Casa Espírita Missionários da Luz - Diretoria de Infância e Juventude
Mocidade: > 14 anos 21/07/2023
Tema: Liberdade e Responsabilidade
Objetivo:
Refletir sobre o conceito de liberdade e a responsabilidade que lhe é associada;
Refletir: sou livre em meus atos?;
Consigo diferenciar meus pensamentos dos do grupo social e da mídia?
Bibliografia:
O Livro dos Espíritos: Pergs. 122, 127, 262 à 273, 843 à 867, 872;
Evangelho Seg.Espiritismo, Cap.V – BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS, itens 6 à 8;
A Gênese, Cap. III, itens 9 e 10 - 'Origem do Bem e do Mal';
Mateus,16:27 - a cada um será dado segundo as suas obras;
Caminho, Verdade e Vida, Emmanuel/Chico Xavier, Cap 151 ‘Mocidade’.
https://www.youtube.com/watch?v=JrRYkw2Wcx0 (acesso em 15/07/2023)
História contada por Divaldo sobre o médico Tadeu Merlin
http://www.oconsolador.com.br/ano8/364/especial2.html – relato completo do caso do Dr.Tadeu. (acesso em 15/07/2023)
Material: papel e caneta, pra cada um
Desenvolvimento:
1. Hora da novidade, exercícios de respiração profunda e prece Inicial
2. Motivação ao tema:
Relatar um caso contado numa das palestras de Divaldo Franco, que foi publicado na edição de fevereiro de 1948 da revista Seleções Reader’s Digest, e trouxe uma história que comoveu os americanos e o mundo. A História do médico americano Tadeu Merlin
- Eu já contei essa história aqui em 2018, mas vale a pena ser lembrada!
Tadeu Merlin era aluno do 5º ano de medicina em Los Ângeles/EUA, e era a favor da eutanásia, para evitar sofrimentos futuros. Certo fim de tarde, onde havia enorme quantidade de atendimentos no hospital, houve um chamado urgente de uma região pobre do subúrbio da cidade, para atendimento a uma gestante. Por falta de profissionais disponíveis para o atendimento, Tadeu foi enviado.
Encontrou a moradia num local bem pobre, sendo a casa igualmente sem recursos. Uma mulher sofria em adiantado estado de gravidez, que seria do 7º filho do casal. As outras 6 crianças ali estavam com a vizinha, que foi quem chamou o socorro médico. A vizinha falou que todos os conhecidos, inclusive o marido falaram a ela que abortasse, assim que descobriu a 7ª gravidez, pois não tinham recursos nem para atender as necessidades do 8 membros da família. Mas a mulher levara a gestação adiante e agora, no final, estava com dificuldades de dar a luz.
Saindo a vizinha com as crianças, Tadeu aplicou uma injeção para propiciar as contrações que levariam ao parto. Enquanto aguardava o efeito do medicamento, olhando o entardecer pela janela, Tadeu teve um momento de transcendência e orou a Deus pela mulher e pelo bebê. Logo começaram as contrações do trabalho de parto e nasceu um menino. Tadeu fez os procedimentos pós parto, limpou o recém-nascido e percebeu então, que ele trazia um defeito congênito no pé. Ficou revoltado. 7º filho de uma família miserável e ainda por cima seria coxo! Que chances teria na vida? Melhor que tivesse morrido logo. Ninguém estranharia pois já tinha sido um parto difícil mesmo. Pensando em evitar sofrimentos futuros, preparou uma injeção para matar o recém-nascido. Entretanto, na hora de aplicar a injeção, hesitou. Desistiu e foi embora.
Passados os anos, Tadeu casou-se, teve uma filha que por sua vez, teve uma menina de nome Bárbara. Aos cinco anos de idade, seus pais morreram num acidente de carro e ela ficou morando com Tadeu e a esposa, seus avós. Logo depois, desenvolveu estranha doença, incurável na época, que levava a uma morte lenta e dolorida, pois os músculos iam parando de funcionar, com muitas dores e febre. Os médicos desenganaram a menina e sugeriram a eutanásia para evitar sofrimentos inúteis à netinha de Tadeu. Ele, porém, não aceitou matar a netinha e foi buscar um médico de outra região, que fazia já há alguns anos, tratamento experimental, ainda com animais, buscando a cura dessa doença.
Com todos os sacrifícios, viajou com a netinha já em estado bem crítico. Chegando lá, verificou que o lugar era bem pobre, sem recursos, uma clínica que mais parecia um acampamento. O jovem médico de pouco mais de 30 anos, examinou a menina e pediu à enfermeira que preparasse a criança para o início do tratamento experimental, quando Tadeu reparou que ele mancava. O jovem médico então relatou as circunstâncias de seu nascimento, que foi quase um milagre ele ter sobrevivido e que a mãe lhe deu o nome do médico que auxiliara no parto. Mas disse que todos os chamavam de Dr.Torto, pois ali, naquele lugar de sofrimentos, todos eram de alguma forma, tortos. Tadeu identificou então, no jovem e manco médico, que talvez salvasse sua netinha, era aquele mesmo recém-nascido que ele atendera e chegou a ter ímpetos de não deixar viver por ser aleijado.
O tratamento deu certo e Bárbara se recuperou da doença.
- Existem leis que determinam alguns acontecimentos em nossas vidas; também existem momentos decisivos em nossa jornada terrena, cujas decisões que tomamos determinam o rumo da nossa vida dali para a frente.
3. Desenvolvimento: livre arbítrio - responsabilidade
Nessa história vemos diversos conceitos: Liberdade, Autonomia, Responsabilidade, Fatalidade, Livre arbítrio. São termos que estão relacionados com a Lei de Liberdade, tratado por Kardec na terceira parte de O LE, estudo das leis morais da vida.
- Vamos fazer 5 duplas/trios, para que cada um discuta o conceito que tem sobre um desses termos. ==> dar um termo pra cada dupla/trio. (2 min)
- Ouvir as respostas, e explicar que é de modo geral, pois alguns termos têm conceitos diferentes dependendo do contexto em que estão sendo analisados (religioso, filosófico, biológico, educacional, etc.)
Significado de Liberdade:
- condição do ser que pode agir consoante as leis da sua natureza;
- direito que qualquer cidadão tem de agir sem coerção ou impedimento, segundo a sua vontade, desde que dentro dos limites da lei;
- FILOSOFIA: capacidade própria do ser humano de escolher de forma autônoma, segundo motivos definidos pela sua consciência.
Significado de Livre-arbítrio
Oportunidade ou possibilidade de tomar decisões por vontade própria, seguindo o próprio discernimento e não se pautando numa razão, motivo ou causa, estabelecida.
Significado de Responsabilidade:
- Obrigação; dever de arcar, de se responsabilizar pelo próprio comportamento ou pelas ações de outra(s) pessoa(s);
- Sensatez; competência para se comportar de maneira sensata.
- Natureza ou condição de responsável; capacidade de responder por seus próprios atos; qualidade de quem presta contas as autoridades.
Autonomia
- capacidade de governar-se pelos próprios meios.
- Em Filosofia, autonomia é um conceito que determina a liberdade de indivíduo em gerir livremente a sua vida, efetuando racionalmente as suas próprias escolhas.
- Em Educação, a autonomia do estudante revela capacidade de organizar sozinho os seus estudos, sem total dependência do professor, administrando eficazmente o seu tempo de dedicação no aprendizado e escolhendo de forma eficiente as fontes de informação disponíveis.
- Aptidão ou competência para gerir sua própria vida, valendo-se de seus próprios meios, vontades e/ou princípios.
Fatalidade
Característica ou particularidade do que é fatal.
Aquilo que não se consegue evitar; fado ou fatalismo.
Circunstância marcada por uma infelicidade; desgraça: o acidente foi uma fatalidade.
- De acordo com a DE, existe fatalidade nessa nossa existência?
==> no nascimento e na morte; (todos vamos morrer – desencarnar!)
==> em acidentes, eventos, independente de nossa vontade, que mudam radicalmente nossas vidas.
==> Porém, esses eventos significativos nessa existência, foram por nós, Espíritos, escolhidos antes da atual reencarnação.
- Com esses conceitos revisitados, vamos tentar identificá-los na história dos dois médicos?
Tadeu:
Autonomia – no atendimento à gestante e ao recém-nascido;
Responsabilidade – pelo resultado do tratamento realizado junto à mulher e ao recém-nascido; pela decisão de buscar tratamento experimental para a neta;
Fatalidade – morte prematura da filha; doença da neta;
Livre arbítrio – decisão de não cometer a eutanásia: nem no recém-nascido, nem no caso da neta.
Jovem Tadeu:
Autonomia – na pesquisa e tratamento experimental da doença;
Responsabilidade – pelo resultado do tratamento experimental para a doença;
Fatalidade – defeito congênito no pé.
Mãe do jovem Tadeu:
Autonomia – decisão de não abortar na 7ª gravidez;
Responsabilidade – pela criação dos 8 filhos;
Fatalidade – filho com defeito congênito no pé;
Livre arbítrio – decisão de não abortar na 7ª gravidez.
4. Conclusão
Todos nós temos momentos decisivos na vida. Nossas escolhas têm consequências e somos responsáveis por elas.
Nunca podemos nos esquecer da nossa realidade espiritual! Estarmos despertos para isso nos auxilia nas escolhas; no bom uso de nosso livre arbítrio.
- Sabemos o quanto o julgamento dos outros tem impacto na vida de cada um de nós. Principalmente na juventude.
- O quanto estamos conscientes sobre nossas escolhas? Ou seja, o quanto realmente agimos dentro de nossos valores?
- O quanto somos levados pelas ideias de outros?
- Como lidar com essas questões? Vcs já passaram por situações assim?
- É preciso estar atento para não se perder nos convites que aparecem, esquecendo que somos um Espírito reencarnado!! Muitos convites parecem atraentes, mas as consequências podem trazer impactos em toda a existência!
Quais são esses convites que são desvios? É difícil ser jovem espírita?
- nós todos somos influenciados pelo grupo social!
- por isso, é necessário ponderar, refletir, ter domínio real de si, de seus valores, para ter maiores condições de discernir entre as diversas opções que a todo momento nos são oferecidas. (autoconhecimento)
- Os jovens precisam de um adulto que seja referência, para ajudar nas escolhas da juventude.
Porque não pode ser outro jovem? Pela perspectiva! A visão do jovem não consegue ainda perceber todas as questões da vida.
E vocês? Quem vocês buscam para auxílio nas escolhas? (deixar que pensem e respondam quem é o adulto de referência de cada um deles? Importante essa reflexão para refletirem sobre as pessoas que estão em seus relacionamentos e a importância delas)
5. Fixação do conteúdo
- Entregar papel e caneta, pra cada um, pedindo que respondam as perguntas, analisando sua situação atual (pode escolher o contexto: família, escola, trabalho):
==> qual a liberdade que tenho;
==> quais minhas responsabilidades;
==> qual é a autonomia que tenho;
==> me deixo levar pela opinião dos outros?
==> não será preciso compartilhar as respostas. É uma oportunidade de cada um de se conectar com seu interior, seu mundo íntimo.
6. Exercícios de respiração profunda, prece final e passes
7. Avaliação:
Encontro conduzido pela Geani, com 7 jovens presentes.
ANEXOS
Livro dos Espíritos
LE Perg.844
Do livre-arbítrio goza o homem desde o seu nascimento?
“Há liberdade de agir, desde que haja vontade de fazê-lo. Nas primeiras fases da vida, quase nula é a liberdade, que se desenvolve e muda de objeto com o desenvolvimento das faculdades. Estando seus pensamentos em concordância com o que a sua idade reclama, a criança aplica o seu livre-arbítrio àquilo que lhe é necessário.”
LE Perg. 262. Como pode o Espírito, que, em sua origem, é simples, ignorante e carecido de experiência, escolher uma existência com conhecimento de causa e ser responsável por essa escolha?
“Deus lhe supre a inexperiência, traçando-lhe o caminho que deve seguir, como fazeis com a criancinha. Deixa-o, porém, pouco a pouco, à medida que o seu livre-arbítrio se desenvolve, senhor de proceder à escolha e só então é que muitas vezes lhe acontece extraviar-se, tomando o mau caminho, por desatender os conselhos dos bons Espíritos. A isso é que se pode chamar a queda do homem.”
- no caso das crianças e jovens, os pais fazem o mesmo: orientam e decidem pelos filhos.
- Quanto maior a inteligência, maior a liberdade, maior a responsabilidade. (Perg.849)
LE.Perg 859.a) — Haverá fatos que forçosamente devam dar-se e que os Espíritos não possam conjurar, embora o queiram?
“Há, mas que tu viste e pressentiste quando, no estado de Espírito, fizeste a tua escolha. Não creias, entretanto, que tudo o que sucede esteja escrito, como costumam dizer. Um acontecimento qualquer pode ser a consequência de um ato que praticaste por tua livre vontade, de tal sorte que, se não o houvesses praticado, o acontecimento não se teria dado. Imagina que queimas o dedo. Isso nada mais é senão resultado da tua imprudência e efeito da matéria. Só as grandes dores, os fatos importantes e capazes de influir no moral, Deus os prevê, porque são úteis à tua depuração e à tua instrução.”
LE Perg. 851. Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? Quer dizer: todos os acontecimentos são predeterminados? E, neste caso, que vem a ser do livre-arbítrio?
“A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, instituiu para si uma espécie de destino, que é a consequência mesma da posição em que vem a achar-se colocado. Falo das provas físicas, pois, pelo que toca às provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o livre-arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou de resistir.
LE Perg.866. Então, a fatalidade que parece presidir aos destinos materiais de nossa vida também é resultante do nosso livre-arbítrio?
“Tu mesmo escolheste a tua prova. Quanto mais rude ela for e melhor a suportares, tanto mais te elevarás. Os que passam a vida na abundância e na ventura humana são Espíritos pusilânimes, que permanecem estacionários. Assim, o número dos desafortunados é muito superior ao dos felizes deste mundo, atento que os Espíritos, na sua maioria, procuram as provas que lhes sejam mais proveitosas. Eles veem perfeitamente bem a futilidade das vossas grandezas e gozos. Acresce que a mais ditosa existência é sempre agitada, sempre perturbada, quando mais não seja, pela ausência da dor.”
Evangelho Segundo o Espiritismo
Remontando-se à origem dos males terrestres, reconhecer-se-á que muitos são consequência natural do caráter e do proceder dos que os suportam.
Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição! Interroguem friamente suas consciências todos os que são feridos no coração pelas vicissitudes e decepções da vida; remontem passo a passo à origem dos males que os torturam e verifiquem se, as mais das vezes, não poderão dizer: Se eu houvesse feito, ou deixado de fazer tal coisa, não estaria em semelhante condição.
(CAP V, item 4)
Mas, se há males nesta vida cuja causa primária é o homem, outros há também aos quais, pelo menos na aparência, ele é completamente estranho e que parecem atingi-lo como por fatalidade. Tal, por exemplo, a perda de entes queridos e a dos que são o amparo da família. Tais, ainda, os acidentes que nenhuma previsão poderia impedir; os reveses da fortuna, que frustram todas as precauções aconselhadas pela prudência; os flagelos naturais, as enfermidades de nascença, sobretudo as que tiram a tantos infelizes os meios de ganhar a vida pelo trabalho: as deformidades, a idiotia, o cretinismo, etc.
Os que nascem nessas condições, certamente nada hão feito na existência atual para merecer, sem compensação, tão triste sorte, que não podiam evitar, que são impotentes para mudar por si mesmos (...). Ora, ao efeito precedendo sempre a causa, se esta não se encontra na vida atual, há de ser anterior a essa vida, isto é, há de estar numa existência precedente. (CAP V, item 6)
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