Casa Espírita Missionários da Luz – Mocidade1 15 à 17 anos – 24/02/2012
Tema: Provas da existência de Deus
Objetivos:
Relatar a evolução da idéia de Deus ao longo da história humana;
Perceber a existência de Deus em nosso dia-a-da.
Bibliografia:
A Gênese, Cap II, itens 1 à 7;
O Livro dos Espíritos, pergs. 1 à 9; 649 à 651.
Estudos Espíritas, Joanna de Ângelis/Divaldo Pereira Franco – Cap I - Deus
Material:
Desenvolvimento:
1.Prece inicial
2.Sensibilização
Propor um painel com “especialistas” para debater a questão da existência de Deus, solicitando para isso, três voluntários. Pedir que os painelistas se sentem a frente do grupo que deve estar em meio círculo.
Começar apresentando os painelistas.
Estamos aqui para discutir questões relativas à existência de Deus, assunto esse que desde sempre tem intrigado o homem. Para nosso debate convidamos três professores para que nos apresentem suas convicções com relação ao tema. São eles:
i)Professor de física da Universidade Federal de Minas Gerais, que se diz ateu;
ii)Professor de filosofia da Universidade Federal do RJ, que acredita na existência de Deus;
iii)Professor de física da Universidade Positivo, de Curitiba, que professa a religião espírita.
O debate será conduzido sob a forma de perguntas que serão dirigidas aos três painelistas, não podendo o público se manifestar durante as respostas. Ao final de todas as perguntas, abriremos espaço para que o público possa fazer perguntas dirigidas a qualquer um dos painelistas.
Perg. 1: Como explicar a existência do universo?
Perg. 2: São Tomás de Aquino, que viveu na Itália, no século XIII, usou a teoria de Aristóteles sobre a lei do movimento, para provar a existência de Deus. Segundo Aristóteles, tudo que está em movimento é colocado e mantido em movimento por alguma outra coisa. Evidenciava então que há um motor inicial para o movimento do Universo e que esse motor, pela própria lei do movimento, seria imóvel. A isso São Tomás de Aquino chamava DEUS.
Como interpretar essa lei de movimento de Aristóteles?
Perg. 3: Os estudos antropológicos demonstram que nunca houve na história da humanidade, povos ateus.
Podemos citar, por exemplo: - o Varouna dos árias; - o Elim dos egípcios; - o Tien dos chineses; - o Ahoura-Mazda dos persas; - o Brama ou Buda dos indianos; - o Jeová dos hebreus; - o Zêus dos gregos;
- o Jupiter dos latinos.
Não seria esse fato uma demonstração de que está na natureza do homem a crença num poder superior?
Perg 4: Vemos na história dos diversos povos da humanidade, formas bem diferentes de adoração a um deus ou a seus deuses. Na antiguidade, os povos ofereciam sacrifícios de animais e até de seres humanos para aplacar a ira de seus deuses.
Se realmente existe um deus, como explicar essas diferenças na interpretação da divindade pelos diversos povos?
Perg. 5: Que efeitos existem para as pessoas a crença ou não na existência de Deus?
Perg. 6: Qual o conceito de Deus que os senhores possuem?
Finalizando nosso debate da noite de hoje, abrimos espaço para perguntas da assistência.
3.Desenvolvimento do conteúdo
3.1) Voltar as mesmas perguntas, com as resposta sob a ótica espírita:
Perg. 1: Como explicar a existência do universo?
“As obras ditas da Natureza são produzidas por forças materiais que atuam mecanicamente, em virtude das leis de atração e repulsão; as moléculas dos corpos inertes se agregam e desagregam sob o império dessas leis. As plantas nascem, brotam, crescem e se multiplicam sempre da mesma maneira, cada uma na sua espécie, por efeito daquelas mesmas leis; cada indivíduo se assemelha ao de quem ele proveio; o crescimento, a floração, a frutificação, a coloração se acham subordinados a causas materiais, tais como o calor, a eletricidade, a luz, a umidade, etc. O mesmo se dá com os animais. Os astros se formam pela atração molecular e se movem perpetuamente em suas órbitas por efeito da gravitação. Essa regularidade mecânica no emprego das forças naturais não acusa a ação de qualquer inteligência livre. O homem movimenta o braço quando quer e como quer; aquele, porém, que o movimentasse no mesmo sentido, desde o nascimento até a morte, seria um autômato. Ora, as forças orgânicas da Natureza são puramente automáticas.
Tudo isso é verdade; mas, essas forças são efeitos que hão de ter uma causa e ninguém pretende que elas constituam a Divindade. Elas são materiais e mecânicas; não são de si mesmas inteligentes, também isto é verdade; mas, são postas em ação, distribuídas, apropriadas às necessidades de cada coisa por uma inteligência que não é a dos homens. A aplicação útil dessas forças é um efeito inteligente, que denota uma causa inteligente. Um pêndulo se move com automática regularidade e é nessa regularidade que lhe está o mérito. É toda material a força que o faz mover-se e nada tem de inteligente. Mas, que seria esse pêndulo, se uma inteligência não houvesse combinado, calculado, distribuído o emprego daquela força, para fazê-lo andar com precisão? Do fato de não estar a inteligência no mecanismo do pêndulo e do de que ninguém a vê, seria racional deduzir-se que ela não existe? Apreciamo-la pelos seus efeitos. “ (A Gênese, Cap. II)
Perg. 2: Os estudos antropológicos demonstram que nunca houve na história da humanidade, povos ateus. Não seria esse fato uma demonstração de que está na natureza do homem a crença num poder superior?
650. Origina-se de um sentimento inato a adoração, ou é fruto de ensino?
“Sentimento inato, como o da existência de Deus. A consciência da sua fraqueza leva o homem a curvar-se diante daquele que o pode proteger.”
651. Terá havido povos destituídos de todo sentimento de adoração?
“Não, que nunca houve povos de ateus. Todos compreendem que acima de tudo há um Ente Supremo.” (O Livro dos Espíritos)
Perg 4: Vemos na história da dos diversos povos da humanidade, formas bem diferentes de adoração a um deus ou a seus deuses. Na antiguidade, os povos ofereciam até sacrifícios de animais e até de seres humanos para aplacar a ira de seus deuses.
Se realmente existe um deus, como explicar essas diferenças na interpretação da divindade pelos diversos povos?
“8. Não é dado ao homem sondar a natureza íntima de Deus. Para compreendê-lo, ainda nos falta o sentido próprio, que só se adquire por meio da completa depuração do Espírito. Mas, se não pode penetrar na essência de Deus, o homem, desde que aceite como premissa a sua existência, pode, pelo raciocínio, chegar a conhecer-lhe os atributos necessários, porquanto, vendo o que ele absolutamente não pode ser, sem deixar de ser Deus, deduz daí o que ele deve ser. Sem o conhecimento dos atributos de Deus, impossível seria compreender-se a obra da criação. Esse o ponto de partida de todas as crenças religiosas e é por não se terem reportado a isso, como ao farol capaz de as orientar, que a maioria das religiões errou em seus dogmas. As que não atribuíram a Deus a onipotência imaginaram muitos deuses; as que não lhe atribuíram soberana bondade fizeram dele um Deus cioso, colérico, parcial e vingativo.” (A Gênese)
Perg. 5: Que efeitos existem para as pessoas a crença ou não na existência de Deus?
A angústia, a desesperança.
Podemos citar o Existencialismo do filósofo francês Jean-Paul Sartre (1905-1980), que nega a existência de Deus e deduz que ao homem só resta a angústia e o desespero, pois não existe tutores, não existe Deus, só o homem e suas escolhas.
Perg. 6: Qual o conceito de Deus que os senhores possuem? Como perceber Deus em sua vida?
==> dar papel e lápis para que cada um escreva sua idéia de Deus.
3.2) Perguntar se alguém quer dividir sua resposta.
3.3)Falar de três análises sobre a existência de Deus que podemos fazer: científica, filosófica e religiosa:
Pedir que dois jovens leiam as duas argumentações: de Kardec e as racionais.
Aspecto Científico:
A prova da existência pode ser encontrada no axioma que aplicamos à ciência: não há efeito sem causa. Se o efeito é inteligente, a causa também o é. Allan Kardec, nas perguntas 4 a 9 de O Livro dos Espíritos, diz-nos que para crer em Deus é suficiente lançar os olhos às obras da Criação. O Universo existe; ele tem, portanto, uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo o efeito tem uma causa, e avançar que o nada pode fazer alguma coisa. A harmonia que regula as forças do Universo revela combinações e fins determinados, e por isso mesmo um poder inteligente. Atribuir a formação primária ao acaso seria uma falta de senso, porque o acaso é cego e não pode produzir efeitos inteligentes. Um acaso inteligente já não seria acaso.
Argumentações racionais sobre a existência de Deus:
a) Defendida por São Tomás de Aquino (1224 – 1274; Itália): usou a teoria de Aristóteles sobre a lei do movimento, para provar a existência de Deus;
- tudo que está em movimento é colocado e mantido em movimento por alguma outra coisa. É evidente que há um motor inicial, imóvel. ==> A isso, chama-se DEUS.
(b) É impossível que coisas contrárias e distintas caiam numa ordem harmoniosa, a não ser sob a orientação que dá a cada um e ao todo, a tendência a uma ordem. ==> Este “ordenador” é Deus.
Pedir que outros dois jovens leiam os textos a seguir.
Aspecto Filosófico
Argumentações racionais sobre a existência de Deus:
a)
Morais - Defendida por Emmanuel Kant
Deus está presente no homem mediante sua responsabilidade moral e a sua própria liberdade, que lhe conferem direitos conforme o uso que delas faça. ==> linhas mestras do dever e da autoridade
Esta presença na inteligência humana, intuitiva, persistente, universal, atesta a realidade de um Legislador Absoluto ==> DEUS
Sentimento
há no homem, desde o mais primitivo até o mais civilizado, a idéia nata da existência de DEUS;
nunca houve povos ateus!
b)
Deus é a causa das causas não causada. Esta prova foi descoberta por Sócrates que morreu dizendo: "Causa das causas, tem pena de mim". A negação da Causa primeira leva à ciência materialista a contradizer a si mesma, pois ela concede que tudo tem causa, mas nega que haja uma causa do universo.
O famoso físico inglês Stephen Hawkins em sua obra "Breve História do Tempo" reconheceu que a teoria do Big-Bang (grande explosão que deu origem ao universo, ordenando-o e não causando desordem, como toda explosão faz devido a Lei da entropia) exige um ser criador. Hawkins admitiu ainda que o universo é feito como uma mensagem enviada para o homem. Ora, isto supõe um remetente da mensagem. Ele, porém, confessa que a ciência não pode admitir um criador e parte então para uma teoria gnóstica para explicar o mundo.
Aspecto Religioso:
Demonstração quia (porque)
É a que parte do efeito para conhecer a causa.
Quando vemos um efeito mais claramente que sua causa, pelo efeito acabamos por conhecer a causa. Pois o efeito depende da causa, e é, de algum modo, sempre semelhante a ela. Então, embora a existência de Deus não seja evidente apenas para nós, ela é demonstrável pelos efeitos que dela conhecemos.
A existência de Deus e outras verdades semelhantes a respeito dele que podem ser conhecidos pela razão, como diz São Paulo (Rom. I, 19), não são artigos de fé. Deste modo, a fé pressupõe o conhecimento natural, assim como a graça pressupõe a natureza e a perfeição pressupõe o que é perfectível.
Entretanto, alguém que não conheça ou não entenda a demonstração filosófica da existência de Deus, pode aceitar a existência dele por fé.
Dos graus de perfeição dos entes
Vemos que nos entes, uns são melhores, mais nobres, mais verdadeiros ou mais belos que outros. Constatamos que os entes possuem qualidades em graus diversos. Assim, dizemos que o Rio de Janeiro é mais belo que Niterói. Nessa proposição, há três termos: Rio de Janeiro, Niterói e Beleza da qual o Rio de Janeiro participa mais ou está mais próximo. Porque só se pode dizer que alguma coisa é mais que outra, com relação a certa perfeição, conforme sua maior proximidade, participação ou semelhança com o máximo dessa perfeição.
Portanto, tem que existir a Verdade absoluta, a Beleza absoluta, o Bem absoluto, a Nobreza absoluta, etc. Todas essas perfeições em grau máximo e absoluto coincidem em um único ser, porque, conforme diz Aristóteles, a Verdade máxima é a máxima entidade. O Bem máximo é também o ente máximo.
Ora, aquilo que é máximo em qualquer gênero é causa de tudo o que existe nesse gênero. Por exemplo, o fogo que tem o máximo calor, é causa de toda quentura, conforme diz Aristóteles. Há, portanto, algo que é para todas as coisas a causa de seu ser, de sua bondade, de sua verdade e de todas as suas perfeições. E a isto chamamos Deus.
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