Casa Espírita Missionários da Luz – Juventude, a partir dos 15 anos – 16/02/2024
Tema: Rituais Indígenas e Espiritualidade
Objetivos:
Conhecer a origem dos rituais indígenas com o uso de chás;
Conhecer algumas recomendações da área de saúde com relação aos riscos do uso dessa bebida;
Refletir sobre o que se busca com o uso desses chás nos grupos da atualidade e a proposta da doutrina espírita para obtenção dos mesmos objetivos;
Bibliografia:
- LE, perg. 459, 467 à 469 (influência dos Espíritos); 495 (Anjos de Guarda);
- O Livro dos Médiuns, Cap. VIII ‘Laboratório do Mundo Invisível’ item 128 pergs. 10ª à 12ª, itens 129 à 131; Cap. IX, item 132, perg. 13; Cap. XXIII, Da Obsessão, item 252;
- O ESE, Cap. XXVI Dai Gratuitamente o que gratuitamente recebestes, itens 5 e 6;
- A Gênese, Cap. XIV, itens 16, 17 e 19 (Qualidade dos Fluidos);
- Após a Tempestade, Joanna de Ângelis/Divaldo Franco, Cap. 8 ‘Alucinógenos, Toxicomania e Loucura’;
- Missionários da Luz, André Luiz/Chico Xavier, Cap. 2 ‘A Epífise’;
- As Vidas de Chico Xavier, Marcel Souto Maior, Cap. ‘Chuva de Pétalas’
https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2022/11/18/ayahuasca-conheca-os-riscos-de-consumo-do-cha.htm - - Ayahuasca: remédio ou droga? Conheça os riscos do consumo do chá...
https://www.youtube.com/watch?v=-bYPD9BkIGM - Ayahuasca e a Ciência - 25min -
Dr. Tiago Arruda Sanchez - Neurocientista - Depoimento sobre Ayahuasca
Depoimento na íntegra sobre as últimas pesquisas da neurociência com a Ayahuasca.
Dr. Tiago é Neurocientista, pesquisador, professor da UFRJ e trabalha com Ressonância Magnética.
https://youtu.be/3yEjb511t4c?si=fQouj7Mt4caKOJy5 - Qual a visão Espírita sobre religiões que se utilizam de chás, como o Santo Daime? Jorge Elarrat
(Pinga Fogo - nº 39 ) - 4:15min
https://www.youtube.com/watch?v=0wqA9Z_EJDI - A EXPERIÊNCIA PSICODÉLICA de CHICO XAVIER proporcionada pelo seu MENTOR Emmanuel! (13:36min)
- canal Estrada Sem Fim. ==> muito bom esse vídeo!
Foco: poder de colocar a pessoa em contato com seu deus interno.
Os xamãs e adeptos do chá dizem que os efeitos desagradáveis como vômitos, diarréia, taquicardia, náuseas, são limpeza espiritual, purificação.
Efeitos psicológicos: medo, paranoia, emersão de traumas e conflitos que a pessoa pode não estar preparada para lidar com isso sozinha.
Obs.:
Cita
a morte do filho do ator Nizo Neto.
https://www.youtube.com/watch?v=js0O7HZ79S0 - Nizo Neto relata a perda do filho pelo consumo de ayahuasca (após consumo de 4 doses de ayahuasca)
Nizo Neto: Ator, comediante, dublador, ilusionista, redator, radialista e escritor brasileiro. É filho do humorista Chico Anysio.
(O filho, Rian Brito foi encontrado morto em 2016 na Praia de Quissamã, no Rio de Janeiro,. Existem diversos vídeos no youtube onde Nizo Neto relata o que aconteceu com o filho.
Material:
- vídeo do Jorge Elarrat, do Pinga Fogo; quadro branco com canetas/folha com resumo das pesquisas da área de saúde
Desenvolvimento:
1. Boas vindas ao grupo e hora da novidade.
2. Exercício de respiração profunda e lenta, e prece inicial.
3. Falar que o tema de hoje se refere ao uso do chá Ayahuasca, que muitas pessoas adultas vem utilizando atualmente.
==> Quem já ouviu falar no uso desse chá?
==> deixar que falem o que sabem do assunto, e depois fazer a contextualização.
==> Compartilhar informações da notícia de 28/11/2022, de página do UOL, que traz informações de profissionais de saúde.
==> O chá ayahuasca é preparado geralmente com a mistura de duas ervas, o cipó mariri e as folhas de chacrona, o chá é usado em rituais indígenas com objetivo de expansão da consciência....
Antes restrito a essas cerimônias em outros países da América do Sul, como o Peru, o consumo foi difundido no Brasil há 30 anos, quando houve o primeiro boom. Na época, vários grupos religiosos foram criados com essa finalidade.
==> importante frisar que devemos respeitar todos os grupos religiosos e seus rituais. É uma questão de fé, de busca de espiritualização das pessoas.
No Brasil, o consumo é autorizado pelo Conad (Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas) somente em cerimônias religiosas.
Fui pesquisar essa resolução do CONAD: (Resolução CONAD 01/2010)
- Ayahuasca - bebida extraída da decocção do cipó Banisteriopsis caapi (jagube, mariri etc.) e da folha Psychotria viridis (chacrona, rainha etc.)
- essa resolução objetiva a correta identificação do que é uso religioso, assegurarando a proteção da liberdade de crença prevista na Constituição Federal.
- existe a ocorrência de registros de uso não religioso da Ayahuasca, sua identificação possibilitará prevenir práticas que não se amoldam à proteção constitucional, incluindo-se aí o uso da Ayahuasca associado a substâncias psicoativas ilícitas ou fora do ambiente ritualístico.
- o praticante de tudo participa com a convicção de que pratica ato de fé e não de comércio. Daí decorre que o plantio, o preparo e a ministração com o fim de auferir lucro é incompatível com o uso religioso.
- Quem vende Ayahuasca não pratica ato de fé, mas de comércio, o que contradiz e avilta a legitimidade do uso tradicional consagrado pelas entidades religiosas.
- Turismo, como atividade comercial, deve ser evitado pelas instituições religiosas, que não devem se orientar pela obtenção de lucro, principalmente decorrente da exploração dos efeitos da bebida.
- A publicidade da Ayahuasca também tem sido motivo de deturpações e abusos, notadamente na Internet.
- O uso ritual caracterizado pela busca de uma identidade religiosa se diferencia do uso meramente recreativo.
- O crescimento do uso da Ayahuasca e a facilidade com que se pode comprar a bebida de pessoas que a produzem sem compromisso com a fé têm levado ao surgimento de novas entidades, que não possuem experiência no lidar com a bebida e seus efeitos, assim como fazem mau uso da Ayahuasca, associando-a a práticas que nada têm a ver com religião.
- O uso religioso responsável da Ayahuasca pressupõe a presença de pessoas experientes, que saibam lidar com os diversos aspectos que envolvem essa prática, a saber: capacidade de identificar as espécies vegetais e de preparar a bebida, reconhecer o momento adequado de servi-la, discernir as pessoas a quem não se recomenda o uso, além de todos os aspectos ligados ao uso ritualístico, conforme sua orientação espiritual.
- ao se ministrar a Ayahuasca seja levado em conta o relato de alterações mentais anteriores, o estado emocional no momento do uso e que eles não estejam sob efeito de álcool ou outras substâncias psicoativas.
4. Reforçando que devemos respeitar todas as religiões, todas as pessoas que usam o chá em seus rituais de fé. De modo geral, as pessoas buscam esses rituais e tomam o chá com o foco de poder entrar em contato com seu deus interno.
Nessa notícia de 28/11/2022, de página do UOL, temos informações de alguns profissionais de saúde.
Foram entrevistados profissionais de 3 pesquisas. (anotar no quadro as principais informações ou já levar escrito e colar as folhas enquanto fala da questão da saúde)
Primeira pesquisa
O professor João Ernesto de Carvalho, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), participou de uma das primeiras pesquisas com a bebida no Brasil na década de 90, patrocinada pela fundação americana Rockefeller, que queria legalizar o uso da ayahuasca para fins terapêuticos....
"Uma das conclusões é que, em um indivíduo comum com predisposição a doenças neurológicas, como epilepsia, o risco de convulsão é muito grande, pois uma das substâncias presentes no chá baixa esse limiar (para a convulsão)", explica Carvalho.
Os testes também mostraram que quem faz uso de medicação antidepressiva pode ter uma somatória de efeitos, por conta do princípio ativo com a mesma finalidade presente no chá....
O efeito psicotrópico da ayahuasca, segundo explica o professor, é semelhante ao do LSD, produzindo alucinações visuais e auditivas. Isso se deve à combinação de substâncias presentes nas ervas que têm ação direta no sistema nervoso central....
Obs.:
- ácido lisérgico é o LSD.
- PSICOTRÓPICO: psyché (mente) + trópos (atração) As drogas psicotrópicas são, então, aquelas que têm atração para atuar no cérebro, modificando nossa maneira de sentir, de pensar e, muitas vezes, de agir. A aspirina, por exemplo, atua no cérebro para impedir a dor, mas não modifica o comportamento..[Alguns psicotrópicos têm efeito sedativo, calmante ou antidepressivo; outros, especialmente se usados indevidamente, podem causar perturbações psíquicas.].
A harmina presente no cipó de mariri, segundo Carvalho, faz parte do primeiro grupo de drogas usadas no tratamento da depressão, mas não é mais usada por conta dos efeitos colaterais. "Um dos efeitos é o aumento de neurotransmissores, como a dopamina, e ela está envolvida na paranoia e esquizofrenia. O indivíduo que sofre desses problemas, ou tem histórico familiar, pode tomar o chá e surtar", alerta....
Principais contraindicações de consumo da ayahuasca:
Doenças neurológicas: Quem possui algum transtorno neurológico, principalmente epilepsia e esquizofrenia, pois há risco de desenvolver paranoia e surto. O indivíduo pode ainda sofrer uma síndrome serotoninérgica com uma série de sintomas, como aumento da temperatura corporal, espasmos musculares, ansiedade e delírios;
Medicamentos antidepressivos: O remédio pode ter o efeito potencializado e desencadear convulsões;
Ansiedade: Pode desencadear uma crise;
Hipertensos: Aumento da pressão arterial;
Cardiopatas: Arritmia cardíaca;
Renais crônicos e diabéticos: Alteração nas taxas de glicose e piora na condição de doenças de base;
Crianças e idosos: No caso das crianças, porque seu sistema nervoso ainda está em formação, e os idosos porque já têm diminuição de neurotransmissores;
Grávidas e lactantes: Não devem usar o chá para não afetar o cérebro do bebê....
Para João Ernesto de Carvalho, a falta da padronização da bebida dificulta o uso seguro. "Substâncias como a harmina e derivados têm efeitos no tratamento da depressão e alguns até como analgesia para alguns tipos de dor, mas o problema é que não há um controle de como a bebida é feita, a quantidade e o tipo de ervas usadas, a forma de armazenamento e conservação", diz....
Segunda pesquisa
Pesquisa mostrou bons resultados para depressão resistente
Um estudo realizado pelo Laboratório de Neuroimagem do HUOL (Hospital Universitário Onofre Lopes), vinculado ao Instituto do Cérebro da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), mostrou bons resultados no uso da ayahuasca em pacientes com depressão resistente a medicamentos tradicionais. A pesquisa, publicada em 2018 na revista Psychological Medicine, da editora da Universidade de Cambridge (Reino Unido), é considerada o maior estudo randômico da bebida no Brasil, quando é feita a comparação dos resultados do consumo da substância e do placebo.
Os pré-requisitos para participar foram ter depressão, não estar respondendo às medicações, além de não ter doenças como esquizofrenia, bipolaridade, nem familiares de primeiro grau que possuam, assim como nenhuma condição clínica grave. Os pacientes também deviam estar em período de troca de medicação. Em vez de usar um novo remédio, eles introduziram a bebida.
Terceira pesquisa
A psiquiatra Carla Bicca, da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), vê com preocupação o uso indiscriminado da ayahuasca.
"É uma substância que tem grande ação central, difunde em várias áreas cerebrais vinculadas a sintomas psiquiátricos, mas também pelo corpo mexendo com toda a função metabólica e isso tem uma consequência no estado clínico, por isso algumas pessoas passam mal, vomitam, podem ter parada cardiorrespiratória, entre outros sintomas", alerta.
Além do fato de ser uma substância alucinógena, o perigo do consumo da bebida, segundo a médica, são as variáveis que isso envolve, que vão desde não ter controle de quais substâncias são usadas na sua composição, a quantidade de cada uma delas, até a segurança do local onde ela vai ser consumida.
"É preciso entender que no ritual nativo os indígenas estão acostumados, mas é diferente quando alguém faz uma viagem para esses locais para experimentar pela primeira vez, porque você não pode prever o que vai acontecer, uma coisa é uma microdosagem controlada em laboratório a outra é essa (do ritual).”
“A diferença entre o veneno e o remédio é a dose", afirma a psiquiatra.
Carla Bicca cita uma reação pouco comentada sobre quem consome a ayahuasca, que pode vir a longo prazo, que é o que os psiquiatras chamam de transtorno de percepção persistente ou flashback, e pode ocorrer meses após o consumo da bebida, mesmo que tenha sido apenas uma vez.”
"É uma reação que o indivíduo tem como se estivesse vivendo de novo a mesma experiência, como se tivesse acabado de tomar a ayahuasca e isso não tem aviso prévio, pode acontecer dias depois, ou até mais de um ano depois, dependendo da droga e do cérebro da pessoa", alerta.
A médica conta que já presenciou casos assim no hospital. "Pacientes que chegam com sintomas semelhantes a um AVC, alucinando e quando vamos ver o histórico lá atrás, descobrimos [o consumo da ayahuasca]".
==>
importante
realçar
que existem diversas opiniões de profissionais da saúde a respeito
desse assunto, e que ainda não existem pesquisas conclusivas a
respeito dos efeitos do uso. (até
para a COVID, ainda hoje, existem divergências com relação à
doença e as vacinas...)
==>
O Conad (Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas), em relatório
em Jan/2010, somente
autorizou o consumo em cerimônias religiosas, considerando que o que
ocorre no âmbito da fé dos cultos religiosos é previsto e
legalizado pela constituição brasileira.
==> vamos analisar o que se busca no uso do chá e as possíveis consequências espirituais da experiência com o uso do chá.
5. Passar o vídeo do Jorge Elarrat falando disso no Pinga Fogo (webradio Fraternidade):
Qual a visão Espírita sobre religiões que se utilizam de chás, como o Santo Daime? Jorge Elarrat (4:15min)
==> vamos ver um vídeo onde o Elarrat fala sobre o consumo desse chá.
Resumo do vídeo:
Não parece ser um alucinógeno pois são vivenciadas experiências que não são alucinações. Isso porque algumas dessas experiências mostram que quando quem coordena conclui a experiência, o efeito acaba imediatamente. Algumas pessoas que vivenciaram essas experiências têm tido modificações interessantes em suas vidas.
Cita o caso de um amigo, Luiz Marques de uma ONG de Porto Velho/RO, que realiza essa experiência com pessoas que cumprem penas (apenados) e ao tomarem o chá, elas entram em contato com as suas vítimas e ao fim da experiência dizem que nunca mais vão matar pois as vítimas permanecem vivas!
Parece que essas substâncias abrem as comportas da mediunidade. Como se abrissem as janelas da alma. A pessoa então, vivencia uma série de experiências que não teria caso não tomassem o chá.
Para algumas pessoas, é uma prática interessante que dá certo e acaba ajudando a pessoa a fazer o encontro com si mesma podendo então, se modificar.
Para a DE não se utiliza nenhuma substância material para o exercício da mediunidade.
Perguntas ao grupo:
- qual a diferença que vemos nesse relato que o Elarrat fez, e as vivências que ouvimos falar de quem toma o chá em rituais em grupos aqui nas cidades, que tem visões, passam mal e às vezes até vão parar em hospitais?
==> assistência dos Bons Espíritos;
==> glândula pineal e a mediunidade (André Luiz, em Missionários da Luz);
==> qualidade dos fluidos: pensamento e vontade dos Bons Espíritos manipulam os fluidos e podem mudar as propriedades das substâncias. (A Gênese, Cap. XIV, itens 16, 17, 19 e 20)
“Quando se diz que um médico opera a cura de um doente, por meio de boas palavras, enuncia-se uma verdade absoluta, pois que um pensamento bondoso traz consigo fluidos reparadores que atuam sobre o físico, tanto quanto sobre o moral.” (A Gênese, Cap. XIV, item 20)
==> vemos aqui, que a experiência citada pelo Elarrat traz como fator principal, o comando da pessoa que coordena a experiência. Ele não comentou, mas podemos perceber que existe uma equipe espiritual que está acompanhando esse coordenador na experiência pois os participantes que tomam o chá são presidiários, criminosos. Essa equipe espiritual é que traz os Espíritos das vítimas para o contato mediúnico com seus assassinos.
==> e quando esse transe mediúnico acontece num grupo onde as pessoas pagam para ter a experiência, e não tem qualquer vínculo com o grupo? Como tratar essa ação dos Espíritos junto aos que tomaram o chá?
Será que existe uma equipe espiritual de Bons Espíritos cuidando da presença de Espíritos no local?
O que a DE nos diz sobre a atuação dos Espíritos?
Na perg 459 do LE, vemos que os Espíritos nos influenciam e frequentemente, nos dirigem. E no LM, temos a orientação que para afastar os maus Espíritos, é preciso nos aproximarmos dos Bons Espíritos. E pra isso, é preciso nossa reforma íntima, nossa moral, nosso esforço em controlar nossas más tendências.
==> Tomar um chá é um esforço em controlar nossas más tendências? Não existe mágica no processo da evolução. É a porta estreita como no ensino de Jesus. É esforço diário; nos autoconhecer para manter nossas más inclinações sob controle.
O Livro dos Médiuns, Cap. IX, item 132, perg. 13ª
Haverá meios de os expulsar?
“Há; porém, as mais das vezes o que fazem, para isso, os atrai, em vez de os afastar. O melhor meio de expulsar os maus Espíritos consiste em atrair os bons. Atraí, pois, os bons Espíritos, praticando todo o bem que puderdes, e os maus desaparecerão, visto que o bem e o mal são incompatíveis. Sede sempre bons e somente bons Espíritos tereis junto de vós.”
5. Para reflexão: qual será a diferença entre o uso do chá nas tribos da amazônia e nos diversos grupos nas grandes cidades do país? Eles não tinham efeitos colaterais lá?
==> os índios tomam o chá dentro do ritual religioso deles, na busca da espiritualização, com um pajé, que é um médium, que conhece as ervas, o preparo, o chá, e sabe lidar com o que aparece. Tem autoridade moral. Está num ato religioso de fé.
==> a DE nos ensina que o poder de cura, de manipulação dos fluidos, das substâncias, é natural aos Espíritos: pensamento e vontade podem mudar as propriedades das substâncias. (A Gênese, O Livro dos Médiuns).
- As tribos deviam ter essa assistência espiritual, cuidando dos índios.
- Hoje nós temos outros recursos que os índios não tinham/tem: a mediunidade consciente, os processos de autoconhecimento, como orientou Santo Agostinho na perg. 919 do LE, e em toda a série psicológica de Joanna de Ângelis;
==> a ciência tem avançado nas pesquisas com o uso da ayahuasca como medicamento nas terapias de doenças psiquiátricas.
6. Joanna tem um texto sobre alucinógenos, no livro Após a Tempestade, de 1974.
- dividir a turma em 2 subgrupos para que analisem trechos da msg de Joanna, trazendo suas conclusões:
texto 1 -
- as pessoas de modo geral, acostumou-se com as sensações físicas fortes, ficando com
dificuldade de adaptar-se às percepções psíquicas;
- o uso de alucinógenos libera imagens do subconsciente que invade a consciência atual;
- o exercício psíquico pela concentração consciente, meditação profunda e prece conduz a resultados superiores, sem as consequências danosas dos recursos alucinatórios.
Texto 2 -
- o uso de alucinógenos libera imagens do subconsciente que invade a consciência atual;
- adversários espirituais utilizam-se dos sonhos e viagens para surgirem na mente do viciado, no aspeto perverso em que se encontram, causando pavor, e fixando matrizes psíquicas para as futuras obsessões.
- A educação moral à luz do Evangelho sem disfarces nem distorções; a conscientização espiritual sem alardes; a liberdade e a orientação com bases na responsabilidade
Conclusão
O chá contém uma substância que atua no cérebro, e é tomado nos rituais, sem os cuidados e acompanhamento médicos que os remédios têm. Por isso, pode trazer uma série de riscos físicos, que depende de cada pessoa, pois cada um reage de um jeito.
Joanna fala de mediunidade, de obsessão e também de acesso às imagens do inconsciente, que nem sempre quem participa da experiência está preparado para lidar.
Do ponto de vista espiritual, o local, a moral, o sentimento da caridade (amor em ação) de quem faz a condução desses rituais, são importantíssimos para a garantia da assistência dos Bons Espíritos.
É preciso cuidado com as entidades que promovem vivências com o chá, pois o comércio, o lucro está fora do âmbito da fé, e tem interesses pessoais.
==> Lembremos a orientação de Jesus: dai de graça o que de graça recebestes. E Kardec no ESE, aborda a questão da mediunidade usada com interesses pessoais, com ganhos materiais (cobrança pela experiência vivida).
A ampliação do nível de consciência pode ser atingida através da oração, meditação, do trabalho no BEM, quando atingimos momentos de transcendência, como diz Joanna de Ângelis, sem a necessidade de ingestão de substâncias que podem trazer riscos à saúde.
==> relatar a experiência do Chico Xavier com LSD, acompanhado por Emmanuel.
Trecho do Livro As Vidas de Chico Xavier, Cap. ‘Chuva de Pétalas’
Chico passava por diversos problemas.
Em
outubro de 1958, Chico tomou uma decisão surpreendente: iria
experimentar o ácido lisérgico.
Perguntou
a Emmanuel
se ele poderia fazer a experiência com amigos de Belo Horizonte. O
guia se ofereceu para promover a "viagem".
À noite, Chico se sentiu fora do corpo, Emmanuel se aproximou dele,
colocou
uma bebida branca num copo e explicou: era um alcalóide capaz de
produzir o mesmo efeito do LSD.
Chico engoliu a bebida, um tanto amarga, e começou
a se sentir mal, como se estivesse entrando num pesadelo.
Animais monstruosos se aproximavam e cenas assustadoras desfilavam
diante de seus olhos. Ele acordou com mal-estar. O sol parecia uma
fogueira e o irritava, as pessoas o cercavam, desfiguradas. À
noite, Emmanuel reapareceu com a lição psicodélica: o alcalóide
refletia seu estado mental.
Chico quis saber como recuperar a tranquilidade e escapar da ressaca.
Receita: oração, silêncio e caridade, para colher vibrações
positivas. Chico seguiu as dicas à risca. Começou a visitar doentes
pobres, a atrair bons fluidos e, durante cinco dias, trabalhou para
se refazer. No
sexto dia ele se sentiu melhor.
À noite, Emmanuel
voltou e propôs repetir a experiência
com o mesmo alcalóide. Mesmo desconfiado, o discípulo concordou. O
efeito foi surpreendente: alegria profunda.
Teve sonhos maravilhosos, visitou uma Cidade de cristal, olhou para o
céu como se ele fosse de vidro. Até a Fazenda Modelo ficou
deslumbrante. Os livros pareciam encadernados por safiras e
ametistas, luzes saíam do corpo dos companheiros, das plantas e dos
animais. Chico sentiu vontade de abraçar todo mundo. Ficou
assim, em êxtase, quatro dias seguidos, em estado de alegria
descontrolada, insuportável.
Emmanuel apareceu com as explicações: - Você está vendo seu
próprio mundo íntimo fora de você. Moral
da história:
Nós
estamos
aqui para cumprir obrigações,
não para gozar um céu imaginário nem para fantasiar um inferno que
devemos evitar.
Obs.: ácido lisérgico é o LSD.
Avaliação
Encontro com 7 jovens com bastante participação e interesse.
Esse tema foi solicitação de uma das jovens. Dois conheciam pessoas de seu convívio que usavam regularmente a ayahuasca, e os demais só tinham ouvido falar.
Não foi feita a discussão em grupos pois não deu tempo mas o texto de Joanna foi discutido. Todos os aspectos foram abordados em roda de conversa pois eles traziam as perguntas.
ANEXOS
Texto 1
[O homem moderno] Acostumado às sensações fortes, passou a experimentar dificuldade para adaptar-se às sutilezas da percepção psíquica, do que resultariam aquisições relevantes promotoras de plenitude íntima e realização transcendente. (...)
Fixando-se nas estruturas mui sutis do perispírito, em processo vigoroso, os estupefacientes desagregam a personalidade, porquanto produzem na memória anterior a liberação do subconsciente que invade a consciência atual com as imagens torpes e deletérias das vidas pregressas, que a misericórdia da reencarnação faz jazer adormecidas...
Faz-se a apologia de uns alucinógenos em detrimento de outros e explica-se que povos primitivos de ontem e remanescentes de hoje utilizavam-se e usam alguns vegetais portadores de estimulantes para experiências paranormais de incursão no mundo espiritual, olvidando-se que o exercício psíquico pela concentração consciente, meditação
profunda e prece conduz a resultados superiores, sem as consequências danosas dos recursos alucinatórios. (Joanna de Ângelis/Divaldo Franco, Após a Tempestade, Cap.8)
estupefacientes – entorpecentes, alucinógenos
torpes - que contrariam ou ferem os bons costumes, a decência, a moral; que revelam caráter vil; ignóbil, indecoroso, infame; que causam repulsa; asquerosos, nojentos
deletéria - que corrompe ou destrói; danoso, funesto, prejudicial; nocivo à saúde; insalubre, malsão, molesto, venenoso, danoso, maléfico, pernicioso
pregressas – anteriores
olvidar - esquecer
Texto 2 -
A quase totalidade que busca desenvolver a percepção extrasensorial, através da usança do estupefaciente, encontra em si mesmo o substractum do passado espiritual que se transforma em fantasmas, cujas reminiscências assomam e persistem, passada a experiência, impondo-se a pouco e pouco, colimando na desarmonização mental do neófito irresponsável. Vale, ainda, recordar que, adversários desencarnados, que se demoram à espreita das suas vítimas, utilizam-se dos sonhos e viagens para surgirem na mente do viciado, no aspeto perverso em que se encontram, causando pavor e fixando matrizes psíquicas para as futuras obsessões em que se repletarão emocionalmente, famelgas da infelicidade em que se transformam.
A educação moral à luz do Evangelho sem disfarces nem distorções; a conscientização espiritual sem alardes; a liberdade e a orientação com bases na responsabilidade; as disciplinas morais desde cedo; a vigilância carinhosa dos pais e mestres cautelosos; a assistência social e médica em contribuição fraternal constituem antídotos eficazes para o
aberrante problema dos tóxicos — autoflagelo que a Humanidade está sofrendo, por haver trocado os valores reais do amor e da verdade pelos comportamentos irrelevantes quão insensatos da frivolidade. (Joanna de Ângelis/Divaldo Franco, Após a Tempestade, Cap.8)
estupefacientes – entorpecentes, alucinógenos
substractum – termo em latim que significa: essência, natureza íntima; o que resta após uma transformação; resíduo, resto.
Famelga - pessoa magra que parece ter fome
Subsídios Teóricos
O Livro dos Médiuns, Cap. VIII ‘Laboratório do Mundo Invisível’
Item 128
11.ª. Suponhamos, então, que quisesse fazer uma substância venenosa. Se uma pessoa a ingerisse, ficaria envenenada? “Teria podido, mas não faria, por não lhe ser isso permitido.”
12.ª. Poderá fazer uma substância salutar e própria para curar uma enfermidade? E já se terá apresentado algum caso destes? “Já, muitas vezes.”
Item 129
“Pode igualmente, pela ação da sua vontade, operar na matéria elementar uma transformação íntima, que lhe confira determinadas propriedades. Esta faculdade é inerente à natureza do Espírito, que muitas vezes a exerce de modo instintivo, quando necessário, sem disso se aperceber.”
Item 130
“A existência de uma matéria elementar única está hoje quase geralmente admitida pela ciência, e os Espíritos, como se acaba de ver, a confirmam. Todos os corpos da natureza nascem dessa matéria que, pelas transformações por que passa, também produz as diversas propriedades desses mesmos corpos. Daí vem que uma substância salutar pode, por efeito de simples modificação, tornar-se venenosa, fato de que a química nos oferece numerosos exemplos.”
“Pois que ao Espírito é possível tão grande ação sobre a matéria elementar, concebe-se que lhe seja dado não só formar substâncias, mas também modificar-lhes as propriedades, fazendo para isto a sua vontade o efeito de reativo.”
Item 131
“Ora, desde que ele (o Espírito) pode operar uma modificação nas propriedades da água, pode também produzir um fenômeno análogo com os fluidos do organismo, donde o efeito curativo da ação magnética, convenientemente dirigida.”
“A vontade é atributo essencial do Espírito, isto é, do ser pensante. Com o auxílio dessa alavanca, ele atua sobre a matéria elementar e, por uma ação consecutiva, reage sobre seus compostos, cujas propriedades íntimas vêm assim a ficar transformadas.”
O Livro dos Médiuns, Cap. XXIII, Da Obsessão, item 252
Ressalta do que fica dito um ensinamento de grande alcance: que as imperfeições morais dão azo à ação dos Espíritos obsessores e que o mais seguro meio de a pessoa se livrar deles é atrair os bons pela prática do bem. Sem dúvida, os bons Espíritos têm mais poder do que os maus, e a vontade deles basta para afastar estes últimos; eles, porém, só assistem os que os secundam pelos esforços que fazem por melhorar-se, sem o que se afastam e deixam o campo livre aos maus, que se tornam assim, em certos casos, instrumentos de punição, visto que os bons permitem que ajam para esse fim.
Trechos de Após a Tempestade, Cap. 8 ’Alucinógenos, Toxicomania e Loucura’ (de 1974)
Dentre os gravames infelizes que desorganizam a economia social e moral da Terra atual, as drogas alucinógenas ocupam lugar de destaque, em considerando a facilidade com que dominam as gerações novas, estrangulando as esperanças humanas em relação ao futuro. (...)
Mais preocupado com o corpo do que com o espírito, o homem moderno deixou-se engolfar pela comodidade e prazer, deparando, inesperadamente, o vazio interior que lhe resulta amarga decepção, após as secundárias conquistas externas.
Acostumado às sensações fortes, passou a experimentar dificuldade para adaptar-se às sutilezas da percepção psíquica, do que resultariam aquisições relevantes promotoras de plenitude íntima e realização transcendente. (...)
As mentes jovens despreparadas para as realidades da guerra que estruge em todo lugar, nos países distantes e nas praias próximas, como nos intrincados domínios do lar onde grassam a violência, o desrespeito, o desamor arrojam-se, voluptuosas, insaciáveis, ao prazer fugidio, à dita de um minuto em detrimento, afirmam, da angustiosa expectativa de morada de uma felicidade que talvez não fruam...
Fixando-se nas estruturas mui sutis do perispírito, em processo vigoroso, os estupefacientes desagregam a personalidade, porquanto produzem na memória anterior a liberação do subconsciente que invade a consciência atual com as imagens torpes e deletérias das vidas pregressas, que a misericórdia da reencarnação faz jazer adormecidas... De incursão em incursão no conturbado mundo interior, desorganizam-se os comandos da consciência, arrojando o viciado nos lôbregos alçapões da loucura que os absorve, desarticulando os centros do equilíbrio, da saúde, da vontade, sem possibilidade reversiva, pela dependência que o próprio organismo físico e mental passa a sofrer, irresistivelmente...
Faz-se a apologia de uns alucinógenos em detrimento de outros e explica-se que povos primitivos de ontem e remanescentes de hoje utilizavam-se e usam alguns vegetais portadores de estimulantes para experiências paranormais de incursão no mundo espiritual, olvidando-se que o exercício psíquico pela concentração consciente, meditação
profunda e prece conduz a resultados superiores, sem as consequências danosas dos recursos alucinatórios.
A quase totalidade que busca desenvolver a percepção extrasensorial, através da usança do estupefaciente, encontra em si mesmo o substractum do passado espiritual que se transforma em fantasmas, cujas reminiscências assomam e persistem, passada a experiência, impondo-se a pouco e pouco, colimando na desarmonização mental do neófito irresponsável. Vale, ainda, recordar que, adversários desencarnados, que se demoram à espreita das suas vítimas, utilizam-se dos sonhos e viagens para surgirem na mente do viciado, no aspeto perverso em que se encontram, causando pavor e fixando matrizes psíquicas para as futuras obsessões em que se repletarão emocionalmente, famelgas da infelicidade em que se transformam.
A educação moral à luz do Evangelho sem disfarces nem distorções; a conscientização espiritual sem alardes; a liberdade e a orientação com bases na responsabilidade; as disciplinas morais desde cedo; a vigilância carinhosa dos pais e mestres cautelosos; a assistência social e médica em contribuição fraternal constituem antídotos eficazes para o
aberrante problema dos tóxicos — autoflagelo que a Humanidade está sofrendo, por haver trocado os valores reais do amor e da verdade pelos comportamentos irrelevantes quão insensatos da frivolidade.
Glossário:
gravames – pesos, cargas
estruge - de estrugir: atordoar; ranger
grassam – de grassar: alastrar-se; desenvolver-se; difundir-se; propagar-se (doença).
arrojam – lançam-se, atiram-se
estupefacientes – entorpecentes
torpes - que contrariam ou ferem os bons costumes, a decência, a moral; que revelam caráter vil; ignóbil, indecoroso, infame; que causam repulsa; asquerosos, nojentos
deletéria - que corrompe ou destrói; danoso, funesto, prejudicial; nocivo à saúde; insalubre, malsão, molesto, venenoso, danoso, maléfico, pernicioso
pregressas - anteriores
lôbregos - em que há pouca ou nenhuma claridade; escuro, sombrio; de aspecto soturno; funesto, lúgubre.
Alçapões - espécie de porta praticada no soalho; porta corrediça que fecha de cima para baixo.
olvidando – esquecendo
substractum – termo em latim que significa: essência, natureza íntima; o que resta após uma transformação; resíduo, resto.
Famelga - pessoa magra que parece ter fome
Missionários da Luz, André Luiz/Chico Xavier, Cap. 2 ‘A Epífise’
“Estamos notando as singularidades do corpo perispiritual. Pode reconhecer, agora, que todo centro glandular é uma potência elétrica. No exercício mediúnico de qualquer modalidade, a epífise desempenha o papel mais importante. Através de suas forças equilibradas, a mente humana intensifica o poder de emissão e recepção de raios peculiares à nossa esfera. É nela, na epífise, que reside o sentido novo dos homens; entretanto, na grande maioria deles, a potência divina dorme embrionária.”
Santo Daime
https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/horoscopo/conheca-tudo-sobre-o-santo-daime-ritual-cha-ayahuasca-e-oracoes,f6df0ad2636c0fff35fa3cb9a9f5ff54h2g2bst5.html#:~:text=Santo%20Daime%20%C3%A9%20um%20ritual,o%20ch%C3%A1%20na%20Amaz%C3%B4nia%20boliviana.
Santo Daime é uma doutrina Amazônica fundada por Raimundo Irineu Serra, em Brasiléia, no Acre, em 1920. Os primeiros cultos públicos só aconteceram 10 anos após a fundação, em uma cidade próxima a Rio Branco-AC.
Hoje é bastante conhecido por seu chá ritualístico, o ayahuasca.
Resolução CONAD 01/2010
https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-protecao/politicas-sobre-drogas/subcapas-senad/conad/atos-do-conad-1/2010/11___resolucao_n__01_2010___conad.pdf
IV.I - USO RELIGIOSO DA AYAHUASCA
22. Ao longo de décadas o uso ritualístico da Ayahuasca - bebida extraída da decocção do cipó Banisteriopsis caapi (jagube, mariri etc.) e da folha Psychotria viridis (chacrona, rainha etc.) - tem sido reconhecido pela sociedade brasileira como prática religiosa legítima, de sorte que são mais do que atuais as conclusões de relatórios e pareceres decorrentes de estudos multidisciplinares determinados pelo antigo CONFEN, desde 1985, que constatavam que "há muitas décadas o uso da Ayahuasca vem sendo feito, sem que tenha redundado em qualquer prejuízo social conhecido"
23. A correta identificação do que é uso religioso, segundo os conceitos e práticas ditadas, a partir das próprias entidades que fazem uso da Ayahuasca, permitirá assegurar a proteção da liberdade de crença prevista na Constituição Federal. Considerando a ocorrência de registros de uso não religioso da Ayahuasca, sua identificação possibilitará prevenir práticas que não se amoldam à proteção constitucional.
24. Trata-se, pois, de ratificar a legitimidade do uso religioso da Ayahuasca como rica e ancestral manifestação cultural que, exatamente pela relevância de seu valor histórico, antropológico e social, é credora da proteção do Estado, nos termos do art. 2o, "caput", da Lei 11.343/06 (6). e do art. 215, §1º, da CF. Devem-se evitar práticas que possam pôr em risco a legitimidade do uso religioso tradicionalmente reconhecido e protegido pelo Estado brasileiro, incluindo-se aí o uso da Ayahuasca associado a substâncias psicoativas ilícitas ou fora do ambiente ritualístico.
IV.II - COMERCIALIZAÇÃO
25. O GMT reconhece o caráter religioso de todos os atos que envolvem a Ayahuasca, desde a coleta das plantas e seu preparo, até seu armazenamento e ministração, de modo que seu praticante de tudo participa com a convicção de que pratica ato de fé e não de comércio. Daí decorre que o plantio, o preparo e a ministração com o fim de auferir lucro é incompatível com o uso religioso que as entidades reconhecem como legítimo e responsável.
26. Quem vende Ayahuasca não pratica ato de fé, mas de comércio, o que contradiz e avilta a legitimidade do uso tradicional consagrado pelas entidades religiosas.
27. A vedação da comercialização da Ayahuasca não se confunde com seu custeio, com pagamento das despesas que envolvem a coleta das plantas, seu transporte e o preparo. Tais custos de manutenção, conforme seja o seu modo de organização estatutária, são suportados pela comunidade usuária…
IV.IV - TURISMO
31. Turismo, como atividade comercial, deve ser evitado pelas entidades, que por se constituírem em instituições religiosas, não devem se orientar pela obtenção de lucro, principalmente decorrente da exploração dos efeitos da bebida.
IV.V - DIFUSÃO DAS INFORMAÇÕES
33. A publicidade da Ayahuasca também tem sido motivo de deturpações e abusos, notadamente na Internet. Observa-se, principalmente neste meio de comunicação, o oferecimento de toda espécie de cursos e oficinas remuneradas, cujo elemento central é o uso da Ayahuasca associado a promessas de experiências transformadoras descomprometidas com o ritual religioso.
34. A partir das experiências das entidades e de suas práticas rituais, verifica-se que o uso ritual responsável é incompatível com a publicidade e a oferta de promessas de curas milagrosas, de transformações pessoais arrebatadoras e com a indução das pessoas a acreditarem que a Ayahuasca é o remédio para todos os males. É consenso no GMT que quem faz uso religioso responsável não divulga informações que possam induzir as pessoas a terem uma imagem fantasiosa da Ayahuasca e trata do tema com discrição, sem fazer alardes dos efeitos da substância.
IV.VI - USO TERAPÊUTICO
35. Para fins deste relatório "terapia" é compreendida como atividade ou processo destinado à cura, manutenção ou desenvolvimento da saúde, que leve em conta princípios éticos científicos.
36. Tradicionalmente, algumas linhas possuem trabalhos de cura em que se faz uso da Ayahuasca, inseridos dentro do contexto da fé. (…) Em outra condição se encontram aqueles que se utilizam da bebida fora do contexto religioso. Isto nada tem que ver com uso religioso, e tal prática não está reconhecida como legítima pelo CONAD, que se limitou a autorizar o uso da substância em rituais religiosos.
37. A utilização terapêutica da Ayahuasca em atividade privativa de profissão regulamentada por lei dependerá da habilitação profissional e respaldo em pesquisas científicas, pois de outra forma haverá exercício ilegal de profissão ou prática profissional temerária.
38. Qualquer prática que implique utilização de Ayahuasca com fins estritamente terapêuticos, quer seja da substância exclusivamente, quer seja de sua associação com outras substâncias ou práticas terapêuticas, deve ser vedada, até que se comprove sua eficiência por meio de pesquisas científicas realizadas por centros de pesquisa vinculados a instituições acadêmicas, obedecendo às metodologias científicas. Desse modo, o reconhecimento da legitimidade do uso terapêutico da Ayahuasca somente se dará após a conclusão de pesquisas que a comprovem.
IV.VI - ORGANIZAÇÃO DAS ENTIDADES
40. O crescimento do uso da Ayahuasca e a facilidade com que se pode comprar a bebida de pessoas que a produzem sem compromisso com a fé têm levado ao surgimento de novas entidades, que não possuem experiência no lidar com a bebida e seus efeitos, assim como fazem mau uso da Ayahuasca, associando-a a práticas que nada têm a ver com religião. O uso ritual caracterizado pela busca de uma identidade religiosa se diferencia do uso meramente recreativo.
41. O uso religioso responsável da Ayahuasca pressupõe a presença de pessoas experientes, que saibam lidar com os diversos aspectos que envolvem essa prática, a saber: capacidade de identificar as espécies vegetais e de preparar a bebida, reconhecer o momento adequado de servi-la, discernir as pessoas a quem não se recomenda o uso, além de todos os aspectos ligados ao uso ritualístico, conforme sua orientação espiritual.
IV.VII - PROCEDIMENTOS DE RECEPÇÃO DE NOVOS ADEPTOS
43. Além dos princípios inerentes a cada uma das linhas doutrinárias na recepção de novos membros, é razoável e prudente que ao se ministrar a Ayahuasca seja levado em conta o relato de alterações mentais anteriores, o estado emocional no momento do uso e que eles não estejam sob efeito de álcool ou outras substâncias psicoativas.
44. Antes de ingerir pela primeira vez, o interessado deve ser informado acerca de todas as condições que se exigem para o uso da Ayahuasca, conforme a orientação de cada entidade. Uma entrevista prévia, oral ou escrita, deve ser realizada no sentido de averiguar as condições do interessado e a ele devem ser dados os esclarecimentos necessários acerca dos efeitos naturais da bebida.
IV.VIII - USO DA AYAHUASCA POR MENORES E GRÁVIDAS
46. Tendo em vista a inexistência de suficientes evidências científicas e levando em conta a utilização secular da Ayahuasca, que não demonstrou efeitos danosos à saúde, e os termos da Resolução nº 05/04, do CONAD, o uso da Ayahuasca por menores de 18 (dezoito) anos deve permanecer como objeto de deliberação dos pais ou responsáveis, no adequado exercício do poder familiar (art. 1634 do CC); e quanto às grávidas, cabe a elas a responsabilidade pela medida de tal participação, atendendo, permanentemente, a preservação do desenvolvimento e da estruturação da personalidade do menor e do nascituro.
V - CONCLUSÃO:
….
b. Considerando que o GMT, após diversas discussões e análises, onde prevaleceu o confronto e o pluralismo de ideias, considerou como uso inadequado da Ayahuasca a prática do comércio, a exploração turística da bebida, o uso associado a substâncias psicoativas ilícitas, o uso fora de rituais religiosos, a atividade terapêutica privativa de profissão regulamentada por lei sem respaldo de pesquisas cientificas, o curandeirismo, a propaganda, e outras práticas que possam colocar em risco a saúde física e mental dos indivíduos;
PROPOSIÇÕES:
1. QUANTO ÀS PESQUISAS DO USO TERAPÊUTICO DA AYAHUASCA EM CARÁTER EXPERIMENTAL :
a. Devem-se fomentar pesquisas científicas abrangendo as seguintes áreas: farmacologia, bioquímica, clínica, psicologia, antropologia e sociologia, incentivando a multidisciplinaridade;
b. Sugere-se ao CONAD que promova e financie, a partir de 2007, pesquisas relacionadas com o uso e efeitos da Ayahuasca.
- Projeto regula uso da ayahuasca e dá status de religião para o Santo Daime: Projeto de Lei 179/20 ==> ainda em tramitação
Ayahuasca:
- tradicional nas tribos da Amazônia (para transcendência);
- mistura de duas ervas: o cipó mariri e as folhas de chacrona;
- ação direta no sistema nervoso central;
- efeito psicotrópico semelhante ao LSD (produzindo alucinações visuais e auditivas)
Preocupações Área de Saúde:
- falta da padronização da bebida (quantidade e o tipo de ervas usadas)
- forma de armazenamento e conservação
Riscos à saúde para quem tem:
- depressão (mesmo princípio ativo: efeito potencializado)
- cardiopatias (Arritmia cardíaca)
- Renais crônicos e diabéticos
- doenças neurológicas:
==> epilepsia (convulsões)
==> paranoia e esquizofrenia (pode surtar ao tomar o chá)
==> febre, espasmos musculares, ansiedade e delírios
Associação Brasileira de Psiquiatria
Alguns efeitos físicos já detectados:
- passam mal, vomitam, podem ter parada cardiorrespiratória
- transtorno de percepção persistente ou flashback
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