Casa Espírita Missionários da Luz – Mocidade > 14 anos – 26/05/2023
Tema: As aparências enganam – Eu Sou x Eu Estou
Objetivos:
Refletir sobre nossa realidade de Espíritos Imortais e as diversas experiências nas reencarnações;
Refletir sobre os diversos papéis que executamos na existência atual e o perigo da identificação do Ser com os papéis/posições ocupados na vida terrena.
Bibliografia:
O Livro dos Espíritos; 804, 806 e 812 (Lei de Igualdade); 919 (Conhece-te a ti mesmo);
Evang.Seg.Espiritismo, Cap. XVII (Sede Perfeitos), item 9 (Os superiores e os inferiores);
O Ser Consciente, Joanna de Ângelis/Divaldo Franco, Cap 2 – Ser e Pessoa (item ‘A Pessoa’, subitem ‘A Personalidade’; item ‘A Individualidade’);
O Homem Integral, Joanna de Ângelis/Divaldo Franco, Cap. 3 ‘A Busca da Realidade’, item ‘Religião e religiosidade’;
Refletindo a Alma, Cap. 6, item ‘Persona’, artigo de Iris Sinoti, Pág 143;
Aúdio do encontro do senador romano Públio Lêntulos com Jesus, por Emmanuel/ Chico Xavier, no livro ‘Há Dois Mil Anos’:
https://www.youtube.com/watch?v=f9BQi-1c9pU (são os 8 minutos iniciais).
Material:
Desenvolvimento:
Hora da novidade, exercícios de respiração profunda e prece inicial.
Motivação Inicial:
Iniciar perguntando: Vocês sabem quem é Emmanuel?
==> O guia espiritual da mediunidade missionária de Chico Xavier. Foi um senador romano na época de Jesus. Emmanuel conta no livro Há Dois Mil Anos, seu encontro com Jesus. Imaginem esse momento… a oportunidade de encontrar-se com Jesus, falar com Ele, e perder essa chance de dar novo rumo à vida...
==> Contar como foi esse encontro.
==> Públio teve vergonha de procurar Jesus durante o dia e ser visto pelos outros – orgulho, mas não conseguiu ficar indiferente à emoção da vibração da presença de Jesus: chorou e se ajoelhou… emoção semelhante vemos no relato de Paulo ao ser chamado por Jesus;
==> a conversa foi de mente a mente – não houve o problema do idioma deles, que eram diferentes;
==> Jesus sabia do orgulho de Públio que se considerava superior aos demais, aos judeus, ao povo. Tanto que o chamou pelo título: “Senador, porque me procuras?”. No caso de Saulo de Tarso, Jesus o chamou pelo nome: ‘Saulo, Saulo, porque me persegues?’. Vemos a diferença evolutiva entre esses dois Espíritos.
E, de fato, o senador desconsiderou a emoção do momento, dominado pelo orgulho de raça e o poder temporário. Perdeu a oportunidade de uma mudança radical em sua vida.
==> Há dois mil anos, esse Espírito, como um senador romano, se achava superior ao governador espiritual do nosso planeta!
- ele era de fato, um senador?
==> Não! Era, e é, um Espírito que naquela encarnação vivia o papel de um senador. Mas ele se achava superior… se confundiu com o título precário de uma posição social no mundo. Jesus sabia desse estado íntimo de Públio, tanto que o chamou pelo título.
No próximo romance que Emmanuel psicografou pelo Chico, ‘50 Anos Depois’, o antigo senador romano reencarna como um escravo dos romanos. Dessa vez, cristão! E é sacrificado pelos romanos por ser cristão!
Desenvolvimento
Assim como o Espírito Emmanuel, naquela encarnação achou que ele era o papel que ocupava, quantos de nós ainda temos a mesma dificuldade? Quantos achamos que somos e apenas estamos ocupando um papel no palco da vida?
Quando falamos de nós mesmos, quando nos definimos, nos apresentamos, temos diversos aspectos que podemos abordar: na família, nos diversos grupos sociais, no aspecto psicológico, no aspecto físico, no cultural, no gênero, etnia, no aspecto profissional… Quantas dimensões, né?
Já pensaram nisso?
Vamos fazer um exercício de nos autodefinirmos nesses aspectos?
==> pedir que cada um se defina, buscando enfocar essas diversas dimensões.
Depois que todos tiverem se apresentado, discutir com o grupo, se em algum desses aspectos, estaríamos confundindo o papel que exercemos com nosso Eu real, Espírito imortal que somos?
==> discutir com o grupo
Individualidade x Personalidade
Qual a diferença entre Individualidade e Personalidade?
==> depois que tentarem responder, pedir que procurem na internet, a diferença entre esses dois conceitos.
Individualidade: conjunto de atributos que distingue um indivíduo ou uma coisa.
Personalidade:
-
conjunto de qualidades
que define a individualidade de uma pessoa moral.
- numa visão não reencarnacionista, parece meio sinônimo, sendo a personalidade mais relacionada com qualidade (vícios e virtudes).
E numa visão reencarnacionista? Como podemos definir esses dois termos?
==> deixar que tentem responder… E depois dar a definição de Joanna de Ângelis:
Personalidade (O Ser Consciente, Cap 2, item ‘A Personalidade’)
“Em permanente representação dos conteúdos mentais, e dominada pela imposição das leis e costumes de cada época e cultura, a personalidade representa a aparência para ser conhecida, não raro, em distonia com o eu profundo e real, gerador de conflitos. ”
“A personalidade é transitória e assinala etapas reencarnacionistas, definidoras de experiências nos sexos, na cultura, na inteligência, na arte e no relacionamento interpessoal. ”
Personalidade é um conceito em oposição à INDIVIDUALIDADE, que é “o somatório de todas as experiências, o ser pleno e potente, que alcançou a autorrealização”.
“Imperecível, a individualidade é o espírito em si mesmo, que reúne as demais dimensões e sabe conscientemente o que fazer, quando fazê-lo e como realizá-lo, para ser a pessoa integral, ideal.” (Joanna de Ângelis – O Ser Consciente, Cap 2, item ‘A Individualidade’, )
==> no caso do Espírito Emmanuel, em Há Dois Mil Anos, onde veríamos a personalidade? Em Públio!
- Quais papéis Públio exerceu nessa encarnação
==> Social: senador
==> na família: marido de Lívia e pai de Flávia (que foi uma das encarnações do Chico Xavier) e de Marcus.
E em na encarnação relatada em 50 Anos Depois?
==> personalidade: o escravo Nestório, que morreu supliciado pelos romanos, por ser cristão. Como papéis, o livro conta que ele foi pai de Ciro, professor de Célia, etc.
No livro Renúncia, também psicografado pelo Chico, Emmanuel relata a história de Alcíone, e era um padre nessa época.
O ME tem relatos de que Emmanuel também foi o jesuíta Manoel de Nóbrega.
E nós conhecemos esse Espírito como Emmanuel! Guia Espiritual de Chico Xavier!
==> todas essas personalidades (Públio, Nestório, Manoel de Nóbrega, e tantas outras) fazem parte da individualidade, do Espírito imortal.
==> em cada reencarnação, desenvolvemos uma personalidade, que é influenciada pelo que já trazemos em nós (individualidade) e por tudo o que recebemos e vivenciamos na encarnação atual.
Quantas personalidades existem em cada um de nós!!!!????
==> essas ‘personalidades’ ainda atuam em nós? Será que conseguimos perceber alguns traços desses nossos outros EU’s?
Com certeza!!! Temos impulsos automáticos, tendências que muitas vezes agem, nos tomam de assalto, e nem percebemos! Muitas vezes agem em desacordo com nossa vontade consciente == > os muitos EUs que habitam em nós.
==> quem pode dar um exemplo em que numa determinada situação, um Eu interno a nosso Eu consciente, nossa personalidade atual, assumiu o comando?
==> deixar que tentem reconhecer situações no cotidiano deles em que conseguimos perceber esse Eu interno assumir o comando.
==> dar o exemplo fictício, simbólico do personagem Hulk.
- qual a diferença entre essas duas personalidades? O cientista e o Hulk?
- em quais situações, o Hulk ‘aparece’?
==> aparece nos momentos de crises, de raiva, de indignação, que a personalidade mansa do cientista não sabe como agir, não dá conta. Aí, o Hulk (que é também o cientista!!!) vem resolver o problema! Nesse super herói, da forma errada, destruindo tudo!
E é muito importante termos ciência desses diversos aspectos de nós mesmos, para não nos perdemos na presente encarnação. Precisamos nos autodescobrir, tendo a clara percepção de que somos Espíritos imortais, numa temporária experiência terrena.
Quando vemos no LE, a pergunta Perg. 919:
Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal? “Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.”
Para melhorar na vida, para resistir ao mal, precisamos nos conhecer!!!
Conseguir perceber o que fazemos de forma inconsciente, nossas tendências interiores, ocultas, para identificarmos que elas existem em nós, aceitá-las e mantermos sob controle essas tendências, esses diversos EU’s que existem em nós;
Identificar os diversos papéis que vivemos no momento, cuidando para não achar que somos esses papeís! ==> Nós somos esses papéis, ou estamos nesses papéis?
- Que problemas podem ser criados para o Espírito reencarnado, se ele achar que é o papel que vivencia? == > se perder de si mesmo, como aconteceu com Públio!
- Se a gente se confundir com o papel que usamos na vida social, em que momento vamos perceber que estávamos errados? Que vivemos uma ilusão?
na aposentadoria, na doença, na morte...
Exercícios de respiração profunda, prece final e passes coletivos.
Avaliação
Encontro conduzido pela Geani, com 11 jovens presentes com boa participação e reflexões. O exercício de autodefinição foi feito em subgrupos. A cada 5 minutos, um jovem de cada subgrupo mudava para o grupo seguinte.
ANEXOS
Há Dois Mil Anos, Chico Xavier/Emmanuel
– trecho do encontro do senador Públius Lentulus com o Jesus ao lado do lago de Genesaré.
Das águas mansas do lago de Genesaré parecia-lhe emanar suavíssimos perfumes, casando-se deliciosamente ao aroma agreste da folhagem.
Foi nesse instante que, com o espírito como se estivesse sob o império de estranho e suave magnetismo, ouviu passos brandos de alguém que buscava aquele sítio.
Diante de seus olhos ansiosos, estacara personalidade inconfundível e única. Tratava-se de um homem ainda moço, que deixava transparecer nos olhos, profundamente misericordiosos, uma beleza suave e indefinível. Longos e sedosos cabelos molduravam-lhe o semblante compassivo, como se fossem fios castanhos, levemente dourados por luz desconhecida. Sorriso divino, revelando ao mesmo tempo bondade imensa e singular energia, irradiava da sua melancólica e majestosa figura uma fascinação irresistível.
Públio Lentulus não teve dificuldade em identificar aquela criatura impressionante, mas, no seu coração marulhavam ondas de sentimentos que, até então, lhe eram ignorados. Nem a sua apresentação a Tibério, nas magnificências de Capri, lhe havia imprimido tal emotividade ao coração. Lágrimas ardentes rolaram- lhe dos olhos, que raras vezes haviam chorado, e força misteriosa e invencível fê-lo ajoelhar-se na relva lavada em luar. Desejou falar, mas tinha o peito sufocado e opresso. Foi quando, então, num gesto de doce e soberana bondade, o meigo Nazareno caminhou para ele, qual visão concretizada de um dos deuses de suas antigas crenças, e, pousando carinhosamente a destra em sua fronte, exclamou em linguagem encantadora, que Públio entendeu perfeitamente, como se ouvisse o idioma patrício, dando-lhe a inesquecível impressão de que a palavra era de espírito para espírito, de coração para coração:
- Senador, porque me procuras? - e, espraiando o olhar profundo na paisagem, como se desejasse que a sua voz fosse ouvida por todos os homens do planeta, rematou com serena nobreza: - Fora melhor que me procurasses publicamente e na hora mais clara do dia, para que pudesses adquirir, de uma só vez e para toda a vida, a lição sublime da fé e da humildade... Mas, eu não vim ao mundo para derrogar as leis supremas da Natureza e venho ao encontro do teu coração desfalecido!.
Públio Lentulus nada pôde exprimir, além das suas lágrimas copiosas, pensando amargamente na filhinha; mas o profeta, como se prescindisse das suas palavras articuladas, continuou:
- Sim... não venho buscar o homem de Estado, superficial e orgulhoso, que só os séculos de sofrimento podem encaminhar ao regaço de meu Pai; venho atender às súplicas de um coração desditoso e oprimido e, ainda assim, meu amigo, não é o teu sentimento que salva a filhinha leprosa e desvalida pela ciência do mundo, porque tens ainda a razão egoísta e humana; é, sim, a fé e o amor de tua mulher, porque a fé é divina... Basta um raio só de suas energias poderosas para que se pulverizem todos os monumentos das vaidades da Terra...
Comovido e magnetizado, o senador considerou, intimamente, que seu espírito pairava numa atmosfera de sonho, tais as comoções desconhecidas e imprevistas que se lhe represavam no coração, querendo crer que os seus sentidos reais se achavam travados num jogo incompreensível de completa ilusão.
- Não, meu amigo, não estás sonhando... - exclamou meigo e enérgico o Mestre, adivinhando-lhe os pensamentos. - Depois de longos anos de desvio do bom caminho, pelo caminho dos erros clamorosos, encontras, hoje, um ponto de referência para a regeneração de toda a tua vida.
Está, porém, no teu querer o aproveitá-lo agora, ou daqui a alguns milênios... Se o desdobramento da vida humana está subordinado às circunstâncias, és obrigado a considerar que elas existem de toda a natureza, cumprindo às criaturas a obrigação de exercitar o poder da vontade e do sentimento, buscando aproximar seus destinos das correntes do bem e do amor aos semelhantes.
Soa para teu espírito, neste momento, um minuto glorioso, se conseguires utilizar tua liberdade para que seja ele, em teu coração, doravante, um cântico de amor, de humildade e de fé, na hora indeterminável da redenção, dentro da eternidade...
Mas, ninguém poderá agir contra a tua própria consciência, se quiseres desprezar indefinidamente este minuto ditoso!
Pastor das almas humanas, desde a formação deste planeta, há muitos milênios venho procurando reunir as ovelhas tresmalhadas, tentando trazer-lhes ao coração as alegrias eternas do reinado de Deus e de sua justiça!...
Públio fitou aquele homem extraordinário, cujo desassombro provocava admiração e espanto.
- Humildade? Que credenciais lhe apresentava o profeta para lhe falar assim, a ele senador do Império, revestido de todos os poderes diante de um vassalo?
Num minuto, lembrou a cidade dos césares, coberta de triunfos e glórias, cujos monumentos e poderes acreditava, naquele momento, fossem imortais.
- Todos os poderes do teu império são bem fracos e todas as suas riquezas bem miseráveis...
- As magnificências dos césares são ilusões efêmeras de um dia, porque todos os sábios, como todos os guerreiros, são chamados no momento oportuno aos tribunais da justiça de meu Pai que está no Céu. Um dia, deixarão de existir as suas águias poderosas, sob um punhado de cinzas misérrimas. Suas ciências se transformarão ao sopro dos esforços de outros trabalhadores mais dignos do progresso, suas leis iníquas serão tragadas no abismo tenebroso destes séculos de impiedade, porque só uma lei existe e sobreviverá aos escombros da inquietação do homem - a lei do amor, instituída por meu Pai, desde o princípio da criação...
- Agora, volta ao lar, consciente das responsabilidades do teu destino...
Se a fé instituiu na tua casa o que consideras a alegria com o restabelecimento de tua filha, não te esqueças que isso representa um agravo de deveres para o teu coração, diante de nosso Pai, Todo-Poderoso!...
O senador quis falar, mas a voz tornara-se-lhe embargada de comoção e de profundos sentimentos.
Desejou retirar-se, porém, nesse momento, notou que o profeta de Nazaré se transfigurava, de olhos fitos no céu...
Aquele sítio deveria ser um santuário de suas meditações e de suas preces, no coração perfumado da Natureza, porque Públio adivinhou que ele orava intensamente, observando que lágrimas copiosas lhe lavavam o rosto, banhado então por uma claridade branda, evidenciando a sua beleza serena e indefinível melancolia...
Deviam ser vinte e uma horas.
Leve aragem acariciava os cabelos do senador e a Lua entornava seus raios argênteos no espelho carinhoso e imenso das águas.
Teorização sobre conceito de Persona
“A persona refere-se ao que é esperado socialmente de uma pessoa e como ela acredita que deve parecer. É como um acordo entre o indivíduo e a sociedade.” (Refletindo a Alma, Cap. 6, item ‘Persona’, artigo de Iris Sinoti, Pág 143)
Persona
“No caleidoscópio do comportamento humano há, quase sempre, uma grande preocupação por mais parecer do que ser, dando origem aos homens-espelhos, aqueles que, não tendo identidade própria, refletem os modismos, as imposições, as opiniões alheias. Eles se tornam o que agrada às pessoas com quem convivem, o ambiente que no seu comportamento neurótico se instala.” (Joanna de Ângelis, O Homem Integral, Cap. 3 ‘A Busca da Realidade’, item ‘Religião e religiosidade’)
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