Casa Espírita Missionários da Luz Mocidade: > 14 anos – 23/06/2023
Tema: Somos todos iguais?
Objetivos:
Identificar que Deus, nos criou da mesma forma, com o mesmo destino, sujeitos às mesmas leis e que as desigualdades sociais são obra dos homens e não de Deus;
Refletir sobre "como vejo a lei de igualdade em minha vida".
Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, perg. 115 e 119; 3ª parte, Cap. IX - Lei da Igualdade;
Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1861 > Outubro:
> Epístola de Erasto aos Espíritas Lioneses.
https://www.diferenca.com/israel-e-palestina/, acesso em 22/06/2023
https://www.youtube.com/watch?v=ACylyNJjjPs - O Filho do Outro - Trailer
Material: Livro dos Espíritos
Desenvolvimento:
Hora da novidade, exercícios de respiração profunda e Prece Inicial
Motivação:
Hoje começaremos com uma história fictícia, envolvendo dois Estados: Israel (judeus em maioria) e Palestina (árabes, muçulmanos em maioria).
Vocês sabem qual é a relação desses dois povos?
Israel e Palestina ocupam a mesma área geográfica, localizada entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo, sendo esta a principal causa de seu conflito. Esse conflito vem desde a criação do Estado de Israel, após a 2ª grande guerra. Portanto, esses dois povos são inimigos.
Israel é o único Estado Judeu no mundo, reconhecido pela ONU em 1948. Após um processo de migração e guerras, ocupa grande parte da área que pertenceria à Palestina.
A Palestina foi habitada por diversos povos, especialmente os judeus, que foram expulsos pelos romanos no ano de 70 d.C. A sua declaração de independência foi firmada pela Organização para a Libertação da Palestina em 1988. Porém, o Estado da Palestina ainda não tem reconhecimento de todos os países.
Jerusalém é a capital dos dois Estados, mas a ONU não reconhece Jerusalém com capital de Israel mas sim, Tel-Aviv.
Língua: Israel > Hebraico; Palestina > Árabe
Religião predominante: Israel > Judaísmo (são judeus ou israelitas); Palestina > Islamismo sunita (são muçulmanos)
Igreja: Judeus > Sinagoga; Muçulmanos > mesquita
A história do filme O Filho do Outro, aborda essa questão do conflito.
Na trama, Joseph Silberg mora em Tel-Aviv, tem 18 anos e vai prestar o serviço militar obrigatório. Um exame de rotina traz a surpresa: seu sangue não é compatível com o de seus pais.
A doutora francesa Orith, mãe de Joseph, e o oficial do Exército Alon, o pai, ambos judeus, não entendem o que se passou até um médico deduzir: Joseph pode ter sido trocado na maternidade. Um dia depois de seu nascimento, o local foi alvo de ataques e as mães saíram às pressas.
De volta ao hospital em Haifa onde ele nasceu, Orith e Alon encontram Leïla e Saïd Al Bezaaz, pais de Yacine que foi o bebê trocado. A revelação chega tal qual uma bomba: o palestino é filho dos judeus e vice-versa.
Como lidar com uma situação tão complexa diante de inimigos históricos?
As duas famílias têm as seguintes características:
Judeus Orith e Alon, são de classe social alta, e tem uma filha de seus 10 anos, além de Joseph.
Os palestinos Leïla e Saïd, tem mais dois filhos além de Yacine: um rapaz mais velho e uma menina também lá pelos seus 10 anos. A mãe é dona de casa, e o pai trabalha como mecânico. Os dois filhos são bem unidos, e na época do filme, Yacine mora em Paris pois que fazer Medicina, para poder ajudar os mais necessitados.
Como vocês acham que as duas famílias vão lidar com essa situação?
- Vamos fazer dois grupos (ou 3), para que vocês possam discutir, sabendo da rivalidade secular entre palestinos e israelenses (natural ou quem vive em Israel), como cada personagem vai lidar com esse fato que chegou de repente? Pensem nos 2 rapazes, nas mães, nos pais e no irmão mais velho de Yacine.
- Apresentação dos grupos, e depois relatar o quê o filme trouxe:
Mãe judia – No caso específico do relacionamento com os dois filhos, o instinto maternal é predominante e a preocupação é harmonizar, acolher os dois rapazes (seus dois filhos!).
Sendo de família europeia, de classe social alta, de cor branca e bonita, e casado com um oficial militar bem colocado na corporação, reforça essa posição segura dela.
Pai judeu – também se mostra seguro, mas tem dificuldade em aceitar o ‘novo’ filho e a família palestina. Vemos como a dimensão social na formação do ego é forte: judeu e a animosidade com os palestinos.
Ao mesmo tempo, tem uma cena em que o vemos como um pai preocupado que atravessou a pé a fronteira para buscar o filho, e que fez um visto de passe para o rapaz da família palestina.
Joseph – Demonstra ser uma alma sensível, artista (músico); ainda em consolidação a estruturação do ego (ainda está na adolescência!) - talvez, por estar numa família onde a figura do pai é bem forte, dominadora (se alistou por querer ou para agradar ao pai?).
Apesar dessas aparentes dúvidas com relação a sua própria identidade (não sou mais judeu?), demonstra ter virtudes já conquistadas no relacionamento espontâneo com os dois jovens palestinos. Ou seja, a dimensão social (judeu x palestino) não foi forte o suficiente para impedir a aproximação com os jovens palestinos.
Mãe palestina – Pareceu ser uma pessoa totalmente dentro do seu contexto social, cumprindo seus deveres como mãe e dona de casa. Instinto maternal em evidência, extrapolando as questões sociais (judeus x palestinos).
Pai palestino – Como o outro pai, a dimensão social influenciou muito! A questão da rivalidade com os judeus é tão forte que chegou a rejeitar o filho Yacine no retorno da viagem, embora sofrendo.
Filho mais velho – Embora ainda jovem, totalmente na dimensão social! Tanto que a reação ao saber que o irmão nasceu judeu, foi de raiva! Brigou com o irmão Yacine! Essa atitude de negação perdurou parte do filme, até que começou a ceder, se permitindo ‘voltar’ amar o irmão do mesmo modo e a aceitar, igualmente, o outro irmão de sangue.
Vemos nesse caso, a força da dimensão social na formação da identidade do personagem: sou palestino e odeio os judeus!
Yacine – Embora ainda bem jovem, já demonstra ser seguro, estruturado. A questão da troca dos bebês não parece ter colocado em xeque a sua identidade pessoal (“sou o que desejo ser”). Sua busca pela formação em medicina é por uma causa social que mantém como ideal a ser seguido, mesmo depois de saber que é judeu por ter nascido de mãe judia. Apesar da reação negativa do irmão para com ele, após a descoberta da troca dos bebês, não se deixou perturbar. Permaneceu sereno, entendendo o irmão, e seguindo seus propósitos de vida.
Discussão dialogada
Embora sendo uma ficção, esse filme relata o como somos moldados pelo contexto social e como vamos criando preconceitos, trazendo os ódios, desprezo, pelos que consideramos diferentes de nós. Às vezes até em torcidas de times de futebol!
Com a visão espírita, conseguimos perceber nesses personagens, o quanto as aquisições morais de existências anteriores, superam os impositivos do contexto social.
- Vocês percebem alguma diferença na forma como veem, sentem, pessoas em contextos diferentes do de vocês? (discussão 2-a-2, rapidinho).
- pedir que as duplas se coloquem.
Sabemos que todos somos Espíritos imortais, que renascemos em diversas condições, para nosso aprendizado, mas mesmo assim, nos deixamos envolver pelo contexto social, pelo nosso orgulho, e nos colocamos acima dos outros.
Vemos tantas desigualdades nesse mundo, mas como é a lei de igualdade da lei de Deus?
Pedir a um dos jovens, que leia a perg. 803 do LE:
803. Perante Deus, são iguais todos os homens?
“Sim,
todos
tendem para o mesmo fim e
Deus
fez suas leis para todos.
Dizeis frequentemente: “O Sol luz para todos” e enunciais assim
uma verdade maior e mais geral do que pensais.”
== > essa resposta tem por foco o Espírito encarnado. Quando o LE fala “o homem”, se refere a nós, encarnados. Então? Como podemos entender essa igualdade que os Espíritos e Kardec falam nessa questão?
- qual o mesmo fim de todos nós? = > A desencarnação.
- quais leis divinas? Todas! A lei do progresso, por exemplo, todos chegaremos à condição de Espíritos Puros!
- essa resposta fala das diferentes condições sociais? De saúde? De aptidões? Não!
Vejamos outra questão que Kardec fez ao Espíritos: (pedir que outro jovem leia)
É lei da natureza a desigualdade das condições sociais?
“Não; é obra do homem e não de Deus.” (LE perg. 806).
- As leis de Deus são para todos os Espíritos, mas na vida social, nós é que criamos a sociedade em que vivemos! Nós que criamos as diferenças pelo nosso atual estágio evolutivo.
- Na resposta da perg. 806. a), os Espíritos dizem que quando reinar a lei de Deus na Terra, “Restará apenas a desigualdade do merecimento.” Então vemos, que a igualdade não significa tudo igual pra todos….
- O que é desigualdade de merecimento? == > Depende do livre arbítrio de cada um, da vontade e do esforço de cada um de nós.
Tem uma frase de Erasto sobre a Lei de Igualdade muito linda.
Vocês sabem quem é Erasto?
= = > Erasto é um dos Espíritos Superiores da Codificação Espírita, e na época do cristianismo nascente foi um dos discípulos do apóstolo Paulo de Tarso. Ele ditou uma psicografia, em outubro de 1861, aos espíritas franceses da cidade de Lyon, que eram em sua maioria, operários.
“A igualdade proclamada pelo Cristo é a igualdade ante a justiça de Deus, isto é, nosso direito, conforme nosso dever cumprido, de subir na hierarquia dos Espíritos.”
“Em consequência, repito, proclamando o dogma sagrado da igualdade, não vimos ensinar que aqui embaixo deveis ser todos iguais em riqueza, saber e felicidade, mas que chegareis todos, à vossa hora e conforme os vossos méritos, à felicidade dos eleitos, partilha das almas de escol que cumpriram os seus deveres.”
== > depende de quem atingir a felicidade dos eleitos? a cada um de nós! Vivendo de acordo com as leis de Deus. Nosso desafio é buscar compreender cada vez mais as leis de Deus e segui-las!
= = > Somos todos iguais pois somos todos Espíritos!
4.Fixação de Conteúdo
Vamos fazer uma roda de perguntas e respostas sobre a Lei de Igualdade, para que possamos refletir sobre suas características.
- pedir que um dos jovens diga um nr (até o limite do nr de jovens presentes) e responde quem tiver esse número na chamada!
LE perg. 115. Dos Espíritos, uns terão sido criados bons e outros maus? (ou, como são os Espíritos ao serem criados por Deus?)
“Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber.
Perg. 804. Por que não outorgou Deus as mesmas aptidões a todos os homens?
“Deus criou iguais todos os Espíritos, mas cada um deles vive há mais ou menos tempo, e, conseguintemente, tem feito maior ou menor soma de aquisições. A diferença entre eles está na diversidade dos graus da experiência alcançada e da vontade com que obram, vontade que é o livre-arbítrio. Daí o se aperfeiçoarem uns mais rapidamente do que outros, o que lhes dá aptidões diversas. Necessária é a variedade das aptidões, a fim de que cada um possa concorrer para a execução dos desígnios da Providência, no limite do desenvolvimento de suas forças físicas e intelectuais. O que um não faz, outro fará. Assim é que cada qual tem seu papel útil a desempenhar. Ademais, sendo solidários entre si todos os mundos, necessário se torna que os habitantes dos mundos superiores, que, na sua maioria, foram criados antes do vosso, venham habitá-lo, para vos dar o exemplo.”
Perg. 812. Por não ser possível a igualdade das riquezas, o mesmo se dará com o bem-estar?
“Não, mas o bem-estar é relativo; todos poderiam dele gozar, se se entendessem convenientemente, porque o verdadeiro bem-estar consiste em cada um empregar o seu tempo como lhe apraza, e não na execução de trabalhos pelos quais nenhum gosto sinta. Como cada um tem aptidões diferentes, nenhum trabalho útil ficaria por fazer. Em tudo existe o equilíbrio; o homem é quem o perturba.”
Porque Deus criou todos os homens iguais para a dor?
Pequenos ou grandes, ignorantes ou instruídos, sofrem todos pelas mesmas causas, a fim de que cada um julgue em sã consciência o mal que pode fazer.
A igualdade em face da dor é uma sublime providência de Deus, que quer que todos os seus filhos, instruídos pela experiência comum, não pratiquem o mal, alegando ignorância de seus efeitos. (ESE, Cap. XVII item 7 ‘O dever’)
Exercícios de respiração lenta e profunda, prece final e passes coletivos.
Avaliação
Encontro com 8 jovens, sendo uma de primeira vez no grupo. Escrevi os nomes dos personagens no quadro, e fiz dois grupos de 4. Participaram nos grupos, e perceberam o quanto o contexto social interfere na formação de nosso modo de ser. Só falei da perg.803 de OLE. Não fizemos a discussão 2-a-2, nem falei de Erasto. Também não deu tempo de fazer a atividade de fixação.
ANEXOS
Apoio doutrinário:
Revista espírita — 1861 > Outubro > Epístola de Erasto aos Espíritas Lioneses
Acabo de pronunciar a palavra igualitária. Julgo útil nela deter-me um pouco, porque não vimos pregar, em vosso meio, utopias impraticáveis, pois, ao contrário, repelimos energicamente tudo quanto pareça ligar-se às prescrições de um comunismo antissocial. Antes de tudo, somos essencialmente propagandistas da liberdade individual, indispensável ao desenvolvimento dos encarnados. Consequentemente, somos inimigos declarados de tudo quanto se aproxime dessas legislações conventuais, que aniquilam brutalmente os indivíduos. Embora me dirija a um auditório em parte composto de artífices e proletários, sei que suas consciências, esclarecidas pelas radiações da verdade espírita, já repeliram todo contato com as teorias antissociais dadas com apoio da palavra igualdade. Seja como for, creio dever restituir a ela sua significação cristã, conforme aquele que, dizendo: “Dai a César o que de César”, a explicou. Então, espíritas! A igualdade proclamada pelo Cristo, e que nós mesmos professamos nos vossos grupos amados, é a igualdade ante a justiça de Deus, isto é, nosso direito, conforme nosso dever cumprido, de subir na hierarquia dos Espíritos e um dia atingir os mundos adiantados, onde reina a perfeita felicidade. Para isto não são levados em conta nem o nascimento, nem a fortuna. O pobre e o fraco a alcançam, bem como o rico e o poderoso, porque uns não levam materialmente mais que os outros, e como lá ninguém compra seu lugar e seu perdão com dinheiro, os direitos são iguais para todos. Igualdade diante de Deus, eis a verdadeira igualdade. Não vos será perguntado o que possuístes, mas o uso que fizestes do que possuístes. Ora, quanto mais houverdes possuído, mais demoradas e mais difíceis serão as contas que tereis de prestar da vossa gestão. Assim, portanto, conforme vossas existências de missões, de provas ou de castigos nas paragens terrenas, cada um de vós, em consonância com as suas boas ou as más obras, progredirá na escala dos seres ou recomeçará, mais cedo ou mais tarde, a sua existência, caso se tenha desviado. Em consequência, repito, proclamando o dogma sagrado da igualdade, não vimos ensinar que aqui em baixo deveis ser todos iguais em riqueza, saber e felicidade, mas que chegareis todos, à vossa hora e conforme os vossos méritos, à felicidade dos eleitos, partilha das almas de escol que cumpriram os seus deveres. Meus caros espíritas, eis a igualdade a que tendes direito, a que vos conduzirá o Espiritismo emancipador, a que vos convido com todas as forças. Para atingi-la, que deveis fazer? Obedecer a estas duas palavras sublimes: amor e caridade, que resumem admiravelmente a lei e os profetas. Amor e caridade! Ah! Aquele que, segundo a sua consciência, cumprir as prescrições desta máxima divina, estará certo de subir rapidamente os degraus da escada de Jacob e de logo atingir as esferas elevadas, de onde poderá adorar, contemplar e compreender a majestade do Eterno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário