Casa Espírita Missionários da Luz – Mocidade > 14 anos – 08/10/2021
Estudo Virtual Google
Meet
Tema: Bem-aventurados os
Aflitos
Objetivos:
Estudar o
capítulo V de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Bibliografia:
O
Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V;
NT, Mateus, 5,1:12;
Sexo e Consciência,
Divaldo Franco, Cap.9, ’“Você amaria assim?”’
Material – 2 nuvens no Mentimeter
Desenvolvimento:
1.
Hora
da novidade, exercícios de respiração lenta e profunda, e prece inicial.
2.
Motivação
Inicial:
Jesus disse:
“No mundo tereis aflições. Mas tende bom ânimo. Eu venci o mundo” (Jo, 16:33)
E Kardec colocou como
título no cap.V do ESE: “Bem aventurados os Aflitos”, onde reuniu diversas
mensagens e reflexões sobre as dores, os sofrimentos que existem na Terra.
Esse é um capítulo bem grande do
Evangelho.
Vamos fazer duas nuvens de palavras para
vermos as ideias de vocês sobre esse tema.
Nuvem 1: Pense em uma aflição que você já percebeu na sua família?
(dizer em 1 palavra)
Nuvem 2: Qual a causa dessa aflição que você identificou? -
- exibir as 2 nuvens
com as aflições e causas identificadas (usar
como ligação com a base teórica)
3.
Desenvolvimento
Justiça das aflições.
— Causas atuais das
aflições. — Causas anteriores das aflições.
— Esquecimento do
passado. — Motivos de resignação. — O suicídio e a loucura.
Kardec faz as perguntas
que de modo geral, as pessoas que pensam sobre a vida fazem:
- Por
que sofrem uns mais do que outros?
- Por
que nascem uns na miséria e outros na opulência, sem coisa alguma haverem feito
que justifique essas posições?
- Por que uns nada conseguem, ao passo que a outros tudo parece sorrir?
- Como conciliar essas situações com a justiça de Deus, que é justo e bom?
è deixar que respondam, fazendo sempre que possível, ligação com as nuvens de palavras que eles fizeram. (Caso não falem, perguntar diretamente a cada jovem)
Por que será que Kardec
tratou na sequência, dos outros 5 itens? Qual a visão que a DE nos traz nos
auxiliando a entender as aflições do mundo?
(citar novamente os itens pedindo
que expliquem o tópico de acordo com a visão espírita)
- Causas atuais das aflições
- Causas anteriores das
aflições.
è somos sempre os
responsáveis pelas nossas aflições; são resultado de nossas escolhas.
- Esquecimento do
passado.
è
para podermos ter condições de começar de novo a cada reencarnação
- Motivos de
resignação.
è
com o entendimento das leis de Deus, com a certeza da vida futura, temos
condições de ter um olhar para as aflições como situações transitórias, que são
um pagamento de dívidas que contraímos antes; são a quitação de um débito.
- O suicídio e a
loucura.
è
da mesma forma, esse novo ponto de vista, da imortalidade, dos renascimentos,
da vida futura, nos dá forças, coragem e previnem o desespero, a loucura e o
suicídio.
4.
Fixação
do Conteúdo:
- quais as aflições que
vemos na história? Temos diversos pontos de vista, pois são diversas pessoas
envolvidas.
- a aflição chegou para
a esposa americana em diversas situações. E o resultado? Foi bom ou ruim? O que
determinou esse resultado?
è a forma como ela
reagiu à aflição que a vida lhe trouxe. Aceitou e se colocou como instrumento
de paz, de amor.
E se ela tivesse tido
outra reação? Teria sido feliz?
E a mãe japonesa? Como
lidou com as aflições?
Essa história é mesmo
um exemplo de amor incondicional. Essa senhora foi bem-aventurada conforme o
ensino de Jesus! Chorou, teve aflições, e foi consolada!
- amor ao próximo como
a si mesmo;
- perdoar 70x7;
- fazer ao outro o que
gostaria que fizessem a você.
5.
Exercício
de respiração profunda e pausada, e prece final.
6.
Avaliação
Encontro com 6 jovens.
Colocaram como Aflições: ser deixada de lado; zoação; ninguém querer falar;
distanciamento; tristeza. E como causas: terem achado alguém melhor; ser
ignorada por muitos; diferenças.
O restante do conteúdo
foi em conversa, com algumas dúvidas deles.
Não deu tempo de contar
a história que Divaldo relatou.
7.
Anexos
– Subsídios teóricos
Justiça das aflições. —
Causas atuais das aflições. — Causas anteriores das aflições. — Esquecimento do
passado. — Motivos de resignação. — O suicídio e a loucura.
— Instruções dos Espíritos: Bem e mal sofrer;
O mal e o remédio; A felicidade não é deste mundo; Perda de pessoas amadas;
mortes prematuras; Se fosse um homem de bem, teria morrido; Os tormentos
voluntários; A desgraça real; A melancolia; Provações voluntárias; o verdadeiro
cilício; Dever-se-á pôr termo às provas do próximo?; Será lícito abreviar a
vida de um doente que sofra sem esperança de cura?; Sacrifícios da própria
vida; Proveito dos sofrimentos para outrem.
Sexo e Consciência,
Divaldo Franco, Cap.9 - “Você amaria assim?”
Há muitos anos eu li uma página que me comoveu
profundamente. O título é uma pergunta: Você amaria assim?. Trata-se da
história real de um casal que residia nos arredores de Boston, no estado
americano de Massachusetts.
Era um casal de meia idade que trabalhava
afanosamente para cumprir com todos os seus compromissos: a hipoteca da casa, o
automóvel e outros bens. Estavam casados há 20 anos. Conheceram-se na escola,
namoraram, noivaram e casaram.
No ano de 1947, depois da segunda guerra mundial, o
marido dirigiu-se à sua mulher e lhe disse:
— Luísa, acabo de receber uma proposta
extraordinária para trabalhar na reconstrução do Japão, arrasado pelos
estertores da guerra que acaba de se encerrar. O que eu ganharia em um mês é muito
mais do que em um ano trabalhando nos Estados Unidos. Na minha condição de
engenheiro, eu poderei oferecer tecnologia aos nipônicos e receberei em troca
uma sólida fortuna que nos libertará dos débitos e nos dará uma aposentadoria antecipada.
Já que não tivemos filhos, vamos preparar nosso futuro. Mas eu terei que morar
no Japão durante um ano.
A esposa recebeu a proposta com receio e retrucou:
— Mas, meu bem, é um período muito largo! Um ano
parece que não passa nunca! Especialmente quando as pessoas estão separadas...
— Não vejo desta forma, querida! Eu creio que o
tempo passa muito rápido quando temos uma meta. As metas são a manifestação
mais explícita da nossa necessidade e nos aproximam daquilo a que aspiramos.
Por fim, o marido convenceu a esposa e viajou ao
Japão.
Naquela época, o telefone internacional era muito
difícil de ser utilizado. Por isso, o marido comunicava-se com a esposa por
intermédio de cartas e de cartões que enviava periodicamente, numa linha de correspondência
especial que os Estados Unidos mantinham para suas tropas, suas autoridades
legais e seus técnicos enviados ao Japão para a missão de reconstrução que mencionamos.
Algumas vezes, ele conseguia comunicar-se através
das ondas de rádio, em equipamentos do governo americano. E ambos choravam
profusamente... Era uma saudade que corroía o peito como um ácido poderoso...
Seis meses, oito meses... No décimo mês ele fez uma
carta longa e lhe disse:
“Os meus serviços são tão excelentes, que eu recebi
uma nova proposta para ficar mais seis meses no Japão. Retornarei à América
como um homem rico e não terei mais necessidade de trabalhar. Eu penso que você
me concederá esses próximos oito meses: dois que faltam para completar o
contrato anterior e seis que se referem ao novo contrato que me propuseram.”
Ela ficou entristecida e respondeu-lhe que já
estava esgotada. Seu sistema nervoso e sua saúde apresentavam distúrbios que
precisavam ser cuidados. Entretanto, reconhecia que não havia outra alternativa,
já que ele era tão importante para a reconstrução daquele país despedaçado pelo
confronto armado. Enfim, declarou que concordava.
Depois de alguns meses as cartas começaram a
diminuir. Ela entendeu que lhe faltava tempo para escrever e resolveu
contentar-se com os postais. Porém, em pouco tempo, essa forma de comunicação
também começou a tornar-se rara.
Ao completar — se o quarto mês do novo contrato,
faltando, por tanto dois meses para o seu retorno aos Estados Unidos, ele
enviou-lhe uma carta extensa, na qual expunha:
“Peço que você me perdoe e que me compreenda. Os
homens são diferentes biológicas psicologicamente das mulheres. O período de
minha ausência, foi realmente muito largo... E eu não suportei a solidão e o
trabalho áspero. Acabo de casar-me com uma japonesa. Solicitei o divórcio pelos
meios legais e imediatamente providenciei a minha nova união conjugal. Eu não quis
lhe contar antes para não a magoar. Perdoe-me! Eu sei que você me ama e que
teve resistências para suportar esta vida de solidão e abstinência intima. Mas
eu não consegui.
Apaixonei-me pela camareira japonesa que vinha
arrumar o meu apartamento. Ela é uma mulher pequenina, do tipo tímida e ao
mesmo tempo muito simpática. É realmente uma pessoa de perfil diferente daquelas com as quais estamos
acostumados na América. Não fez nenhum movimento para seduzir-me. Fui eu que me
apaixonei e a conquistei, pois a amei profundamente. Você será capaz de me
perdoar?
Ao terminar a leitura, a esposa experimentou um
grande choque emocional. Estava divorciada e nem sequer fazia ideia! Todos os
seus sonhos de mulher e toda a sua vida pareciam ruir diante de algumas
palavras numa correspondência. Como aquela carta era cruel! Como pode um pedaço
de papel destruir uma vida? Então ela o odiou com todas as forças da alma! Logo
em seguida pegou a carta e rasgou-a, entrando em um estado de intensa
deterioração afetiva.
Transcorridos vários dias, depois de meditar, ela
respondeu ao ex-marido:
“Eu o amo muito! Não sei se sou capaz de lhe
perdoar, mas pelo menos sou capaz de entender você. Eu gostaria de saber qual é
o nome da sua nova esposa.”
Ele, posteriormente informou que a esposa japonesa
se chamava Aiko e ambos continuaram a manter uma tímida correspondência.
Quatro meses depois ele escreveu mais uma vez e
comunicou-lhe:
“Quero dar-lhe uma notícia de grande importância
para minha vida. Dentro de alguns meses eu serei pai! Infelizmente, em nosso
longo casamento de vinte anos, Deus não nos abençoou com a alegria de ter
filhos. Mas agora eu serei pai!”.
Luísa leu carta e sentiu um misto de amargura e de
alegria. Era como se ele estivesse dizendo que a culpa por não terem tido
filhos era dela. Embora essa ideia não estivesse explícita, a mensagem
subliminal parecia impregnar as palavras do ex-marido.
Quando a criança nasceu, ele enviou nova
correspondência para dar a notícia:
“Tornei-me pai de uma menina linda! E como eu amo
muito você, coloquei o seu nome na minha filha. Desta forma você estará sempre
próxima de mim, pois eu não consigo esquecê-la”.
A notícia chegava à ex-esposa como um duro golpe
que ela teve que assimilar. Em seguida, reuniu todas as forças para manter-se
digna e gentil, enviando um presente para a menina que acabara de nascer.
Dez meses depois, uma carta do antigo companheiro
informava que todos estavam muito bem, que
a menina crescia de forma saudável e que a sua esposa japonesa estava grávida
novamente. Ao mesmo tempo ele enviada uma fotografia sua com a nova família.
Transcorridos mais alguns meses, ele comunicou que
a gravidez estava indo muito bem e que as expectativas em torno do parto eram
as melhores possíveis. No entanto, algo de estranho acontecera. Ele estava com
um problema respiratório, mas os médicos ainda não haviam definido o
diagnóstico da doença. Tudo que ele podia dizer é
que frequentemente sentia uma dor intensa no peito e que respirava com
dificuldade. Provavelmente se tratava de uma consequência do consumo
prolongado de cigarros, uma vez que há muitos anos
ele era tabagista.
A criança veio à luz e o pai enviou as notícias,
colocando no final da carta uma informação breve sobre o seu estado de saúde:
“Os médicos me disseram que eu tenho um câncer de
pulmão. A minha sobrevida é de apenas quatro meses no máximo...”.
A informação produziu um grande impacto na ex-esposa,
que se preparava para receber em breve mais uma dolorosa notícia.
Mais tarde ela recebeu uma carta de Aiko, a esposa
japonesa. Era um texto mal redigido, em um inglês sinuoso, repleto de
incorreções gramaticais e ideias desconexas. Contudo, foi o suficiente para que
ela entendesse que o marido de ambas havia desencarnado, o que a fez entrar em
estado de profunda tristeza...
Decorrido algum tempo, a viúva nipônica enviou-lhe
uma correspondência revelando que passava por grandes dificuldades financeiras.
A situação no Japão era terrível! E na verdade o marido não recebia um salário
de enormes proporções, pois a sua função não era das mais importantes. Quando
estava reencarnado ele preferiu projetar uma imagem de abundância para não preocupar
a ex-mulher nos Estados Unidos.
Quando terminou de ler a carta, ela meditou
demoradamente e decidiu enviar-lhe um cheque com uma importante soma em
dinheiro. Afinal, as duas crianças eram filhas do homem que ela amou durante
toda a vida.
Dois anos depois, a japonesa comunicou que
continuava muito difícil cuidar das crianças em meio à recessão instalada em
seu país. A adaptação à nova era apresentava desafios quase insuperáveis. Por
ser uma japonesa casada com um americano, a jovem mãe sofria o preconceito e a rejeição
de quase todos ao seu redor. As suas filhas, mestiças, padeciam com as
provocações constantes dos cidadãos americanos que residiam no Japão.
Nessa época, os Estados Unidos estavam recebendo os
familiares dos americanos que se haviam casado fora do país. Mas o Departamento
de Estado era muito severo ao selecionar aqueles que seriam admitidos em solo
americano. E como a japonesa não contava com nenhuma ajuda, tornava-se pouco
provável a sua transferência.
Quando a viúva americana analisou o contexto
doloroso em que se encontrava a jovem mãe, tomou uma decisão corajosa e nobre.
Fez uma carta muito longa e propôs à japonesa:
“Você gostaria que eu educasse as suas duas filhas
aqui na América? Elas aprenderiam o inglês e estariam em segurança comigo. Eu
moro em uma casa enorme nos arredores de Boston, uma verdadeira mansão na qual
elas ficariam muito bem acomodadas. Eu educaria as suas crianças como se fossem
minhas próprias filhas. Eu as educaria para você, fazendo por elas tudo aquilo
que estiver ao meu alcance. Sei que para uma mãe deve ser terrível separar-se
de suas crianças. Não sou mãe, mas tenho uma ideia do que significa isso.
Porém, se você ama as suas filhas e deseja para elas a felicidade, creio que se
faz necessária alguma renúncia da sua parte, pois desta forma o futuro das
meninas estaria garantido.”
Para surpresa de Luísa, a jovem mãe aceitou a
proposta e marcou a data em que as crianças viajariam.
A primeira esposa tentou obter apoio governamental
para que a viúva japonesa também imigrasse, mas seu esforço foi em vão.
Finalmente chegou o dia tão esperado. A comissária
de bordo encarregou-se de cuidar das meninas durante a longa viagem aérea de
muitas horas, pois que possuía uma escala no território americano do Havaí.
O texto jornalístico no qual li esta história
reproduz a narração da própria viúva americana em relação ao seu encontro com
as meninas. As palavras aproximadas são as seguintes:
“Viajei de Boston a Nova York e cheguei ao
aeroporto John Kennedy. Comecei a imaginar como deveria receber as duas
crianças. Eu já estava com mais de quarenta anos e não possuía experiência com
o mundo infantil. As meninas estavam com 3 e com quase 5 anos. Pensava em contratar
uma enfermeira e uma pedagoga para me ajudar. Faria o que fosse possível. De
repente eu fui chamada pelo serviço de som do aeroporto para que comparecesse
ao setor de desembarque.
Uma funcionária da companhia aérea conduziu até mim as duas japonesinhas. Eram duas meninas lindas, que pareciam duas bonequinhas de porcelana de tão delicadas. Quando se aproximaram, falando somente algumas palavras em inglês, saltaram-me nos ombros e me chamaram tia-mãe. E ambas tocaram profundamente o meu coração.”
Após meditar a respeito, Luísa teve uma ideia que
poderia ser a solução definitiva para contornar o obstáculo. Foi ao jornal de
sua cidade e contou a história em detalhes, dando subsídios para que a
jornalista publicasse uma matéria especial no periódico. A notícia teve tanta
repercussão, que foi reproduzida no jornal The Washington Post, adquirindo
notoriedade em todo o país. A intenção era sensibilizar a sociedade para que o
governo Americano se sentisse na obrigação de intervir a favor de Aiko. O plano
deu certo! Enfim, a japonesa conseguiu o direito de ir morar nos Estados
Unidos.
Alguns meses mais tarde, Luísa encontrava-se
novamente no Aeroporto Kennedy. Estava esperando aquela que lhe roubara o
marido. Levava as duas meninas, agora vestidas com um traje adequado à cultura
americana.
Quando o avião pousou ela fez uma reflexão, que em
suas próprias palavras fica mais fácil de compreender:
“Como será que Aiko vai me ver? Como será que eu
vou vê-la? Será que restou entre nós alguma mágoa? Eu vou olhar para ela e vou
pensar: O que ela tem melhor do que eu? Ela é muito pequena e certamente não
tem a minha elegância. O que foi que ele viu nela? Às vezes parece que os
homens são meio atormentados, pois se veem atraídos por mulheres com uma
aparência física muito singular. Eles gostam das coisas diferentes somente para
contrariar a opinião geral...”
A viúva americana se deparava naquele instante com
um ressentimento profundo que ela não havia percebido antes. E, quando
experimentava o auge deste dilema, concluiu que a situação constrangedora era
uma via de mão dupla. Pensou consigo mesma: “Ela também deve estar num grande
conflito! Vem para um país estrangeiro sem falar o idioma, e vai ficar na casa
da mulher que
foi a primeira esposa do seu marido... Não é uma
situação confortável...”
A anfitriã não teve tempo de reflexionar muito porque a imigrante acabara de chegar ao setor de desembarque internacional. Luísa viu sair pela porta uma mulher que era muito jovem, quase uma menina, de pequena estatura. Não tinha certeza, mas deveria ser ela. Estava com um sorriso no rosto, apesar de não conseguir ocultar a tristeza estampada na face. Sentaram-se e abraçaram-se efusivamente. Aiko, que estava trêmula, chorou longamente nos braços de sua nova amiga. Naquele instante, Luísa experimentou um estranho sentimento. A jovenzinha parecia uma filha que chegava de longe para aconchegar-se ao seu coração.
Levou-a para Boston e colocou-a no apartamento
anexo à sua casa, para que tivesse independência, transferindo as meninas para
o quarto ao lado daquele em que a mãe estava instalada.
Imediatamente começou a ajudá-la de várias formas. Matriculou-a num curso de inglês e resolveu estudar japonês para facilitar a comunicação entre ambas, pois a japonesa estava muito traumatizada com a guerra e com a morte do marido.
Algum tempo depois, a viúva americana transferiu a hóspede para dentro de sua mansão.
Aiko era muito inteligente, e logo se destacou nos estudos de matemática, ingressando oportunamente numa universidade americana onde concluiu o curso com brilhantismo, o que permitiu ter sucesso profissional em um período relativamente curto.
Os anos se passaram... A primeira esposa estava com mais de sessenta anos de idade. As meninas estavam crescidas e chamavam-na de mãe, o que era muito compreensível, embora também chamassem Aiko pelo mesmo nome, porém, em japonês.
Neste momento da sua vida, Luísa entendeu que era
hora de definir alguns aspectos que não poderiam ser adiados. Escreveu seu
testamento e deixou sua decisão nos seguintes termos:
“Inicialmente Deus me brindou com um grande amor! E este amor, por alguma razão que desconheço, Deus resolveu subtrair do meu caminho. Mas como o Criador é muito sábio, Ele multiplicou por três aquele amor que se foi. Sou imensamente feliz, porque Deus substituiu um amor ausente por três pérolas do Oriente, que são os amores da minha vida. Portanto, todos os bens que acumulei, tanto aqueles que adquiri com meu marido quanto aqueles que conquistei posteriormente, através do meu trabalho, eu ofereço à minha filha japonesa Aiko e às minhas netinhas.”
Menos de dois meses depois de redigir o seu
testamento, a nobre senhora desencarnou.
Contudo, foi um retorno feliz para a outra margem do rio da vida...
Ao concluir a narrativa da história, na reportagem a que me referi no início, o jornalista resolve fazer uma pergunta de grande significação ao leitor: “Você amaria assim?”. É exatamente a questão que deu o título à reportagem.
Sempre que eu conto essa linda história, em palestras e seminários pelo inundo, concluo a reflexão fazendo a mesma pergunta, deixando a cada um a tarefa de respondê-la para si mesmo.
Será que o seu amor seria tão grande que pudesse dar este verdadeiro salto quântico sobre uma experiência dolorosa? Será que poderia superar com todos os méritos uma traição, um abandono, uma ingratidão, um conflito conjugal?
Se nós afirmamos nossa plena confiança no Criador do Universo, devemos permitir que o Amor de Deus represente a linha direcional para que tenhamos uma orientação em todas as nossas transições evolutivas. E dessa forma, poderemos fazer ao outro apenas aquilo que gostaríamos que o outro nos fizesse.
O verdadeiro amor é aquele que liberta, rompendo as
algemas do egoísmo, do orgulho e do ressentimento. A libertação pelo amor, como
afirma o Espírito Joanna de Angelis, é o luminoso caminho para encontrarmos a
plenitude e praticarmos a caridade. Porque a caridade é o amor no seu mais alto
grau, na sua manifestação mais sublime. É um ato de caridade oferecer alimento
a quem tem fome ou disponibilizar um medicamento a quem necessita de cuidados
de saúde. No entanto, as atitudes de caridade moral, representadas pelo perdão,
pelo sorriso generoso, pela doação de ternura e pela renúncia aos embustes do
nosso ego, são as expressões mais elevadas da caridade.
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