quinta-feira, 16 de julho de 2020

Sexualidade e Compromissos afetivos


Casa Espírita Missionários da Luz – Mocidade             > 14 anos        03 e 10 /07/2020

Tema:  Sexualidade e Compromissos afetivos                               Estudo Virtual – Google Meet

Objetivos:
Reconhecer o uso da função sexual como complemento das relações afetivas;
Perceber a importância de estar atento às suas tendências pessoais, não se deixando contaminar pelos apelos da mídia e da sociedade.

Bibliografia:  
O Livro dos Espíritos > Introdução ao estudo da Doutrina Espírita > VI, Pergs 100 à 106 (Escala Espírita), 261,694 e 701;
Sexo e Consciência, Divaldo Franco, organizado por Fernando Lopes, Cap. 12 ‘O Jovem e a Sexualidade’.

Material: Enviar PDF ao grupo, previamente ao estudo, com trechos de Divaldo Franco no item ‘O Jovem e a Sexualidade’, livro Sexo e Consciência.

Hora da novidade, exercício de respiração profunda e prece Inicial.

Desenvolvimento:

1.    Motivação inicial: jogar no chat da sala virtual o texto de Kardec:

O Livro dos Espíritos > Introdução ao estudo da Doutrina Espírita > VI
“Ensinam-nos que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade são paixões que nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria; que o homem que, já neste mundo, se desliga da matéria, desprezando as futilidades mundanas e amando o próximo, se avizinha da natureza espiritual; que cada um deve tornar-se útil, de acordo com as faculdades e os meios que Deus lhe pôs nas mãos para experimentá-lo.”

- pedir a um dos jovens para ler e comentar o que entendeu desse trecho.
- interessante que os Espíritos colocam a sensualidade junto com o egoísmo e orgulho, como paixões que nos ligam à natureza material e por isso, nos prendem à matéria.  Por que será? O que é sensualidade?

Dicionário: sensualidade - substantivo feminino
1. qualidade ou caráter de sensual;  2. inclinação pelos prazeres dos sentidos; voluptuosidade.

- vocês acham que a nossa sociedade tem essa inclinação pelos prazeres dos sentidos?

2.   Desenvolvimento

No livro dos Espíritos, Kardec apresentou uma escala espírita, esclarecendo no item 100, que “A classificação dos Espíritos se baseia no grau de adiantamento deles, nas qualidades que já adquiriram e nas imperfeições de que ainda terão de despojar-se. Essa classificação, aliás, nada tem de absoluta.”
Ele apresentou 3 ordens: Espíritos Imperfeitos, Espíritos Bons e Espíritos Puros.
- em qual dessas ordens a população da Terra se encontra, em sua maioria?  Espíritos Imperfeitos

Kardec aborda as características dos Espíritos Imperfeitos no item 101 citando como “Características gerais. – Predominância da matéria sobre o espírito. Propensão para o mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as paixões que lhes são consequentes.”
- temos essas características? Com certeza! E Kardec ainda apresenta essa ordem, Espíritos Imperfeitos, com 5 subdivisões (classes), pelas suas especificidades:
102. Décima classe. Espíritos impuros
103. Nona classe. Espíritos levianos
104. Oitava classe. Espíritos pseudossábios
105. Sétima classe. Espíritos neutros
106. Sexta classe. Espíritos batedores e perturbadores – Estes Espíritos, propriamente falando, não formam uma classe distinta pelas suas qualidades pessoais. Podem caber em todas as classes da terceira ordem.

- como Espíritos Imperfeitos que somos, em qual dessas classes a maioria dos habitantes da Terra pertenceria?
Kardec coloca como características da classe dos Impuros:
102. Espíritos impuros. – São inclinados ao mal, de que fazem o objeto de suas preocupações.
Quando encarnados, os seres vivos que eles animam se mostram propensos a todos os vícios gerados pelas paixões vis e degradantes: a sensualidade, a crueldade, a felonia, a hipocrisia, a cupidez, a avareza sórdida. Fazem o mal por prazer, as mais das vezes sem motivo, e, por ódio ao bem, quase sempre escolhem suas vítimas entre as pessoas honestas. São flagelos para a humanidade, pouco importando a categoria social a que pertençam, e o verniz da civilização não os forra ao opróbrio e à ignomínia.
Felonia - substantivo feminino - 1. insubmissão de um vassalo ao senhor feudal.; 2. ato desleal;  traição.
Cupidez - cobiça

- Então, como Espíritos Imperfeitos, Impuros que somos, essas paixões estão em nós. Em maior ou menor grau, mas existem em nós. Como Kardec fala na Introdução do LE que sensualidade é uma das paixões que nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria, precisamos prestar atenção nesse assunto, ver como lidamos com essa questão, em nós.

A ideia é refletirmos sobre nossos compromissos afetivos: como estamos lidando com essa questão em nossa vida?
A proposta é estudarmos uma reflexão de Divaldo Franco sobre o tema ‘O Jovem e a Sexualidade’, que ele traz no livro Sexo e Consciência, que alguns trechos foram enviados ao grupo em um pdf.

3.    Conclusão

O Livro dos Espíritos > Parte terceira - Das leis morais > Capítulo IV - 3. Lei de reprodução > Obstáculos à reprodução > 694
694. Que se deve pensar dos usos cujo efeito consiste em obstar à reprodução, para satisfação da sensualidade?
“Isso prova a predominância do corpo sobre a alma e quanto o homem está apegado à matéria.”
- são os Espíritos Superiores que deram essa resposta à Kardec.  A pergunta de Kardec se refere ao planejamento familiar? Não! Fala do uso de preservativos e métodos contraceptivos para poder dar vazão aos impulsos da sensualidade.

- Precisamos estar atentos. Somos Espíritos imortais numa experiência reencarnatória. É preciso respeitar a si próprio e aos outros. Não se deixar levar pela pressão de amigos, da sociedade de modo geral, da mídia. Buscar estar em paz com nossa consciência.

4.    Exercícios de respiração profunda, prece final.

5.    Avaliação:
03/07/2020 – aula para 10 jovens com muita participação e interesse.
Da frase motivadora já fomos para a perg 694, pois ficamos um bom tempo discutindo o que seria sensualidade. Perguntaram se sensualidade não poderia ser bom.
Na perg.694, ficamos um bom tempo tentando entender a pergunta para depois então, ir na resposta.
Falaram que têm muitas dúvidas nesse assunto, pois apesar do sexo estar banalizado, ainda é um tabu, pois não tem o costume de conversar com seriedade a respeito.
Não chegamos a ver o texto de Divaldo, mas contei o caso do filho dele e a namorada.
Combinado que leriam o pdf e anotariam perguntas para semana que vem continuarmos com o tema.

10/07/2020 – aula para 12 jovens com participação e interesse. Apenas começamos a ler o PDF com o trecho da fala do Divaldo e já partimos para a roda de conversa. Todos os pontos abordados no PDF foram discutidos.


6.    Anexos   -

O Livro dos Espíritos > Parte segunda - Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos > Capítulo VI - Da vida espírita > Escolha de provas. > 261
261. Nas provações por que lhe cumpre passar para atingir a perfeição, tem o Espírito que sofrer tentações de todas as naturezas? Tem que se achar em todas as circunstâncias que possam excitar-lhe o orgulho, a inveja, a avareza, a sensualidade, etc.?
“Certo que não, pois bem sabeis haver Espíritos que desde o começo tomam um caminho que os exime de muitas provas. Aquele, porém, que se deixa arrastar para o mau caminho, corre todos os perigos que o inçam. Pode um Espírito, por exemplo, pedir a riqueza e ser-lhe esta concedida. Então, conforme o seu caráter, poderá tornar-se avaro ou pródigo, egoísta ou generoso, ou ainda lançar-se a todos os gozos da sensualidade. Daí não se segue, entretanto, que haja de forçosamente passar por todas estas tendências.”

O Livro dos Espíritos > Parte terceira - Das leis morais > Capítulo IV - 3. Lei de reprodução > Poligamia > 701
701. Qual das duas, a poligamia ou a monogamia, é mais conforme à lei da Natureza?
“A poligamia é lei humana cuja abolição marca um progresso social. O casamento, segundo as vistas de Deus, tem que se fundar na afeição dos seres que se unem. Na poligamia não há afeição real: há apenas sensualidade.”
Se a poligamia fosse conforme à lei da Natureza, deveria ter possibilidade de tornar-se universal, o que seria materialmente impossível, dada a igualdade numérica dos sexos.
Deve ser considerada como um uso ou legislação especial apropriada a certos costumes, e que o aperfeiçoamento social faz desaparecer pouco a pouco.

Exemplo de Divaldo, em Sexo e Consciência, item (O Jovem e a Sexualidade)
Um dos meus mais de seiscentos filhos adotivos perguntou-me um dia:
— Tio, eu estou com uma namorada. E ela me desafiou perguntando: “Afinal, você é ou não é homem?”. E eu estou em um dilema. O que eu devo fazer?
Eu respondi-lhe:
— A decisão é sua. Eu não receito moral para ninguém. Os princípios de ética estão à disposição de qualquer pessoa no mundo. Cada um vai utilizá-los na medida do seu entendimento e de suas forças. Allan Kardec escreveu em várias oportunidades que nós deveremos agir sempre baseados no limite de nossas forças. Eu estou vendo que vocês dois não têm afeto profundo um pelo outro. A proposta da sua namorada e o seu desejo de aceitá-la são dirigidos pela vontade de atender ao apelo dos hormônios, em vez de atender aos apelos do coração. Mas como eu disse, cada um tem seus limites. Entre enlouquecer e ceder a um comportamento que não é o ideal, melhor assegurar minimamente o seu equilíbrio psicológico. E se surgir alguma consequência você terá que aceitar e corrigir, caso não seja uma consequência agradável. Não é o que lhe sugiro, mas se você tomar essa decisão eu compreenderei.
Ele me olhou demonstrando estar surpreso com a colocação. Mas insistiu no questionamento:
— Não sei tio. Eu estou confuso... O senhor não pode me dizer mais nada?
Então eu esclareci:
— Já que você me pede uma sugestão eu vou dar-lhe. Você tem aqui na Mansão do Caminho uma irmã que eu também educo. Você gostaria que o namorado dela fizesse a mesma coisa?
Aprovaria se ele realizasse a iniciação sexual de sua irmã de dezesseis anos? E se ela engravidasse? E se optasse por fazer o aborto sem contar nada a ninguém? E se, por acaso, a sua irmã, por causa dessa iniciação sexual sem afeto, se tornasse uma jovem de encontros fáceis, passando de mão em mão pelos garotos do bairro? Você acharia isso bom?
— De jeito nenhum!
— Então não o faça com a outra moça, mesmo que a proposta tenha partido dela em um desafio a você. Eu até acrescento que a sua namorada já foi iniciada sexualmente, e transformou-se em uma adolescente vulgar, o que é uma pena.
— E o que faço nesse caso?
— Pegue ali aquela ferramenta e vá cuidar daquele pequeno canteiro de milho. Diga assim para ele: “Olá, milho, meu irmão! Ei vim para cuidar de você! Lá vou eu!”. Depois que você cuidar do milho por alguns minutos, suar bastante e tomar um banho frio, vai ficar ótimo, sem ter-se envolvido com ninguém através de um relacionamento sexual sem afeto e sem compromisso.


Trechos de Divaldo Franco sobre o tema ‘O Jovem e a Sexualidade’, do livro Sexo e Consciência

Eu faço parte de outra geração, pois nasci em 1927. Do meu tempo de juventude para cá eu tenho procurado me adaptar às mudanças e até crescer do ponto de vista psicológico.
Ainda penso que seria interessante se os namorados aguardassem até o casamento para vivenciarem a intimidade sexual. No entanto, se duas pessoas que assumiram um relacionamento afetivo se encontram para um ato sublime de amor, não vejo nisso uma escolha prejudicial aos jovens.

Dessa forma, não considero que a relação sexual antes do casamento seja o ideal, mas posso compreender esta opção, desde que o relacionamento seja saudável, isto é, vinculado ao amor, quando as pessoas realmente se procurem com o objetivo de uma união plena.

Por outro lado, o sexo fora da união conjugal pode ser a expressão de uma cultura de promiscuidade e de relacionamentos descartáveis que se instalou na sociedade contemporânea. Trata-se de uma questão completamente diferente do sexo como parte integrante de um namoro entre pessoas que se amam de fato.

Desejo referir-me à visão do sexo como uma experiência exclusivamente voltada para o prazer abjeto e vulgar, o que exige dos jovens uma boa dose de reflexão e discernimento para não se permitirem contaminar por essa proposta.

Eu sugiro ao jovem que não se deixe iludir por convites que podem aniquilar a sua paz e a sua saúde!

O comportamento do ficar, por exemplo, é um modismo que tem levado um número expressivo de jovens ao consumo de drogas, lícitas ou ilícitas, porque muitos têm receio de que o seu organismo não corresponda à expectativa no momento da relação sexual. E as drogas se tornam uma bengala psicológica para que eles tenham um pouco mais de segurança, expondo o jovem ao risco da dependência química ou da morte por overdose.

O ficar pode até ser positivo como uma forma inicial de aproximação e de convivência, de ser amigo, para que o jovem possa ensaiar um relacionamento afetivo subsequente. Entretanto, ninguém deve sentir-se na obrigação de manter relações sexuais precocemente, quando mal estabeleceu o vínculo com a outra pessoa. Se, por acaso, ocorrer a relação sexual, que pode surgir em um instante de arrebatamento juvenil, que ao menos cada um saiba respeitar no outro o seu direito de ser feliz. Aquele que se relaciona conosco merece ter alguém ao seu lado que lhe fale a verdade, sem se aproveitar da intimidade alheia para obter prazer.

O problema não está no ficar em si mesmo, mas está em entrar e sair da vida da pessoa sem se preocupar com seus sentimentos. A grande questão é cativar o outro e depois abandoná-lo, deixando-o afetivamente desfigurado, amargurado ou até depressivo, muitas vezes caminhando para o suicídio.

Além da questão do vínculo e da desvinculação, que podem gerar sofrimentos para um e consciência de culpa para o outro, adicionemos o fato de que alguns indivíduos, ao se verem diante de uma gestação não planejada, fazem a infeliz opção pelo aborto, que jamais deveria ser cogitado por um jovem que declara sentir-se orientado pelos princípios da Doutrina Espírita. A interrupção da vida intrauterina só pode ser interpretada como um crime dos mais hediondos da humanidade, conforme já discutimos.

Em qualquer circunstância em que o jovem esteja divertindo-se, deverá respeitar o outro ser que, por acaso, demonstre algum interesse afetivo por ele.

Se esses jovens estão num processo inicial de aproximação e de convivência, que poderá ou não se estender, o rapaz deverá compreender que o seu comportamento não precisa reproduzir a conduta de outros jovens da sua idade somente porque está na moda. Por que ele teria que precipitar uma relação sexual com a jovem para satisfazer as exigências daqueles que acredita serem seus amigos? Por que se imiscuir no ato sexual como se as suas decisões obedecessem apenas a um impulso fisiológico animal? Os animais praticam sexo quando a fêmea está no cio, uma fase do ciclo hormonal propícia para o fenômeno da fecundação. A atração do macho da espécie é causada pela ação de substâncias químicas que o corpo da fêmea exala. Essas substâncias, denominadas feromônios, às vezes se propagam por quilômetros de distância. Dessa forma, para que haja a reprodução nos animais não humanos, o instinto impõe o fenômeno da cópula entre os dois sexos.

Como os seres humanos são animais com maior complexidade, porque são seres que apresentam consciência de si, o fato de experimentarmos o impulso animal não significa que devemos manter a relação sexual com a primeira pessoa que atravessa o nosso caminho, porquanto, os animais não sabem que se vão reproduzir quando atendem ao chamado da natureza. Mas nós sabemos que do ato sexual podem surgir várias consequências, entre as quais está a gravidez. Será que um adolescente de doze a dezesseis anos está em condições de assumir a maternidade ou a paternidade precoce? Não seria mais lógico superar o impulso sexual apressado para transformar o instinto em sentimento? Todo ser consciente forçosamente admitirá que o sexo não é a única forma de prazer e de satisfação que se encontra à nossa disposição, pois, do contrário, quando a função sexual estiver em declínio no indivíduo, em face do processo natural do envelhecimento, a vida para ele perderá completamente o sentido.

Acima do sexo está a amizade entre os jovens, que é uma experiência fundamental. O jovem, o adulto e o idoso precisam preservar os vínculos da amizade duradoura e fecunda.

Além dos compromissos espirituais assumidos por quem penetra a intimidade alheia, uma relação sexual fortuita com alguém que não conhecemos pode nos levar a contrair uma doença sexualmente transmissível, algumas das quais possuem a característica de serem fatais.

Se um indivíduo procura uma companhia para a relação sexual, mesmo que a sua intenção seja apenas a busca de prazer, o sexo poderá estabelecer vinculações afetivas que ele não desejava. Ao produzir o despertamento de afeto no coração alheio, por meio de uma atitude fútil e irresponsável, como o indivíduo irá manejar essa situação não programada?

Em nossas relações sexuais não será suficiente que procuremos atender apenas à necessidade fisiológica e abandonar o outro como quem deixa um prato servido após o repasto. O outro poderá afeiçoar-se a nós e surgirem implicações de natureza cármica. Poderemos traumatizá-lo e levá-lo, por exemplo, ao suicídio, o que certamente será anotado em nossa ficha reencarnatória, uma vez que o mal por nós inspirado é de nossa responsabilidade, tanto quanto o bem que produzimos. Vemos casos de frustrações sexuais terríveis, que tiveram como consequência o surgimento de severos transtornos mentais, porque as pessoas foram traídas nos seus sentimentos profundos e relegadas ao abandono.

(ver exemplo de um dos filhos do Divaldo, na Mansão do Caminho)

A questão pertence à consciência de cada um. O Evangelho nos ensina a amar, não a usar as pessoas sob a desculpa de que se trata de amor. A proposta será sempre não fazer ao outro o que não gostaríamos que o outro nos fizesse.

Tenho aprendido, com a experiência pessoal e com a adquirida em nossa comunidade, que o sexo antes de um compromisso concreto e de longo prazo, normalmente configura um mecanismo de desequilíbrio, pois é da natureza humana exorbitar sempre que encontra uma oportunidade para dar vazão aos seus impulsos. Embora não justifique nem estimule, eu compreendo, perfeitamente, que uma pessoa, num momento de arrebatamento afetivo, mantenha intimidade sexual com alguém que o sensibilizou, mesmo que ainda não tenha estabelecido um laço afetivo consentido por ambos. Não encaro isso como um escândalo, porque o sexo, da mesma forma que qualquer departamento orgânico, é setor de vida. O que me parece grave é que após esse momento de arrebatamento virão outros. O fenômeno pode ser entendido como a sede de água do mar. Quanto mais se bebe, mais sede se tem.

Frequentemente o jovem se sente pressionado pelo meio social para manter relações sexuais com quem quer seja, num comportamento defensivo que funciona como atestado da sua masculinidade ou da sua feminilidade. E essa pressão, às vezes, é difícil de contornar. Por isso, eu quero dirigir a esse jovem uma palavra de irmão para irmão, de alma para alma, a partir da minha longa experiência de alguém que já atravessou a fronteira dos oitenta anos de idade. A minha palavra de amigo a esse jovem está sintetizada no seguinte conselho: nunca se arrependa de haver renunciado à oportunidade de manter uma relação sexual sem afeto e sem sentido! Todas as oportunidades de prazer fugaz e superficial que não forem fruídas, apesar de estarem na moda, serão convertidas em bênçãos para o futuro, que o indivíduo irá detectar na fase adulta. Essas bênçãos serão valiosos contributos para a sua paz interior.

Conservar as energias sexuais agora, através de uma vida saudável a da canalização das forças psíquicas para as construções do amor, é ima forma de guardar essas energias para o futuro, a fim de que elas sirvam como defesas espirituais na velhice.


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