucas 15:11-32):
17"Caindo em si, ele disse: 'Quantos empregados de meu pai têm comida de sobra, e eu aqui, morrendo de fome!
18Eu me porei a caminho e voltarei para meu pai e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e contra ti.
19Não sou mais digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados'’.
5. Conclusão
A base do Espiritismo é a existência de Deus e seus atributos. A reencarnação, o livre arbítrio e a lei do progresso, nos permitem compreender a soberana bondade e justiça de Deus.
Somente com essa base, conseguimos entender os ensinamentos de Jesus, compreendendo as razões por ainda termos tantas aflições e injustiças no mundo, na certeza de que essa fase passará e no futuro, o reino de Deus estará em todos os corações.
Sementes do destino: geramos essas sementes com nossos pensamentos/palavras/atos. Ao reencarnarmos já trazemos essas sementes em nossa bagagem espiritual. E na reencarnação, estamos gerando novas sementes: quais? Do Bem? Ou ainda geramos sementes que nos trarão dores futuras?
6. Leitura do Ano - livro Céu Azul – 14/03 - Comentários sobre o prefácio e o cap. 1.
21/03 – Cap 2 e 3.
7. Exercício de Respiração profunda e Prece final
8. Avaliação
Estudo em 2 encontros.
14/03/25 – 13 jovens. Não viram o vídeo da FebTV sobre a vingança. Contei a história de Antonina até a decisão do suicídio e passei o link do form sobre a Justiça Divina. Todos responderam (respostas abaixo).
Antes do trabalho em grupo, perguntei quem acreditava em Deus e uma das jovens disse que mais ou menos. Isso gerou uma discussão sobre a vida, Deus, justiça.
Passamos então para o livro pois só faltava 15 min para o término do tempo. Todos tinham lido o prefácio e o Cap.1 e deram boas respostas sobre esses primeiros dois trechos do livro.
21/03/2025 - 13 jovens. Não viram o vídeo da FebTV sobre a vingança mas comentei os aspectos da vingança no cotidiano. Contei o fim da história de Antonina, e trabalhei as respostas deles da semana passada no forms. Não deu tempo do trabalho em grupo com os trechos do Evangelho.
9. Anexos
No Mundo Maior, André Luiz, Cap. 13
Órfã de pai, desde muito cedo, iniciou-se no trabalho remunerado aos oito anos, para sustentar a genitora e a irmãzinha. Passou a infância e a primeira juventude em sacrifícios enormes, ignorando as alegrias da fase risonha de menina e moça. Aos vinte anos perdeu a mãezinha, então arrebatada pela morte, e, não obstante seus formosos ideais femininos, foi obrigada a sacrificar-se pela irmã em vésperas de casamento. Realizado este, Antonina procurou afastar-se, para tratar da própria vida; muito cedo, verificou, porém, que o esposo da irmãzinha se caracterizava por nefanda viciosidade. Perdido nos prazeres inferiores, entregava-se ao hábito da embriaguez, diariamente, retornando ao lar, em hora tardia, a distribuir pancadas, a vomitar insultos. Sensibilizada ante o destino da companheira, nossa dedicada amiga permaneceu em casa, a serviço da renúncia silenciosa, aliviando-lhe os pesares e auxiliando-a a criar os sobrinhos e a assisti-los.
Corriam os anos, tristes e vagarosos, quando Antonina conheceu certo rapaz necessitado de arrimo, a sustentar pesado esforço por manter-se nos estudos. Identificavam-se pela idade e pela comunhão de ideias e de sentimentos. Devotada e nobre, correspondeu-lhe à simpatia, convertendo-se em abnegada irmã do jovem. A companhia dele, de algum modo, projetava abençoada luz em sua noite de solidão e sacrifício ininterruptos. Repartindo o tempo e as possibilidades entre a irmã, quatro pequenos sobrinhos e o co-partícipe de sonhos fulgurantes, consagrava-se ao trabalho redentor de cada dia, animada e feliz, aguardando o futuro. Idealizava também obter, um dia, a coroa da maternidade, num lar singelo e pobre, mas suficiente para caber a felicidade de dois corações para sempre unidos diante de Deus. Todavia, Gustavo, o rapaz que se valeu de sua amorosa colaboração durante sete anos consecutivos, após a jornada universitária sentiu-se demasiado importante para ligar seu destino ao da modesta moça.
Independente e titulado, agora, passou a notar que Antonina não era, fisicamente, a companheira que seus propósitos reclamavam. Exibindo um diploma de médico e sentindo urgente necessidade de constituir um lar, com grandioso programa na vida social, desposou jovem possuidora de vultosa fortuna, menosprezando o coração leal que o ajudara nos instantes incertos. Fundamente humilhada, nossa desditosa irmã procurou-o, mas foi recebida com escarnecedora frieza. Gustavo, com presunção repulsiva, transmitiu-lhe a novidade, asperamente: Necessitava pôr em ordem os negócios materiais que lhe diziam respeito e, por isto, escolhera melhor partido. Além disso, declarou, sua posição requeria uma esposa que não procedesse de um meio de atividades humilhantes; pretendia alguém que não fosse operária de laboratório, que não tivesse mãos calejadas, nem fios prateados na cabeça.
A moça tudo ouviu debulhada em lágrimas, sem reação, e tornou à residência, ontem, minada pelo anseio de morrer, fosse como fosse. Sente que as esperanças se lhe esvaneceram, esfaceladas pelo golpe inopinado, que a existência se reduz em cinza e poeira, que a renúncia abre as portas da ruína e da morte. Conseguiu certa dose de substância mortífera, que pretende ingerir ainda hoje.
=====
Manteve-a Calderaro em completo repouso por mais de meia hora. Decorrido esse tempo, duas entidades, aureoladas de intensa luz, deram entrada no recinto. Abraçaram meu instrutor, que mas apresentou cordialmente.
Estavam, agora, junto de nós, Mariana, que fora dedicada genitora de Antonina, e Márcio, iluminado espírito ligado a ela, desde séculos remotos.
A simpática senhora desencarnada inclinou-se sobre a filha e chamou-a, docemente, como o fazia na Terra. Parcialmente desligada do envoltório grosseiro, Antonina ergueu-se, em seu organismo
perispirítico, encantada, feliz...
– Mamãe! mamãe! – gritou, desabafando-se, a refugiar-se entre os braços maternais.
Mariana recolheu-a, carinhosa, estringiu-a de encontro ao peito, pronunciando palavras enternecedoras. (...)
Márcio se aproximou, fazendo-se visto pela estimada enferma.
A moça abriu desmesuradamente os olhos e ajoelhou-se instintivamente, amparada pela mãe. Parecia esforçar-se por trazer à lembrança alguém que ficara em pretérito longínquo... Observava-se-lhe a extrema dificuldade para recordar com precisão. Contemplava o emissário, banhada em pranto diferente: não vertia as lágrimas lutuosas de momentos antes; tocava-se, agora, de sublime conforto, de júbilo místico, que lhe nascia, inexplicavelmente, das profundezas do coração.
Acercou-se Márcio mais intimamente, pousou-lhe a luminosa destra sobre a fronte e falou com ternura:
– Antonina, porque esse desânimo, quando a luta redentora apenas começa? Olvidaste, acaso, que não somos órfãos? Acima de todos os obstáculos paira a Infinita Bondade. Recusas a “porta estreita”, que nos proporcionará o venturoso acesso ao reencontro? (...)
Que motivos te sugerem esse crime, que é o provocar a morte? Que razões te conduzem os passos na direção do precipício tenebroso? Tua mãe e eu sentimos, de longe, o perigo, e aqui estamos para ajudar-te... (...)
Querida, é da Vontade Superior que recebas, por enquanto, as vantagens que podem ser encontradas na solidão. Se há períodos de florescimento nos vales humanos, dentro dos quais nos inebriamos em plena primavera da Natureza, existências se verificam, aparentemente isoladas e desditosas, nas culminâncias da meditação e da renúncia, a cuja luz nos preparamos para novas jornadas santificadoras. (...)
– Efetivamente, se não podes partilhar a experiência do homem escolhido, em face das circunstâncias que te compelem à renúncia, porque não lhe consagrar o puro amor fraternal, que eleva sempre? Estaríamos, acaso, impedidos de transformar em irmãos os seres que admiramos? Não deves outrossim esquecer que o noivo perjuro, atualmente belo na figura fisiológica, vestirá também, mais tarde, o puído traje do cansaço e da velhice, se em breve não afivelar ao rosto a máscara da enfermidade e da morte.
Conhecerá o desencanto da carne e estimará no silêncio a procura do espírito. Se o amas, em verdade, porque torturá-lo com o sarcasmo do suicídio, ao invés de cobrar forças para esperá-lo, ao fim do dia da existência mortal? (...) Além disto, como chegaste a sentir tão clamoroso desamparo, se também te aguardamos, ávidos aqui de tua afeição e de teu carinho?
(...)
Respostas dos jovens:
Como você entende a justiça divina, vendo tantas desigualdades e injustiças no mundo?
1.Tudo tem um porque, tds fomos criados simples e ignorantes.
2.Acho q a justiça divina vem quando realmente precisamos dela como quando a dificuldade ou acontecimento n influencia na nossa evolução como espírito
3.Você escolhe o seu plano espiritual antes de começar a vida.
4.Entendo que tudo tem seu tempo e deus age conforme a necessidade
5.Todos temos missões de vida diferentes e passamos por desafios diferentes. Tudo que acontece por um motivo, por uma razão.
6.a reencarnação nos traz a resposta para isso, a lei de ação e reação onde qualquer ação prévia nos traz um resultado uma reação.
7.Acho q essencial para a evolução do espírito
8.Dificil de dizer. Eu realmente no consigo responder essa pergunta. Eu só quero um mundo melhor independente de um deus ou não.
9.A justiça divina vai depender muito de suas maneiras, desde como você decide viver esta viva. Claramente na maioria das vezes vai depender do estilo de vida que esta pessoa leve e de como ela nasceu
10.Como algo que, por mais que para nós espíritos inferiores pareça injusto, todos passamos a todos os momentos em todas nossas vidas. É o que rege o universo, pois todos os espíritos imperfeitos tem dívidas para pagar. Estas podem ser quitadas por meio de provas e expiações nas encarnações terrenas. As provas nos trazem oportunidades de melhorar, enquanto as expiações nos ajudam a pagar pelo que fizemos ou causamos em outras vidas.
11.A justiça no âmbito espiritual é subjetiva ao espírito na qual ela se aplica, levando em conta suas ações, decisões, moral, convicção e índole momentânea, ou seja, ele pode modificar esses valores ao adquirir experiências durante sua trajetória como espírito. por isso a justiça divina, quando vista de forma generalizada, pode ser considerada injusta.
12.Acredito que existam injustiças que precisamos combater, como pessoas no intuito de ajudar as outras a poder viver em condições melhores. Contudo, acredito que justiça divina possa ser o julgamento por parte de quem está além do mundo físico, na gente do
mundo real. Imagino que possa ser o julgamento de nossas ações nesse mundo, como o ex da antonina que poderia ter consideração por ela mas escolheu tratá-lá muito mal. Acredito que essa ação, por mais que talvez não tenha consequências pra ele aqui, teria consequências perante a justiça divina.
13. Reencarnação.
Qual a razão pra tanto sofrimento que algumas pessoas passam, às vezes a vida toda, como no caso de Antonina, do livro No Mundo Maior?
1.Provas, expiações e planos maiores, consequências de encarnações passadas etc...
2.Acredito que é para evolução pessoal pq ninguém merece sofrer sem motivo
3.Deus te dá uma consequência na sua vida atual para evitar que você não cometa o mesmo pecado que cometeu na vida passada.
4.São as provas que temos e também como lidamos com elas
5.Provas e expiações, aprendizado
6.Antonina escolheu passar por esses desafios, talvez ela tenha tido momentos felizes, mas foi incapaz de perceber perante tanto sofrimento.
7.débito passado, alguma questão do passado que gerou um débito.
8.Para evoluir, pois erros que cometeram na vida passada, assim as dificuldades dessa vida acontecem
9.O planejamento para sua encarnação, sendo ela para corrigir erros do passado ou simplesmente uma encarnação com várias provas.
10.O sofrimento poderá conscientizar a pessoa de que suas ações tem consequências, e um destes motivos é por conta de que na sua próxima encarnação você tem chance de nascer com uma dificuldade mental ou física.
11.Fazer suas dívidas de encarnações anteriores pagas ou provas como oportunidades para melhorar e mudar suas ações.
12.Esses sofrimentos podem ser vistos como provas das quais determinados espíritos devem experienciar para aprimorarem sua moral e visão geral sobre a vida espiritual. Esses não necessitam dessas provações apenas por terem cometido erros de diversas gravidades em seus passados, pois não necessariamente precisam agir de forma incorreta para passarem por essas situações. Essas circunstâncias são aplicadas de acordo com o grau de evolução do espírito.
13.Ainda não tenho opinião formada.
Porquê a vingança é uma decisão equivocada, de acordo com o Espiritismo?
1.É dito por Jesus: perdoai vossos inimigos.
2.Acredito que prejudicar outras pessoas n te deixa melhor na sua situação pelo contrário vcs dois saem prejudicados
3.Por que a palavra de Deus diz que você deve "amar o inimigo" e não buscar vingança.
4.Porque ela não te ajuda a evoluir
5.De a segunda face. Smp responda com o amor.
6.Devemos retribuir com a outra face. Devemos amar os nossos inimigos e tratá-los bem.
7.a lei de amor é caridade diz e traz o conceito q devemos auxiliar e não interferir no progresso de cada irmão.
8.Pois contrária as leis de Deus
9.Pois ela só ira causar um ciclo qual você vai criar uma divida com a pessoa.
10.As vezes fazer "Justiça com as próprias mãos" de uma maneira de como um certo indivíduo enxerga pode ser prejudicial a seu espírito no futuro.
11.Pois a vingança é algo imoral, os espíritos pagarão por suas dívidas independentemente de nossa influência ou não. Então, aquele que tentar fazer "justiça com as próprias mãos" apenas fará mal a si mesmo, porque está fazendo algo ruim que não é de sua responsabilidade.
12.Pois se trata de uma ação prejudicial não só ao praticante mas também ao alvo sobre o qual a atividade terá efeito. Ela provoca, de forma inconveniente e desnecessária, atraso e sofrimento a todo e qualquer individuo que cometer ou estar envolvido neste meio vingativo, criando obstáculos a mais no caminho de progresso dos espíritos.
13.Acredito que seja porque não faz sentido descontar nas outras pessoas, mesmo que tenham feito mal para você.
O senso de justiça é igual para todas as pessoas?
SIM - 2
NÃO - 10
Não faço ideia - 1
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