sexta-feira, 11 de junho de 2021

Perispírito - deformações

 Casa Espírita Missionários da Luz - Departamento de Infância e Juventude       

Mocidade -  > 14 anos – 11/06/2021

Estudo Virtual Google Meet

Tema: Perispírito - deformações

Objetivos:

- Estudar casos da literatura espírita de deformações da forma perispiritual: zoantropia, ovóides; perceber nas lesões perispirituais, a mente comandando a forma.

Bibliografia:

O Livro dos Espíritos, perg. 27, 93 à 95, 135, 150a, 186 e 187;

A Gênese, Cap. XIV, itens 07 à 14 (Formação e propriedades do perispírito);

Trilhas da Libertação, Manoel P. de Miranda/Divaldo Franco, Cap. 30 a 33 (Espírito ‘diabo’);

Libertação, André Luiz/Chico Xavier, Cap. 5 (Licantropia), Caps 6 e 7 (Espíritos Ovóides), Cap. 10 (forma de bruxa).

Material:

Desenvolvimento:

1.    Novidades da semana, exercício de respiração profunda e prece inicial

2.    Motivação inicial

Perguntar quem já ouviu falar da obra literária de Oscar Wilde, “O Retrato de Dorian Gray” de 20 de junho de 1890.

O romance conta a história fictícia de um homem jovem chamado Dorian Gray na Inglaterra aristocrática do século XIX, que se torna modelo para uma pintura do artista Basil Hallward.

Dorian tornou-se não apenas modelo de Basil pela sua beleza física (um "Adônis que se diria feito de marfim e pétalas de rosa"), mas também se tornou uma fonte de inspiração para outras obras.

Lord Henry Wotton, um aristocrata cínico típico da época e grande amigo de Basil, conhece Dorian e o seduz para sua visão de mundo, onde o único propósito que vale a pena ser perseguido é o da beleza e do prazer. Dorian foi seduzido pelas palavras de Henry e pela tristeza de seu destino: "o senhor dispõe só de alguns anos para viver deveras, perfeitamente, plenamente. Quando a mocidade passar, a sua beleza ir-se-á com ela; então o senhor descobrirá que já não o aguardam triunfos, ou que só lhe restam as vitórias medíocres que a recordação do passado tornará mais amargas que destroçadas.".

Ao ver-se em seu retrato finalmente pronto, exaspera-se:

"Eu irei ficando velho, feio, horrível. Mas este retrato se conservará eternamente jovem. Nele, nunca serei mais idoso do que neste dia de junho... Se fosse o contrário! Se eu pudesse ser sempre moço, se o quadro envelhecesse!... Por isso, por esse milagre eu daria tudo! Sim, não há no mundo o que eu não estivesse pronto a dar em troca. Daria até a alma!".

Acontece então um feitiço e todas as ações de Dorian eram plasmadas no seu retrato até que, ao desencarnar, o infeliz retrato recompõe-se, e o corpo mostra as marcas degenerativas da conduta reprochável do seu autor. 

3.    Diálogo sobre o tema

 Esse romance é mencionado no livro Libertação, de André Luiz/Chico Xavier, quando o mentor explica a André Luiz as características do perispírito.

èque ligação vocês percebem nessa questão do feitiço que o autor retrata, com o perispírito?

= = > “Trata-se de uma bela demonstração do perispírito e sua plasticidade, que Wilde desconhecia, mas que tão bem apresentou.” (Libertação, Cap.X) 

 

Hoje nosso objetivo é aprofundar uma das características do perispírito: plasticidade

- O perispírito se presta a todas as modificações segundo a vontade que o dirige. Porém, nem sempre o Espírito modifica sua forma conscientemente; às vezes nem percebe; é involuntária.

 

No livro A Gênese, Kardec faz o registro com relação às modificações do perispírito (ler pausadamente, explicando):


Algumas vezes, essas transformações resultam de uma intenção; doutras, são produto de um pensamento inconsciente. Basta que o Espírito pense uma coisa, para que esta se produza, como basta que modele uma ária, para que esta repercuta na atmosfera.

É assim, por exemplo, que um Espírito se faz visível a um encarnado que possua a vista psíquica, sob as aparências que tinha quando vivo na época em que o segundo o conheceu, embora haja ele tido, depois dessa época, muitas encarnações. Apresenta-se com o vestuário, os sinais exteriores — enfermidades, cicatrizes, membros amputados, etc. — que tinha então. Um decapitado se apresentará sem a cabeça. Não quer isso dizer que haja conservado essas aparências, certo que não, porquanto, como Espírito, ele não é coxo, nem maneta, nem zarolho, nem decapitado; o que se dá é que, retrocedendo o seu pensamento à época em que tinha tais defeitos, seu perispírito lhes toma instantaneamente as aparências, que deixam de existir logo que o mesmo pensamento cessa de agir naquele sentido. Se, pois, de uma vez ele foi negro e branco de outra, apresentar-se-á como branco ou negro, conforme a encarnação a que se refira a sua evocação e à que se transporte o seu pensamento.

 

Aqui, Kardec fala de como os médiuns videntes percebem os Espíritos. Ou melhor, como os Espíritos se apresentam aos médiuns videntes! Se o objetivo do Espírito é assustar o médium, pode aparecer como uma forma assustadora! Mas é só a forma! Importante a gente estudar para poder melhor avaliar essas manifestações mediúnicas!

 

Às vezes alguém lembra de sonhos e descreve Espíritos com nitidez de características: pode ser a forma como ele e esse Espírito se reconhecem.

Às vezes lemos notícias de pessoas que dizem que viram monstros, bichos, figuras arquetípicas, em sonhos ou quando em transe. Com o conhecimento dessa característica plásica do perispírito, sabemos que o Espírito pode se apresentar conforme sua vontade e sua condição mental.  è Nenhum Espírito inferior pode se mostrar com um anjo, reluzente e brilhante. Está além de sua capacidade. Não pode brilhar quem não tem Luz própria!

 

Também acontece casos assim nas reuniões mediúnicas:

- o Espírito sofredor se apresenta com ferimentos, deformidades físicas que o caracterizavam na última encarnação. E relata os sofrimentos dessas feridas que traz. Precisa ser atendido nessa realidade em que mentalmente ele se encontra.

- às vezes se apresenta como um animal. Nem consegue falar pois animal não fala, e o Espírito está mentalmente fixado nessa forma. São casos bem dolorosos que precisam ser acolhidos e orientados para que mudem o estado mental e recuperem a forma humana.

 

Vamos ver alguns exemplos da literatura espírita que nos demonstra o poder da mente sob o perispírito, para entendermos essa questão da plasticidade do perispírito, o comando mental consciente e o inconsciente.

 

Caso 1. Trilhas da Libertação: Espírito Tuqtamich e seus comparsas.

Caso 2. Libertação: Espírito ovóide

Caso 3. Libertação: Feições de Bruxa

 

Caso 1. Trilhas da Libertação: Espírito Tuqtamich e seus comparsas.

·         Vamos ver um exemplo no livro Trilhas da Libertação (Cap. 30 à 33). Nesse caso, que ocorre numa reunião no plano espiritual, os mentores permitem que um Espírito, líder de uma organização criminosa, entre no local.

 

Vocês sabiam que existem reuniões mediúnicas no plano espiritual?  Sim!!! Muitas vezes o trabalho de atendimento aos Espíritos sofredores e obsessores que ocorre nas CE’s, tem continuidade de noite, no plano espiritual, com a equipe em desdobramento pelo sono.

 

Nesse caso do livro, para amedrontar os presentes, ele se transforma, ficando com a aparência do diabo (ler o trecho):

Eu sou o diabo. Veja! Nesse instante, como imprimisse a força do ódio a si mesmo, o Espírito transformou-se, ideado, na personificação da figura satânica, conforme a conceberam no passado.

 

A cauda, terminada em lança, agitava-se, enquanto os detalhes gerais produziam um aspecto aterrador. Pelas narinas eliminava vapores com forte odor a enxofre, e faíscas elétricas completavam o quadro formando uma figura horrenda.

Os Espíritos da sua hoste grosseira apavoraram-se e desencadearam uma gritaria infrene, tentando romper as redes protetoras em movimento desesperado de fuga.

 ð    Como agir nesse caso? Se vocês fossem os doutrinadores, o que fariam frente a esse ‘diabo’?

 - O mentor então agiu para desfazer essa forma criada pelo Espírito cristalizado no mal:

 Aproximando-se da médium em transe, o Dr. Carneiro começou a aplicar passes longitudinais, depois circulares, no sentido oposto ao movimento dos ponteiros do relógio, alcançando o chacra cerebral da Entidade, que teimava na fixação. Sem pressa e ritmadamente o benfeitor prosseguia com os movimentos corretos, enquanto dizia:

— Tuqtamich, você é gente... Tuqtamich, você é gente...

 è um processo de hipnose para mudar a fixação mental do Espírito!

 Pouco a pouco, romperam-se as construções que o ocultavam, caindo como destroços que se houvessem arrebentado de dentro para fora. O manto rubro pareceu incendiar-se e a cauda tombou inerme. Os demais adereços da composição, igualmente, despedaçaram-se e caíram no chão.

 Para surpresa nossa, a forma e as condições em que surgiu o Espírito eram constrangedoras — coberto de feridas purulentas, nauseantes, alquebrado, seminu, trôpego, o rosto deformado como se houvesse sido carcomido pela hanseníase —, inspirava compaixão, embora o aspecto repelente.

è a vontade e a técnica conhecida pelo Espírito não pôde conter a ação do mentor, que desfez a fixação mental. Com isso, o Espírito se mostrou, seu corpo espiritual, de acordo com o seu padrão mental: è seminu, pois a qualidade da vestimenta indica a superioridade do Espírito, e cheio de feridas.

èNo livro Libertação, de André Luiz/Chico Xavier, vemos um caso semelhante, só que o Espírito da mulher se transformou em um lobo (licantropia), por um processo hipnótico feito por um outro Espírito Obsessor, que dominava a técnica. E ela ‘aceitou’ a ordem mental, devido à culpa que tinha pelos crimes praticados.

  

Caso 2. Libertação: Espírito ovóide

Vamos ver outro caso de mudança no perispírito. Dessa vez, a perda da forma humana, passando para a forma de um ovo do tamanho de uma cabeça.

èquando que isso acontece?  Quem sabe?

 

Sempre que o Espírito se “fecha” em uma só ideia, automaticamente, vai perdendo a forma do corpo espiritual, pois a mente parou de comandar a própria vida. Como a forma do perispírito é mantida pela mente, se a mente se fixa numa só ideia, não consegue manter forma nenhuma para o seu perispírito.

 

Isto está relatado por André Luiz em Libertação. Ele André Luiz estava com seu mentor num local inferior no PE; uma cidade nas Trevas e observou diversas dessas esferas:

 

“Ante o intervalo espontâneo, reparei, não longe de nós, como que ligadas às personalidades sob nosso exame, certas formas indecisas, obscuras. Semelhavam-se a pequenas esferas ovóides, cada uma das quais pouco maior que um crânio humano. Variavam profusamente nas particularidades. Algumas denunciavam movimento próprio, ao jeito de grandes amebas, respirando naquele clima espiritual; outras, contudo, pareciam em repouso, aparentemente inertes, ligadas ao halo vital das personalidades em movimento.”

Caso 3. Libertação, André Luiz/Chico Xavier: Mulher encarnada com perispírito com feições de Bruxa

 

Esse caso, também do mesmo livro, André relata um caso de uma mulher encarnada, bonita, elegante, esposa de um médico, que ao dormir, se emancipava na forma de uma bruxa!

Como pode ser isso?

èsemelhante ao caso da ficção com Dorian Grey: o perispírito mostrava a forma real da condição espiritual daquele Espírito. Embora o corpo físico fosse perfeito e belo, o perispírito retrata nossa real condição evolutiva.

 

4.            Conclusão:

Não existe improviso na questão de nossa condição espiritual.

Desprendidos do corpo, que nos esconde, nos mostramos como realmente somos! 

5.            Prece final

6.            Avaliação

Encontro com 13 jovens. Houve participação de alguns, tentando perceber como atender aos Espíritos necessitados nas situações dos casos apresentados. Uma das jovens tinha acabado de ler o livro de Oscar Wilde.

7.            Anexos

Libertação, André Luiz/Chico Xavier, Cap.X

André Luiz acompanha o médico até sua casa onde estão a 2ª esposa do médico e também a 1ª, desencarnada. Diz André Luiz:

A segunda esposa do médico me impressionou pelo apuro da apresentação. A pintura do rosto, sem dúvida, era admirável. O traje elegante e sóbrio, as joias discretas e o penteado harmonioso realçavam-lhe a profundeza do olhar, mas rodeava-se ela de substância fluídica deprimente. Halo plúmbeo denunciava-lhe a posição de inferioridade. Socialmente, aquela dama devia ser das de mais fino trato; contudo, terminado o repasto, deixou positivamente evidenciada sua deplorável condição psíquica. Depois de uma discussão menos feliz com o marido, a jovem mulher buscou o sono da sesta, num divã largo e macio.

Intencionalmente, Maurício convidou-me a espreitar-lhe o repouso e, com enorme surpresa, aturdido mesmo, não lhe vi os mesmos traços fisionômicos na organização perispiritual que abandonava a estrutura carnal, entregue ao descanso. Alguma semelhança era de notar-se, mas, afinal de contas, a senhora tornara-se irreconhecível. Estampava no semblante os sinais das bruxas dos velhos contos infantis. A boca, os olhos, o nariz e os ouvidos revelavam algo de monstruoso.

A própria esposa desencarnada, ali presente em clamorosa revolta, não se animou a enfrentá-la. Recuou semi-espavorida, tentando ocultar-se junto do filho.

Lembrei-me, então, do livro em que Oscar Wilde nos conta a história do retrato de Dorian Gray, que adquiria horrenda expressão à medida que o dono se alterava, intimamente, na prática do mal e, endereçando a Maurício olhar indagador, dele recebi sensata elucidação:

– Sim, meu amigo – disse, tolerante –, a imaginação de Wilde não fantasiou. O homem e a mulher, com os seus pensamentos, atitudes, palavras e atos criam, no íntimo, a verdadeira forma espiritual a que se acolhem. Cada crime, cada queda, deixam aleijões e sulcos horrendos no campo da alma, tanto quanto cada ação generosa e cada pensamento superior acrescentam beleza e perfeição à forma perispirítica, dentro da qual a individualidade real se manifesta, mormente depois da morte do corpo denso. Há criaturas belas e admiráveis na carne e que, no fundo, são verdadeiros monstros mentais, do mesmo modo que há corpos torturados e detestados, no mundo, escondendo Espíritos angélicos, de celestial formosura.

 

Libertação, André Luiz/Chico avier, Cap 6 e 7  (Espíritos ovóides)

“– São entidades infortunadas, entregues aos propósitos de vingança e que perderam grandes patrimônios de tempo, em virtude da revolta que lhes atormenta o ser. Gastaram o perispírito, sob inenarráveis tormentas de desesperação, e imantam-se, naturalmente, à mulher que odeiam, irmã esta que, por sua vez, ainda não descobriu que a ciência de amar é a ciência de libertar, iluminar e redimir.”

 

“Foi tirânica senhora de escravos no século que findou. Foi jovem e bela, mas desposou, consoante o programa de provas salvadoras, um cavalheiro de idade madura, que, a seu turno, já assumira compromissos sentimentais com humilde filha do cativeiro. Embora a mudança natural de vida, à face do casamento, não abandonou ele o débito contraído. Em razão disso, a pobre mãe e escrava, ainda moça, penitente e desditosa, prosseguiu agregada à propriedade rural com os rebentos de seu amor menos feliz. Com a passagem do tempo, a esposa requestada e fascinante conheceu toda a extensão do assunto e revelou a irascibilidade que lhe povoava a alma. Dirigiu-se ao marido, colérica e violenta, dobrando-o aos caprichos que lhe exacerbavam a mente. A escrava sofredora foi separada de ambos os filhos que possuía e vendida para uma região palustre onde em breve encontrou a morte pela febre maligna. Os dois rapazes, metidos no tronco, padeceram vexames e flagelações em frente da senzala. Acusados de ladrões, pelo capataz, a instâncias da senhora dominada de egoísmo terrificante, passaram a exibir pesada corrente no pescoço ferido. Viveram, no passado. sob humilhações incessantes. No curso de reduzidos meses, caíram sem remissão, minados pela tuberculose que ninguém socorreu. Desencarnados, reuniram-se à genitora revoltada, formando um trio perturbador na organização ruralista que os expulsara, sustentando sinistros propósitos de desforço.”

 

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